Entrei no banheiro e a primeira coisa que fiz, foi ir até o lavabo jogar uma água no rosto. Era difícil para mim, montar um personagem que não existia. Sorrir e fingir simpatia para David era uma das missões mais impossíveis. Não quando eu quero pegar o talher sobre a mesa e enfiar na garganta dele. Respirei fundo tentando afastar os pensamentos, mas confesso que, era impossível não me lembrar dos gritos de dor de Isabela, enquanto David estava com os seus amigos embriagados nos forçando a atos indesejados. —Eu o odeio! - Falei baixo como um resmungo para mim mesma, batendo o punho fechado sobre o granito da pia. Depois de todo esse tempo, Isabela estava bem, recomeçando a sua vida. Eu a acompanhava de longe pela internet. Era uma atitude um tanto que egoísta eu não querer falar com ela, mas era por medo de que algo na vida dela desandasse. Ela fugiu. Assim que o irmão saiu da cadeia ela fugiu para tentar sobreviver. E agora, ele parecia estar nos caçando, uma por uma. Eu já e
Assim que Augusto falou aquilo, o clima pareceu bem pesado e os olhares foram sobre ele. — O que disse, senhor Eisner? —Ainda bem que ela não está com alguém como você. - Repetiu Augusto o olhando diretamente. —Que tipo de animal, pede a mulher para se submeter a isso? Arriscar a própria vida por alguém assim não vale a pena. —Senhor Eisner, está passando dos limites. O senhor não me conhece para dizer algo assim. - Disse David o encarando de volta, porém um sorriso surgiu em seus lábios. —Espero que seja apenas brincadeira. —Eu também espero que seja brincadeira o que acabou de nos contar. - Disse Augusto estendendo o dedo para uma garçonete. —Por favo, me traz uma salada mista! —Sim senhor! - Disse a mulher, se retirando. —Lu, me desculpa, eu não sabia! - Disse Cybele com um olhar de arrependimento. Eu então, sorri e segurei as mãos dela. —Não tem problema, não tinha como você adivinhar isso. - Falei simples, bebericando o suco. Não pude deixar de olhar para David com antipa
Eu senti meu corpo estremecer com aquelas palavras. O calor do abraço de Augusto era reconfortante, mas suas intenções me assustavam. Eu sabia que ele era capaz de tudo para me proteger, mas eu não queria que ele se sujasse por um verme como David. Respirei fundo me afastando para o olhar e então, vi os olhos de Augusto carregados de ódio. Eu nunca havia o visto daquela forma antes. Ele soltou meu braço se afastando, mas eu o segurei o impedindo. —Augusto, chega! - Falei o vendo me olhar, mostrando confusão e então, ele pressionou o maxilar, mantendo nosso contato. Em seguida, ele olhou para David desacordado no chão e ali pude sentir suas mãos tremerem, não de medo, mas de raiva contida. — Só de pensar que ele pode tentar de atacar, Luiza, eu sinto raiva disso. — A voz dele era grave, carregada de preocupação. — Ele não será capaz. Augusto, mantenha a calma. - Falei segurando a mão dele apertando-a. — Eu já passei por isso uma vez. Eu consegui me reerguer. Não vou mais me esc
Eu mal tive tempo de reagir. Os lábios de Augusto tomaram os meus com urgência, roubando todo o ar dos meus pulmões. Sua boca era quente, forte, faminta. Minhas mãos apertaram seus ombros instintivamente, como se precisassem de um ponto de equilíbrio para não me perder no turbilhão de sentimentos que me atingiu. Eu deveria afastá-lo. Deveria exigir respostas, brigar por ele ter saído daquele jeito sem dizer nada, por me fazer passar horas remoendo a raiva e o medo de que algo tivesse o acontecido. Mas, ao invés disso, eu cedi. Cedi porque, no fundo, era exatamente disso que eu precisava. Augusto me puxou mais para perto, aprofundando o beijo. Seu gosto era uma mistura de desejo e frustração, um eco silencioso de tudo que ele não conseguia expressar com palavras. Senti suas mãos subindo pelo meu corpo, segurando minha cintura com firmeza e um arrepio percorreu minha espinha. Quando ele finalmente se afastou, seu olhar encontrou o meu de forma intensa e carregado de sentimento
Senti meu corpo inteiro tremer ao ouvir aquelas palavras. Eu então, respirei fundo e o encarei. — Você... você tem certeza disso? Ele riu baixinho, balançando a cabeça assentindo. — Luiza, eu nunca tive tanta certeza de algo na minha vida. Os olhos dele estavam brilhando, cheios de sentimentos que eu sempre sonhei em ver ali. E então, sem conseguir me segurar, eu o puxei para um beijo. Meus lábios tocaram os dele com urgência, misturando todas as emoções que transbordavam dentro de mim. Eu sentia a respiração de Augusto acelerada contra minha pele, sua ansiedade, sua necessidade. Ele não queria só um beijo. Ele queria certeza. Suas mãos deslizaram para minha cintura, me puxando para mais perto enquanto nossos lábios se moviam em um ritmo profundo. Suas palavras ainda ecoavam dentro de mim, me consumindo. Ele nunca esteve com mais ninguém. Nunca me esqueceu. Assim como eu nunca o esqueci. Quando o ar se fez necessário, nos afastamos apenas o suficiente para que nossos olho
Naquela manhã, acordei sentindo o calor do corpo de Augusto contra o meu. Sua respiração lenta e compassada batia contra meu pescoço, enquanto seu braço forte ainda me envolvia possessivamente, como se tivesse medo de me deixar escapar. Sorri de leve, sentindo o coração aquecer com a cena. Por tanto tempo resistimos, brigamos, nos afastamos… e agora, estávamos ali, juntos novamente. Me mexi devagar, mas antes que pudesse sair da cama, senti Augusto me puxar de volta, seu rosto se enterrando na curva do meu pescoço. — Aonde você pensa que vai? — sua voz saiu rouca, carregada de sono e desejo. — Temos um voo hoje, esqueceu? — sussurrei, me virando para encará-lo. Ele abriu um dos olhos, me estudando com aquele olhar preguiçoso e irresistível. — Podemos perder esse voo… — ele murmurou, deslizando os dedos pela minha cintura e me puxando ainda mais para ele. — Augusto! — Ri, empurrando de leve seu peito, mas sem sucesso. Ele era muito mais forte e simplesmente se aproveitou disso p
O salão estava lotado. Cada rosto refletia felicidade, cada olhar transbordava emoção. Meu coração batia acelerado enquanto eu esperava pelo momento certo de entrar. Quando a música começou, respirei fundo e segurei com mais força no braço de Rangel. Ele me lançou um sorriso encorajador, como se dissesse que estava ali para me apoiar até o fim. E eu sabia que estava. Dei o primeiro passo e senti os olhares se voltarem para mim. Ane estava à minha frente, espalhando pétalas de flores com sua pureza infantil, arrancando sorrisos dos convidados. Meu peito aqueceu ao vê-la tão radiante. Mas foi quando meus olhos encontraram os de Augusto que tudo ao redor perdeu o sentido. Ele estava ali, no altar, me esperando. Os olhos dele estavam marejados, o maxilar travado e os ombros rígidos como se tentasse se controlar. Nunca o vi tão vulnerável. Nunca o vi tão meu. Cada passo que eu dava parecia diminuir a distância entre nós, mas, ao mesmo tempo, fazia o ar ficar mais pesado, carregado
South Yellow, quatro anos atrás... “Paixão Eloquente” - Um tipo de paixão excessiva que não se esconde e/ou não tem a intenção de se esconder. Acho que é dessa forma que devo chamar o que estou sentindo. —Pare de olhar para eles Luiza, ou vão pensar que você é louca! - Cochichou Isabela, me cutucando. - Eu sorri, voltando a atenção para o meu livro. O professor de literatura estava falando sobre o tempo renascentista e enquanto ele explicava sobre o clássico de Shakespeare, meus olhos fitavam com intensidade os dois garotos pelo qual eu era apaixonada. Eles eram para mim, como dois deuses mitológicos. O corpo deles era motivo de cobiça em todo campus; ombros largos, braços fortes e abdômen chapado. As pernas e coxas bem torneadas, dava um leve vislumbre da marcação entre o cós da calça. Se fosse só o corpo tudo bem, mas eles eram ricos, gostosos e lindos de rosto também. Um maxilar marcante, uma silhueta perfeita, boca levemente carnuda e olhar intenso. Um era branco e o outr