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Comprada pelo Bilionário
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Por: Cris Seixas
Capítulo 1 Julie - Da infância a adolescência

Corro pelo jardim de minha casa com Look logo atrás de mim.

- Vamos maria mole, corre mais rápido – digo passando a sua frente.

Look late tentando me pegar.

- Vamos Julie entre agora – minha mãe grita da porta.

- Ainda é cedo mãe – grito de volta.

- Não me faz ir te pegar Julie – avisa.

Corro mais que depressa rumo adentro.

- Banheiro mocinha – minha mãe grita novamente.

- Tá bom mãe – grito de volta.

Correndo em direção ao banheiro, tropeço em Look e acabo me esborrachando no chão. Look chora.

- Shiu Look, se não vamos apanhar nós dois – peço tentando fazê-lo parar.

O carrego para o quarto, o deixando sobre minha cama, que cachorro manhoso, já se calou. Voltou para o banheiro e no caminho mamãe aparece em minha frente.

- Já estava indo mãe – trato logo de explicar.

- Vai Julie – ela passa por mim revirando os olhos.

Amava minha mãe, por mais brava que ela fosse, tomei banho, me arrumei e desci para jantar, já fazia tudo sozinha, sempre fomos apenas nós duas então tinha que me virar.

Parei no último degrau, quando ouço a voz de um homem, nunca viera ninguém em casa, por isso desço desconfiada.

- Lúcia, o cheiro tá maravilhoso – diz o homem.

Me aproximo devagar, e logo o avisto, sinto um arrepio na espinha.

- Venha Julie, senta princesa – minha mãe chama – esse aqui é o Vicente ele vai passar a morar conosco – informa.

Apenas balanço a cabeça em concordância, o que mais poderia fazer? Era apenas uma criança de 8 anos. O primeiro ano com Vicente em casa foi mil e uma maravilhas, ele era atencioso, cheguei até chamá-lo de pai, porque realmente pensei que todo aquele amor que ele demostrava ter por mim, era realmente paternal, entretanto mal sabia eu que era tudo truque para ganhar minha confiança.

Ao completar 10 anos, foi aí que meu inferno começou, sempre tive corpo demais para minha idade, e meu “pai” de criação começou a perceber isso, seus olhares foram ficando diferentes, e eu como uma criança inocente não percebia.

Conforme os anos iam passando a ousadia de Vicente foi ficando cada vez maior, certa vez o vi entrando em meu quarto e ficar me olhando por horas, as vezes amanhecia o dia e ele continuava na mesma posição, meu medo a cada dia aumentava mais.

Muitas das vezes quis contar a minha mãe que Vicente visitava meu quarto quase todas as noites, no entanto tinha medo dela não acreditar em mim, pois via o amor que ela sentia por ele.

Dos 10 aos 15 anos Vicente apenas espreitava, mas minha mãe já havia percebido que o cuidado era exagerado para comigo, eu não podia ter amigos, meninos principalmente, ele não me deixava sair, a não ser para ir à escola e ainda assim ele ia me levar e buscar.

Teve um dia que me assustei, quando no meio da madrugada ele se sentou na beirada da cama e passou as mãos em minhas pernas, um sinal de alerta soou em minha cabeça, aos 15 anos já entendia bem o que era amor paternal e o que não era.

Em um pulo estava sentada no canto da cama, com Vicente me olhando com os olhos vidrados.

- O que você quer aqui a essa hora? – pergunto tremendo.

Ele apenas me olha intensamente, se levanta e vai embora sem soltar uma palavra.

- Meu Deus o que esse homem queria aqui no meu quarto?

No dia seguinte, espero Vicente sair para trabalhar e chamo minha mãe para conversar, crio coragem e me sento com ela.

- Mãe, queria te contar uma coisa que a muito tempo vem acontecendo, mas só agora criei coragem para lhe contar – digo torcendo os dedos.

- O que foi Julie? Fala logo, o que é – diz minha mãe impaciente – penso e repenso no vou falar – Anda Julie, fala.

- Bem... – respiro fundo, peço a Deus mentalmente para que ela acredite em mim – há algum tempo o Vicente vem entrando no meu quarto no meio da noite, nas primeiras vezes ele apenas ficava próximo a porta, não chegava perto, mas ontem ele chegou mais perto, e tentou passar a mão em mim, não entendo como ele consegue entrar pois tranco a porta todas as noites mãe, estou ficando com medo.

Minha mãe apenas me olha com o cenho franzindo, e balança a cabeça em negativo, como se não acreditasse no que estava dizendo, esse era meu medo.

- Vicente me disse que você iria tentar acusá-lo Julie, como você pode fazer isso comigo, sua mãe? – conjectura.

- Como assim mãe, eu? Seu marido desde os meus 10 anos de idade, entra no meu quarto e me observa feito um maníaco, e eu sou culpada? – neste momento estou indignada, minha própria mãe contra mim, sua única filha.

- Suas acusações são graves Julie presta atenção no que está falando, por que Vicente iria te querer, quando tem a mim fedelha? – grita, e eu arregalo os olhos.

- Mãe pelo amor de Deus, olha o que a senhora está falando.

Começo a chorar, pois já havia percebido o quanto minha mãe era cega por Vicente, não importa o que fizesse, ela ficaria sempre ao lado dele.

- Não quero ouvir essa conversa está ouvindo garota? – apenas anuí.

Minha mãe simplesmente se levanta e antes de sair avisa.

- Quero sonhar que você está se jogando pra cima do meu “marido” – ela dá ênfase no marido – não penso duas vezes antes de te jogar daqui está ouvindo Julie.

Abaixo a cabeça e choro, quando foi que deixei de ser a princesinha dela? Foi quando Vicente passou por aquela porta, “o que vou fazer meu Deus” se minha mãe que tem o dever de me proteger, não acredita em mim, para quem vou pedir ajuda? É só eu por mim mesma.

Depois daquela trágica conversa com minha mãe, minha vida ficou ainda pior, pois tinha que me proteger de Vicente e tomar cuidado com minha mãe, ela vinha tornando minha vida um inferno, me tratava como uma inimiga, não sabia de quem tinha mais medo.

Minha vida era me trancar no quarto e ir à escola, até para comer eu tinha que merecer, me perguntava onde estava minha mãe, pois aquela que habitava naquela casa não era minha mãe, a mulher que me gerou e colocou no mundo, que me amou e cuidou desde o nascimento, aquela que esteve sempre do meu lado, onde estava essa mulher? Meu coração foi perdendo a cor a cada dia que passava, a cada maltrato dela, me doía muito saber que minha mãe me via assim, como uma inimiga.

Os anos seguintes foram se arrastando, comigo se escondendo sempre que Vicente chegava em casa, e minha mãe ficando doente. Quando fiz 17 anos a saúde dela piorou, ela já havia ido a vários médicos e ninguém sabia o que ela tinha, ela passou a ficar mais em casa, apenas Vicente trabalhava, e eu que passei a cuidar de algumas crianças, sempre me chamavam para babá, todo trocadinho que ganhava guardava, pois sabia que em algum momento iria precisar.

Certo dia cheguei em casa, e vi minha mãe caída no chão, entrei em desespero, apesar dos últimos anos ela ter me feito comer o pão que o diabo amassou, ainda assim entrei em desespero, corri para pegar o celular e ligar para o s.o.s., porém já era tarde demais, minha mãe havia me deixado, fiquei ali ao lado de seu corpo já frio até a chegada da ambulância.

Como já havia imaginado, em casa mesmo constataram seu óbito, agora era esperar a chegada do IML para retirar seu corpo, a polícia chegou e me fizeram uma porção de perguntas, respondi a todas, eles perceberam meu uniforme da escola, pois quando encontrei seu corpo havia acabado de chegar.

Passei o contato de Vicente para os polícias, e em poucos minutos ele já estava em casa aos pratos, o choro fingido me dava ânsia, os policiais fizeram também muitas perguntas a ele, ele se mostrava um marido desolado, chegando até soluçar, em dado momento Vicente se aproximou e me abraçou.

- Agora somo apenas nós princesinha – sussurrou ao meu ouvido, senti um arrepio na espinha, cheguei a tremer um pouco.

O medo do que viria era imenso, não disse nada, não conseguia nem olhar em sua cara “meu Deus o que seria de mim agora?” chorei, mas agora era de puro temor do que iria acontecer comigo.

Os policiais nos encaminharam até o IML, Vicente fez todo o tramite para o sepultamento, no dia seguinte minha mãe foi enterrada, Vicente não deixou que fizessem a autopsia, alegando que essa era a vontade de minha mãe.

Como já tinha já era maior de idade, Vicente não podia me trancar em casa, já havia me formado no ensino médio e estava atrás de um emprego de carteira assinada. No entanto, nada aconteceu como esperava, não conseguir emprego, Vicente ficava cada vez mais possessivo, a ponto de não me deixar olhar na janela, todas as noites trancava minha porta e colocava vários móveis para me assegurar que ele não entrasse no meu quarto durante a noite.

Até um dia isso não ser mais o suficiente, Vicente empurra a porta com força, a ponto de tudo cair e ele conseguir entrar.

- Pensou que iria se esconder de mim para sempre filhinha – diz olhando para meu corpo coberto por um blusão que b**e abaixo dos joelhos.

- Sai do meu quarto Vicente – digo em um fio de voz, enquanto ele se aproxima.

- Sempre te quis, agora que não tenho mais impedimento nenhum, você será minha – ele agarra mina cintura e esfrega seu membro rijo em mim, me debato.

- Me solta Vicente – grito.

- Calada gatinha – diz cheirando meu pescoço.

- Vou gritar, me solta – o empurro.

- Não adianta lutar princesa, temos a vida toda juntos – diz e enfim me solta – se acostuma a partir de hoje você é minha mulher, já tem idade para casar-se, tem 19 não é? – pergunta e nada digo.

Vicente mostra seus dentes amarelados, sinto nojo, nunca que esse homem irá colocar as mãos em mim, prefiro a morte.

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