Crônica VI
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Nas águas frias vagueia. Não se ouve sua voz, nem suas súplicas. Se chora, ninguém vê; suas lágrimas misturam-se as partículas polares e inodoras. Aquilo que o cerca é seu lar. Faz dele um peixe, conferindo-lhe seu caráter aquático. O protege, auxilia. Entretanto, essa substância, uma vez dentro de seu corpo, mata-o. A mesma, que lhe dá a vida, tira-a. Isso porque, seu organismo não está apto a receber toda a molécula de água, ao contrário, retira apenas o oxigênio. E mesmo em termos científicos e complexos, nada poderia explicar a verossimilhança entre mim e o peixe
Crônica VII↬❀No peito se sente o ardor da paixão. Quiçá, queime, quiçá escureça.Não, tudo é passageiro, eu sei. A efemeridade das circunstâncias modifica meu imo, meus sentidos, o meu "tido", este último, sim, porquanto eu teria tido um grande amor, teria tido uma história aventuresca, teria tido um respaldo miocárdio, um conforto existencial. Nem um nem outro. Nem nada. Apenas passageiros, no trem almário.Como revoada sobre meu telhado, chuva de verão. Como espinhos das roseiras na minha mão.Palavras não poderiam descrever o que a ausência que tu me traz provoca em mim. Se soubesse que meu coração é teu não teria partido e entregado para outro alguém.Retroceder: verbo impossível de conter.↬❀
↬❀ Agradeço, em primeiro lugar, ao meu melhor amigo,Jesus, por me conceder o dom da vida e da criatividade para que essas histórias fossem transpassadas a outras pessoas; Agradeço a você,leitor(a), por ter chegado até o final deste livro, sua leitura foi de grande incentivo para mim; Agradeço aosmeus pais, Célio e Juci, que sempre acreditaram no meu potencial para escrita e me incentivaram a continuar mesmo quando eu pensei em desistir; Agradeço aMonalisa, minha irmã/amiga, por ter sido aquela que plantou a semente da escrita no meu coração; Agradeço a minha professora de Português, Literatura e Art
MIA REDWIGES,é umheterônimo da escritora Ester Costa Turibus,isto é, um pseudônimo com biografia inventado pela autora. A ideia de criar Mia Redwiges e assinar seus livros com esse nome pareceu agradar mais a autora Ester, que na época havia passado por momentos difíceis na escrita e não se sentia confiante de assinar suas obras com seu próprio nome. A princípio, criou-se somente o nome "Mia Redwiges", porém, após Ester Turibus conhecer os heterônimos de Fernando Pessoa, ela resolveu transformar Mia Redwiges em uma "pessoal real" também. Sob forte influência do romancista português, a escritora Ester Costa Turibus criou a seguinte biografia para seu heterônimo: MIA REDWIGES DE ALAMEDAnasceu em São Paulo capital, no dia 23 de abril de 1989. Ainda criança, perdeu os pais num acidente
Mia Redwiges sempre teve uma relação amigável com contos e crônicas. Desde a infância, a autora os escreve em seus caderninhos velhos e hoje em dia, após a modernidade, em seu computador. Muitos contos foram escritos em folhas avulsas e acabaram se perdendo ao longo do tempo, no entanto, os contos e crônicas que foram guardados se transformaram nessa linda coletânea "Com Amor, Mia", que se chama assim pois representam todo o amor da autora em forma de palavras, coisas que ela não conseguiria dizer falando.O livro que você acabou de ler é o primeiro da coletânea, no qual é repleto de história, sempre com um personagem novo a cada capítulo. Já o livro 2 traz contos somente da vida da própria autora, seguindo uma ordem cronológica dos seus 8 até os 30 anos. A vida não tão colorida de Mia Redwiges será explorada nessa obra, passeando pela sua infância adorável, seguindo pela perda de seus pais e finalizando no impacto da sua viuvez precoce (com apenas 22 anos) sobre o seu m
Muros. Daquela sala de guerra, eu podia ver somente uma fina linha do céu que sobrepujava os muros. Nunca pensei que eu, princesa Maressa, frequentaria um lugar como esse, rodeada por grandes líderes do reino. Lembro-me de ser criança e estar assentada sobre o meu pequeno trono que mandaram fazer somente para mim. Ficava a direita do trono do meu pai, que era muito maior e bem mais cheio de detalhes de ouro. Era a Cerimônia das Rosas, de todos os anos, em que festejávamos por uma semana o fim das estações. As casas humildes dos condados imitavam o castelo, todo decorado com flores nas paredes e nos portais, mas como eles não podiam cambiar tantas assim, somente decoravam as janelas com cantoneiras de jasmin, flores encontradas pelo território de nosso país. Todos vinham a morada real comer e dançar, inclusive a corte, papai fazia questão de ter o povo conosco. Diante do meu trono,
É estranho quando alguém me pergunta: "Para onde você vai?"E eu respondo:"Para casa."Eu não estou indo para casa, porque eu não moro em uma. Depois que nasci, papai comprou um apartamento em um bairro mais moderno e seguro. Ele queria me proporcionar um bom lugar para crescer. Então eu não deveria dizer "estou indo para casa", mas sim "estou indo para meu apartamento"? É tão estranho as convenções linguísticas que nós temos. Eu nunca entendi. Como quando chamamos de Doutor Samuel o vizinho que mora no andar debaixo. Ele é só médico, não tem doutorado em alguma coisa, então deveria ser chamado de Médico Samuel, não? Mamãe me manda parar com essas tolices de querer saber o porquê de todas as coisas, mas é mais forte que eu. Se eu vejo algo desconhecido, devo querer saber sua procedência, correto? Ora, vamos lá, eu sou uma criança e mereço ser curiosa!
O ar daquela noite sobrepujava o hálito da felicidade de qualquer outra. Não era muitas as vezes em que eu gostava do festins que minha avó organizava em sua fazenda, este, porém, era uma exceção. Nunca entendi porque ela não fazia suas festas na casa da cidade, visto que lá era grande o suficiente para isso. No entanto, as festas de ano novo da dona Amanda exigiam uma pompa sem igual. Era por isso que todos conheciam e vinham. Ela não economizava nas bebidas e muito menos, nas comidas. Alugava um palco pequeno para os espetáculos e shows que ocorriam o dia inteiro. Sobre as cabeças, estendia varais com luzes amareladas, o que conferia um ar mais jovial a decoração retrô de fitas velhas, fotos antigas e flores brancas. Distribuia mesas redondas com toalhas creme que arrastavam até o chão e cadeiras de metal. Tudo isso no quintal gramado nos fundos da velha casa de madeira e alvenaria.
A feirinha de domingo era tão... Radiante. As frutas e legumes coloriam o espaço improvisado na praça da cidade. Alguns pombos sobrevoavam as cabeças quando alguém brincava de espanta-los. Autofalantes emitiam vozes secas e fanhas completando o ar nostálgico de domingo. Havia dias em que caminhões com suas carrocerias cheias de mangas e laranjas estacionavam na esquina da feira e anunciavam ter vindo do "Nordeste". Queria eu saber que lugar majestoso era esse de frutas tão saborosas. A barraca do seu Zé vendia melancias vermelhas e doces. A da dona Anastácia vendia mudinhas de flores e plantas medicinais – ela era uma velhinha carrancuda e mal-humorada, o que me fez temer a jardinagem por muitos anos, pois tinha medo de me tornar tão ranzinza quanto ela. Murilo, um menino pouco mais alto e mais velho que eu e que não pesava mais que uma pena, e seu pai que eu nunca soube o nome, vendiam