1. Era uma vez2. Uma rosa branca3. Em meio a milhares de rosas vermelhas4. Ela estava no lugar errado5. Ela não era como nós6. Significava paz e harmonia7. E as vermelhas o sangue e a destruição8. Um cisne em meio a muitos de patinhos feios9. Ela era um erro10. Não devia estar conosco11. E então ela era a luz12. A bela em meio a todas as feras13. Ela era um erro maravilhoso14. Com um balde de tinta ela nos pintou15. Nós nãoprecisamosser vermelhos16. Nós seremos rosas brancas como ela17. Seremos a harmonia e a paz18. Todos que nos viam nos confundiam com rosas brancas19. Não éramos mais rosas vermelhas20. Ela nos libertou21. Mas apesar de tudo ela nunca foi como nós22. A rosa branca nunca foi vermelha23. Ela não precisava da tinta que nos fantasiava24. É divertido brincar de ser quem não somos25. Fingir que sou alguém boa26. Fingir que sou merecedora de paz27. Eu fui fe
Quando foi que tudo começou? Dois ou três anos atrás? Meu Deus, o tempo passa rápido, a dois anos (ou três) foi quando meu mundo desabou, ou começou, chame como quiser. Foi quando eu cheguei naquele lugar terrível. Sentada em meu novo apartamento acabado dos pés á cabeça eu percebo o quanto a minha vida mudou de uma hora para a outra, em um momento eu era apenas a filha de alguém, alguém que tinha uma família carinhosa (ou não tinha, não me lembro deles, tenho poucas memórias algumas carinhosas, outras não) em outro eu estava lá, vivendo em um lugar com pessoas estranhas. E agora aqui estou, olhando pela janela as pessoas vivendo suas vidas tristes e inúteis, elas não deveriam estar vivas, eu penso enquanto bebo mais café, e é claro, tem alguém me observando, o mesmo homem vestido com o terno preto de sempre, eu normalmente gosto de me dar a satisfação de mostrar o dedo do meio quando ele está olhando com a sua cara de desprezo. Mas hoje não, hoje é um dia difícil, visto uma roupa pr
Nos meus primeiros dias conseguia sentir olhos me guiando para onde quer que eu fosse, me dizendo para onde ir, o que eu deveria fazer, deixei que aqueles olhos me guiassem e eu me lembro de como sentia que eram os olhos da minha mãe. Dela me guiando de volta. No final eu descobri que não era minha mãe.Não, nunca foi.Era...Outra pessoa.•| ⊱✿⊰ |•Havia uma escola, uma loja de roupas aonde Claire havia conseguido seu vestido e que ela não parava de tagarelar sobre ele, uma cafeteria, uma enfermaria e uma biblioteca. Era só isso.Não havia mais nada naquele lugar feito para mortos, nada daquilo me chamava atenção, nada além de uma pequena e fraca atração quando ela me disse sobre a biblioteca, não que eu fosse uma grande leitora — quer dizer, não me conheço o suficiente para afirmar isso — mas eu queria pesquisar mais a fundo para entender o que diabos estava acontecendo, a verdade era que eu apenas precisava esfriar minha cabeça, aquela confusão e ainda mais aquela raiva, raiva daque
— Olá? Você está bem?Meus olhos se abrem, e a primeira coisa que me atinge é a luz do sol brilhante, me cegando levemente, as nuvens ao redor andando e se movimentando... E havia aquela voz, me chamando.— Ah... você acordou, que bom, estava preocupada. Me viro em direção a voz, me deparando com uma bela garota de olhos verdes e cabelos escuros.— Você está bem?— O-Onde eu estou?Aquilo não parecia o lugar onde estava antes, mas espera, aonde eu estava antes? Uma lembrança vaga de uma linda biblioteca me atinge... livros... uma garota...— Aqui é o céu? — Minha voz sai tremida em desespero — Eu finalmente estou no céu?Ela sorri.— Ainda não Emma, você morreu..., mas foi trazida da volta a vida. Então não, você não está no céu, ainda.— Espera você... — Balanço a cabeça confusa — Eu vi você na floresta antes, olhando para mim.— É... era eu mesmo — Solta um sorrisinho. Penso em perguntar a ela porque parecia tão assustada, mas tenho outras coisas para perguntar primeiro.— Se esse
A água caia em meu rosto de maneira reconfortante e agradável, consigo sentir a pressão se esvaziando do meu corpo aos poucos, a sujeira da floresta indo embora, também sinto as minhas memórias se alinhando aos poucos, minha mãe, deitada e doente em uma cama dizendo para eu ser forte... ainda consigo sentir o calor da pele dela sobre a minha, mas se ela era quem estava doente por que fui eu quem morri? Não fazia sentido, será que eu peguei a doença dela enquanto a assistia adoecer? Enquanto segurava a sua mão?Será que ela também morreu?Não me lembro e não sei, provavelmente jamais saberei sobre ela, por mais que meu coração grite em desespero para encontrá-la, um passarinho fora do ninho, clamando pela sua mãe, era assim que eu me sentia, desesperada por um rosto conhecido...Eu queria ir para casa, minha verdadeira casa, seja lá aonde ela fosse.Mas ir para onde?Nada, nenhum lugar.Olho para o espelho em frente ao chuveiro, focando nas pequenas sardas mesmo que não fossem muitas, e
— Eu não quero que eles saibam!— Como você quer procurar por ela com só nós duas? Deveríamos ao menos chamar aqueles seus dois amigos... qual o nome deles mesmo? O ruivinho de óculos e o moreno.— Paul e Lian — Claire responde bufando. Não sei se Lian iria querer nos ajudar, do jeito que parecia meio afastado e esquisito, mas...— Esses mesmos — Digo balançando a cabeça — O que quero dizer é: Nós precisamos de ajuda, quanto mais gente melhor!— Você não entende Emma... eles não vão nos ajudar, eles nunca acreditariam em mim... não adianta conversar...Claire continuava a bater o pé dizendo que queria que só nós duas tentássemos procurar por Sofia, eu nem sabia como duas pré-adolescentes mortas iriam conseguir encontrar alguém que podia nem sequer estar desaparecido.Em que merda eu fui me meter?— O que você quer que a gente faça então? — Pergunto a ela desistindo, já estava achando tudo aquilo uma péssima ideia — Não é como se pudéssemos fazer muita coisa sozinhas.— Eu... eu não se
— De que cor era o cachorro?A cada passo que dou as coisas parecem mais difíceis e a cada segundo Lian me pergunta sobre a droga do cachorro que não existe.— Era... não sei não vi direito — Minto — Só ouvi sei lá uns latidos e vim ver o que era, talvez fosse coisa só da minha cabeça.Ele parece pensar a respeito. — Você não o viu então? — Pergunta.— Olha, se não acredita em mim pode ir embora, ok?Espero que ele se vire e vá, mas ele não faz isso, apenas sorri e diz:— Acredito em você.Pois não deveria. — Você realmente quer encontrar esse cachorro, né? — Pergunto, levemente irritada por ele ainda estar aqui. Lian dá de ombros.— Eu já tive um. Não preciso perguntar quando, ele tinha um antes de morrer.— Sente falta dele? — Pergunto desinteressada. Ele solta um suspiro.— Não é como se sentir falta adiantasse algo, não faz mais sentido, é um passado que não me lembro muito bem, é um passado que não posso concertar.— Queria poder pensar assim também — Digo fazendo careta.E n
— Parece que um caminhão passou por cima de você — Diz Claire enquanto limpa meu rosto com a mão, falhando miseravelmente — Eu estava preocupada, você sumiu do nada o que estava fazendo? — Procurando... pela floresta.Mentira.— Por que demorou tanto para voltar? — Me perdi com o tempo, não percebi que estava tão tarde — Minto.Ela não parece acreditar em mim, que acredite no que quiser, não vou contar o vexame que passei.— Você encontrou alguma coisa? — Pergunto — Alguém? — Não encontrei nada, e você? Eu havia encontrado alguém, mas isso não parecia relevante então apenas balanço a cabeça dizendo que não, ela se senta ao meu lado triste e decepcionada, não havia nada que pudéssemos fazer a respeito de Sofia e não havia nenhum plano para encontrar a sua amiga.Bem... eu ainda havia uma coisa.— Claire... você sabe se Sofia tinha um... talvez um diário? Ela se vira para mim, acho que se perguntando como eu sabia daquilo.— Oh sim... ela tinha um, nunca me deixava ver, usava de vez