Capítulo 3
Sob o olhar atônito de Isadora, Alana segurou a mala com firmeza e saiu sem olhar para trás.

Assim que deixou os Arruda, avistou Luiza abaixando o vidro do carro. Ela inclinou a cabeça para fora e, com um sorriso radiante, mandou-lhe um beijo no ar:

— Amor, entra logo no carro! Hoje você vai comemorar comigo.

Embora tivesse falado em comemoração, Luiza sabia bem que o coração de Alana ainda estava pesado por causa do divórcio. Por isso, resolveu levá-la a um restaurante com temática musical, onde pudessem conversar e descontrair. Ao descobrir o motivo da separação, Luiza não conseguiu conter a indignação:

— Foi por causa da Telma de novo? Mas que coisa absurda! O que o Diego viu nela, afinal?

Alana mexia lentamente o café com a colher, a voz saindo preguiçosa:

— Não sei…

Alana nunca chegou a conhecer Telma, a mulher que parecia ser a eterna "primeira-amor" no coração de Diego. Quando Telma foi para o exterior, Alana ainda não fazia parte da vida dele. Tudo o que sabia vinha de rumores: diziam que Telma era incrivelmente doce, gentil e inteligente. Na época, quando Diego e Dario brigaram feio por causa dela, a senhorita Telma teria mostrado toda a sua sensatez ao tentar apaziguar os ânimos. Só depois de toda essa história é que Alana e Diego entraram em um casamento por acordo.

Percebendo que Alana não queria se aprofundar no assunto, Luiza mudou de tema, apoiando o rosto na mão:

— Mas olha, Diego foi bem generoso, hein? Te deu a casa, o carro… e ainda oitenta milhões!

Luiza ergueu os olhos para Alana, com um tom quase melancólico:

— Pena que você nem precisa disso.

Após a morte de Rui Alves, pai de Alana, ela havia decidido deixar a administração da empresa para seu primo, Matteo Alves. Desde então, vivia apenas dos dividendos, sem grandes preocupações. O mundo de fora acreditava que o Grupo Alves já era praticamente uma propriedade de Matteo. Além disso, como Alana e Diego tinham um acordo pré-nupcial, até os próprios parentes achavam que Alana havia saído de mãos vazias desse casamento.

Alana deu de ombros, ainda distraída:

— Dinheiro nunca é demais.

Luiza olhou para a amiga e sentiu uma pontada de pena ao ver sua apatia. Com um sorriso decidido, declarou:

— Concordo! E sabe o que você vai fazer com esse dinheiro? Comprar roupas incríveis, bolsas de luxo, e sair deslumbrante para deixar os Arruda comendo poeira! Mas, me diz uma coisa: já pensou no que vai fazer agora que está fora daquela família?

Alana desviou o olhar, pensativa. Durante a faculdade, ela havia cursado Psicologia e Música como dupla formação. Contudo, após o acidente que tirou a vida de seu pai, precisou se afastar dos estudos por um tempo. Quando finalmente voltou e conseguiu o diploma, já estava casada com Diego. Passou os últimos três anos como dona de casa em tempo integral… e nunca tinha parado para imaginar o que faria dali em diante.

Luiza segurou sua mão com carinho e sorriu:

— Não se preocupe. Agora que você está livre dos Arruda, pode pensar nisso com calma. Mas, por enquanto, vamos terminar de comer e depois eu te levo para fazer umas compras. Ah, e daqui a alguns dias, vou te levar para caçar na Montanha Palmiho!

Luiza piscou de forma misteriosa, visivelmente empolgada:

— Você não tem ideia… Murilo Coelho também vai estar lá.

Os olhos de Alana brilharam por um breve momento. Murilo, o terceiro herdeiro da poderosa família Coelho, era um magnata do setor imobiliário. Conhecido por sua fortuna e discrição, raramente participava de eventos sociais — muito menos atividades como caça.

No entanto, a curiosidade de Alana logo se dissipou.

Depois do jantar, Alana não tinha disposição para passear pelas lojas. Em vez disso, entregou seu cartão à vendedora e pediu que enviassem tudo o que Luiza escolhesse diretamente para seu apartamento.

Antes de se despedirem, Luiza lembrou-se de algo:

— Ah, Alana, quase me esqueci! Você andou tão ocupada ultimamente que nem consegui te contar. O Professor Igor não anda bem de saúde. Se puder, passe lá para vê-lo.

O Professor Igor Castro havia sido o mentor de Alana durante a faculdade, especialmente em Psicologia. Ele era uma figura importante em sua vida acadêmica, e ela fez questão de anotar mentalmente a visita.

Ao voltar para casa, Alana dirigiu-se ao pequeno apartamento que ficava perto do de Luiza. Era uma propriedade simples, mas confortável, que ela havia resolvido ocupar temporariamente após sair da mansão dos Arruda. Havia uma pessoa encarregada da limpeza, então o lugar estava sempre impecável.

No entanto, ao chegar ao estacionamento do prédio, ela foi surpreendida por uma figura inesperada. Diego estava encostado no carro, esperando por ela.

Dentro do veículo, uma mulher com traços delicados e um ar frágil a observava. Sua beleza era doce e quase etérea, exatamente o tipo que Diego sempre preferiu.

Alana lançou um olhar de soslaio para a cena e sentiu algo sutil se mexer dentro dela. Aquela mulher era realmente a personificação do "gosto" de Diego.

Quando Alana se aproximou, a mulher desceu do carro e, segurando o braço de Diego, caminhou até ela. Com um sorriso educado e gentil, estendeu a mão:

— Alana, tudo bem? Prazer, sou Telma.
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