May levou Gisele para o hospital após muita insistência minha, não consegui contar toda a história, mas o que disse foi suficiente para May me olhar como se quisesse nos matar. E ela iria.Não consegui fechar os olhos na noite anterior, a cama dela ainda estava suja com seu sangue, a imagem dela permanecia na minha cabeça, mal pensei no que seria de mim a partir de agora, só queria que Gisele ficasse bem. Apenas isso.As meninas pareciam não entender o que aconteceu, nem eu entendia direito também, mesmo que Gisele não aparentasse estar bem eu preferia acreditar que tudo iria se encaixar, mas não foi o que aconteceu.— Jade? — Maria me chama.— Oi? — Olho para ela.— Está bem? Estou falando com você há tempos...Passo as mãos no rosto.— Não é nada. Estou cansada, a noite foi conturbada.Ela olha para os lados.— Sabe o que aconteceu com a Gisele? — Perguntou.Só de falar em seu nome eu sentia vontade de chorar, a culpa estava me consumindo, estávamos sem notícias há horas.— Eu não s
— Vamos, levanta daí! — Ordenou uma voz, pareceu tão interna que pensei ser coisa da minha cabeça.A claridade fez meus olhos arderem, eu mal conseguia enxergar quem estava na porta. Senti mãos segurando em meus braços, não tive forças para reagir. Quando finalmente abri meus olhos vi Vicent, ele estava me carregando, me levando para fora daquele quarto após mais de uma semana presa.Tentei me soltar, porém, ele me domava com facilidade.— Para onde está me levando? — Perguntei.— Não faça perguntas, canário.Passamos pela porta onde ficava o quarto das meninas, depois pelo salão, estávamos indo para o escritório da May. O que eles fariam comigo agora? Terminariam o serviço, com certeza, e depois eu seria jogada no mesmo buraco que jogaram Amanda e Ethan. Ethan... diversas vezes eu o vi dentro daquele quarto imundo comigo, me dizendo que não morrera e que viria me salvar, porém, era um delírio, de certa forma foi menos doloroso.Voltei a me debater, tentei por diversas vezes socar Vic
Eu estava frente a frente com o homem que meses atrás me fez uma promessa, agora eu sentia um misto de sentimentos tristeza, felicidade, um pingo de esperança e muita raiva. Heitor me olhava como se eu fosse um bolo de notas altas, enquanto eu não decidi o que expressar. Ele não mudou desde que nós conhecemos, na verdade, atrás dessa mesa parecia ainda mais rígido, demonstrando seu poder, eu estava certa, ele não era qualquer pessoa.Meus olhos buscavam um ponto para concentrar enquanto o silêncio entre nós só aumentava.— Estou confusa. — levo a mão até a testa. — Você... me comprou?— Não foi exatamente o que aconteceu.Não conseguia me concentrar em respirar.Ele atrás dessa mesa parecia ainda mais rico, usando uma camisa social, provavelmente da Burberry enrolada até os antebraços e uma calça social preta. Eu comecei a prestar atenção no padrão de homens que iam à boate, sempre vestiam roupas de marca, o que diferia Heitor dos outros era a juventude.— Sinto muito pela demora, tiv
Acordei tendo a certeza de que não era um sonho, eu ainda estava na prisão vermelha que Sebastian me colocou.Se eu ficasse muito tempo parada pensava em Ethan, então comecei a desbravar os livros na estante do quarto, eram todos de capa dura com histórias conhecidas, nenhuma que me tirasse o foco.Finalmente abri a porta do banheiro, lá dentro tinha uma pia branca com espelho acima, vaso sanitário e uma banheiro, isso mesmo, uma banheira.Levei as mãos até os lábios.Pensei que fosse coisa de filme, porém ela estava bem ali na minha frente e o melhor de tudo: tinha água encanada. Na boate, para tomar um banho tínhamos que aparar água em um balde, May não gostava que tomássemos banho no banheiro dos quartos.Liguei a torneira dourada, a água começou a invadir a banheira. Levei a mão até debaixo da toneira, estava gelada, mas boa o suficiente para um banho.Fechei a porta do banheiro, tirei a camisola alça por alça, o tecido de seda escorregou pelo meu corpo, eu não tinha curvas para m
Enrolei o máximo que pude, não queria voltar para o quarto, aqui eu teria mais chances de fugir, porém, Marília, muito menos os seguranças não abaixaram a guarda momento algum, enquanto eu me matava de comer pão.Anna saiu da casa muitos minutos depois, eu soube porque foi quando Sebastian voltou para a sala de jantar. Ele franziu o cenho assim que me viu.— O que ela ainda faz aqui? — Perguntou para o segurança como se eu não estivesse lá.— Não queria que eu comesse, majestade?Percebo suas narinas ressaltarem.— Marília, leva a Jade pra cima, por favor.— Ainda estou comendo. — Alego.— Ainda temos o almoço, prometo a você que a comida não vai acabar. — Respondeu num tom de voz sarcástico.Reviro os olhos e levanto.Marília me escoltou de volta para o quarto, como de costume passou a chave pelo lado de fora.Sentei no sofá encarando o nada, aquela moça de mais cedo me deixou com um nó na cabeça. Era perceptível que ela e Sebastian tinham algo mais.Deito a cabeça no braço do sofá.
Sebastian não me levou para dentro, ao invés disso ele bateu a porta do carro me deixando lá sozinha, foi até um segurança e o puxou pela gola da camisa. Observei a cena inteira com lágrimas nos olhos. Ele brigando com todos enquanto apontava na minha direção, essas pessoas estavam pagando pelo que eu fiz.Ele finalmente entra. Um dos homens vem até o carro e abre a porta para mim, então me leva no colo até em casa. Sento no sofá enquanto eles pareciam atônitos procurando por algo gelado para colocar no meu tornozelo. Marília finalmente aparece com uma bolsa de gelo e coloca em cima do meu tornozelo.— Seu único trabalho era evitar que isso acontecesse, Marília! — Gritou Sebastian.Ela permanece de cabeça baixa.— Eu saio por poucos minutos e a Jade já vira a casa inteira do avesso. Como uma menina magricela como ela conseguiu ultrapassar todos vocês?! — Ele passou as mãos no rosto. — Caralho, não posso ficar longe nem por uma hora!Suspirei e olhei para o chão.Marília continuou pre
Semanas se passaram, meu pé a cada dia melhorava mais, em menos de três semanas eu já conseguia andar normalmente, em contraponto, eu poderia caminhar até o altar sozinha. Marília usou as semanas para me ensinar coisas básicas sobre etiqueta, ela era ótima nisso, acabamos nos aproximando mais por conta do tempo que passamos juntas, porém isso não impedia que ela fosse rígida quase sempre.Fazia dias que Sebastian não mandava notícias, Marília preferia não me dizer, pois, eu ficava ainda mais ansiosa.— Por que devo me preparar para isso? — Pergunto à Marília.— Noivas precisam de um vestido.— Eu nem ao menos sou uma noiva de verdade. — Observo Marília revirar os olhos. — Sebastian manda em tudo, por que ele não escolhe o meu vestido também?— A costureira trará os vestidos depois do almoço, sugiro que se apronte logo!Marília sai do quarto.Me jogo na cama fitando o teto branco, seria melhor se eu cedesse? Todas as minhas tentativas falharam, com isso, até mesmo o homem que amava mo
Os empregados saíram da sala correndo, enquanto Sebastian ainda me encarava sem nenhum pudor. Marília quase teve um infarto, vi suas mãos trêmulas.— S-senhor...Ele fez um sinal para que ela parasse de falar.— Marília, saía. — Ordenou.Balancei a cabeça disfarçadamente para ela.— Agora!Marília saiu da sala olhando para trás, quase corri com ela, porém Sebastian estava em frente a porta como uma muralha.Desci o olhar até o chão. Meu coração palpitava no peito, pedi aos céus que ele não ouvisse.Sebastian se aproximou parando em frente a mim, levantei o olhar tentando parecer confiante, estávamos a polegadas de distância, tão próximos que eu vibrei por dentro.Ele não parecia furioso como eu esperava, o meio sorriso ainda estava estampado nos seus lábios púrpura.— Sentiu minha falta? — Perguntou de forma retórica.Pisquei algumas vezes, abri a boca, mas não saiu nada, ele estava tão próximo que me deixou desconcertada.— Nem se você morresse.Sebastian balança a cabeça para os lad