MEU QUERIDO E ESTIMADO VOVÔ

— Meu avô era um velho ríspido, briguento, rabugento diria, porém era a única pessoa que sempre tive como família. Meus pais morreram quando tinha apenas 16 anos em um acidente de avião, meu avô nunca superou essa perda, ele sempre cuidou muito bem de mim, até a catástrofe de meu casamento, quando me casei o velho ficou todo feliz, quando engravidei Vovô não se aguentava de tanta alegria, até que aconteceu o triste incidente que veio a ceifar a vida de meu amado Lorenzo, e como ele não fui capaz de superar, passei dias sem sair de casa, não comia, não trabalhava, quando comecei a sair a única coisa que sabia fazer era destruir tudo à minha volta, bebia noite e dia, meu avô tentou de todas as maneiras me fazer me reerguer do fracasso que me tornei, por último veio a falência, o velho já sem controle nenhum tentou me internar, também sem êxito, meu avô já não sabia mais o que fazer nem do meu filho eu conseguia cuidar. Até que conheci o sócio do vovô. O homem mais inteligente e sagaz que já tive o prazer de conhecer, nunca vou me esquecer daquele dia, o homem me olhando e vendo o fracasso que restava de minha figura patética, me abriu um sorriso e me prometeu o mundo inteiro, que iria me ensinar como criar um grande império e que nunca mais eu iria andar de cabeça baixa, que com o tempo a dor ia passar e eu ia aprender a viver sem Lorenzo. Ali firmamos uma grande amizade que nos trouxe até os dias de hoje.

Meu avô ainda é o mesmo homem de sempre, porém sei que o velho lá no fundo da alma me ama como se fosse a primeira vez que me segurou em seus braços. Nosso grande amigo mais uma vez me ajudou. Que pena que dessa vez ele queira que eu pague um preço um pouco mais alto, já que ele deseja dar um jeito no irresponsável do filho dele. Então é isso vovô vamos marcar o bendito casamento, Oleg que se resolva com o fedelho do filho, afinal de contas essa parte não é problema meu.

— Não tenha tanta certeza, Helena.

— Bruno, você parece que não me conhece.

Ele me olhou sorrindo de alguma piada que não entendi muito bem, e continuamos nosso jantar.

Enquanto aquela noite corria para mim totalmente normal, pelo menos eu fingia para mim mesma isso, eu sabia que muitas coisas iriam mudar, ter que conviver com alguém e dividir minha vida com outra pessoa mesmo que fosse apenas uma grande mentira ainda assim me incomodava, afinal odeio ter que dividir. Estou tão acostumada a esse mundo que criei que qualquer coisa que ameace quebrar essa falsa paz que carrego me deixa inquieta. Mas, enfim não há como fugir desse tal casamento, por um breve momento me peguei olhando as mesas ao nosso redor, o restaurante estava lotado e embora estivéssemos em uma parte bem reservada ainda assim conseguia sentir as energias ao redor, as pessoas sorriam como se todas fossem tão felizes que isso me deixava com náuseas, os casais apaixonados pareciam que queriam me sufocar com aquela felicidade toda como que quisessem me mostrar que todos podiam ter direito ao amor, menos eu. Olhei para o copo de vinho à minha frente e peguei o bebendo inteiro querendo sufocar esses sentimentos que gritavam dentro de mim me rasgando a alma ao meio. Helena Sullivan você consegue mais uma vez, engole o choro e finja, afinal você sabe muito bem fazer isso.

Peguei o copo de vinho do Bruno e fiz o mesmo que havia acabado de fazer com o meu, o bebendo de uma só vez. Meu avô me olhou com sua cara de sempre muito fechado porém nada disse.

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