A tensão na sala era insuportável. Eu ainda sentia os lábios de Augusto contra os meus, um beijo que começou como provocação, mas que revelou tudo o que ele tentava esconder. Antes que eu pudesse processar o que tinha acontecido, a porta se abriu, e Rangel estava lá, parado no batente, com as sobrancelhas erguidas e um sorriso irônico no rosto. — Mas que cena, hein? - Disse Rangel, dando dois passos para dentro. O tom de voz dele estava carregado de humor ácido. —Eu sabia que você era indeciso, Augusto, mas isso aqui é demais até pra você. Beijando a ex-esposa como se fosse marcar território e ao mesmo tempo, fingindo que não sente nada. Qual é o seu próximo truque? Augusto virou para ele, exibindo os olhos flamejando de raiva. O maxilar dele estava tão travado que parecia que os dentes poderiam se partir a qualquer momento. —Não testa minha paciência, Rangel. - Disse ele com sua voz baixa, mas ameaçadora com o tipo de tom que fazia qualquer um recuar. Mas não Rangel. Ele ape
Augusto estava com muita raiva. Sua respiração estava pesada, os punhos cerrados, e os olhos, que costumavam ser frios e calculistas, agora transbordavam de fúria. Ele não parecia estar de brincdeira, nem muito menos eu.—Um teste de DNA? - Questionei ele, quase em choque com suas palavras. — Augusto, Ane é minha filha com Rangel. Por que você insiste em transformar isso em um espetáculo? Ele deu uma risada curta com sarcasmo e passou a mão pelos cabelos, agora completamente desordenados. —Espetáculo? Você acha que isso aqui é um espetáculo, Luiza? - Disse ele apontaando para Rangel, que ainda estava no chão tentando se recompor do soco. —Isso é traição. Isso é desrespeito. Isso é... é uma palhaçada, isso sim. Rangel se levantou, ajeitando a camisa com uma expressão calma, como se a situação fosse apenas mais uma de suas brincadeiras sem importância. Mas ele não perdeu a chance de alfinetar o irmão. —Você precisa de um teste de DNA porque é mais fácil duvidar do que encarar o
Mais tarde naquela noite, a empresa estava completamente silenciosa. As luzes estavam apagadas em quase todas as salas, exceto a do escritório de Augusto. - Parecia até ironia do destino. A luz que escapava pela porta de vidro revelava sua silhueta sentada à mesa. O olhar dele estava fixo em alguns papéis que ele nem parecia estar realmente lendo. Ele estava claramente distraído, perdido em pensamentos que o consumiam. Eu estava parada no corredor observando-o por alguns segundos, tentando reunir coragem para entrar. Augusto era como um furacão: imprevisível, devastador e impossível de ignorar. Fora que, ele era um Homem muito atraente. E eu precisava ignorar o fato de ele ainda mexer com a minha cabeça e o enfrentar, para acabar logo com isso. Respirei fundo e caminhei até a porta, batendo levemente para anunciar minha presença. Ele então, levantou os olhos devagar me lançou era frio, mas carregado de algo que parecia pesar demais até para ele. —O que você quer, Luiza? – Diss
A noite havia caído e o apartamento estava em silêncio, exceto pelo doce barulho da respiração de Ane. Depois de brincarmos um pouco, contei uma história sobre princesas corajosas e finalmente a coloquei para dormir, ficando mais um pouco para velar seu sono. Respirei fundo e saí na ponta do pé para não a acordar, indo até a sacada da varanda para tomar um ar. Por mais que tenha sido uma decisão minha retornar a cidade, confesso que, era difícil sentir o ar me sufocando todas as noites, pela culpa que eu carregava em meu peito. A cidade estava viva lá fora, cheia de luzes e ruídos distantes, mas aqui dentro o silêncio era quase reconfortante. Quase. Meus pensamentos estavam tumultuados, girando em torno de tudo o que estava acontecendo. De repente, a campainha tocou quebrando aquele silêncio. Meu coração acelerou por um momento, mas respirei fundo antes de ir até a porta para atender. Ao abrir, dei de cara com Rangel, que segurava uma pizza e exibindo aquele sorriso despreocupado
A noite havia passado como um piscar de olhos; talvez aquela conversa com Rangel, tenha ao menos uma vez me feito bem. O sol estava forte naquela manhã e transbordando uma energia contagiante. Acordei animada, decidida de que seria um dia diferente para mim e Ane. Depois de tudo o que aconteceu na noite anterior, eu precisava respirar, clarear a mente e acima de tudo, aproveitar momentos simples com minha filha. Então, resolvi levá-la ao parque. Ane ficou animadíssima ao ouvir a notícia. Seus olhinhos brilharam, e ela correu pelo apartamento em busca de sua bolsinha de brinquedos. Foi impossível não sorrir diante da sua energia contagiante. Então, tomamos u café e saímos. Ao chegarmos ao parque, o lugar parecia uma pintura de tão bonito. Crianças corriam de um lado para o outro, casais passeavam de mãos dadas, e o som de risadas preenchia o ar. Peguei a mãozinha de Ane e caminhamos juntas pela trilha de pedrinhas brancas. Ela parecia deslumbrada, olhando para todos os lados
O outro dia havia demorado a chegar, a noite foi tão longa que eu nem descansei. O despertador tocou, mas eu já estava acordada, tentando me preparar psicologicamente para mais um dia exaustivo de trabalho.Ao chegar na empresa, o dia já parecia estar destinado a me testar e pelo jeito, não iria pegar leve. Assim que passei pelas portas automáticas, logo avistei Augusto, me avisando com sua presença de que o dia estava apenas começando. - Literalmente. Ele estava parado na entrada, com seu terno impecavelmente ajustado ao corpo, segurando o celular enquanto lia algo com uma expressão que eu não consegui decifrar. Quando ele levantou os olhos para mim, senti alguns calafrios em minha pele. Era como se ele enxergasse mais do que eu queria mostrar. Sem dizer uma palavra, ele apenas me encarou com aquele semblante congelante e saiu. Eu então, fiz o mesmo caminho que ele, tendo o azar de encontrá-lo esperando o elevador. O elevador executivo estava quebrado, então acabamos entran
Estávamos muito próximos. Aquilo fez com que as batidas do meu coração acelerassem. Eu pude o sentir bem perto e o calor de seu corpo me invadia, trazendo memórias passadas que eu protestava para esquecer. Mas era em vão. — Augusto! - Chamei com um timbre baixo o escutando respirar fundo. Não era pelo que ele estava fazendo e sim pela forma em que pronunciei o nome dele. Ele também tinha memórias vivas sobre nós, mas estava tentando as esconder, sendo profissional. — Se você parar de se mexer, vai ser mais rápido - Murmurou ele com a voz carregada de calma. Augusto estava tão perto e com os dedos trabalhando com cuidado para soltar meu cabelo. Sua respiração tocava levemente meu rosto e por um momento, meu coração parecia querer sair do peito. — Ainda usa o mesmo perfume... - Disse ele com um tom aveludado, quebrando o silêncio — Aquele que eu te dei. Minhas mãos se fecharam em punhos sobre a mesa, enquanto eu tentava controlar a onda de sensações que me atravessava. — Não sabi
Eu assenti, tentando afastar meus pensamentos enquanto começava a reorganizar os papéis na mesa para dar mais espaço.Meus dedos corriam entre as folhas, apressados, mas distraídos. Foi aí que senti o pequeno corte. Uma fina folha de papel deslizou sobre meu dedo, e a dor rápida e aguda me fez hesitar.Não dei muita atenção no início, até que uma gota de sangue escorreu do corte.Olhei para o dedo por um instante, confusa, mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Augusto já estava em movimento.Ele se levantou com agilidade e me encarou. Seu olhar estava fixo na minha mão, e havia algo de estranhamente intenso naquela expressão que fez meu coração disparar.— Você se cortou. — afirmou, sem qualquer traço de pergunta na voz.— Não é nada! — tentei dizer, puxando a mão para longe, mas ele a segurou com firmeza, ignorando meu protesto.Antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, ele levou meu dedo até os lábios, pressionando-os contra o pequeno corte.Eu o encarei, choc