Alana pegou a espingarda, sentindo-se brevemente encantada com o rosto marcante de Murilo.Quando Murilo terminou de trocar de roupa e todos se organizaram, sob a orientação dos instrutores do local, os caçadores entraram no campo de caça. É claro que boa parte dos convidados estava ali apenas por causa de Murilo. Os que não tinham habilidade para caçar ficaram no acampamento, acompanhando de longe, entre eles Diego e Telma.A família Coelho havia providenciado binóculos, bebidas e petiscos de todos os tipos. Além disso, o local estava repleto de pequenos cervos domesticados, garantindo que os convidados que preferissem ficar no acampamento tivessem algo para se entreter. Interagir com os animais era uma boa distração.Entretanto, a maioria das pessoas estava mesmo interessada na caçada. Muitos pegaram binóculos para observar o que acontecia no campo. Diego, ainda com as palavras de Alana ecoando em sua mente, abaixou o olhar antes de pegar um binóculo. O campo de caça tinha, inicialme
Quando Alana ergueu o olhar, encontrou um par de olhos bonitos e brilhantes. O homem à sua frente era charmoso e de uma beleza descontraída, mas sua postura emanava uma suavidade quase juvenil. Quando ele sorria, havia algo de inocente e cativante que o tornava ainda mais atraente.Na memória de Alana, ela não se lembrava de conhecer alguém assim, e Luiza, ao seu lado, também o observava com certa desconfiança.Roberto Serra, no entanto, parecia ser do tipo que fazia amizade com facilidade. Com um sorriso largo, colocou o ganso-negro já preparado ao lado das duas e se apresentou de maneira cordial:— Meu nome é Roberto. Sou o chef do Sr. Murilo. O ganso que a Srta. Alana caçou foi preparado a pedido dele. Ele pediu que eu trouxesse para que a senhorita pudesse provar.Chef?Alana levantou os olhos, surpresa. Sua mente logo notou um detalhe curioso: “nunca havia visto um chef usando um relógio que custava milhões de reais.”Luiza, como sempre, foi mais rápida no comentário:— Roberto, o
O churrasco durou mais de três horas, com os convidados bebendo à vontade, conversando e rindo como se fossem velhos amigos. A atmosfera era tão acolhedora que fazia todos se sentirem em casa.Em um momento, Alana se afastou discretamente. Acompanhada por um funcionário, foi até o local onde poderia escolher seu prêmio de caça. De acordo com as regras de Murilo, ela tinha o direito de levar consigo o animal que quisesse, desde que fosse um dos criados na propriedade. Embora preferisse os cavalos, no final, escolheu um pequeno cervo. Algo em sua mente a fazia pensar que cavalos não deveriam ser tratados como animais de estimação.Quando terminou de fazer sua escolha e saiu, foi parada por um segurança. Ele se aproximou com um ar respeitoso e disse:— Srta. Alana, o Sr. Murilo pediu que a senhorita o acompanhasse.Sem dizer nada, Alana seguiu o segurança até o segundo andar. Lá, encontrou Murilo sentado tranquilamente em uma cadeira perto da janela. Roberto, ao lado, estava ocupado prepa
Embora Roberto trabalhasse há anos para Murilo, sua posição como chef pessoal e o mistério que cercava sua identidade faziam com que Diego e os outros nunca tivessem ouvido falar dele.No entanto, Roberto parecia estar perfeitamente à vontade. Depois de cumprimentar Alana e Luiza com intimidade, lançou um olhar para o grupo e, com um sorriso descontraído, sugeriu:— Está esfriando um pouco. Que tal eu levar as senhoritas para casa?Luiza imediatamente se animou. Para ela, o inimigo do inimigo era sempre um aliado. Qualquer coisa que pudesse irritar Diego e Telma já era motivo suficiente para aceitar. Seus olhos brilharam, e ela respondeu com uma voz afetuosa e ligeiramente exagerada:— Ah, muito obrigada! Que gentileza a sua.Alana não conseguiu segurar um sorriso, mas, no fundo, sabia que Roberto não era alguém tão atencioso ou meticuloso. Era evidente que quem o havia enviado fora Murilo. Sem dizer nada, seguiu Luiza até o carro. Antes de entrar, lançou um último olhar para a mansão
A casa em questão era uma promessa de Diego para Alana. Os trâmites para a transferência de propriedade já estavam em andamento. Mesmo que Diego quisesse hospedar seus futuros sogros ali, deveria, no mínimo, ter pedido a opinião da Alana. Além disso, aquela casa era o único lugar onde Alana e Diego haviam morado juntos antes do casamento.No fundo, era óbvio: Diego simplesmente não considerava Alana.Alana não se importava se Diego a amava ou não. Mas, no mínimo, ele deveria tratá-la como uma pessoa. E não como... um animal de estimação.Enquanto o grupo conversava animadamente sobre os preparativos para o casamento, Luana, com o canto dos olhos, percebeu a presença de Alana. Seu rosto imediatamente se fechou. Os demais também olharam para ela, surpresos, com expressões que variavam entre desconforto e desdém.Isadora foi a primeira a se manifestar, com um tom ácido:— Que azar! O que essa mulher está fazendo aqui?Telma, tentando disfarçar o constrangimento, deu alguns passos à frente
Telma tentou acalmar Luana, assumindo uma postura conciliadora:— Mãe, a Srta. Alana, apesar de tudo, foi esposa do Diego. Não seria muito apropriado fazer isso. Além do mais, temos quartos sobrando. Se não houver outra opção, por que não deixamos que ela fique aqui por enquanto?O tom de Telma era gentil, mas sua intenção, claramente, era desarmar a situação e manter as aparências.O segurança, por outro lado, olhou para Alana, avaliando suas roupas simples com um toque de desprezo. Para ele, era óbvio: uma ex-esposa tentando se agarrar à riqueza de uma família poderosa.Alana, no entanto, ignorou os olhares e os comentários. Com firmeza, recusou:— Não precisa.Ela pegou sua mala e se afastou. Porém, o céu escureceu abruptamente, e logo uma chuva torrencial começou a cair. Parecia que até o clima estava conspirando contra ela naquele dia.Alana olhou para o celular, que marcava apenas 2% de bateria. Suspirou e balançou a cabeça. Ao seu redor, havia apenas árvores e nenhuma cobertura
Murilo ficou em silêncio por um longo tempo. Alana já achava que ele não responderia, quando finalmente ouviu a voz dele:— É uma amiga.O tom dele tinha algo de estranho. Alana, sem intenção de se aprofundar na história de outra pessoa, rapidamente mudou o assunto:— Sr. Murilo, com licença, posso perguntar quais são os sintomas específicos da sua irmã?— Ela não pode ver sangue, às vezes sofre de amnésia, e tem reações como náuseas e gritos ao entrar em contato com homens desconhecidos. Em certas situações, ela não consegue controlar o medo e começa a gritar.A postura de Murilo era indiferente, quase fria.Alana ouviu atentamente, refletindo sobre o que ele havia dito. Esses sintomas pareciam respostas extremas a algum tipo de trauma. Talvez houvesse algo na memória de Ayla que a aterrorizasse profundamente.Antes que pudesse comentar suas impressões, tia Liz apareceu segurando algumas roupas:— Srta. Alana, a água já está quente. Estas são roupas da Srta. Ayla, que têm um tamanho p
Diego mantinha a expressão fria, mas havia um traço evidente de irritação.— Ainda estou... — Começou ele, mas Alana o interrompeu sem cerimônias.— Ainda está em reunião, não é? — A voz dela, surpreendentemente gelada, cortou o ar. — Sr. Diego, ninguém vai ficar te esperando para sempre. Se já decidiu que vai se divorciar, então para de enrolar e resolve logo isso. Você organiza o casamento com outra e, ao mesmo tempo, fica adiando o divórcio como se fosse algum tipo de demonstração de amor eterno. Mas sabe o que parece? Ridículo. E, sinceramente, estou cansada desse teatrinho.Alana estava exausta das jogadas de Telma e das conexões sem sentido que ainda a prendiam a Diego. Ela não era uma pessoa que gostava de enrolar. Sempre foi direta: quando ama, entrega tudo, sem hesitar. Mas, quando decide partir, não quer laços pendentes ou meias palavras. Não acreditava nem por um segundo que Diego ainda tivesse sentimentos por ela. Na verdade, ele nunca a colocava em primeiro lugar. As escol