Lucas saiu desesperado e confuso do hotel, tentando afastar os pensamentos sombrios que o atormentavam. O que teria acontecido na noite passada? As marcas no seu corpo e a desordem do quarto deixavam claro que algo tinha ocorrido, mas ele não conseguia lembrar-se de nada. E, para complicar ainda mais, tinha um evento de escrita no Museu Picasso dentro de uma hora. Não havia muito tempo para pensar no que fazer ou para entrar em contacto com Clara."Clara deve estar confusa," pensou Lucas enquanto corria pelas ruas de Málaga em direção ao seu apartamento. "Depois do que aconteceu entre nós, e depois de eu desaparecer assim, ela deve estar a pensar que sou doido."Ele queria falar com ela, explicar-se, mas sabia que precisava de mais tempo para refletir sobre tudo e encontrar a melhor maneira de abordar a situação. Decidiu que, por enquanto, esperaria um pouco mais antes de procurá-la. Tinha que estar calmo e claro de mente, algo que naquele momento não era possível.Chegando ao apartam
Clara resolveu ignorar as sensações. "Não passam de sonhos e más recordações", pensou. "De certeza que o futuro será muito melhor." Decidida a começar o dia com uma atitude positiva, levantou-se e foi tomar um banho para afastar a inquietação.Enquanto se vestia, o telemóvel tocou. Clara sentiu um aperto de esperança que fosse Lucas, mas, ao olhar para o ecrã, viu que era a sua amiga Inês. Atendeu o telefone, tentando disfarçar a decepção na voz.— Olá, Inês!— Clara! Não vais acreditar no que acabei de ver! — disse Inês, toda entusiasmada e eufórica. — Estou cheia de inveja! Acabei de ver que hoje o meu escritor preferido está em Málaga num evento no Museu Picasso! RR, Ricardo Ramos, o escritor de romances eróticos famoso! No último ano, não tem havido notícias sobre ele e, hoje, vai estar aí!Clara ficou entusiasmada com a ideia e disse à amiga que iria ver e que tentaria arranjar um autógrafo. Só não lhe disse que ficou ainda mais entusiasmada por ter esperança de encontrar Lucas.
Clara observava Lucas e a mulher de longe, a confusão e a incerteza a tomarem conta de si. Decidiu que o melhor seria sair sem ser vista. Precisava de tempo para pensar, para entender o que realmente queria fazer. "O melhor será aguardar o contacto dele," pensou, enquanto se afastava silenciosamente.Enquanto caminhava pelas ruas de Málaga, os pensamentos de Clara giravam incontrolavelmente. Na verdade, ela até lhe tinha mandado uma mensagem e ele não disse nada. Podia estar muito ocupado, mas será que o que estava a acontecer entre eles não tinha significado suficiente para ele responder, ou até a convidar para o evento? Será que ele não queria ser visto com ela? Será que era casado? Quem seria aquela mulher?Clara começava a ponderar se mais uma vez estava a atrair confusão para a sua vida. Fugiu para Málaga para encontrar paz e inspiração, e de repente estava envolvida em algo que a atormentava. "Será que vale a pena?" perguntava-se, sentindo o peso das incertezas a crescer.No mei
Enquanto Lucas falava com Rita no museu, teve um vislumbre de Clara ao longe. O coração deu um salto. "Será que era mesmo ela? Será que ela me viu com Rita? E por que não disse nada?" pensava, sentindo um nó de preocupação formar-se no estômago. A presença de Clara ali era inesperada e inquietante. Como teria ela descoberto onde ele estava? O que terá visto?Perdido nestes pensamentos, mal notou que Rita continuava a falar.— Fica tranquilo, Lucas. Depois daquela maravilhosa despedida, só quis ver-te na tua melhor performance profissional. Não tenho intenção de te atrapalhar — disse ela com um sorriso enigmático.Rita fez uma rápida despedida, inclinando-se para lhe dar um leve beijo nos lábios. Lucas ficou imóvel, sentindo os olhares admirados e prendidos na segurança e beleza de Rita enquanto ela se afastava com a sua habitual graça confiante.Lucas mal teve tempo para processar os seus sentimentos. Teve que se preparar rapidamente para um almoço com editores e empresários. Durante
Clara sentia um profundo sentimento de desilusão. Apesar de conhecer Lucas há pouco tempo, tinha a sensação de que poderia ser algo promissor, mas parecia que foi só uma ilusão. Tentava afastar os pensamentos negativos enquanto continuava com as suas tarefas, mas a mente insistia em retornar ao mesmo ponto.Sentada no sofá, o telemóvel de Clara vibrou novamente. Era uma mensagem de Lucas: "Clara, posso ligar-te amanhã? E se tiveres tempo, quem sabe, podíamos combinar um café, mesmo com a tua visita no fim de semana. Gostava muito de esclarecer tudo e passar algum tempo contigo."Clara hesitou em responder. Na verdade, não sabia muito bem o que dizer. Lucas demonstrava preocupação com ela, mas a falta de consideração por não ter respondido à mensagem anterior e não ter dito nada ainda a magoava profundamente. "Só agora, depois de ser 'apanhado', é que ele quer se explicar," pensou, sentindo a raiva misturar-se com a tristeza."Será que se eu não tivesse ido ao museu ele teria dito algu
Na manhã seguinte, Clara acordou cedo, ainda sentindo um leve peso no peito, mas determinada a não deixar que isso arruinasse o dia. Preparou o apartamento para receber Inês, arrumando o quarto de hóspedes e preparando um pequeno-almoço especial. Queria que tudo estivesse perfeito para a chegada da amiga.Após verificar se tudo estava em ordem, Clara pegou as chaves do carro e dirigiu-se ao aeroporto para apanhar Inês. Durante o trajeto, tentou afastar os pensamentos sobre Lucas, concentrando-se na alegria de receber a amiga e nos planos que tinham para o fim de semana.Ao chegar ao aeroporto, estacionou e dirigiu-se à área de desembarque. Sentiu uma onda de antecipação ao ver as pessoas começarem a sair. Finalmente, avistou Inês, que vinha carregando uma mala e com um sorriso enorme no rosto.— Clara! — gritou Inês, acenando animadamente.Clara correu para abraçar a amiga, sentindo uma verdadeira onda de alívio e felicidade.— Inês, estou tão feliz por estares aqui! — disse Clara, ap
— E como está a correr o trabalho? Esta cidade rejuvenescida a tua inspiração?Clara sorriu genuinamente desta vez.— Sim, bastante. Málaga tem algo especial. A luz, as cores, as pessoas... tudo parece inspirar-me de uma forma nova. Estou a conseguir capturar imagens que realmente me deixam feliz.Inês sorriu, satisfeita ao ver a amiga mais animada.— Fico tão contente por ouvir isso, Clara. Acho que esta viagem foi mesmo o que precisavas.Neste momento o telemóvel de Clara vibrou em sinal de mensagem e de forma automática e distraidamente olhou e viu que era de Lucas. Hesitou, mas respirou fundo e não abriu. Inês percebeu e perguntou se estava tudo bem, porque de repente ficou com um ar estranho.— Está tudo bem, só uma mensagem — disse Clara, tentando soar despreocupada enquanto guardava o telemóvel na mala.Inês estreitou os olhos, claramente curiosa.— Uma mensagem de quem? Pareceu que te perturbou um pouco.Clara hesitou, mas sabia que não conseguiria esconder muito mais de Inês,
Lucas acordou com um sentimento de perda que o assolava. Uma tristeza profunda envolvia-o, como uma neblina que não conseguia dissipar. Tentou escrever, mas apesar da inspiração, não tinha vontade de criar. Os seus pensamentos estavam fixos em Clara, e tudo o que queria era falar com ela.Finalmente, livrara-se de Rita e agora acreditava que podia plenamente investir na relação com Clara, mas tudo parecia estar a fugir do seu controlo. Esperava que Clara lhe tivesse dito alguma coisa, mas como não disse, decidiu arriscar. Na verdade, não tinha nada a perder.Na hora de almoço, pegou no telemóvel e enviou uma mensagem: "Não sei exatamente o que estás a sentir, mas gostava de perceber e também de ter oportunidade de me explicar... imagino que estejas ocupada com a tua visita, mas será que não nos podíamos pelo menos ver? Quero muito estar contigo, mesmo que seja só para te ver..."Ficou à espera de uma resposta, mas Clara não disse nada. A ansiedade começou a crescer e Lucas ficou irreq