Renata deu um sorriso resignado e disse:— Srta. Alana, acho que já deixei bem claro. Eu não tenho tempo e não participarei da competição.A assistente de Renata interrompeu Alana com um tom sério:— Senhorita, o tempo da Dra. Renata no país é muito limitado. Todas as atividades dela foram previamente agendadas, e não há como alterar a agenda para incluir a competição que você mencionou.— A Dra. Renata chegou a olhar os documentos que eu entreguei? — Perguntou Alana, com uma ponta de esperança.Renata não esperava que ela fosse tão persistente. A psicóloga assentiu levemente-,— Sim, eu já vi todos os documentos. E devo admitir que os alunos da UNIVERSIDADE TURMAN são realmente muito talentosos. Muitas das ideias apresentadas são impressionantes.Renata piscou os olhos e continuou:— Mas, Srta. Alana, eu não acho que esses documentos sejam suficientes para justificar a alteração da minha agenda. Minha vinda ao país tem como propósito principal a realização de um seminário com os espec
Aquela garota devia ser a psicóloga que Murilo contratou para ajudar Ayla. Era a mesma mulher que estava esperando por Renata na recepção do hotel. Entre os documentos que Alana havia entregue, no final havia um cronograma detalhado da competição de psicologia, incluindo os temas das dissertações.Renata pensou consigo mesma:"Talvez eu deva me aproximar desses estudantes da nova geração, ver o que eles podem trazer de surpreendente."Enquanto isso, Alana, ao chegar em casa, ficou parada diante da janela, olhando para o vazio. Ela não conseguia esquecer o que Renata havia dito. Renata tinha razão. Ela havia passado muitos anos no exterior, participando de projetos acadêmicos de altíssimo nível e se destacando de forma única na pesquisa em psicologia.A visita de Renata ao país não era apenas para ajudar os especialistas de Huambo a resolver questões complexas, mas também para analisar um caso psicológico especial, algo que demandava um tempo extremamente valioso. Alana sabia que, se pu
— Quem disse que eu não vou participar da competição de psicologia da sua universidade? — Uma voz familiar ecoou pelo ambiente.Alana arregalou os olhos, incrédula, e se virou rapidamente. A porta da sala do diretor foi aberta, e Renata entrou acompanhada de sua assistente.Isadora ficou boquiaberta ao ver quem tinha acabado de chegar.— Renata! — Disse ela, completamente atônita.Renata ignorou as duas e caminhou diretamente até o Diretor Tim, apertando sua mão com um sorriso profissional:— Olá, eu sou Renata.— Dra. Renata, o que a trouxe até aqui? — Perguntou Alana, ainda sem acreditar no que estava vendo.— Isso eu explico depois. — Respondeu Renata antes de voltar seu olhar para Luana. — E então, senhora, agora que eu confirmei minha participação como jurada na competição, acho que não há mais nenhum problema, certo?O rosto de Luana ficou pálido. Ela trocou um olhar tenso com Isadora. Como Renata tinha mudado de ideia? Será que Murilo estava por trás disso novamente?— Dra. Rena
Na véspera da competição, Alana passou o dia inteiro ocupada com os preparativos na universidade. Ela trabalhou lado a lado com os integrantes dos departamentos de eventos e planejamento para montar o palco. Até o Professor Igor permaneceu no local até tarde, preocupado em garantir que tudo estivesse em ordem.— As provas da competição já foram guardadas? — Perguntou o Professor Igor.Alana assentiu:— Estão no cofre da sala de consulta. Só eu tenho a chave.O Professor Igor respirou aliviado e respondeu:— Legal.Após a saída do Professor Igor, Alana ainda testou todos os equipamentos do palco, conferindo cada detalhe. Quando finalmente terminou todos os preparativos, já era quase onze e meia da noite. Ela suspirou aliviada, apesar do cansaço extremo. Não importava o quão exausta estivesse, tudo valeria a pena se a competição do dia seguinte ocorresse sem problemas.Alana voltou para a sala de consulta para pegar suas coisas. Antes mesmo de sair, recebeu uma ligação de Ayla.— Ayla?A
— Eu não quero ir ao hospital, só preciso tomar um analgésico. — Alana murmurou.Murilo apertou o volante com mais força, sua voz carregava um tom grave:— Sempre dói assim?— Normalmente não. Hoje foi porque eu tomei uma cerveja gelada.— Não se lembra o seu próprio período menstrual? — Perguntou Murilo, com um tom contido.Alana hesitou por um instante antes de responder:— Lembro. Só que, por estar animada, acabei esquecendo.O carro parou na entrada do hospital. Era madrugada, e o movimento era calmo. Não havia filas, apenas os médicos de plantão. Felizmente, o médico de plantão era da ginecologia, e ele receitou um analgésico para aliviar a dor.— Lembre-se, você deve tomar o remédio uma vez por dia. Não se esqueça. — Disse o médico.Alana assentiu:— Está bem, obrigada.Na verdade, ela queria dizer que não precisava de todo esse alarde. Normalmente, ela não sentia tanta dor, mas foi a cerveja que complicou tudo.De volta ao carro, Murilo estava ainda mais sério. Quando chegaram a
— Assine.A voz fria e grave soou acima de sua cabeça, enquanto uma folha de papel era colocada diante dela. Era um contrato de divórcio. Alana Alves ficou levemente atônita, levantando os olhos para encarar Diego Arruda. Um sorriso amargo surgiu em seus lábios.Então era isso... Não era à toa que, mais cedo, ele havia feito algo completamente inusitado: ligou para ela pela manhã, dizendo que voltaria para casa à noite porque precisava conversar.Ela passou o dia inteiro ansiosa, cheia de expectativas. Pensou que, talvez, depois de três anos de casamento, ele finalmente estivesse disposto a abrir seu coração para ela. Mas, no fim, o que ele tinha a dizer era isso. O ponto final em um casamento que, para ela, já durava uma eternidade, mas, para ele, nunca havia começado de verdade.Alana pegou os papéis sem dizer nada. Seus dedos apertaram levemente as folhas, enquanto ela permanecia em silêncio. Depois de um momento, sua voz saiu rouca:— Tem mesmo que ser assim?Diego franziu as sobra
Alana ouviu a conversa do lado de fora do escritório e abaixou os olhos. Durante todos esses anos como parte da família Arruda, ela sempre se esforçou ao máximo para cuidar de Luana, sua sogra, e de Isadora, a irmã caçula de Diego.Quando Isadora sofreu aquele acidente de carro e precisou passar por uma cirurgia delicada, foi Alana quem ficou noites inteiras no hospital, cuidando dela. Para Luana, ela sempre teve paciência e respeito, tratando-a com o máximo de atenção. Mas, no fim das contas, tudo isso não fez a menor diferença. Não importava o quanto se dedicasse, o desprezo dos Arruda por ela nunca mudou.Pouco depois, o celular tocou. Era Luiza Duarte, a voz dela soava um pouco cansada:— Alana, você realmente não vai? Eu me lembro que você adorava caçar ao ar livre. Sem falar que é sempre uma boa desculpa para dirigir como louca.Alana ficou um instante em silêncio, surpresa. Algumas lembranças vieram à tona, como se alguém tivesse puxado uma corda esquecida em sua mente.Antes de
Sob o olhar atônito de Isadora, Alana segurou a mala com firmeza e saiu sem olhar para trás.Assim que deixou os Arruda, avistou Luiza abaixando o vidro do carro. Ela inclinou a cabeça para fora e, com um sorriso radiante, mandou-lhe um beijo no ar:— Amor, entra logo no carro! Hoje você vai comemorar comigo.Embora tivesse falado em comemoração, Luiza sabia bem que o coração de Alana ainda estava pesado por causa do divórcio. Por isso, resolveu levá-la a um restaurante com temática musical, onde pudessem conversar e descontrair. Ao descobrir o motivo da separação, Luiza não conseguiu conter a indignação:— Foi por causa da Telma de novo? Mas que coisa absurda! O que o Diego viu nela, afinal?Alana mexia lentamente o café com a colher, a voz saindo preguiçosa:— Não sei…Alana nunca chegou a conhecer Telma, a mulher que parecia ser a eterna "primeira-amor" no coração de Diego. Quando Telma foi para o exterior, Alana ainda não fazia parte da vida dele. Tudo o que sabia vinha de rumores: