Ele disse que sim, ela o olhou séria

- Ainda vai me deixar, pelo menos falar com ele, quando eu não vier mais trabalhar?

- Sei que nos conhecemos a pouco tempo, mas...

Ele interrompeu

- Sim, não vejo problemas, em trocarem mensagens, ligações.

- Você se apega tão fácil, a todos?

- Com quem fica?

Ela respondeu que não dê imediato, pensando em outras coisas, ficou corada de vergonha, ele começou rir

- As crianças, já cuidou de várias, não foi?

Ela percebeu que ia ser pega na mentira, disse que sim, mais que eram diferentes, se levantou foi falar com Amin, o chamou para ir no balanço, Riven os chamou para irem almoçar, quando estavam na fila, Sky foi falando o que tinha para Amin escolher, primeiro foi fazer o prato dele todo arrumadinho, com legumes, salada, carne, começou arrumar formando um rosto, duas moças na fila estavam reparando, uma delas até falou com eles ao chegar mais perto

- Que mamãe mais caprichosa, parabéns viu, vocês são uma família linda, nós estávamos olhando vocês desde o parquinho.

- Você gosta de salada mocinho?

Amin olhou o pai, ia mentir, pensou pra responder

- Gosto. A babá má não é a minha mãe não, mais ela cuida de mim como se fosse.

- A minha mãe é pre ta, você achou que ela era minha mãe só porque é branca né?

Sky ficou rindo sem jeito, agradeceu, a moça começou rir muito, falou que ele era um menino muito lindo esperto e que ela só achou, por causa do lindo prato dele, Riven também agradeceu, foi sentar com Amin.

Ficou pensando que Sky não falava nada de si, com ele e com o Rigel era bem diferente, passou a manhã toda observando ela, tentando ver além da babá.

Começou pensar que talvez tivesse entendido tudo errado e as respostas para tudo, estavam lá, bem perto, quando Sky sentou com um prato só com lasanha, ele ficou olhando com julgamento

- Gosta de massas?

Ela largou o prato, estava mexendo na comida de Amin o ajudando

- Gosto. Eu não consigo comer muito e se acontecer qualquer coisa, aí nem como.

Ele estava reparando em tudo, buscando motivos para não parecer louco, em fazer o que queria

- Entendi. Não sei muito de você, do que gosta de comer, a onde gosta de ir, quais são suas metas, como foi a sua infância, sei lá.

Ela o olhou com deboche, arqueou as sobrancelhas surpresa

- Não sou interessante, a minha lista de desejos, já devia ter te mostrado isso.

Eles estavam sentados de frente um para o outro, ele sorriu

- Já te falei que não pode decidir as coisas pelos outros.

- Vou te conhecer melhor e tirar as minhas próprias conclusões.

- Se você deixar, é claro.

- Quero que deixe.

Ela ficou séria toda jeito, sem acreditar que aquilo era o que parecia, segundas intenções oficiais, estava bom demais pra ser verdade, não respondeu nada, começou comer rindo envergonhada.

Ele sabia que a intimidava, era nítido que com ele, ela tinha vergonha de conversar e o motivo bem óbvio também, o interesse dela.

Ele tentou a fazer falar mais, fez perguntas sobre as preferências dela, pra quase tudo, depois de comerem foram ainda fazer outras coisas, passaram o dia todo lá.

Quando estavam quase indo embora, ela foi colocar Amin no banco de trás, Riven estava mexendo no porta malas

- Não sou Uber viu Skylar, pode sentar na frente comigo.

- Essa bolsa é sua?

Ela largou o celular desbloqueado no banco de trás, foi olhar o que ele estava falando, depois entrou, sentou no banco do passageiro na frente, ele também entrou, estavam falando sobre o tempo, a previsão de chuva, do nada começaram ouvir um áudio no rádio do carro, interrompendo a música

" Não precisa voltar Lalinha, sei que não quer ficar aqui, assim como o seu pai. Não sei o que tá fazendo da vida e não me importo mais, a minha parte eu fiz, se vai virar pu ta, engravidar de um qualquer, eu lavo as minhas mãos "

Amin estava mexendo no celular, Sky se virou para trás no susto desesperada

- Amin não! Me dá.

Ele não deu, derrubou no espaço entre a porta e o banco, no lado do motorista, o áudio continuou

" Já achei uma casa menor, só tem um quarto, vou me virando como der, gastei tudo com você a vida toda, agora nem uma casa minha, não tenho, se depender do seu pai eu vou pra rua, você não sabe o tanto de coisas que eu aguentei pra te ver bem... Nesse último ano eu vi que perdi a minha filha, essa não é a minha menina, só quer ficar longe, não se importa com mais nada. "

Ela se virou tentando alcançar, soltou o cinto as pressas, foi passando para o banco de trás pelo meio dos bancos, antes dela conseguir pegar, Riven abaixou o volume do som, encostou o carro

- Skylar, tudo bem?

- Amin, o que nós já conversamos sobre você mexer nas coisas dos outros?

Sky pegou o celular, começou mexer, ficou emotiva

- Uhum, desculpa.

Amin respondeu tentando olhar a conversa

- Papai, você me disse para não estragar, eu só estava tentando ouvir música.

- Porque todo mundo fica te chamando de pu ta Stai?

- Quem é essa mulher aí? Sua mãe?

- Que mal educada em.

Riven se virou para trás, ficou com dó dela

- Vem, volta pra cá.

- Depois nós vamos conversar Amin, deixa a Skylar quietinha, ela está triste.

Ela foi voltando querendo sumir, de tanta vergonha, pediu desculpas se novo, começou digitar várias mensagens, ele ligou o som, colocou música sertaneja, ela se segurou no último para não chorar.

Sua mãe começou falar de um modo como se não a quisesse lá, ficaram em silêncio quase o trajeto todo, quando estavam chegando na casa de Violeta, ele perguntou se ela queria ir embora e voltar depois, resolver as coisas em casa, ela respondeu séria com o olhar apático

- Não! Posso ficar?

Ele disse que sim, Amin pegou no sono, quando chegaram, Riven perguntou se estava tudo bem, de ficarem na casa dele, mesmo com medo, ela disse que sim.

Ele deixou o carro na garagem, para não tirar Amin, foi até a porta da sala, Ivan estava assistindo, Violeta no quarto dormindo, Rigel tinha saído, Sky foi pegar as coisas no quarto de empregada, ficou esperando na garagem.

Riven entrou falar com a mãe, disse que ia lá conversar melhor, no dia seguinte, a deixou preocupada, ela ainda deu a entender que não achava bom irem ficar na casa dele, rindo ele questionou o porque.

Ela não quis falar abertamente, mais ele sabia, o receio dela, era começarem a falar mal dos dois, tinha medo até de acontecer alguma coisa e a família de Sky ver com maus olhos.

Ele não deu atenção, foram logo embora, quando chegaram ele foi explicando sobre o portão, o alarme da casa, comentou que não tinha quase nada de comida, ela quem entrou com Amin no colo, foram direto para os quartos, era uma casa térrea muito grande, com bastante iluminação, janelas enormes de vidro, a cozinha toda planejada, tudo parecia novo e muito organizado.

O primeiro quarto era o dele, estava com a porta fechada, o segundo o de hóspedes e o outro de Amin, estava cheio de caixas e sacos grandes, Riven foi arrumando a cama

- Ainda não arrumei as coisas que trouxemos da minha mãe.

- A nossa rotina vai ser quase a mesma, pode por ele aqui.

Ela estava super calada, ele foi saindo

- Espero que não acorde, vem, para sua sorte a Agnes era a doida da suíte.

- Ela escolheu cada detalhe daqui.

Parou no quarto do meio

- Temos três, tome cuidado com as suas coisas, pode trancar o seu quarto, porque eu conheço o filho que tenho.

- Não quero que exceda a suas horas trabalhadas no dia.

Ficou encostado na porta, ela entrou no quarto pensativa, deslumbrada com o quanto tudo era lindo

- Que horas a van passa?

Ele entrou no quarto, foi olhar um armário

- Eu tirei ele, vou levar todos os dias, seis e meia, um pouco mais está bom.

- Vou achar as toalhas, deve estar cansada.

- Pode ficar a vontade, andar pela casa, já vou avisar que tem algumas câmeras, aqui nesse quarto não, é lógico.

- Toma um banho, deita um pouco, ou pode ir assistir na sala, só não tem televisão pra você aqui.

- O Amin e eu temos no quarto, a da sala é toda sua.

Parou na porta

- Alguma dúvida? Quer falar alguma coisa?