Não corra esse risco.
Dante

O sábado amanhece cinzento e silencioso. Acordo com uma dor surda no ombro, um lembrete cruel das marcas que o passado me deixou. Massageio a área dolorida enquanto encaro o horizonte além da janela. O peso da decisão que preciso tomar se arrasta em minha mente como um espectro inevitável.

Hoje é o dia da partida.

A sindicância se aproxima, me cercando como uma sombra. Não posso mais ficar. O risco com os bolivianos é real. Sei demais. Permanecer aqui é como estender o pescoço para a lâmina. E, ainda assim, um pedaço de mim hesita. O que me espera além dessa fuga? O que resta de mim, além da incerteza?

Isabela se levanta devagar, me observando em silêncio. Sei que ela percebe a tensão em meus ombros, o olhar carregado de dúvidas que não consigo disfarçar.

— Está doendo? — Sua voz suave corta o silêncio com um cuidado que me desconcerta.

Assinto, mas não olho para ela.

— É mais o peso do que vem pela frente. — murmuro, sentindo os ecos de um futuro incerto pressionarem meu peito.

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