Imagine um mundo sendo infectado por uma doença terrível, onde essa doença matou quase todos os seres humanos, devastando a humanidade e trazendo aquilo que consideramos o fim do mundo. Mas a verdade era que ainda não era o fim. Havia esperança, alguns poucos humanos que sobreviveram conseguiram uma cura, embora fosse tarde demais eles também descobriram como trazer pessoas de volta à vida. Emma Tales foi uma dessas pessoas, que morreu quando tinha apenas quinze anos, mas então foi trazida da morte. Embora aquele novo mundo completamente estranho fosse bem diferente do que imaginava. Assim que Emma é trazida de volta ela é levada para uma cidade aonde fica junto de outros com a mesma situação. Uma cidade repleta de mortos. Não demora muito para que Emma perceba que há algo muito errado nessa história, para que perceba que nem tudo ali funciona perfeitamente, ainda mais ao descobrir que muitos que iam até lá simplesmente sumiam sem explicações. Aos poucos ela vai descobrindo mais sobre as mentiras que rodeiam o lugar. Sobre as mentiras dos moradores. Senhora e senhores, bem-vindos a Green Lake. Ou melhor, bem-vindos a cidade dos mortos.
Leer másEscuridão a preenchia, dor e vazio, apenas vozes existiam. — Como ela está?Os ruídos brincavam e bagunçavam a sua cabeça, como se estivesse ouvindo sussurros, ela não sabia dizer se eram reais ou não.Não sabia dizer aonde que começava a realidade e aonde terminava. Sonhava com vagalumes. Brilhando e beijando sua testa, voando sobre ela.Sonhava com crianças.E principalmente com um rosto, de uma garota, loira, bela dos olhos claros, que tinha um sorriso gentil. Aquele rosto a perturbava.Mas não sabia quem era.Não sabia se a garota estava ali ou não.Mas os sussurros continuavam.— Está se recuperando, em breve poderemos soltá-la, precisarei de mais tempo até lá.A outra voz se remexeu.— Não temos muito tempo, não podem saber sobre o erro que foi trazer essa garota para cá. O homem balançou a cabeça.— Eu devo apagar as memórias dela? Não sei se isso é uma boa ideia, seu corpo está exausto pelos testes feitos. — Então não pode apagar? O homem respondeu: — As memórias ficarão
1. Acorde Alice 2. Foi apenas um sonho 3. Nem todos os contos de fadas4. Tem finais felizes 5. As vezes é melhor assim 6. Que se foda as histórias 7. Aqui é a realidade8. Não existe país das maravilhas 9. Nem sempre as coisas dão certo 10. E se fosse real 11. Alice seria louca 12. E se ela quisesse voltar?13. Talvez tenha se perdido 14. Era uma rosa branca afinal 15. Em meio a milhares de rosas vermelhas 16. Não confie nas vermelhas 17. Não deveriam existir 18. São as regras do jardim 19. Elas devem ser arrancadas 20. Isso não é um conto de fadas 21. A vida não tem final feliz22. A realidade tem suas regras23. E como no xadrez24. Precisa saber sua posição 25. Não finja ser quem não é26. Ah... mas ela não sabia seu lugar 27. Queria ficar entre os vermelhos 28. Mesmo que não pertencesse 29. Ninguém gosta de ficar sozinho 30. É a natureza humana 31. Alice foi internada 32. Não havia coelho33. Não havia uma rainha vermelha 34. Desesperada ela tentou voltar
Era mais um daqueles dias de bebedeira. Sakura chegou ao bar usando a mesma jaqueta preta surrada de sempre e cumprimentou as pessoas que conhecia com um leve aceno de cabeça. — Aonde ela está? — Perguntou assim que chegou.O responsável pelo bar fez uma careta.— De um jeito nela antes que eu dê. Sabia exatamente o que aquilo significava, com um breve suspiro a encontrou quase que desmaiada entre as cadeiras. — Vamos Mia, você não pode ficar assim. Ela resmungou.— Vai se foder, me deixa em paz.Aquele era um dia ruim. Sabia disso. Alguém havia a denunciado para seu pai. O pai de Mia era um político famoso pela cidade, mas ambos se detestavam, ela costumava dizer que ele era um canalha sem igual. Todo mundo sabia quem era seu pai no colégio, isso afastou o grupo dos garotos que as incomodavam por um tempo, mas quando foi descoberto que ambos não se davam bem isso passou a ser ignorado.Até que um deles passou a pegar pesado, Mia havia salvado Sakura dos bullying, então a guerra
Depois O cheiro da fumaça do cigarro invadiu o seu apartamento. O doce, refrescante e reconfortante cheiro do cigarro.O cheiro dela.Que um dia já havia sido algo como laranjas e chuva, uma mistura com o da irmã que cheirava a morangos e rosas, hoje não passava de cheiro de fumaça de cigarro.E de bebidas, é claro.Ela se encostou no sofá e inalou tudo, a droga da cidade, a droga da fumaça, o doce e reconfortante cheiro da merda que sua vida havia se tornado.E que grande merda.O único barulho mais irritante do que o da cidade era o da televisão. Aonde se passavam as maiores mentiras existentes. Como se o mundo estivesse voltando a ser como um dia já foi.Mas ao invés de levantar a porcaria da bunda do sofá e mudar de canal, ou para desligar a televisão que fazia sua cabeça doer — é claro que a bebida e os cigarros não tinham nada a ver com suas dores de cabeça — ela assistiu, ficou olhando a garota loira que fingia sorrir.Uma grande piada de fato, até parece que alguém iria acred
Eu sabia aonde estava antes mesmo de abrir meus olhos. O cheiro era o mesmo, algo como rosas e morangos.E havia mais um cheiro estranho também.Um muito, muito familiar.Quando abro os olhos sei quem eu vou encontrar, e lá está ela, usando um vestido de estrelas e noite, o cabelo ruivo-castanho e os olhos... Era como olhar para um espelho, como olhar para algo além de mim mesma.Eu olhava para minha irmã.Não uma alucinação, não uma imagem ficcional, não mais alguma das vozes em minha cabeça.Era minha irmã.— Acho que você gosta de fazer isso — Ela diz, as primeiras palavras dela direcionadas a mim — Gosta de roubar meu lugar.Olho para ela, os olhos vazios de sempre, a mesma casca.— Mas não importa não é mesmo? — Ela solta uma risadinha — Acho que isso foi apenas uma maneira que o universo achou de fazer piada sobre nosso passado.O passado. Quando éramos pequenas e ela matou a nossa mãe, quando fomos para o orfanato.— As coisas estão se repetindo — É a única resposta que tenho
Sakura se foi. Em todos aqueles dias ela havia mentido e enganado, havia mentido sobre ter nos seguido pela floresta, havia mentido sobre a mudança de comportamento, sobre tudo.Sakura havia nos traído.Os doutores a mandaram para matar Karen, para que pudessem eliminar a ameaça que não era mais do que um pé no saco para eles. Eles a mataram. Sakura a matou. Sakura me traiu, pela segunda vez.Traiu Green Lake.Se ela sempre esteve do lado dos doutores ou se apenas havia feito aquilo para fugir eu não sabia, e nem queria saber. Eu havia sido traída e enganada, de novo, dei tudo de mim e então fui derrubada como se eu não passasse de uma peça em um jogo de xadrez. Mas eu estava cansada. Se sou uma peça de xadrez, então alcançarei ao outro lado, sou um peão, um simples peão sem utilidade alguma, mas chegarei ao outro lado.Me tornarei rainha.E então destruirei cada peça do lado inimigo.Um por um.Uma hora. Dei a mim mesma e a Channel uma hora para ficar de luto por Karen ou até mes
A escuridão tinha olhos e ouvidos. E ela observava Channel, observava cada passo que ela dava. E o cheiro...A coisa estava sentindo o cheiro dela, o cheiro de medo que rodeava Channel, ela sentia os ossos tremerem, sentia a escuridão se deliciando dela, uma garota perdida, a garota solitária. Pobre, pobre Channel. Ela chorava agora. As lágrimas quentes descendo sobre o rosto...— Por que está chorando? — Pergunta a escuridão.— Por causa dos meus erros — Ela responde — Por causa de todas as coisas que já causei.A escuridão ri.— Bom.É a última coisa que escuta antes de ver Mary subir em cima de seu corpo e arrancar a sua garganta.A fogueira ainda crepitava quando acordei, a escuridão permanecia , as estrelas continuavam no céu e a lua ainda reinava.Mas havia algo diferente. Eu ainda estava de certa forma dormindo quando escutei os gritos na floresta, não tive tempo para pensar no que estava acontecendo, me levanto e corro até Channel que grita como se estivesse morrendo.— Está
Havia uma garotinha.Havia uma garotinha, e ela era linda, os cabelos tinham cor de brasa, ruivos de um vermelho incessante. Os olhos eram verdes, havia puxado os olhos da avó. Ela era realmente linda.Passo as mãos pelos pequenos cachos em seu cabelo, ela parece feliz.A observo brincar com uma boneca. Observo ela servir chá para seus brinquedos, cantar e depois ir dormir em sua cama.Eu a observo.E então ela acorda, seus olhos percorrem todo o local até pararem em mim, como se fosse um pedido, ela me chama:— Eu sei que você está aí — Ela diz — Venha brincar comigo.E então estou dentro do quarto dela, não sei como o reconheço, mas assim que coloco os pés no local eu sei.— Filha...Mas então o rosto dela muda.Não há mais o cabelo cor de brasas, não há mais bonecas, não há mais olhos verdes como um jardim encantado.Tudo se torna um borrão, um borrão vermelho e negro ao mesmo tempo.Até que tudo se desapareça por completo e só sobre sangue.Estava sonhando acordada, e eu sabia di
Seus sonhos estavam cheios de tormento e medo. Ele não sabia se acordaria vivo no outro dia. Não sabia se conseguiria sequer se levantar. Eles esqueciam de o alimentar, até mesmo as crianças passavam fome e choravam nos cantos de suas celas. Seus sonhos estavam cheios de sangue e morte, a cada dia que se passava ele via sua família, via eles morrendo um por um, via tudo desaparecendo e ficando mais distante... cada vez mais distante....Eles estavam sendo cada vez mais esquecidos. Deixados ali apenas para serem usados como barganha.Ninguém se importava com eles.Apenas queriam Emma e Channel.Com um pequeno suspiro ele olhou de longe Claire, deitada em sua cela em meio a aquele chão imundo, longe dele, afastada de todos. Apesar de esquecerem de alimentar os moradores, apesar de ele estar morrendo de fome e sede ele sabia que tanto ele quanto Claire eram os mais privilegiados, sabia que eram mais cuidados do que os outros.Os doutores sabiam. Eles sabiam tudo.Sabiam sobre ele e Emm