Na véspera da competição, Alana passou o dia inteiro ocupada com os preparativos na universidade. Ela trabalhou lado a lado com os integrantes dos departamentos de eventos e planejamento para montar o palco. Até o Professor Igor permaneceu no local até tarde, preocupado em garantir que tudo estivesse em ordem.— As provas da competição já foram guardadas? — Perguntou o Professor Igor.Alana assentiu:— Estão no cofre da sala de consulta. Só eu tenho a chave.O Professor Igor respirou aliviado e respondeu:— Legal.Após a saída do Professor Igor, Alana ainda testou todos os equipamentos do palco, conferindo cada detalhe. Quando finalmente terminou todos os preparativos, já era quase onze e meia da noite. Ela suspirou aliviada, apesar do cansaço extremo. Não importava o quão exausta estivesse, tudo valeria a pena se a competição do dia seguinte ocorresse sem problemas.Alana voltou para a sala de consulta para pegar suas coisas. Antes mesmo de sair, recebeu uma ligação de Ayla.— Ayla?A
— Eu não quero ir ao hospital, só preciso tomar um analgésico. — Alana murmurou.Murilo apertou o volante com mais força, sua voz carregava um tom grave:— Sempre dói assim?— Normalmente não. Hoje foi porque eu tomei uma cerveja gelada.— Não se lembra o seu próprio período menstrual? — Perguntou Murilo, com um tom contido.Alana hesitou por um instante antes de responder:— Lembro. Só que, por estar animada, acabei esquecendo.O carro parou na entrada do hospital. Era madrugada, e o movimento era calmo. Não havia filas, apenas os médicos de plantão. Felizmente, o médico de plantão era da ginecologia, e ele receitou um analgésico para aliviar a dor.— Lembre-se, você deve tomar o remédio uma vez por dia. Não se esqueça. — Disse o médico.Alana assentiu:— Está bem, obrigada.Na verdade, ela queria dizer que não precisava de todo esse alarde. Normalmente, ela não sentia tanta dor, mas foi a cerveja que complicou tudo.De volta ao carro, Murilo estava ainda mais sério. Quando chegaram a
— Assine.A voz fria e grave soou acima de sua cabeça, enquanto uma folha de papel era colocada diante dela. Era um contrato de divórcio. Alana Alves ficou levemente atônita, levantando os olhos para encarar Diego Arruda. Um sorriso amargo surgiu em seus lábios.Então era isso... Não era à toa que, mais cedo, ele havia feito algo completamente inusitado: ligou para ela pela manhã, dizendo que voltaria para casa à noite porque precisava conversar.Ela passou o dia inteiro ansiosa, cheia de expectativas. Pensou que, talvez, depois de três anos de casamento, ele finalmente estivesse disposto a abrir seu coração para ela. Mas, no fim, o que ele tinha a dizer era isso. O ponto final em um casamento que, para ela, já durava uma eternidade, mas, para ele, nunca havia começado de verdade.Alana pegou os papéis sem dizer nada. Seus dedos apertaram levemente as folhas, enquanto ela permanecia em silêncio. Depois de um momento, sua voz saiu rouca:— Tem mesmo que ser assim?Diego franziu as sobra
Alana ouviu a conversa do lado de fora do escritório e abaixou os olhos. Durante todos esses anos como parte da família Arruda, ela sempre se esforçou ao máximo para cuidar de Luana, sua sogra, e de Isadora, a irmã caçula de Diego.Quando Isadora sofreu aquele acidente de carro e precisou passar por uma cirurgia delicada, foi Alana quem ficou noites inteiras no hospital, cuidando dela. Para Luana, ela sempre teve paciência e respeito, tratando-a com o máximo de atenção. Mas, no fim das contas, tudo isso não fez a menor diferença. Não importava o quanto se dedicasse, o desprezo dos Arruda por ela nunca mudou.Pouco depois, o celular tocou. Era Luiza Duarte, a voz dela soava um pouco cansada:— Alana, você realmente não vai? Eu me lembro que você adorava caçar ao ar livre. Sem falar que é sempre uma boa desculpa para dirigir como louca.Alana ficou um instante em silêncio, surpresa. Algumas lembranças vieram à tona, como se alguém tivesse puxado uma corda esquecida em sua mente.Antes de
Sob o olhar atônito de Isadora, Alana segurou a mala com firmeza e saiu sem olhar para trás.Assim que deixou os Arruda, avistou Luiza abaixando o vidro do carro. Ela inclinou a cabeça para fora e, com um sorriso radiante, mandou-lhe um beijo no ar:— Amor, entra logo no carro! Hoje você vai comemorar comigo.Embora tivesse falado em comemoração, Luiza sabia bem que o coração de Alana ainda estava pesado por causa do divórcio. Por isso, resolveu levá-la a um restaurante com temática musical, onde pudessem conversar e descontrair. Ao descobrir o motivo da separação, Luiza não conseguiu conter a indignação:— Foi por causa da Telma de novo? Mas que coisa absurda! O que o Diego viu nela, afinal?Alana mexia lentamente o café com a colher, a voz saindo preguiçosa:— Não sei…Alana nunca chegou a conhecer Telma, a mulher que parecia ser a eterna "primeira-amor" no coração de Diego. Quando Telma foi para o exterior, Alana ainda não fazia parte da vida dele. Tudo o que sabia vinha de rumores:
Alana parou os passos. Sua expressão permanecia tranquila, mas ela não estendeu a mão para retribuir o cumprimento. O rosto de Telma ficou levemente rígido.Ao lado, Diego abriu a boca para quebrar o silêncio, com a voz baixa e grave:— O vovô ficou sabendo da gente. Ele pediu para você ir jantar hoje à noite. Seu celular estava desligado, então vim te buscar.— Entendi. — Alana olhou para o celular e confirmou que estava desligado. Assentiu com a cabeça. — Vou carregar a bateria. Daqui a pouco eu vou.O subtexto era claro: ela não planejava ir junto com eles.Diego franziu as sobrancelhas:— Que tal eu esperar você aqui em baixo?Alana interrompeu-o com um sorriso leve:— Não precisa. Eu vou sozinha.Diante do silêncio dele, Alana desviou o olhar para Telma e lançou calmamente:— E amanhã, às nove da manhã, se você estiver livre, podemos ir buscar o certificado de divórcio.Por algum motivo, Diego sentiu uma inquietação crescer em seu peito:— Está com tanta pressa assim?Alana assen
Diego estava perdido em seus pensamentos quando sentiu um toque suave e quente em sua mão. Virou a cabeça e viu Telma olhando para ele com preocupação:— Diego, está com dor no estômago? Quer que eu pegue um pouco de sopa para você?Ele balançou a cabeça, recusando.Enquanto isso, Alana terminava de cumprimentar Dario. Sem demonstrar emoção, puxou a cadeira e se sentou à mesa, completamente alheia à interação entre Diego e Telma. Dario, por outro lado, deixou escapar um resmungo de desprezo.Os jantares na família Arruda sempre seguiam a etiqueta rígida de silêncio à mesa. Alana, sem muito apetite, apenas acompanhou Dario e comeu um pouco para não parecer desrespeitosa.Quando a refeição terminou, Dario segurou a mão dela e disse:— Eu já soube de tudo entre você e o Diego, Alana. Não se preocupe, para a família Arruda, você é e sempre será a única nora legítima.Dario lançou um olhar cortante para Diego e Telma, cujas expressões ficaram tensas. Aproveitando o momento, disparou com sar
Dario colocou a xícara de café na mesa com força, o olhar distante e uma ponta de tristeza na voz. Sua expressão era sombria enquanto falava:— Ela se casou com você, e sua mãe sempre foi fria e dura com ela. Sua mãe ficou doente, e quem foi que chamou os médicos todas as vezes? O que Isadora gosta, o que ela deseja, quem é que compra para ela? Todas as vezes que você chegou tarde em casa, quem foi que ficou te esperando com a comida pronta? Aquele ano, quando você teve gastrite por causa da Telma, quem foi que se machucou enquanto cozinhava para você? Foi a Alana.Dario suspirou profundamente, carregando no tom uma mistura de decepção e pesar:— Quando o pai dela morreu, ela foi morar de favor com a família Bispo, mas nunca teve que fazer nada disso. Diego, a Alana fez tudo isso por você. E só porque a Telma te deu uma sopa, você já acha que ela é especial?Diego ouviu tudo em silêncio, os punhos cerrados com força. Em seus olhos, havia uma tempestade prestes a desabar, como tinta neg