O dia amanheceu e como sempre, minha mente estava a mil. Não tinha dormido quase nada na noite anterior, revivendo cada palavra, cada gesto de Augusto. Ainda assim, forcei a seguir uma rotina onde eu sabia que me deixaria pior do que o estado em que eu me encontrava. A empresa era o único lugar onde eu podia me esconder atrás de uma máscara, fingindo que estava no controle, mas na verdade, lá também era o lugar onde eu sabia que e destruiria, todas as vezes em que eu esbarrasse com Augusto pelos corredores. Entrei no prédio da Eisner Holding, ajustando o blazer enquanto caminhava em direção ao elevador. Minhas mãos estavam ligeiramente trêmulas, mas eu me convenci de que ninguém perceberia. A porta do elevador se abriu, e eu entrei sem prestar muita atenção. Mas então, quando virei o rosto, o vi. Augusto estava ali, encostado na parede do fundo, com aquele olhar intenso que parecia atravessar qualquer armadura que eu tentasse erguer. Antes que eu pudesse reagir, Stella entrou lo
Eu não sabia o que estava acontecendo, mas meu corpo já estava respondendo sem que eu pudesse evitar. A tensão entre nós aumentava a cada palavra, a cada gesto. Ele estava me provocando, mas eu também estava provocando de volta, num jogo de olhares e toques que eu não tinha intenção de terminar. Augusto estava ali, tão perto de mim, de forma tão intensa, que eu podia sentir o calor de seu corpo contra o meu. Quando ele me puxou pela barra da saia, a ação foi tão repentina que me fez perder o equilíbrio por um segundo. O peito dele estava colado ao meu, e a única coisa que eu conseguia fazer era olhar em seus olhos, tentando entender o que ele queria de mim, o que ele estava tentando fazer comigo. —Você realmente não voltou por minha causa? - Perguntou ele com um sorriso irônico nos lábios, mas seus olhos estavam furiosos. Ele me olhava como se estivesse prestes a explodir de raiva e desejo ao mesmo tempo. Eu podia sentir a sua respiração quente no meu rosto e sabia que estava a pont
Eu sentia o peso de sua saída. A tensão estava agora mais palpável do que nunca, mas, como se nada tivesse acontecido, Thomas deu de ombros e continuou a conversa como se nada tivesse mudado. A reunião, já sem propósito, foi logo encerrada. As discussões sobre o projeto ficaram para depois e os outros executivos saíram de lá em seguida. Saí da sala e caminhei pelos corredores com a mente a mil. A sensação de ter sido o centro daquela disputa me consumia. Eu sabia que estava no meio de algo muito maior do que poderia controlar e ao mesmo tempo, não conseguia deixar de me questionar o que estava acontecendo entre mim e Augusto. Ao chegar à minha sala, me surpreendi ao ver Rangel sentado na minha cadeira, esperando por mim. Ele estava tão à vontade, como se tivesse sido convidado a ficar, mas havia algo naquele sorriso dele que me fez pensar que ele sabia mais do que eu gostaria. —O que você está fazendo aqui? Achei que ficaria bastante ocupado hoje! - Falei tentando manter a c
Fiquei paralisada, encarando Augusto enquanto ele se aproximava cada vez mais de mim. Havia uma determinação em seus olhos que eu nunca tinha visto antes, uma intensidade quase sufocante. Meu coração estava disparado, dividido entre o choque e a indignação pelas palavras que eu acabara de ouvir. —Você está me dando um ultimato? — Perguntei tentando manter a calma, mas minha voz saiu mais trêmula do que eu gostaria. Ele parou bem na minha frente, tão perto que eu podia sentir seu perfume e o calor do seu corpo. Seu olhar penetrante me deixou sem ar por um momento. —Não é um ultimato, Luiza. É um fato. - Disse ele com a sua voz baixa, porém firme, carregada de uma autoridade que ele raramente usava comigo. Ele então, me olhou nos olhos e continuou. —Não vou permitir que suba ao altar com Rangel, colocando um sorriso no rosto, ainda mais depois de me deixar feito um louco procurando por você. A raiva começou a crescer dentro de mim. Quem ele pensava que era para decidir o que eu
A tensão na sala era insuportável. Eu ainda sentia os lábios de Augusto contra os meus, um beijo que começou como provocação, mas que revelou tudo o que ele tentava esconder. Antes que eu pudesse processar o que tinha acontecido, a porta se abriu, e Rangel estava lá, parado no batente, com as sobrancelhas erguidas e um sorriso irônico no rosto. — Mas que cena, hein? - Disse Rangel, dando dois passos para dentro. O tom de voz dele estava carregado de humor ácido. —Eu sabia que você era indeciso, Augusto, mas isso aqui é demais até pra você. Beijando a ex-esposa como se fosse marcar território e ao mesmo tempo, fingindo que não sente nada. Qual é o seu próximo truque? Augusto virou para ele, exibindo os olhos flamejando de raiva. O maxilar dele estava tão travado que parecia que os dentes poderiam se partir a qualquer momento. —Não testa minha paciência, Rangel. - Disse ele com sua voz baixa, mas ameaçadora com o tipo de tom que fazia qualquer um recuar. Mas não Rangel. Ele ape
Augusto estava com muita raiva. Sua respiração estava pesada, os punhos cerrados, e os olhos, que costumavam ser frios e calculistas, agora transbordavam de fúria. Ele não parecia estar de brincdeira, nem muito menos eu.—Um teste de DNA? - Questionei ele, quase em choque com suas palavras. — Augusto, Ane é minha filha com Rangel. Por que você insiste em transformar isso em um espetáculo? Ele deu uma risada curta com sarcasmo e passou a mão pelos cabelos, agora completamente desordenados. —Espetáculo? Você acha que isso aqui é um espetáculo, Luiza? - Disse ele apontaando para Rangel, que ainda estava no chão tentando se recompor do soco. —Isso é traição. Isso é desrespeito. Isso é... é uma palhaçada, isso sim. Rangel se levantou, ajeitando a camisa com uma expressão calma, como se a situação fosse apenas mais uma de suas brincadeiras sem importância. Mas ele não perdeu a chance de alfinetar o irmão. —Você precisa de um teste de DNA porque é mais fácil duvidar do que encarar o
Mais tarde naquela noite, a empresa estava completamente silenciosa. As luzes estavam apagadas em quase todas as salas, exceto a do escritório de Augusto. - Parecia até ironia do destino. A luz que escapava pela porta de vidro revelava sua silhueta sentada à mesa. O olhar dele estava fixo em alguns papéis que ele nem parecia estar realmente lendo. Ele estava claramente distraído, perdido em pensamentos que o consumiam. Eu estava parada no corredor observando-o por alguns segundos, tentando reunir coragem para entrar. Augusto era como um furacão: imprevisível, devastador e impossível de ignorar. Fora que, ele era um Homem muito atraente. E eu precisava ignorar o fato de ele ainda mexer com a minha cabeça e o enfrentar, para acabar logo com isso. Respirei fundo e caminhei até a porta, batendo levemente para anunciar minha presença. Ele então, levantou os olhos devagar me lançou era frio, mas carregado de algo que parecia pesar demais até para ele. —O que você quer, Luiza? – Diss
A noite havia caído e o apartamento estava em silêncio, exceto pelo doce barulho da respiração de Ane. Depois de brincarmos um pouco, contei uma história sobre princesas corajosas e finalmente a coloquei para dormir, ficando mais um pouco para velar seu sono. Respirei fundo e saí na ponta do pé para não a acordar, indo até a sacada da varanda para tomar um ar. Por mais que tenha sido uma decisão minha retornar a cidade, confesso que, era difícil sentir o ar me sufocando todas as noites, pela culpa que eu carregava em meu peito. A cidade estava viva lá fora, cheia de luzes e ruídos distantes, mas aqui dentro o silêncio era quase reconfortante. Quase. Meus pensamentos estavam tumultuados, girando em torno de tudo o que estava acontecendo. De repente, a campainha tocou quebrando aquele silêncio. Meu coração acelerou por um momento, mas respirei fundo antes de ir até a porta para atender. Ao abrir, dei de cara com Rangel, que segurava uma pizza e exibindo aquele sorriso despreocupado