Conto I
↬❀
Mirtes e sua vida: sinônimo de confusão. Parecia que a realidade tinha se misturado com seus os sonhos e suas imaginações. Quando lembrava de algo não sabia se realmente havia acontecido ou se era um mero fruto do subconsciente dela.
Um caos. Tudo era caos.
O banco ameaçava tomar seu carro, o financiamento da casa não havia sido pago há alguns meses, seus pais cada vez mais adoeciam e ela não podia pagar o tratamento, as dívidas aumentavam...
Tudo isso desabou na sua cabeça em tão pouco tempo que ela nem percebeu quão sozinha estava. Seus amigos não a ajudaram, nem seu namorado. Para ser mais exata ele a deixou alegando a frieza que surgira dentro de Mirtes. Grande desatinado! Não percebia que a moça faltava aos almoços de família no domingo porque os seus pais cada vez mais estavam doentes, ou que desmarcava um encontro devido os empregos de meio período que arrumara?
No entanto, Mirtes já havia se acostumado a não ser notada por ninguém. Francamente, nunca quis isso, mas sentia falta às vezes. A ausência do carinho e do cuidado batia com frequência na sua face. Desde cedo aprendera a cuidar da casa sozinha, e já adulta, perdeu seu único irmão – o ser mais etéreo do mundo – e teve que lidar com a doença simultânea de seus pais. Não realizou nenhum dos seus sonhos, nem nunca viajou. Apenas sobreviveu, sem reclamar.
Ela compreendia que não podia se dar ao luxo de querer uma vida só dela quando outros dependiam de sua ajuda. Mesmo ainda criança sabia disso. Mirtes era o tipo de guria que pensava como quem sabia de tudo, mas não dizia nada. Seja dito de passagem, qualquer brecha que lhe aparecia, "entrava" e chorava isoladamente.
Por essa razão que naquele momento dirigia o carro em alta velocidade, tinha dificuldades em observar a estrada, porquanto o céu – e ela – derramavam lágrimas. Em seus vinte e cinco anos, nunca pensou que chegaria a desejar a morte, porém, pensou. E como pensou. A cada subida do velocímetro, perguntava-se se por sorte veria a luz que todo mundo afirma ter. Queria sentir como era partir. Mesmo que tudo ficasse para trás uma coisa era certa, as dívidas iriam com ela. E os seus pais, bom... Seus pais seriam amparados por alguém da família, com certeza existia alguém que cuidaria deles.
Não! Não existia! Eles ficariam sozinhos e morreriam sem tratamento e sem sua filha mais rápido do que o esperado. Nunca foi tão egoísta como naquele momento. Mirtes precisava parar!
Ela freou tão bruscamente que seu corpo, desvalido, pendeu no volante. Milésimos de segundos depois, o carro que vinha atrás amassou com todas as forças que tinha a traseira do veículo de Mirtes, fazendo-a sair para fora da estrada e capotar três vezes.
Sua visão ficou turva, mal via onde estava. Sentia a chuva se misturar com o líquido viscoso do seu rosto e braços. Uma dor aguda no quadril judiava dela. Percebeu que metade do seu corpo tinha saído para fora da janela. Como sobrevivera?
Ela não soube responder.
O farol do carro iluminava o mato que reluzia tão lindamente. Talvez ela tivesse morrido. Só estava num mundo paralelo: o seu escapismo...
Um momento! Nesse universo análogo havia música?
"Say something, I'm giving up on you. I'll be the one, if you want me to. Anywhere, I would've followed you. Say something, I'm giving up on you." – Ela ouviu.
Era uma canção tão triste. Casava com o momento. Ela chorou. Onde estava o tal imprudente que tinha lhe ferido? Mirtes não conseguiu contar quantos minutos haviam passado, mas tinha certeza de que quem quer que seja fugira covardemente.
Repetidamente estava sozinha, mas dessa vez, à beira da morte.
Minutos depois, ouviu novamente as teclas do piano soar no fundo do subconsciente. E mais uma vez não sabia se era sonho, imaginação ou realidade. Apenas queria que aquilo não parasse, pois a fez se sentir acompanhada. Sentiu algo tremer na sua coxa e viu uma caixinha preta reluzente. Esticou-se dolorosamente até alcança-la para ouvir melhor a canção. As palavras dóceis do cantor ressoaram no seu peito e ela sentiu uma sensação de alívio, talvez já estivesse alcançando o paraíso.
Viu meio embaçado uma bolinha verde e outra vermelha no visor. Sem querer, clicou na que brilhava mais, deixando um rastro de sangue. A música parou. Ela praguejou. Não podia ficar só de novo. Encostou de vagar o celular no ouvido.
- Oi, Mirtes. Você está aí? – Ouviu uma voz grave e acalentadora – Está tudo bem?
Mirtes sorriu. O dono da canção mais linda tinha parado de cantar para falar com ela. Rapidamente se lembrou da tradução da música e disse com sufrágio:
- Oi.
- Graças a Deus, pensei que tinha mudado de número. – Ouviu um suspiro no outro lado da linha – Onde você está? Sua voz parece estranha. Aconteceu algo?
- Eu morri. – Mirtes quase não conseguiu falar. Não imaginou que sua garganta estivesse doendo tanto.
- Você e seu senso de humor que amo. Fale a verdade, onde você está? Estava pensando em saímos para comer uma pizza, o que acha? Posso passar aí.
Mirtes olhou para os lados com a cabeça doendo e a garganta latejando e viu uma placa azul reluzindo há alguns metros.
- V-vejo uma placa azul. – Apertou os olhos para ver melhor – Q-quilômetro seis. Estou...
Mirtes achou que não aguentaria mais. Talvez estivesse resistindo demais. A morte a esperava havia horas, tinha até cantado sua música preferida. Encerraria a conversa o quanto antes.
- Estou... debaixo do meu carro. – Concluiu antes de apagar totalmente.
↬❀
- Você já está se recuperando bem e pode receber alta hoje. – Avisou o médico três dias depois do seu despertar.
- Não tenho roupas para ir embora, nem ninguém para me buscar. – Mirtes lamentou.
- Não se preocupe. Um policial deixou uma bolsa com algumas coisas para você, – apontou para a poltrona – ele também pediu que o informássemos quando você pudesse sair daqui.
Então Mirtes sentiu uma pontada de animação. Talvez o seu "anjo da guarda" fosse esse tal policial. Queria mais do que nunca o conhecer, por isso se apressou em trocar de roupa e com a ajuda de enfermeiras se dirigiu à entrada do prédio. Antes que pudesse pôr os pés lá fora, ela viu uma viatura estacionada e um homem parado olhando o céu. Só poderia ser ele.
As portas se abriram e o policial correu ao encontro de Mirtes. À vista disso, ela o reconheceu. Era Pedro, seu amigo de infância. Meio em choque, foi deixada apoiada no corpo do policial. Poderia achar que era loucura, mas quando ele a olhou, ela sentiu uma vivacidade correr por suas veias.
Mirtes nunca tinha visto um sorriso tão gracioso em toda a sua vida. Viu que os olhos do seu amigo de infância estampavam cansaço, mas os seus lábios tão bonitos demostravam o contrário. Ainda assim, era tão atraente quanto... Não conseguiu pensar num ser mais bonito que ele. Aquele uniforme azul escuro e amarelo valorizava seus músculos.
Será que ele havia mudado muito com o passar dos anos? A moça nunca tinha reparado nele como naquele momento e à vista disso, só mesmo uma colisão da cabeça para explicar a origem de tal pensamento
Havia tantas coisas para perguntar, tantas dúvidas para tirar, contudo, Mirtes só queria encarar o seu "anjo da guarda".
- Desculpa se não fiquei com você no hospital, – Foi a primeira coisa que disse – eu fiquei com medo de você se sentir incomodada comigo.
Mirtes instantaneamente reconheceu a sua voz. Era a mesma do telefone. Foi Pedro que tinha ligado. Foi ele que a salvou. A moça não sabia se o torpor que sentia era por descobrir isso ou pelo que a voz daquele homem provocava nela.
- Tu me salvates? – Quis saber a combalida.
- Bem, digamos que sim. Não se lembra que te liguei? – Falou tão descontraído que chegava a transmitir paz.
Ela meneou a cabeça confirmando.
- Eu te chamei para sair, – continuou ele enquanto ajudava Mirtes a sentar no banco de passageiro – mas sua voz soou tão estranha e quando você disse que estava debaixo de um carro no quilômetro seis eu soube na hora que tinha sofrido um acidente. Fiquei tão preocupado que mal lembrei de acionar uma ambulância.
Mirtes só conseguiu ouvir a primeira oração. Sentiu que tinha corado e isso a deixava muito estranha. Mais estranho ainda era andar pela primeira vez num carro de polícia com um amigo de infância que nem sabia que trabalhava nesse ramo. Ou será que mais estranho era Pedro querer ir a um encontro com ela depois de tantos anos sem se falarem?
- Você fez o quê? – Perguntou atônita.
- Fui até o local do acidente. – Respondeu Pedro, confuso.
- Não, antes disso.
- Te chamei para sair?
- Isso! Isso mesmo. Você fez isso?
- Você... não se lembrava disso?!
Foi a vez de Pedro corar. Ele ligou o carro tão desengonçadamente que Mirtes duvidou de sua capacidade como motorista. Nunca pensou que um policial poderia ser tão tímido. Isso quebrava totalmente a visão que tinha sobre eles. No entanto, inusitadamente gostou do que viu.
- Eu passei uma semana tomando coragem para te ligar e parece que liguei na hora certa. Você precisava de mim.
Mirtes, então, sentiu algo fervilhar no peito. Era uma mistura exótica de necessidade, de acolhimento, de proteção. Pegou-se agradecendo por aquele homem tê-la ajudada, francamente, não queria que mais ninguém tivesse feito aquilo. Tinham uma coisa em comum, algo que os uniu e aquela moça pela primeira vez em anos, sentiu-se viva.
- Obrigada mesmo por me salvar... Não sabe o quanto estou agradecida. – Mirtes não tirava os olhos daquele rosto angelical – Mas, eu... Hum... Não posso sair com você agora. Estou com muitos problemas.
Aquilo... Havia doído em Mirtes? Desde quando tinha chegado aquele ponto? Nem mesmo com seu namorado havia sentido isso. Por que com Pedro? O que estava acontecendo?
- Sei disso. – Pedro respondeu com calma – Por isso resolvi te procurar. Senti que você estava muito sozinha.
- Como assim? Você sabe de tudo? – Ela não sabia se ficava apavorada ou admirada.
- Sim, tudo.
Mirtes ponderou as palavras do policial e se deu conta de que ele era um policial.
- Você me grampeou? – Quase ficou furiosa.
- Não! – Pela primeira vez ele gargalhou fazendo o corpo dela estremecer criando uma vontade louca de tocar aqueles lábios convidativos – Não importa como eu sei. Só quero que saiba que estou te ajudando no que posso. Não tenho dinheiro para pagar sua casa nem o seu carro, mas posso trabalhar dia e noite por isso.
- Não... – Mirtes tentou argumentar contra.
- Além disso, – continuou sem se importar com a interrupção – eu não quero te ajudar só com dinheiro. Quando eu ficar de folga posso cuidar dos seus pais para você descansar e o mais importante...
Pedro fez uma pausa como se sua vida dependesse daquilo. Dirigiu seus olhos caramelados para Mirtes como se pudesse ler sua alma e continuou movendo os belos lábios.
- Quando você precisar de mim, estarei aqui. Se for para chorar ou para sorrir, eu quero estar do seu lado.
Com certeza foi um baque para Mirtes. Ninguém nunca tinha se importado tanto com ela como Pedro se importou. E de repente, o coração dela batia diferente.
- P-porque você está fazendo isso por mim? – Temeu perguntar aquilo.
- Só não quero ver a minha garota sofrer sozinha.
Minha? Alguém a tinha? Porventura seria no coração? Mirtes perdeu o chão. Seu imo oscilou tão violentamente que julgou não conseguir manter o peito intacto. Ela nem imaginava que naquele momento sua vida começava de verdade. Justo ali, num carro de polícia.
↬❀
Conto II↬❀Não que eu seja ingrata. Claro que não! Quero dizer, as pessoas dizem que sou sortuda por ter uma família que me apoie, por sempre ser uma ótima aluna – logo concluí minha faculdade de medicina com louvor – ou por ser uma pessoa ao qual todos gostam. Dizem que tenho tudo que alguém poderia querer. Porém, sempre me faltou algo. De todos os amores que já tive, nenhum caiu-me bem. E é isso que eu mais desejo: um romance épico. Bom, não precisa ser épico, apenas vivível ao ponto de querer não viver mais para outra finalidade.Em meados dos meus tempos juvenis eu achei ter conhecido alguém que me proporcionaria isso. Achei que finalmente eu estava completa. Ele era o combustível para fazer meu coração entrar em êxtase. Foi numa manhã de domingo que se despertou aquela paixão que, inicialmente miúda e quase desprezível, com o t
Conto III↬❀A inauguração da avenida 6 estava muito movimentada naquela manhã carioca. As pessoas ficaram curiosas para olhar a nova rua que tanto falavam na cidade. Tereza Donabella observava cada detalhe atentamente.A rua era espaçosa, com quatro vias para ir e vir o quanto quisesse. No meio de cada uma delas, haviam imensos coqueiros que pareciam tocar o céu. Canteiros de gramas estavam aos pés deles. Nas margens da avenida, comércios e casas estilo portuguesas numa mistura de cores vibrantes que só o Rio de Janeiro tinha. A maioria das janelas que se abriam para os observadores, eram brancas e de madeira. Quase ninguém estava nelas a olhar o movimento. Que grande desperdício de invenção. Assim pensou Teresa. Para ela, janelas foram feitas para emoldurar a realidade assistível.As pessoas que passavam pela nova avenida vestiam roupas mais europe
Conto IV↬❀É só o meu quarto, é só a luz da televisão, são só as cortinas fechadas. Sou eu: o garoto solitário.Tenho muito dinheiro, uma casa grande e tudo que quero, contudo, em meus míseros dezessete anos, nunca tive irmãos, nem pais - quer dizer, eles estão vivos, mas passam a maior parte do tempo brigando e trabalhando - o que faz-me não ter amor. Na verdade, meu coração capenga nem sabe o que isso significa. Esmoreceu-se todos os meus sentimentos.Faz seis meses que não saio do meu grandioso quarto vazio. A luz do sol parece afetar meus olhos e as pessoas irritam-me. Ainda bem que sou filho da alta sociedade, digo, porventura é mesmo um "bem"?Exaurido, olho o relógio marcar cada segundo até ser seis horas da tarde em ponto. Por que não abrir as janelas? Há tempos que não vejo o trem cargueiro passar no fim da rua, além do mais
Crônica I↬❀Eu já tentei transformar minha garagem num grande picadeiro e meus amigos na minha trupe. Seria eu a malabarista incrível e meu irmão, o palhaço. Nenhum dos meus planos deram certo.Como moradora de cidade pequena, tenho o privilégio de ir todos os anos nos circos que se estalam aqui. Embora não muito grandiosos, cada um é autêntico e possuidor de um segredo próprio. Lembro do meu décimo terceiro aniversário. Comemorei em um circo. Vi um garoto de sete anos equilibrar-se sobre rolinhos brilhantes e uma tábua que mal comportava seu pé. Papai o parabenizou ao fim do espetáculo, todavia, eu quis conhecer melhor aquele guri que tão pequeno já conseguia feitos assombrosamente maravilhosos.Não só o miúdo, mas todo o circo e os artistas. Bisbilhotei cada canto possível da área e fingi ir ao banheiro só para ver as incríveis casas móveis com co
Crônica II↬❀Mais como ela mentia! Não mentir do tipo dizer que vai para um lugar ao invés de outro ou acusar outra pessoa do seu feito. Doralice era uma ótima inventora de histórias aos quais ela pregava ser verdade. Houve um dia em que me contou seriamente da sua viagem a Marrocos onde quase casou-se com um muçulmano rico. O dote não era de fato o que ela valia, assim justificou. Outra vez proseou suas aventuras na casa de doces da sua avó. Dormiu até numa cama de pão de mel!Doralice sabia entreter. Convertia-se numa garota extremamente comunicativa e tagarela assim que via as pessoas. Ao contrário de mim que não dizia mais que cinquenta palavras por dia. Mesmo com personalidades adversas, éramos melhores amigas.Interessante mesmo foi o dia que narrou a maior e mais bem elaborada história que já ouvi: ela conseguia voar. Era sábado e Doralice es
Parte 2 do Conto "Aquelas Janelas"↬❀Faz uma semana desde que eu saí pela primeira vez de casa em seis meses. O motivo? Júlia. Quando eu a vi chorar, algo me impulsionou a correr até ela. Entretanto, tudo isso é novo para mim. Tanto o sentimento que me fez quebrar as barreiras do meu auto-isolamento, quanto fazer outra coisa que não seja dormir e jogar vídeo game. Claro que eu assistia aula pela internet, afinal, preciso concluir o ensino médio, mas eu nunca me preocupei com outra vida a não ser a minha. E, repentinamente, eu virei um stalkeador secreto da casa ao lado. Quer dizer, não tão secreto.Nesse mesmo dia em que fui ao portão de Júlia, ela me encarou bem no fundo dos meus olhos, como se soubesse o tempo todo que eu a observava por mais de quatro meses. Depois disso, exp
Crônica III↬❀Lembro de cortar corações. Não os de carne, expressamente dito – a propósito nunca cortei ou partiu o coração de ninguém, o processo sempre foi inverso, – mas sim de papel. Ajudava alguns colegas na decoração do dia dos namorados no ano passado. Jarli, garota pelo qual tinha tanto apresso e admiração, embora pequena, costumava chamar atenção pelo carisma traduzido numa gostosa gargalhada. Ela era incrível.Não só como aluna, mas como escritora. Ah, se pudessem ler suas histórias, cairiam rendidos aos seus pés. Tamanha façanha arrendara-lhe uma faculdade de jornalismo – não conto as horas para ler uma matéria sua ou ver seu rosto indígena na televisão, emocionando-me.No entanto, o real propósito dessa lembrança é contar o que ela falou de uma professora que compartilhávamos – ela, em Literatura e Gramát
↬❀É sobre o meu primeiro dia de vida. Ainda lembro muito bem dele. Dizem que o bebê chora para abrir os pulmões, mas eles estão enganados. Simplesmente soltamos o choro que guardávamos a nove meses por não ver o rosto da mamãe. Por isso eu chorei, mas logo me acalmei porque eu vi minha mãe e ela era tão linda, até deixou uma lágrima escapulir. Eu também quis fazer isso para não a deixar sozinha naquele momento tão emocionante, no entanto, meu estoque de lágrimas já havia acabado. Sabe como bebês tem um pouco de tudo.No entanto, o que mais me surpreendeu quando descobri o novo mundo é que existia uma pessoa que me amava tanto quanto minha mãe. Era meu pai. Meus olhinhos fraquinhos quase não viram, mas pude sentir seus beijos na minha pele ainda molhada de não sei o quê. Estava eu e mamãe num "passeio" pelo hospital quando ele nos abordou. Ah, como eu amei o papai naquele momento (ainda amou, claro).