Capítulo 3

Eduardo,

Ela nega mais uma vez, e eu já não sei o que fazer para que ela aceite sair comigo. Vou parar de pegar no pé dela; isso deve estar inflando o seu ego. Entro no meu carro e sigo para o meu apartamento; já chega de humilhação. Tomo um banho e me deito para dormir. Hoje à noite, eu vou sair, vou beber e catar mulheres fora do hospital, assim eu não me prejudico novamente, igual no Rio de Janeiro.

Tiro um sono até que gostoso, porque dormir durante o dia não é igual a dormir durante a noite. E até o corpo acostumar, eu fico parecendo mais cansado do que quando me deitei. Me levanto, tomo banho e me arrumo, ficando bem bonito para a minha noite de caçada. Pego meu carro e sigo para a primeira casa de shows daqui de São Paulo, a famosa Arena Show.

Entro admirando o espaço; é gostoso, apesar do som alto. Dá para pegar algumas mulheres aqui. Olho para todos os lados, apaixonado pelas belas mulheres com seus vestidos curtos, onde toda hora são obrigadas a baixar, pois mostram a poupa das bundas. Eu nem preciso olhar para o rosto delas, pois tudo que me interessa está bem ali.

Me sento no bar e peço uma bebida. Tento chegar em algumas mulheres, mas a maioria já está acompanhada, e outras já estão um tanto bêbadas; essas posso apostar que saíram beijando a boca de todo mundo da balada. Isso chega a ser nojento. Miro a porta, na esperança de que entre alguma mulher que não tenha sido usada por todos aqui e que seja bonita, claro.

Quando uma mulher entra, sou empurrado para frente, e, ao me virar para xingar, vejo que dois caras estão se quebrando na porrada. Saio de perto e vejo os seguranças vindo para separar a briga, mas um deles quebra uma garrafa e acerta a taça na cara do outro, fazendo sangue jorrar para todos os lados.

A multidão grita; alguns tentam correr para fora, e fico pasmo com o que uma pessoa pode fazer com a outra assim. Pelo que entendi, a briga começou porque um passou a mão na bunda da mulher do outro. Como sou médico, me aproximo do ferido e começo a examinar o machucado dele, mandando chamar uma ambulância.

O agressor é retirado do salão, e, em poucos minutos, a equipe de ambulância chega. E quem é a socorrista? Exatamente, a minha querida enfermeira. Nem posso acreditar! Estou doido para tirar a mulher da cabeça, e ela vem até aqui. Nossos olhos se encontram, e ela parece tão surpresa quanto eu.

— Você faz tudo, é? É médica também?

— Não. — Ela responde rápido e começa a cuidar do ferido. — Você vai acompanhá-lo até o hospital?

— Sim, vou sim. — Nem conheço o cara, mas só de estar na mesma ambulância que ela já vale minha noite toda. Entramos na ambulância, e ela coloca o cinto em mim. Eu posso sentir o seu perfume, que já me deixa doidão para sentir mais.

Ela manda o motorista seguir, e eu não consigo parar de olhar para ela. É como um ímã que me prende em sua beleza. Olha eu, disse que não ia mais me humilhar, e estou aqui, perdido nessa mulher.

Eduardo: — Você tem namorado, Anne?

Anne: — Não, eu não tenho tempo para namorados.

Eduardo: — Percebi, você trabalha todos os dias?

Anne: — Sim, nos dias ímpares no hospital e, nos dias pares, como socorrista. Tenho muitas contas a pagar. — Ela sorri, e pela primeira vez vejo seu lindo e meigo sorriso.

Eduardo: — Por isso não aceitou sair comigo, porque você não tem tempo, não é?

Anne: — Olha, doutor, eu vou deixar que você pense assim, pois só assim você vai me deixar em paz, não é?

O que ela quis dizer com isso? Droga, isso fica martelando na minha mente até chegarmos ao hospital. Ela desce e pede os documentos do homem. Pergunto a ele onde estão, e ele coloca a mão embaixo, no bolso. Eu pego e entrego para ela, e ela manda eu aguardar.

Ela demora a voltar, e quando volta, vem com uma equipe médica. Assim que elas tiram a toalha do rosto dele, posso ver o estrago que ficou. Foi só uma passada de garrafa, mas se ele não pagar por um bom cirurgião, vai ter uma cicatriz para o resto da vida.

Eles somem, e agora percebo que meu carro ficou lá na balada. Olho para um lado e para o outro e não faço a menor ideia de onde estou. Ela não trouxe ele para o hospital onde trabalhamos, o que dificulta a minha vida nesse momento.

Procuro por ela e já não a encontro mais, somente o motorista e a ambulância que estão do lado de fora. Espero um pouco para ver se ela vem, mas nada. Então, peço um aplicativo de carro, e assim que ele chega, dou o endereço da casa de shows. Pego meu carro e volto para minha casa.

Me deito na minha cama e fico pensando: será que a minha vida vai se basear na vida de Anne? Será que eu serei sempre um abestalhado quando estiver perto dela? Pois, quando estou longe, eu fico falando sozinho que não vou mais tentar nada. Mas basta eu ver a danada que logo me perco no desejo ardente que ela me me faz sentir.

— Droga, Eduardo, você já foi melhor que isso, cara. Você nunca teve uma mulher te dominando; que porra é essa agora? Acorda, velho! Acorda e vai procurar outras mulheres, pois quando uma não quer, tem quem queira. É você que tem que recusar, e não elas. Anne é só uma enfermeira das mulheres que existem aqui no Brasil, para de ser cadelinha. — falo comigo mesmo batendo em uma cabeça.

Fecho os meus olhos com esses pensamentos e, mais uma vez, sei que será um fracasso ao vê-la. Mas, enquanto não a vejo, vou detonar ela na minha mente. Quem sabe assim ela vire uma mulher feia e eu desista de levá-la para a minha cama. Droga.

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