CAPÍTULO 110 Maicon Prass Fernandes Após o jantar, segui com Rebeca até o escritório. — Fico feliz que as coisas estão dando certo pra você, Maicon. A Duda é ótima, e aposto que terá uma menininha tão linda e arteira como ela, pra testar o coração diariamente. — Dei um leve empurrão no seu ombro. — Boba, não tenho pique para duas. — Já foi melhorzinho, hein Maicon? — O que quer, Rebeca? Você queria me dizer algo, é sobre o que? — cortei. — Bom, como já está ótimo, inclusive fazendo filho... quero que saiba que mandei aquelas duas para fazerem companhia ao diavolo... — Quem? — Rebeca sempre acelerada. — Minha antiga segurança, a Virgínia, e a prima Vanessa. — Ah... então descobriu algo sobre a sua segurança? Eu bem que desconfiei dela. — Olha, ficou uma lenga-lenga do caramba. A bruxa da Vanessa foi torturada, e não entregou a Virgínia. E Virgínia também se manteve firme, mas não batia, sabe? Virgínia não tinha nenhum arranhão, em vista do que teria que t
CAPÍTULO 111 Maria Eduarda Duarte Não é de hoje que me incomoda olhar para aquela porta dentro do nosso quarto, sem saber o que tem lá dentro. Agora o Maicon foi liberado pelo Don para o trabalho, a nossa vida vai voltar ao normal, então vamos voltar exatamente onde paramos, ele não pode me negar. Enquanto não consegui o que queria, não parei. Só que quando ele abriu aquele lugar e fechou a porta, fiquei um tanto perdida. Ao entrar, notei um ambiente intimidador, com luz suave e indireta, tons pretos e roxos criando um clima misterioso. Havia lâmpadas no chão ou tipo de lanternas baixas com filtros coloridos projetando um brilho de baixo para cima na cor roxa.As paredes eram acolchoadas ou revestidas em uns materiais estranhos que parecia um veludo... Era bonito, mas dava a impressão que servia como isolamento acústico. Havia alguns espelhos, estrategicamente posicionados para refletir em cada canto. As cortinas pareciam muito pesadas, bloqueando qualquer luz qu
CAPÍTULO 112 Maria Eduarda Duarte — Maria Eduarda, para de falar e me ouve, porra! Coloca na sua cabeça, que nenhuma mulher esteve aqui, que saco! — ele falou parecendo irritado, e eu já não sabia mais o que pensar. Veio me empurrando, me encostando na porta. — Então me diz, Maicon... por que você tem um quarto esquisito desses, escondido desse jeito, e porque a minha foto está ali, riscada na sua parede? — nossos olhares se encontraram. — Porque eu risquei, Maria Eduarda! — falou meio alto, esfregou os olhos, abaixou o tom — Vamos para o quarto, não quero conversar aqui. Você está nervosa, é melhor... — tentou me puxar novamente, não deixei. — Não enrola, quem está nervoso é você! Eu quero saber. Eu nem tenho aquela foto. Quando foi tirada? Você que tirou? — negou e cada vez eu entendia menos, então mesmo irritada, parei. Abaixei a cabeça, tentei ouvir, mas ele ergueu meu queixo, chegou bem perto. — Olha, eu vou explicar... depois que aconteceu tudo aquilo no rest
CAPÍTULO 113 Maria Eduarda Duarte — COMO ASSIM? INGRID? DO QUE ESTÁ FALANDO, PESTE? — Maicon deixou a jaula onde estava e veio até a mim. Comecei a bater nele, mas lembrei que não podia, então comecei a empurrar. — POR QUE AQUELA MULHER ESTÁ TE MANDANDO ISSO? QUE DROGA, VOCÊ NÃO DEIXOU AS COISAS BEM CLARAS? — ele se abaixou procurando a foto, e eu o empurrei novamente. — Eu deixei, sei lá o que está acontecendo! Quero ver o que é, onde está? — Está querendo ver? Que raiva de você, Maicon! — Não misture as coisas de novo — segurei nele e ele mim, as vozes alteradas, um clima tenso. Vi que a porta da jaula estava aberta e aproveitei a oportunidade, o empurrando, deixando parado na porta daquele treco. — É isso o que quer, Maria Eduarda? É isso? Ficou com raiva, quer me ver aqui dentro? — ele falava alto e olhava para dentro da jaula — Me diga! — o encarei enfurecida, até que não seria nada mal, com a raiva que eu estava, então dei de ombros. Maicon parecia irr
CAPÍTULO 114 Maria Eduarda Duarte Do nada Maicon me soltou, virou de costas e foi até o closet. Fiquei observando, acabei não respondendo, e estranhei que ele pegou uma roupa confortável e começou a vestir. Sentei na cama confusa, não me aguentei: — O que está acontecendo? — Pode descansar, vou dar o espaço que pediu. — Mas... — Boa noite. — Falou simplesmente e foi saindo do quarto, então me levantei e segurei o braço dele. — Tudo bem se dormir aqui... — Maria Eduarda... me deixa! Você me encheu a porra do saco, eu não queria entrar naquele quarto, você tocou o foda-se. Te avisei que não iria gostar, mas não sei que caralho queria ver lá. Espero que esteja satisfeita — ele estava sério, foi sair, segurei novamente. No fundo, não era isso que eu queria. — Maicon... — Olha, eu já expliquei o que aconteceu, não vou falar de novo. Você está grávida, então vamos fazer o seguinte: você fica aqui e eu vou pra outro lugar. Você fica com a chave, se quiser
CAPÍTULO 115 Maicon Prass Fernandes Maria Eduarda precisa entender que algumas coisas não vão mudar, nunca deixarei de amá-la, mas também preciso de tudo no lugar, ou eu ficarei louco. No outro dia acordei cedo, o Don me chamou até o reduto. Ficava em uma viela estreita, escondido entre prédios antigos. A fachada discreta, típica da máfia, não denunciava o que acontecia ali dentro. Entrei sem ser anunciado, os homens na porta sabiam quem eu era. O Don estava lá, como sempre, esperando. Aquele olhar afiado, de quem já viu de tudo, me recebeu do outro lado da sala, com uma única palavra. — Vem comigo. Sem perguntar, segui o Don pelos corredores escuros. Nada havia mudado, o cheiro de cigarro e couro velho ainda impregnava o ar, os sons abafados de conversas em italiano misturavam-se ao som dos meus passos no chão de mármore. Cada centímetro daquele lugar exalava poder e perigo. Eu já sabia o que estava prestes a acontecer, e meu estômago revirava com a expect
CAPÍTULO 116Maicon Prass Fernandes (Atenção! Esse capítulo contém cenas fortes de tortura.)O som metálico das ferramentas era pesado. Robson tremia na cadeira, o suor escorrendo pelo rosto sem cor, enquanto Enzo se preparava calmamente, cada movimento com muita precisão. O Don manteve sua postura serena, embora eu sabia exatamente como estava se sentindo. — Primeiro os dedos, — Enzo murmurou, pegando o alicate.Robson tentou se debater, mas as cordas apertadas o mantinham imóvel. O medo transbordava dos olhos dele, misturado com uma desesperança que eu reconhecia bem. Ele sabia que nada o salvaria agora. Nem súplicas, nem desculpas, nem arrependimento. A traição na máfia é paga com sangue, e o preço que Robson pagaria seria alto.— Por favor... Maicon... Don... Eu imploro... — a voz de Robson saiu quebrada, quase inaudível.Enzo agarrou a mão dele com firmeza, segurando o dedo indicador entre os dentes do alicate. O olhar frio de Enzo não tinha piedade, apenas ódio. Com um estalar
CAPÍTULO 117 Maicon Prass Fernandes O Don manteve os olhos fixos em mim por alguns segundos, avaliando a situação. Depois de um breve silêncio, ele deu um leve aceno com a cabeça, um sinal claro de que eu tinha sua permissão. — Faça o que deve ser feito, Maicon — disse o Don, sua voz fria e sem emoção, como se estivesse lidando com uma mera formalidade. Olhei para Maria Eduarda. Ela ergueu uma sobrancelha, o rosto calmo, sem qualquer traço de repulsa. Um leve sorriso de canto surgiu em seus lábios. Era como se ela soubesse que seu papel naquilo ainda não havia terminado. Ela pegou uma pequena bolsa que havia trazido e de dentro tirou uma linha e agulha. Não havia hesitação em seus movimentos. Me abaixei, pegando o pedaço mutilado de carne que eu havia jogado no chão momentos antes. Ele ainda estava coberto de sangue, mas isso não me incomodava. Ajoelhei-me na frente de Robson, cujo corpo mal conseguia se manter ereto na cadeira. Ele ainda gemia, o sangue escor