A chuva fina batia contra as janelas da pequena cafeteria no centro de Málaga, criando uma melodia suave que parecia acalmar os nervos de Clara. Ela estava sentada num canto, observando as gotas deslizarem pelo vidro enquanto aguardava o seu cappuccino. Com a câmara ao lado, ela estava ali para procurar inspiração para sua próxima exposição de fotos. Fez muitos km e pesquisou muito sobre a cidade para sair da caixa e procurar algo de novo.
Clara, uma jovem fotógrafa de 28 anos, tinha olhos castanhos profundos e cabelo longo e ondulado que caía em cascata sobre os seus ombros. Ela usava uma blusa branca simples, complementada por uns jeans escuro. A sua aparência natural e despretensiosa atraía olhares curiosos, mas Clara estava imersa nos seus pensamentos, alheia ao mundo ao seu redor.
Do outro lado da pastelaria, Lucas, um escritor em crise, lutava para se concentrar no seu portátil. Ele estava preso num bloqueio criativo que parecia não ter fim. Aos 32 anos, Lucas era um homem de presença marcante, com cabelos castanhos levemente despenteados e uma barba bem aparada. Os seus olhos verdes revelavam uma intensidade e uma paixão que poucos conheciam. Vestindo uma camisa social azul e calça preta, ele parecia mais um executivo do que um escritor, mas a verdade era que Lucas estava desesperado para encontrar uma nova história, algo que o libertasse do vazio que sentia.
Quando o cappuccino de Clara chegou, ela levantou os olhos e, por um breve momento, seus olhares se cruzaram com os de Lucas. Foi como um choque elétrico, uma conexão instantânea que fez ambos sentirem algo inexplicável. Clara sorriu timidamente, e Lucas, surpreso com a sua própria reação, devolveu o sorriso.
Sem pensar muito, Clara pegou sua câmara e começou a fotografar discretamente o ambiente da pastelaria. Através da lente, ela focou o Lucas, capturando a expressão concentrada e levemente frustrada do seu rosto. Havia algo nele que a intrigava profundamente.
Lucas, percebendo que estava a ser observado, olhou para Clara e levantou uma sobrancelha, curioso. Decidiu que precisava falar com ela. Levantou-se e caminhou até a mesa dela, tinha o coração a b**e de forma descompassada e acelerada.
— Olá — disse ele, com um sorriso que revelava um charme natural. — Notei que estava a ser fotografado… posso ver?
Clara corou ligeiramente, surpresa pela abordagem direta, mas manteve a compostura.
— Desculpe se fui invasiva. Sou fotógrafa e estou à procura de inspiração. Algo em você parecia... interessante.
Lucas riu, um som que fez Clara sentir um calor agradável no peito.
— Interessante, é? Bem, isso é uma novidade para mim. Posso me sentar?
Clara assentiu, e Lucas puxou uma cadeira, sentando-se de frente para ela. A proximidade fez com que ambos sentissem um leve arrepio.
— Então, você é fotógrafa. Eu sou Lucas, por sinal. Escritor, ou pelo menos tento ser.
— Prazer, Lucas. Eu sou Clara. Fotógrafa e, às vezes, uma aspirante a artista.
O sorriso de Lucas se alargou, e ele sentiu uma conexão imediata com Clara. Havia algo na sua presença que o acalmava e o excitava ao mesmo tempo.
— Então, Clara, o que estava tentando capturar em mim?
Clara mordeu o lábio inferior, um gesto que Lucas achou incrivelmente sensual.
— Acho que estava tentando capturar uma história. Você parecia perdido em seus pensamentos. Isso me intrigou.
Lucas inclinou-se um pouco mais perto, seus olhos fixos nos de Clara.
— Talvez eu estivesse esperando encontrar uma história. E talvez essa história esteja bem na minha frente.
Clara sentiu um calor subir por seu corpo com a insinuação de Lucas. Havia algo inegavelmente sedutor em suas palavras, algo que ela não conseguia ignorar.
— Quem sabe? — respondeu Clara, tentando manter o tom casual, mas sentindo seu coração acelerar.
Eles conversaram por horas, esquecendo-se completamente do tempo. Cada palavra trocada, cada olhar, aumentava a tensão entre eles. Era como se estivessem num jogo de sedução, onde cada movimento era cuidadosamente calculado para provocar e encantar o outro.
Clara riu de uma das histórias de Lucas sobre suas tentativas frustradas de encontrar inspiração, e sem perceber, colocou a mão sobre a dele. O toque foi elétrico, e ambos sentiram uma corrente de desejo passar pelos seus corpos.
Lucas, sentindo a intensidade do momento, virou a mão para segurar a de Clara. Seus dedos se entrelaçaram, e eles se olharam profundamente nos olhos. Havia uma promessa não dita ali, uma conexão que ia além das palavras.
— Clara, eu sinto que preciso te conhecer melhor. Há algo em ti que desperta algo dentro de mim, algo que eu pensei ter perdido.
Clara sentiu sua respiração acelerar com as palavras de Lucas. Havia uma sinceridade crua em seus olhos, algo que ela não podia ignorar.
— Eu também sinto isso, Lucas. É como se... como se estivéssemos destinados a nos encontrar.
Lucas sorriu e, lentamente, levou a mão de Clara aos lábios, depositando um beijo suave que fez cada célula do corpo dela vibrar.
— Acho que este é apenas o começo de algo muito especial — disse ele, sua voz rouca de desejo.
Clara sorriu, sentindo uma mistura de excitação e antecipação. Sabia que aquele encontro inesperado mudaria suas vidas para sempre. E mal podia esperar para ver onde aquela nova história os levaria.
A manhã em Málaga começou com uma brisa suave e um céu limpo, prometendo um dia perfeito para explorar a cidade. Clara, ainda pensando no encontro casual na pastelaria, decidiu visitar uma exposição de fotos em uma galeria de arte local. A exposição era de um fotógrafo famoso, cujas obras ela admirava há muito tempo, e Clara estava ansiosa para se inspirar ainda mais.Ao entrar na galeria, Clara sentiu imediatamente a atmosfera artística e serena. As paredes estavam adornadas com fotografias em preto e branco, cada uma contando uma história única. Clara começou a passear lentamente, absorvendo cada detalhe, perdida em pensamentos sobre luz, sombra e composição.Enquanto ela observava uma foto particularmente cativante de uma rua de Paris à noite, sentiu uma presença familiar ao seu lado. Virando-se, encontrou Lucas, que a olhava com um sorriso surpreso.— Clara? — disse Lucas, claramente encantado por encontrá-la novamente.— Lucas! Que coincidência — respondeu Clara, igualmente surpr
ClaraClara acordou sentindo a luz suave da manhã a invadir o seu quarto em Málaga. O céu estava azul claro e o sol prometia um dia quente e luminoso. Deitada na cama, os pensamentos sobre os encontros com Lucas assombravam-lhe a mente. Será que estava realmente disposta a envolver-se com alguém novamente? A sua última experiência amorosa tinha sido uma grande desilusão, e ela ainda sentia as cicatrizes emocionais.Ela lembrou-se de Pedro, o homem que pensava ser o seu grande amor. No início, ele parecia perfeito – atencioso, carinhoso e apaixonado por tudo o que ela representava e até pela sua arte. No entanto, ao longo do tempo, ele mostrou-se controlador e ciumento, e acabou daquela forma desastrosa com um cenário de arrepiar que ela nem se queria lembrar. Depois disso, Clara prometeu a si mesma que tão depressa não se deixaria prender numa relação que apagasse a sua essência e dificilmente voltaria a acreditar plenamente em alguém. A desilusão foi profunda e ainda estava a tentar
Lucas estava cheio de confiança e expectativa enquanto caminhava pelas ruas de Málaga em direção ao apartamento de Clara. O sol brilhava intensamente, e o ar estava impregnado com o aroma doce das flores dos mercados locais. Ele sabia que desta vez seria diferente. Estava determinado a fazer com que tudo fosse mais leve, sem os dramas que tinham marcado as suas relações passadas. Não podia ser coincidência que ambos tivessem encontrado inspiração no mesmo lugar e ao mesmo tempo. Tudo parecia estar alinhado para que algo melhor acontecesse entre eles.Quando finalmente chegou ao prédio de Clara, Lucas respirou fundo e subiu as escadas com passos decididos. Ao chegar à porta do apartamento, bateu levemente e aguardou. A porta abriu-se quase de imediato, revelando Clara com um sorriso caloroso no rosto.— Olá, Lucas. Entra, fica à vontade — disse ela, movendo-se para o lado para que ele pudesse passar.Mas antes que Clara pudesse dizer mais alguma coisa, Lucas não conseguiu conter a torr
— Está tudo bem, Lucas? — perguntou Clara, notando a mudança repentina na expressão dele.Lucas piscou, tentando disfarçar o nervosismo. Guardou o telemóvel no bolso e forçou um sorriso.— Sim, claro. Só... só me lembrei de algo que preciso resolver. Desculpa, Clara, mas tenho que ir — disse ele, tentando manter a voz estável.— Oh... claro, entendo. Se precisares de alguma coisa, estou aqui — respondeu Clara, um pouco confusa e desapontada com a súbita mudança.Lucas inclinou-se para dar um beijo rápido na bochecha de Clara e saiu apressadamente do estúdio, o coração a bater descontroladamente. A mensagem trouxe à tona todos os seus medos e inseguranças, e ele sabia que precisava de encontrar uma maneira de lidar com isso antes que o passado o consumisse novamente.Enquanto descia as escadas do prédio, Lucas sentiu um nó no estômago. Não podia deixar que isso arruinasse o que estava a começar com Clara, mas sabia que tinha que ser honesto consigo mesmo e enfrentar os seus demónios. E
Lucas saiu apressadamente do estúdio de Clara, o coração ainda a bater descontroladamente. Caminhava pelas ruas de Málaga, perdido em pensamentos, a angústia a apertar-lhe o peito. A mensagem de Rita tinha-lhe trazido uma onda de pânico que ele não conseguia controlar.Sabia que não se conseguiria esconder para sempre e que, mais cedo ou mais tarde, voltaria a encontrar Rita. Mas tinha esperança de que, quando esse momento chegasse, ela já tivesse encontrado outro alvo para a sua vida louca. Rita não era mulher de viver dependente de ninguém e nem iria ficar tanto tempo sozinha sem alguém que ajudasse a alimentar as suas fantasias.Mas Lucas conhecia bem o lado sombrio de Rita. Ela estava tão habituada ao poder e a ganhar que não devia conseguir lidar com o facto de ele a ter deixado. As tentativas de lhe explicar que não conseguia continuar a viver naquele ritmo tinham sido inúteis. Foram tantas as conversas, tantas as noites em que ele tentava fazê-la entender que, embora a experiên
Rita era uma mulher dominadora em todos os aspectos da sua vida, quer no mundo dos negócios, quer na sua vida pessoal. Para ela, era impensável sentir que não era a melhor ou que alguém a deixaria. O poder e o controle eram as suas maiores armas, e ninguém ousava desafiá-la. No entanto, a recente rejeição de Lucas tinha acendido um rastilho na sua pólvora interna, algo que ela não estava disposta a tolerar.A relação com Lucas já estava a esgotar a sua paciência. Ele era uma peça interessante no seu jogo, um desafio que havia dominado com maestria. Mas, como tudo na vida de Rita, ela sempre precisava de novos desafios, de novas conquistas para manter a sua mente e corpo estimulados. Quando Lucas começou a afastar-se, a rejeitar as suas investidas, sentiu uma fúria que há muito não experimentava.Para Rita, a rejeição de Lucas não era apenas um insulto pessoal; era uma afronta ao seu domínio. Ela é que decidia quando e como uma relação terminava. A ideia de que Lucas, ou Ricardo, como
Quando Lucas entrou, ela observou-o por um momento antes de acenar-lhe para que se juntasse a ela. Ele parecia tenso, mas determinado. Exatamente como ela esperava. Levantou-se para cumprimentá-lo, os seus olhos fixos nos dele. No cumprimento, colou o seu corpo ao dele, fazendo a sua mão deslizar pelo peito de Lucas e descer até o sentir mais intimamente. Lucas ficou tenso e afastou-a, o desconforto evidente no seu rosto.— Parece que não tens saudades — disse Rita, sorrindo friamente, a voz carregada de insinuações.Sentaram-se à mesa, a tensão entre eles quase palpável. O jantar foi um jogo de guerrilha, cada movimento de Rita calculado para provocar e desestabilizar Lucas. Ela tocava-lhe levemente no braço ao falar, os dedos deslizando provocativamente, quer no corpo dele, quer dela. De vez em quando, deixava escapar comentários duplos, repletos de significados ocultos e fazia movimentos erotizados que faziam qualquer homem corar e trepar de desejo. Ela sabia como ninguém ser subti
Quando Rita percebeu a determinação nos olhos de Lucas, soube que precisaria mudar de estratégia. Não podia permitir que ele fosse embora sem que ela tivesse um trunfo. A sua mente ágil e manipuladora rapidamente formulou um plano. Decidida, terminou o jantar com um sorriso calculado e começou a convencê-lo a subir à suite.— Vamos subir para a minha suite. Lá teremos mais privacidade para falar — disse ela, levantando-se da mesa com uma graça confiante.Lucas, hesitante, balançou a cabeça.— Não, Rita. Já dissemos o que precisávamos dizer. Eu vou embora.Rita aproximou-se, o olhar frio e calculista.— Se te fores embora agora, faço um escândalo aqui mesmo. Ou, melhor ainda, envio uma mensagem à tua nova amiga. A Clara adoraria saber mais sobre o teu passado, não achas?A ameaça surtiu efeito imediato. Lucas sentiu-se encurralado e impotente. Respirou fundo, tentando manter a calma.— Está bem, subimos. Mas acabamos com isto de uma vez por todas — disse ele, a voz carregada de resigna