Estávamos muito próximos. Aquilo fez com que as batidas do meu coração acelerassem. Eu pude o sentir bem perto e o calor de seu corpo me invadia, trazendo memórias passadas que eu protestava para esquecer. Mas era em vão. — Augusto! - Chamei com um timbre baixo o escutando respirar fundo. Não era pelo que ele estava fazendo e sim pela forma em que pronunciei o nome dele. Ele também tinha memórias vivas sobre nós, mas estava tentando as esconder, sendo profissional. — Se você parar de se mexer, vai ser mais rápido - Murmurou ele com a voz carregada de calma. Augusto estava tão perto e com os dedos trabalhando com cuidado para soltar meu cabelo. Sua respiração tocava levemente meu rosto e por um momento, meu coração parecia querer sair do peito. — Ainda usa o mesmo perfume... - Disse ele com um tom aveludado, quebrando o silêncio — Aquele que eu te dei. Minhas mãos se fecharam em punhos sobre a mesa, enquanto eu tentava controlar a onda de sensações que me atravessava. — Não sabi
Eu assenti, tentando afastar meus pensamentos enquanto começava a reorganizar os papéis na mesa para dar mais espaço.Meus dedos corriam entre as folhas, apressados, mas distraídos. Foi aí que senti o pequeno corte. Uma fina folha de papel deslizou sobre meu dedo, e a dor rápida e aguda me fez hesitar.Não dei muita atenção no início, até que uma gota de sangue escorreu do corte.Olhei para o dedo por um instante, confusa, mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Augusto já estava em movimento.Ele se levantou com agilidade e me encarou. Seu olhar estava fixo na minha mão, e havia algo de estranhamente intenso naquela expressão que fez meu coração disparar.— Você se cortou. — afirmou, sem qualquer traço de pergunta na voz.— Não é nada! — tentei dizer, puxando a mão para longe, mas ele a segurou com firmeza, ignorando meu protesto.Antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, ele levou meu dedo até os lábios, pressionando-os contra o pequeno corte.Eu o encarei, choc
Eu estava prestes a finalizar mais um dia de trabalho, quando de repente, ouvi o tilintar da chuva pelo vidro da minha sala. Peguei a minha bolsa e fechei a sala, vendo uma luminária ligada na sala de reunião. Respirei fundo e caminhei até lá, vendo Augusto sentado na cadeira tomando uma dose de whisky, mas de repente, a porta do banheiro se abriu e uma mulher saiu lá de dentro. —Prontinho, vamos? - Disse ela com leveza na voz. Assim que me virei para a olhar, vi que a mulher sorriu ao me ver e Augusto se levantou da cadeira no mesmo instante. —Desculpa atrapalhar. Eu vi a luminária acesa e vim desligar para ir embora! - Falei fazendo menção de sair, mas a mulher sorriu e me chamou. —Espere! - Disse ela se aproximando com um sorriso nos lábios. —Não está atrapalhando nada. É que ele é cuidadoso de mais para me deixar ir a um jantar com roupas molhadas. - Disse ela me exibindo o vestido molhado em uma sacola que ela segurava. Eu então, sorri simplista os olhando. —Que cavalheir
Já fazia mais de uma hora que Ane havia sido atendida. Ela estava em um quarto VIP tomando medicação e enquanto adormecia, eu fiquei acordada ao lado dela. Ane parecia cansada. Sua aparência estava um tanto que pálida e suas mãos eram tão gélidas tanto quando comia sorvete. De repente a porta atrás de nós foi aberta e uma presença forte passou por ela, emanando autoridade. Era Augusto. Ele veio até nós e sem simpatia na voz, seu timbre soou baixo, porém rancoroso. —Como ela está? - Perguntou ele, mostrando preocupação. —Ela ainda está um pouco cansada. - Falei olhando para o aparelho de saturação, vendo os números ainda levemente alterados. De repente um silêncio ensurdecedor prevaleceu, mas logo foi quebrado pelo som da respiração de Augusto. —Eu não quero mais falar com você com rodeios, Luiza. O que aconteceu com você nesses últimos quatro anos? Onde está enterrado o nosso filho? Assim que ele perguntou, senti meu corpo gelar. —Por que essa conversa de repente, Augusto.
Naquele instante, abri a porta com tudo e sorri de forma forçada, caminhando até Ane. —Minha Ane está melhor? - Perguntei com a voz firme, mas só eu sabia a confusão que eu estava sentindo. —Mamãe! Papai Rangel! - Disse ela com animação, fazendo meu peito congelar. De repente, uma enfermeira entrou no quarto e segurou a mão d Ane, sorrindo para ela. —Pequena, que tal tirarmos essa borboletinha do braço e irmos um pouco na brinquedoteca? - Perguntou ela atenciosamente, me fazendo perceber o que estava acontecendo. Os olhares de Augusto não deixavam mais esconder nada. Ele era frio, calculista e tinha um sorriso vencido no canto dos lábios. De repente a porta se fechou e a voz de Rangel soou, ecoando por todo lugar. —E então, Agusto. Vamos direto ao ponto! - Disse ele com um leve deboche, recebendo um soco em seguida. —Augusto, pare! - Gritei assustada, indo até eles, me colocando no meio. —Aqui não pe lugar para isso. —Pode me bater a vontade. Se está me atacando é porque es
Um mês se passou desde aquela noite. Durante esses dias, minha vida não foi a mesma. Eu tinha que trabalhar, ir em audiências, buscar Ane na nova escola e até me mudar para o centro da cidade em um apartamento mais caro com mais condições para Ane desenvolver melhor. Fora isso, Augusto ainda fazia suas visitas constantes, como determinou o juiz. Hoje seria o dia de ele ir lá, por isso, tomei a iniciativa de fazer hora extra e adiantar alguns trabalhos enquanto ele ficava à vontade com a filha. Já se passavam das onze da noite, quando eu estava prestes a sair do escritório e de repente, Thomas apareceu com seu humor questionável. —Então a princesa era a primeira dama? - Disse ele segurando a porta do elevador para mim. —Não sei do que está falando. - Falei o vendo sorrir. —Qual é Luiza. Aqui nos corredores não se falam de outra coisa. “Luiza do financeiro era amante do senhor Eisner”. —Amante? - Perguntei sorrindo para ele. —Eu não sou mulher de ser amante de ninguém. Não pre
Aquela atitude de Augusto me pegou de surpresa. Estávamos a um mês sem nos falar, nos desencontrando propositalmente como se estivéssemos tentando medir o nosso orgulho para saber quem sairia ganhando e agora isso, ele fingindo que éramos como dois amigos. Tentei ignorar o fato de Augusto estar tranquilamente sentado no sofá enquanto eu estava sentada na bancada, digitando qualquer coisa na tela do computador, para poder desviar meu foco. E de repente, meu celular tocou. Assim que olhei para o nome na tela, vi que era o advogado da empresa. Primeiro eu me questionei sobre ele estar me ligando naquele horário e depois, sobre o que ele queria. E antes que a curiosidade me tomasse, deslizei o dedo pela tela do eletrônico, o atendendo. — “Pois não, senhor Cooper?” - Perguntei o ouvindo me responder sem rodeios. —Luiza, amanhã as dezenove horas, na mansão Eisner! - Disse ele fazendo minha atenção ir para o Homem na minha sala. —Mansão Eisner? - Perguntei confusa com um timbre não mui
—Você só pode estar de brincadeira. - Falei entre dentes, me virando para o olhar, fingindo estar sobre controle, mas na verdade, eu queria surtar. Ele olhou e sorriu, balançando a cabeça em negação. —Vamos conversar lá dentro! - Disse ele tomando a taça novamente da minha mão, colocando-a sobre a mesa enquanto agarrava meu pulso e me puxava com ele. Entramos na casa novamente, mas dessa vez, fomos até o escritório e assim que passamos pela porta, Augusto a fechou com força, me soltando em seguida. —O que você está fazendo? - Perguntei vincando as sobrancelhas, o encarando com raiva enquanto alisava o meu pulso. Augusto caminhou até a mesa e pegou um envelope pardo o jogando sobre ela. —Assine! - Disse ele me exibindo o acordo de casamento. —Que porcaria é essa? - Perguntei encarando os papéis, subindo os olhos até os dele. —Augusto, não era para estarmos nos divorciando? —Era, mas eu mudei de ideia! - Disse ele arqueando uma sobrancelha, me encarando como quem estivesse um pa