Gostaria de agradecer a cada um que chegou até aqui e me ajudou a tornar o sonho de monetizar esse livro real. Voces são incriveís e agradeço demais todo o carinho nos comentários. Fiquem na paz, Winnie.
Meu pé quase vacilou diversas vezes enquanto eu subia a escada que dava acesso ao terraço da casa noturna. Cheguei no em cima com meus cabelos sendo levados para trás pelo vento.Antes de estar com os pés no parapeito eu segurei firme no único poste de luz que iluminava o ambiente.O vento frio ardia nas minhas bochechas.Olhei fixo para todo o movimento na cidade, por estar no centro havia muitos prédios, podia ver os carros na rua, as pessoas pareciam formigas.Me perguntava se iria me arrepender segundos antes do meu corpo colidir com o chão, ou se minha vida passaria pelos meus olhos como Ethan me disse certa vez. De qualquer modo, não teria muito para ver dos meus 20 anos.Respiro fundo.A determinação para me jogar estava esgotando, mas se eu saísse com vida daqui, May daria um jeito de me matar depois do que fiz.Não olhei mais para o chão, foquei meus olhos na lua, ela parecia linda essa noite, parecia que o céu inteiro estava pronto para me receber, guardaria aquela noite na
Ethan passava um pano úmido sobre as feridas que May deixou nas minhas costas, não havia apenas nas costas, onde quer que seu chicote tenha pegado deixou rastos de feridas por todo meu canto. Teve um momento que ela subiu a mão, então a ponta de couro atingiu minha bochecha, marcando minha face.Após eu voltar do terraço, May ordenou que Vicent arrancasse minha roupa na frente de todos, usei as mãos para cobrir meu corpo nu em completa vergonha. Então ela pegou seu temido chicote, eu gritei apenas na primeira chicotada, depois me joguei no chão em posição fetal protegendo meu rosto com as lágrimas nos olhos, pedindo que aquele inferno tivesse fim, porem como todas às vezes não teve, nenhum anjo desceu do céu para me buscar.May só parou de me bater quando Vicent pediu, depois de muito tempo.Seguro firme na borda da cama, a dor me fazia querer gritar, mas eu não tinha forças para isso. Sei que Ethan usava toda a delicadeza que tinha nas mãos, porém parecia não adiantar.— Desculpe...
As outras meninas que trabalhavam na boate não eram como eu. Algumas delas já eram prostitutas no seu país, outras eram sem-teto — como eu —, e por não terem escolhas acabaram se acostumando com essa vida, apesar das constantes humilhações o dinheiro era gordo, então elas teriam bastante quando voltassem. Uma pequena parcela delas eram naturais daqui o resto era de outros países. Maria era do Uruguai, Gisele era norte-americana, Viviane e Marta ambas eram da Colômbia, no geral havia meninas de todas as partes do mundo.O que tínhamos em comum era ter sido enganas pela mesma pessoa: May.Não havia escolhas para nós. Éramos o resto da sociedade.May ficou com raiva de mim pelo meu segundo cliente me rejeitar. Ela disse que não iria me bater por que eu era carga preciosa, enquanto meu corpo cicatrizava subiria ainda mais meu valor, me dando tempo para pensar em uma forma de escapar desse lugar.Às vezes, após as apresentações eu costumava subir no terraço, antes meus pensamentos não exis
Tocava Toxic ao fundo enquanto Gisele fazia seu show de sensualidade, ela deslizava pelo pole dance com agilidade, rebolava como se fosse invertebrada, às vezes ia até à extremidade do palco para os homens colocarem notas altas dentro de seu sutiã, às vezes até na sua calcinha. Me perguntava como ela não caía usando botas tão longas, ou se o seu cabelo molhado grudado em seu rosto não atrapalhava sua apresentação.Ethan observava o espetáculo de braços cruzados ao meu lado, olhava de relance para ele às vezes, me sentindo incomodada.Dado momento ela desceu do palco e sentou no colo de um homem estranho, só por ela ter rebolado em seu colo, ele colocou um bolo de notas no meio de seus seios. Depois ela saiu e se aproximou de nós dando uma piscadela para Ethan. Ele sorriu, por que ele tinha que sorrir?— Tem baba no canto dos seus lábios, Ethan. — Passo o dedo sobre a borda meu lábio.Ele balança a cabeça.— Não sei do que está falando.Olho para ele incrédula.— Não seja sonso.Ele vi
— Você fez o quê?! — Perguntou Ethan após eu mencionar tudo o que ocorreu na noite anterior.— Ela precisava de ajuda, eu não podia deixá-la.Ele me puxa para o canto.— Não deve confiar na Gisele, em ninguém aqui!— E em você? Devo não confiar? — Cruzo os braços.Ethan suspira e desvia o olhar, ele sempre fazia isso quando sabia que eu tinha razão.— Se eu não confiasse não o teria. — Minhas bochechas pegam fogo quando ele sorrir sutilmente de canto. — A questão é, eu só ajudei ela ontem, não estou dizendo que somos melhores amigas.Ele pensa por alguns instantes e suspira.— Certo. Se você diz.Teve uma pequena parte que não disse a ele, Gisele estava grávida de um de seus clientes, se May soubesse daria cabo dela assim como fez com Amanda.Mordo o lábio inferior.Não sabia como ela iria resolver essa questão e me sentia brava por ainda pensar em ajuda-lá, ela nunca faria isso por mim.— Tem mais algo?— Hum?— Você parece pensativa desde cedo.— Ter visto ela tão fragilizada me lem
Não conseguia concentrar sem pensar no Heitor quando subia ao terraço. Me perguntava por onde ele estava, o que fazia. Queria vê-lo mais uma vez, nunca vi ninguém com olhar tão intenso. Talvez ele não lembrasse de mim, mas eu nunca esqueceria dele.Penso em Ethan.Não falamos sobre o beijo, mas ontem depois da minha apresentação ele me puxou novamente, dessa vez foi mais demorado, as mãos dele chegaram a descer ate minha cintura, elas estavam mais frias e tremulas que as minhas, foi o momento mais quente que já vivi ate agora. Vicent apareceu estragando tudo. Fizemos como antes: fingir que nada aconteceu.Hoje Gisele faria o tal aborto, o médico viria como um cliente então faria tudo em um dos quartos. Eu sentia medo por ela, durante essas semanas parecia feliz enquanto eu pensava em todas as possibilidades de dar errado.— Finalmente te encontrei. — Gisele aparece no terraço com um cigarro entre os dedos.— Que susto, Gisele. — Levo a mão ate o peito.Ela sorrir. Entao se aproxima de
No dia seguinte, a noite anterior parecia nunca ter acontecido. Gisele tentava agir de forma natural enquanto eu não conseguia disfarçar que quase a vi morrer. Essas coisas só reforçavam que temos de fugir daqui. Não seria a última vez que isso ocorreria, mas eu prometi a mim mesma não me envolver mais, pois tenho certeza que não suportaria outra noite como a de ontem.Sua pele ainda estava pálida, assim como os lábios secos, mas ela continuava sem expressão.Ethan parecia mais preocupado que eu, ele mal prestava atenção nos copos que limpava, diversas vezes quase os deixou cair.May aparece no salão usando óculos escuros de oncinha e um vestido vermelho verniz, seu gosto era questionável. Ela olha para Gisele e puxa os óculos a altura do nariz.— Gisele, querida, você está bem?Ela assentiu depois de muito tempo.— Parece que está morta. — Olho para Ethan. — Hum! Suponho que você precisa de uma folga, trabalhou duro esses dias.Vejo Gisele serrar os dentes tencionando a mandíbula.—
May levou Gisele para o hospital após muita insistência minha, não consegui contar toda a história, mas o que disse foi suficiente para May me olhar como se quisesse nos matar. E ela iria.Não consegui fechar os olhos na noite anterior, a cama dela ainda estava suja com seu sangue, a imagem dela permanecia na minha cabeça, mal pensei no que seria de mim a partir de agora, só queria que Gisele ficasse bem. Apenas isso.As meninas pareciam não entender o que aconteceu, nem eu entendia direito também, mesmo que Gisele não aparentasse estar bem eu preferia acreditar que tudo iria se encaixar, mas não foi o que aconteceu.— Jade? — Maria me chama.— Oi? — Olho para ela.— Está bem? Estou falando com você há tempos...Passo as mãos no rosto.— Não é nada. Estou cansada, a noite foi conturbada.Ela olha para os lados.— Sabe o que aconteceu com a Gisele? — Perguntou.Só de falar em seu nome eu sentia vontade de chorar, a culpa estava me consumindo, estávamos sem notícias há horas.— Eu não s