Anne,— Como foram muitos, eles ainda estavam fazendo as contagens da quantidade exatamente de pressos. Mas eles sabe que foi os caras da cela dele e da cela ao lado. Ele vai me ligar se reconhecer o corpo dele entre os mortos.Abraço o Dudu em meus braços já imaginando aquele louco tentando nos vingar. Olho para Sophia que não prestou atenção na nossa conversa. O celular do Eduardo toca, e ele atende rapidamente.— Olá, delegado... Sei... Obrigado por informar, vou passar para a minha esposa... Obrigado de novo. — e desliga o celular. — O corpo dele foi reconhecido. Está morto.Sinto um alívio, não que eu seja má, mas eu ia ficar paranóica de pensar que ele poderia vir para cá só para nós fazer mal. Ainda tenho a certeza que ele poderia ter salvado aquele menino, mas deixou que ele morresse, ou mesmo provocou a morte dele só para que me sentisse mal.— Agora está os no lugar certo, como eu disse, nossa vida vai ser perfeita aqui. Ninguém vai tentar nos fazer mal, e nem nos machucar.
Eduardo,Me chamo Eduardo Salles, tenho 30 anos e era pediatra em um hospital no Rio de Janeiro. Porém, tive um problema com as enfermeiras, e o caso foi tão grave que fui obrigado a vir para São Paulo. Eu amo ver as enfermeiras, principalmente as loirinhas, isso me enche de tesão. Mas parece que elas não querem apenas diversão, e sim algo mais sério, e eu não estou preparado para um relacionamento.E talvez nunca esteja, não depois do que passei na faculdade com aquela que dizia me amar. Até essa palavra "amor" me deixa enjoado. Não acredito no amor, acredito na atração física que duas pessoas sentem uma pela outra. Não tem essa de sentimentos do coração, coração é apenas um órgão, não tem sentimentos nenhum.Assim que chego na capital paulista, sou convidado a ir a uma festa do hospital. Estão chegando internos, e sempre fazem uma festa para deixá-los mais ativos. Mal sabem a correria que é ser um interno, ainda bem que já passei dessa fase, interno sofre muito. Gosto nem de lembrar
Eduardo,Examino o meu pequeno paciente, que está com bronquiolite. Ele é um menino de 3 anos e está acompanhado de sua mãe. Olho para a minha bela enfermeira, mas ela parece imune à minha beleza; como pode não me enxergar?Depois que ela coloca o soro nele, ela se aproxima de mim e me mostra o prontuário dele.— Aqui está, doutor. Já coloquei o soro, e ele acabou de sair do oxigênio. Está se recuperando bem; a mãe está fazendo a lavagem nasal a cada três horas, e ele está bem melhor.— Muito bom, esse rapazinho logo estará em casa. Enfermeira, posso falar com você lá fora? — Sim, senhor. Eu tenho mais pacientes para mostrar ao senhor.Sorrio, pois não é de paciente que quero falar com ela, e sim dela comigo, nós dois, depois que o plantão acabar. Fecho a pasta do prontuário do pequeno e sigo para fora. Ela vem atrás de mim, fechando a porta.— Pode falar, doutor Eduardo.— Te vi ontem na festa e me interessei muito por você. Você aceita sair comigo assim que o plantão terminar? El
Eduardo,Ela nega mais uma vez, e eu já não sei o que fazer para que ela aceite sair comigo. Vou parar de pegar no pé dela; isso deve estar inflando o seu ego. Entro no meu carro e sigo para o meu apartamento; já chega de humilhação. Tomo um banho e me deito para dormir. Hoje à noite, eu vou sair, vou beber e catar mulheres fora do hospital, assim eu não me prejudico novamente, igual no Rio de Janeiro.Tiro um sono até que gostoso, porque dormir durante o dia não é igual a dormir durante a noite. E até o corpo acostumar, eu fico parecendo mais cansado do que quando me deitei. Me levanto, tomo banho e me arrumo, ficando bem bonito para a minha noite de caçada. Pego meu carro e sigo para a primeira casa de shows daqui de São Paulo, a famosa Arena Show.Entro admirando o espaço; é gostoso, apesar do som alto. Dá para pegar algumas mulheres aqui. Olho para todos os lados, apaixonado pelas belas mulheres com seus vestidos curtos, onde toda hora são obrigadas a baixar, pois mostram a poupa
Anne,Minha vida toda foi estudar. Ouvia muito do meu pai que os estudos eram o que nos levaria a ter uma boa vida, e só depois que eu tivesse no conforto, pensaria em namorar, casar e ter filhos. Segui os conselhos dele, pois via o sofrimento que ele passava para me criar. Minha mãe morreu no meu parto, e ele teve que se desdobrar para cuidar de mim.Então, não queria decepcionar meu pai e segui estudando, tirando as melhores notas na escola. Nunca levei nenhuma dor de cabeça para ele, apenas orgulho. Quando terminei os estudos, participei de um concurso e ganhei uma bolsa integral na faculdade de medicina. Estudei muito e me tornei pediatra, profissão que mais admiro, pois sou apaixonada por crianças.Fui nomeada uma das melhores pediatras do país várias vezes. Os casos na minha clínica eram resolvidos facilmente, e nos diagnósticos e cirurgias, eu era a rainha da medicina. Nunca falhei e nunca perdi nenhum paciente.Mas minha vida desmoronou de um dia para o outro quando recebi a n
Anne,Passo direto, enquanto ele fica flertando com ela. Sento na minha cadeira e começo a colocar os prontuários dos pacientes em ordem. Pelo canto dos olhos, vejo-o saindo e indo atrás da enfermeira, e quando olho, vejo-o com um braço na parede e ela encostada. O clima entre os dois é de puro desejo. E eu volto minha atenção para os prontuários.Levanto-me e vou de quarto em quarto avaliar as crianças. Na volta, separo em cada gaveta os medicamentos que cada criança tem que tomar. Depois de tudo organizado, começo meu trabalho. Tinha que passar para ele, mas não vou interromper o momento romântico dele, ou ele vai achar que estou com ciúmes; aí pronto, não vai mais sair do meu pé.Depois de uma hora e meia, já mediquei todos os pacientes e volto para minha cadeira. Vejo os dois saindo do quarto dos médicos, ela com o cabelo todo bagunçado e ele fechando o zíper da calça. Balanço a cabeça, negando, e vou anotando o próximo horário das medicações que precisarão ser aplicadas.— Que mé
Eduardo, Estou fazendo a higienização das minhas mãos quando a Anne entra. Bom, pensei que era ela até olhar os olhos da enfermeira.— Cadê a Anne? — pergunto com revolta, pois foi ela quem mandei vir para cá. Anne às vezes me provoca com suas refeições.— Ela não pode vir, houve um chamado para ela e ela teve que ir, mas me mandou aqui para ajudar o senhor. — Fecho os meus olhos e tento controlar a raiva que está me consumindo por dentro. Por que ela tem tanto prazer em recusar tudo que eu peço?Sei que ela é uma enfermeira, que a maioria nem entra numa sala de cirurgia, mas as duas são enfermeiras circulantes, ou seja, fazem tudo no hospital. Fora que eu tinha chamado ela primeiro. Quando eu sair daqui, vou atrás de quem a chamou, vou falar que a Anne tem que estar à minha disposição, e não do hospital todo.Seguimos para a sala de cirurgia, onde o ambiente estava preparado com todo o cuidado e a equipe médica aguardava em posição. A tensão entre eles era grande, já que ninguém me
Eduardo, Ela fixa os olhos na enfermeira e se aproxima dela, como se eu não estivesse aqui. Anne respira e solta um suspiro, até que enfim começa a falar:— Eu... eu... estava ocupada, tenho muitos pacientes para cuidar. A Helen acompanhou o doutor e eu tive que cuidar dos pacientes sozinha. Sabe que no andar só ficam nós duas e o doutor; eles saíram e sobrou tudo para mim.— Então você ficou sozinha com os pacientes, que interessante — pergunto, e ela concorda com a cabeça. Como pode ser assim?Sorrio com a sua mentira; ela não quis entrar comigo na cirurgia e agora está se fazendo de vítima. Tanto os internos como os enfermeiros sonham com essa oportunidade de fazer parte de uma cirurgia, ainda mais na cabeça de uma criança. Mas ela parece que não liga muito para isso.— Viu, doutor, ela estava na ala infantil. Não a chamamos para cá. Talvez o senhor tenha ouvido errado, ou ela não pôde entrar por algum motivo. — Olho bem fixamente para ela, que me olha desviando o olhar.Balanço a