Quando Rita percebeu a determinação nos olhos de Lucas, soube que precisaria mudar de estratégia. Não podia permitir que ele fosse embora sem que ela tivesse um trunfo. A sua mente ágil e manipuladora rapidamente formulou um plano. Decidida, terminou o jantar com um sorriso calculado e começou a convencê-lo a subir à suite.
— Vamos subir para a minha suite. Lá teremos mais privacidade para falar — disse ela, levantando-se da mesa com uma graça confiante. Lucas, hesitante, balançou a cabeça. — Não, Rita. Já dissemos o que precisávamos dizer. Eu vou embora. Rita aproximou-se, o olhar frio e calculista. — Se te fores embora agora, faço um escândalo aqui mesmo. Ou, melhor ainda, envio uma mensagem à tua nova amiga. A Clara adoraria saber mais sobre o teu passado, não achas? A ameaça surtiu efeito imediato. Lucas sentiu-se encurralado e impotente. Respirou fundo, tentando manter a calma. — Está bem, subimos. Mas acabamos com isto de uma vez por todas — disse ele, a voz carregada de resignação. Rita sorriu vitoriosa e conduziu-o até ao elevador. Assim que as portas se fecharam, ela não perdeu tempo e aproximou-se sensualmente de Lucas. Encostou-se ao corpo dele, as mãos deslizando provocativamente pelo peito. — Rita, para com isso — disse Lucas, tentando afastá-la, mas ela foi persistente. — Estás a perder toda a diversão, para quem viveu intensamente momentos de pura exposição e sentiu a loucura do risco, estás incrivelmente aborrecido. Não sentes falta de ter o pau... — nesse momento, agarrou o membro de Lucas firmemente — nas minhas mãos, na minha buceta, no meu cuzinho ou mesmo na minha boca? — sussurrou no seu ouvido, dando uma lambidela provocante — Ou qualquer outra magia que tão bem sabemos fazer juntos... ou em grupo? — sorriu maliciosamente. Lucas fechou os olhos, tentando afastar as sensações que as palavras e o toque dela provocavam. Lutava contra o desejo involuntário e a repulsa que sentia. Respirou fundo e afastou-a com mais firmeza desta vez. — Rita, chega. Eu não sou mais essa pessoa. Foi para acabar com momentos como este que me afastei. Não estou interessado. Ela riu, um riso frio e desdenhoso. — Vamos ver quanto tempo consegues manter essa fachada, Lucas. — As portas do elevador abriram-se, e Rita conduziu-o até à suite, mantendo um toque possessivo no braço dele. Dentro da suite luxuosa, Rita serviu duas taças de champanhe e entregou uma a Lucas. Sentaram-se no sofá, frente a frente. — Senta-te. Vamos resolver os nossos assuntos de uma vez por todas — disse Rita, dirigindo-se ao minibar. — Queres um copo de vinho? — Não, Rita. Já bebi o suficiente — respondeu Lucas, ainda de pé, perto da porta. Rita virou-se com uma expressão teatral de desilusão. — Vamos, Lucas. Um último brinde para marcar o fim desta... ligação. Depois disso, prometo que te deixo em paz — disse ela, pegando duas taças e uma garrafa de vinho tinto. Lucas suspirou, sabendo que recusar só prolongaria o confronto. — Está bem. Um brinde e nada mais — respondeu ele, sentando-se no sofá. Rita sorriu triunfante e virou-se para preparar os copos. Com movimentos rápidos e discretos, adicionou um soporífero ao copo de Lucas. Voltou com as taças e entregou uma a ele. — Ao passado — disse ela, erguendo a sua taça com um sorriso malicioso. — E ao fim dele — acrescentou Lucas, erguendo a taça e bebendo um gole. O efeito foi rápido. Lucas começou a sentir-se tonto e sonolento, os pensamentos a tornarem-se confusos. Tentou levantar-se, mas as pernas não o obedeciam. — O que fizeste? — murmurou ele, a voz a fraquejar. Rita aproximou-se e acariciou o rosto dele com um gesto quase terno. — Apenas o necessário para garantir que não vais a lado nenhum esta noite — sussurrou ela. Lucas tentou resistir, mas a droga já estava a fazer efeito. Sentiu-se afundar no sofá, a consciência a desvanecer-se. A última coisa que viu foi o sorriso frio e vitorioso de Rita. Rita observou enquanto Lucas perdia a consciência, sentindo uma onda de satisfação. Ele estava onde ela queria, e agora tinha a noite inteira para garantir que ele se lembrasse de quem realmente tinha o controle. Na mente dela, perder nunca foi uma opção.Era meio da tarde e Clara tinha programado uma sessão de fotos no mercado local. A cor das frutas, o movimento das pessoas e a arquitetura pitoresca deviam ser inspiradores, mas Clara não conseguia afastar os pensamentos sobre Lucas.Enquanto ajustava a lente para capturar uma senhora idosa vendendo flores, os pensamentos invadiram sua mente. "Por que Lucas foi embora tão de repente? O que o estava a atormentar tanto que ele mal conseguiu despedir-se?" A frustração e a incerteza estavam a corroer-lhe a calma habitual.Após a sessão de fotos no mercado, Clara dirigiu-se ao café favorito para editar algumas imagens. Sentou-se numa mesa junto à janela, onde a luz natural era perfeita para trabalhar. Mas, enquanto ajustava a exposição e o contraste das fotos, encontrava-se a olhar fixamente para a tela sem realmente ver as imagens. As mãos moviam-se automaticamente, mas a mente estava longe, perdida nas lembranças da última vez que viu Lucas."Ele parecia tão perturbado... O que será que
Rita percebeu que não voltaria a ter Lucas em pleno, mesmo que ele voltasse a ficar com ela já não seria o mesmo. Na verdade, nem ela queria ficar com ele, só queria ser dona da última palavra. Assim, elaborou um plano que passou à prática, tudo vivido naquele quarto enquanto Lucas dormia profundamente e sem imaginar o que viria depois.Rita acordou cedo e viu que Lucas ainda dormia profundamente. Levantou-se silenciosamente e ouviu o telemóvel dele tocar. Não resistiu a ver quem era e viu uma mensagem de Clara que dizia: "Bom dia Lucas! Espero que esteja tudo bem. Hoje teremos oportunidade de continuar o assunto de ontem?"Rita ponderou responder, mas pensou melhor e definiu outra estratégia. Guardou o número de Clara e apagou a mensagem. Partilhar a informação agora era demasiado fácil e rápido... a seu tempo voltaria a dar ar da sua graça e, quando lhe apetecesse, faria a sua magia para acabar com aquele casalinho sem sal. Voltou para a cama e fez que dormia à espera que Lucas acor
Lucas saiu desesperado e confuso do hotel, tentando afastar os pensamentos sombrios que o atormentavam. O que teria acontecido na noite passada? As marcas no seu corpo e a desordem do quarto deixavam claro que algo tinha ocorrido, mas ele não conseguia lembrar-se de nada. E, para complicar ainda mais, tinha um evento de escrita no Museu Picasso dentro de uma hora. Não havia muito tempo para pensar no que fazer ou para entrar em contacto com Clara."Clara deve estar confusa," pensou Lucas enquanto corria pelas ruas de Málaga em direção ao seu apartamento. "Depois do que aconteceu entre nós, e depois de eu desaparecer assim, ela deve estar a pensar que sou doido."Ele queria falar com ela, explicar-se, mas sabia que precisava de mais tempo para refletir sobre tudo e encontrar a melhor maneira de abordar a situação. Decidiu que, por enquanto, esperaria um pouco mais antes de procurá-la. Tinha que estar calmo e claro de mente, algo que naquele momento não era possível.Chegando ao apartam
Clara resolveu ignorar as sensações. "Não passam de sonhos e más recordações", pensou. "De certeza que o futuro será muito melhor." Decidida a começar o dia com uma atitude positiva, levantou-se e foi tomar um banho para afastar a inquietação.Enquanto se vestia, o telemóvel tocou. Clara sentiu um aperto de esperança que fosse Lucas, mas, ao olhar para o ecrã, viu que era a sua amiga Inês. Atendeu o telefone, tentando disfarçar a decepção na voz.— Olá, Inês!— Clara! Não vais acreditar no que acabei de ver! — disse Inês, toda entusiasmada e eufórica. — Estou cheia de inveja! Acabei de ver que hoje o meu escritor preferido está em Málaga num evento no Museu Picasso! RR, Ricardo Ramos, o escritor de romances eróticos famoso! No último ano, não tem havido notícias sobre ele e, hoje, vai estar aí!Clara ficou entusiasmada com a ideia e disse à amiga que iria ver e que tentaria arranjar um autógrafo. Só não lhe disse que ficou ainda mais entusiasmada por ter esperança de encontrar Lucas.
Clara observava Lucas e a mulher de longe, a confusão e a incerteza a tomarem conta de si. Decidiu que o melhor seria sair sem ser vista. Precisava de tempo para pensar, para entender o que realmente queria fazer. "O melhor será aguardar o contacto dele," pensou, enquanto se afastava silenciosamente.Enquanto caminhava pelas ruas de Málaga, os pensamentos de Clara giravam incontrolavelmente. Na verdade, ela até lhe tinha mandado uma mensagem e ele não disse nada. Podia estar muito ocupado, mas será que o que estava a acontecer entre eles não tinha significado suficiente para ele responder, ou até a convidar para o evento? Será que ele não queria ser visto com ela? Será que era casado? Quem seria aquela mulher?Clara começava a ponderar se mais uma vez estava a atrair confusão para a sua vida. Fugiu para Málaga para encontrar paz e inspiração, e de repente estava envolvida em algo que a atormentava. "Será que vale a pena?" perguntava-se, sentindo o peso das incertezas a crescer.No mei
Enquanto Lucas falava com Rita no museu, teve um vislumbre de Clara ao longe. O coração deu um salto. "Será que era mesmo ela? Será que ela me viu com Rita? E por que não disse nada?" pensava, sentindo um nó de preocupação formar-se no estômago. A presença de Clara ali era inesperada e inquietante. Como teria ela descoberto onde ele estava? O que terá visto?Perdido nestes pensamentos, mal notou que Rita continuava a falar.— Fica tranquilo, Lucas. Depois daquela maravilhosa despedida, só quis ver-te na tua melhor performance profissional. Não tenho intenção de te atrapalhar — disse ela com um sorriso enigmático.Rita fez uma rápida despedida, inclinando-se para lhe dar um leve beijo nos lábios. Lucas ficou imóvel, sentindo os olhares admirados e prendidos na segurança e beleza de Rita enquanto ela se afastava com a sua habitual graça confiante.Lucas mal teve tempo para processar os seus sentimentos. Teve que se preparar rapidamente para um almoço com editores e empresários. Durante
Clara sentia um profundo sentimento de desilusão. Apesar de conhecer Lucas há pouco tempo, tinha a sensação de que poderia ser algo promissor, mas parecia que foi só uma ilusão. Tentava afastar os pensamentos negativos enquanto continuava com as suas tarefas, mas a mente insistia em retornar ao mesmo ponto.Sentada no sofá, o telemóvel de Clara vibrou novamente. Era uma mensagem de Lucas: "Clara, posso ligar-te amanhã? E se tiveres tempo, quem sabe, podíamos combinar um café, mesmo com a tua visita no fim de semana. Gostava muito de esclarecer tudo e passar algum tempo contigo."Clara hesitou em responder. Na verdade, não sabia muito bem o que dizer. Lucas demonstrava preocupação com ela, mas a falta de consideração por não ter respondido à mensagem anterior e não ter dito nada ainda a magoava profundamente. "Só agora, depois de ser 'apanhado', é que ele quer se explicar," pensou, sentindo a raiva misturar-se com a tristeza."Será que se eu não tivesse ido ao museu ele teria dito algu
Na manhã seguinte, Clara acordou cedo, ainda sentindo um leve peso no peito, mas determinada a não deixar que isso arruinasse o dia. Preparou o apartamento para receber Inês, arrumando o quarto de hóspedes e preparando um pequeno-almoço especial. Queria que tudo estivesse perfeito para a chegada da amiga.Após verificar se tudo estava em ordem, Clara pegou as chaves do carro e dirigiu-se ao aeroporto para apanhar Inês. Durante o trajeto, tentou afastar os pensamentos sobre Lucas, concentrando-se na alegria de receber a amiga e nos planos que tinham para o fim de semana.Ao chegar ao aeroporto, estacionou e dirigiu-se à área de desembarque. Sentiu uma onda de antecipação ao ver as pessoas começarem a sair. Finalmente, avistou Inês, que vinha carregando uma mala e com um sorriso enorme no rosto.— Clara! — gritou Inês, acenando animadamente.Clara correu para abraçar a amiga, sentindo uma verdadeira onda de alívio e felicidade.— Inês, estou tão feliz por estares aqui! — disse Clara, ap