Eu sentia o peso de sua saída. A tensão estava agora mais palpável do que nunca, mas, como se nada tivesse acontecido, Thomas deu de ombros e continuou a conversa como se nada tivesse mudado. A reunião, já sem propósito, foi logo encerrada. As discussões sobre o projeto ficaram para depois e os outros executivos saíram de lá em seguida. Saí da sala e caminhei pelos corredores com a mente a mil. A sensação de ter sido o centro daquela disputa me consumia. Eu sabia que estava no meio de algo muito maior do que poderia controlar e ao mesmo tempo, não conseguia deixar de me questionar o que estava acontecendo entre mim e Augusto. Ao chegar à minha sala, me surpreendi ao ver Rangel sentado na minha cadeira, esperando por mim. Ele estava tão à vontade, como se tivesse sido convidado a ficar, mas havia algo naquele sorriso dele que me fez pensar que ele sabia mais do que eu gostaria. —O que você está fazendo aqui? Achei que ficaria bastante ocupado hoje! - Falei tentando manter a c
Fiquei paralisada, encarando Augusto enquanto ele se aproximava cada vez mais de mim. Havia uma determinação em seus olhos que eu nunca tinha visto antes, uma intensidade quase sufocante. Meu coração estava disparado, dividido entre o choque e a indignação pelas palavras que eu acabara de ouvir. —Você está me dando um ultimato? — Perguntei tentando manter a calma, mas minha voz saiu mais trêmula do que eu gostaria. Ele parou bem na minha frente, tão perto que eu podia sentir seu perfume e o calor do seu corpo. Seu olhar penetrante me deixou sem ar por um momento. —Não é um ultimato, Luiza. É um fato. - Disse ele com a sua voz baixa, porém firme, carregada de uma autoridade que ele raramente usava comigo. Ele então, me olhou nos olhos e continuou. —Não vou permitir que suba ao altar com Rangel, colocando um sorriso no rosto, ainda mais depois de me deixar feito um louco procurando por você. A raiva começou a crescer dentro de mim. Quem ele pensava que era para decidir o que eu
A tensão na sala era insuportável. Eu ainda sentia os lábios de Augusto contra os meus, um beijo que começou como provocação, mas que revelou tudo o que ele tentava esconder. Antes que eu pudesse processar o que tinha acontecido, a porta se abriu, e Rangel estava lá, parado no batente, com as sobrancelhas erguidas e um sorriso irônico no rosto. — Mas que cena, hein? - Disse Rangel, dando dois passos para dentro. O tom de voz dele estava carregado de humor ácido. —Eu sabia que você era indeciso, Augusto, mas isso aqui é demais até pra você. Beijando a ex-esposa como se fosse marcar território e ao mesmo tempo, fingindo que não sente nada. Qual é o seu próximo truque? Augusto virou para ele, exibindo os olhos flamejando de raiva. O maxilar dele estava tão travado que parecia que os dentes poderiam se partir a qualquer momento. —Não testa minha paciência, Rangel. - Disse ele com sua voz baixa, mas ameaçadora com o tipo de tom que fazia qualquer um recuar. Mas não Rangel. Ele ape
Augusto estava com muita raiva. Sua respiração estava pesada, os punhos cerrados, e os olhos, que costumavam ser frios e calculistas, agora transbordavam de fúria. Ele não parecia estar de brincdeira, nem muito menos eu.—Um teste de DNA? - Questionei ele, quase em choque com suas palavras. — Augusto, Ane é minha filha com Rangel. Por que você insiste em transformar isso em um espetáculo? Ele deu uma risada curta com sarcasmo e passou a mão pelos cabelos, agora completamente desordenados. —Espetáculo? Você acha que isso aqui é um espetáculo, Luiza? - Disse ele apontaando para Rangel, que ainda estava no chão tentando se recompor do soco. —Isso é traição. Isso é desrespeito. Isso é... é uma palhaçada, isso sim. Rangel se levantou, ajeitando a camisa com uma expressão calma, como se a situação fosse apenas mais uma de suas brincadeiras sem importância. Mas ele não perdeu a chance de alfinetar o irmão. —Você precisa de um teste de DNA porque é mais fácil duvidar do que encarar o
Mais tarde naquela noite, a empresa estava completamente silenciosa. As luzes estavam apagadas em quase todas as salas, exceto a do escritório de Augusto. - Parecia até ironia do destino. A luz que escapava pela porta de vidro revelava sua silhueta sentada à mesa. O olhar dele estava fixo em alguns papéis que ele nem parecia estar realmente lendo. Ele estava claramente distraído, perdido em pensamentos que o consumiam. Eu estava parada no corredor observando-o por alguns segundos, tentando reunir coragem para entrar. Augusto era como um furacão: imprevisível, devastador e impossível de ignorar. Fora que, ele era um Homem muito atraente. E eu precisava ignorar o fato de ele ainda mexer com a minha cabeça e o enfrentar, para acabar logo com isso. Respirei fundo e caminhei até a porta, batendo levemente para anunciar minha presença. Ele então, levantou os olhos devagar me lançou era frio, mas carregado de algo que parecia pesar demais até para ele. —O que você quer, Luiza? – Diss
A noite havia caído e o apartamento estava em silêncio, exceto pelo doce barulho da respiração de Ane. Depois de brincarmos um pouco, contei uma história sobre princesas corajosas e finalmente a coloquei para dormir, ficando mais um pouco para velar seu sono. Respirei fundo e saí na ponta do pé para não a acordar, indo até a sacada da varanda para tomar um ar. Por mais que tenha sido uma decisão minha retornar a cidade, confesso que, era difícil sentir o ar me sufocando todas as noites, pela culpa que eu carregava em meu peito. A cidade estava viva lá fora, cheia de luzes e ruídos distantes, mas aqui dentro o silêncio era quase reconfortante. Quase. Meus pensamentos estavam tumultuados, girando em torno de tudo o que estava acontecendo. De repente, a campainha tocou quebrando aquele silêncio. Meu coração acelerou por um momento, mas respirei fundo antes de ir até a porta para atender. Ao abrir, dei de cara com Rangel, que segurava uma pizza e exibindo aquele sorriso despreocupado
A noite havia passado como um piscar de olhos; talvez aquela conversa com Rangel, tenha ao menos uma vez me feito bem. O sol estava forte naquela manhã e transbordando uma energia contagiante. Acordei animada, decidida de que seria um dia diferente para mim e Ane. Depois de tudo o que aconteceu na noite anterior, eu precisava respirar, clarear a mente e acima de tudo, aproveitar momentos simples com minha filha. Então, resolvi levá-la ao parque. Ane ficou animadíssima ao ouvir a notícia. Seus olhinhos brilharam, e ela correu pelo apartamento em busca de sua bolsinha de brinquedos. Foi impossível não sorrir diante da sua energia contagiante. Então, tomamos u café e saímos. Ao chegarmos ao parque, o lugar parecia uma pintura de tão bonito. Crianças corriam de um lado para o outro, casais passeavam de mãos dadas, e o som de risadas preenchia o ar. Peguei a mãozinha de Ane e caminhamos juntas pela trilha de pedrinhas brancas. Ela parecia deslumbrada, olhando para todos os lados
O outro dia havia demorado a chegar, a noite foi tão longa que eu nem descansei. O despertador tocou, mas eu já estava acordada, tentando me preparar psicologicamente para mais um dia exaustivo de trabalho.Ao chegar na empresa, o dia já parecia estar destinado a me testar e pelo jeito, não iria pegar leve. Assim que passei pelas portas automáticas, logo avistei Augusto, me avisando com sua presença de que o dia estava apenas começando. - Literalmente. Ele estava parado na entrada, com seu terno impecavelmente ajustado ao corpo, segurando o celular enquanto lia algo com uma expressão que eu não consegui decifrar. Quando ele levantou os olhos para mim, senti alguns calafrios em minha pele. Era como se ele enxergasse mais do que eu queria mostrar. Sem dizer uma palavra, ele apenas me encarou com aquele semblante congelante e saiu. Eu então, fiz o mesmo caminho que ele, tendo o azar de encontrá-lo esperando o elevador. O elevador executivo estava quebrado, então acabamos entran