FELLIPO MESSINA — Senhor, o cinto por favor, o avião irá pousar. — pediu a aeromoça morena de voz melosa, enquanto me comia com os olhos. Não disse nada apenas fiz o que pediu. Olhei pela janela do meu avião vi lá em baixo, não tão longe agora, a grande cidade do Rio de Janeiro. Minha vida ia muito bem na Itália, a máfia mais poderosa do que nunca, tenho 38 anos agora, e já há 13 anos venho fazendo avanços maiores que qualquer Capo que tenha passado por ela conseguiu. Alianças e novos negócios, as empresas de fachada só cresciam na Europa e Américas. Desde os meus 9 anos não venho ao Brasil, sem lembranças ruins ou boas desse lugar simplesmente não sinto falta da minha terra natal. Estou no Rio a trabalho a sede do país estava tendo problemas, possíveis desvios grandes para contas particulares, Rafael Marques, gerente da filial me deixou a par desse assunto. Fiquei puto e resolvi vir pessoalmente resolver esse problema, civilizadamente ou com um buraco na testa do fil
FELLIPO MESSINA — Paga logo. — Insistiu. Não movi um músculo, continuei parado com as mãos nos bolsos, encarando a figura friamente e com curiosidade, queria ver até onde ele se atreveria a ir. Acho que o garoto estava mesmo com pressa. Mas a forma que falou comigo, eu não gostei e não posso deixar passar fácil. Saí do meu lugar e me aproximei, baixei um pouco a cabeça para mira-lo bem nos olhos. — Saia da minha sala agora. — Rangi os dentes furioso deixando as palavras saírem pausadamente, para não correr o risco que não fosse claro o suficiente. — Não enquanto não me der o dinheiro. Disseram que você pagaria aqui. — Explicou devolvendo meu tom raivoso. Abri a boca pra retrucar mais com aquele garoto quase morto, porém a porta foi aberta novamente de forma brusca, assustando a nós dois, uma mulher loira alta e bonita, entrou rapidamente sendo seguida por um segurança da empresa, nos crachás estava escrito: Hugo Muniz e Sara Araújo. — Senhor Messina... — ela disse resp
KESIA MUNIZ Se passaram cinco anos desde aquele dia, as vezes ainda tenho pesadelos, apesar das feridas físicas terem sido cicatrizadas, a mental nunca irá, por sorte, existem pessoas maravilhosas na minha vida que ajudam a amenizar a dor. — Mamãe. Mamãe acorda logo. — Sou acordada com uma chuva de beijinhos molhados. Sorrio e abro os olhos. Meu filho lindo e amado é tudo para mim. — Você acaba de despertar o monstro da cosquinha! — joguei ele na cama e fiz cocegas, o menino riu muito. — Mamãe me ajuda! Ri junto observando seu rostinho rosado por causa das risadas, cabelo bagunçados, me fez lembrar que quando pensei em desistir, fui salva de mim mesma. Levantamos juntos e fomos tomar banho. O arrumei para ir à escolinha, com ele sempre tagarelando sobre seus amiguinhos. Vesti calça jeans preta e a farda do restaurante. Desde aquele dia, sou ainda mais fechada, faço de tudo para ser invisível, cortei o cabelo bem curto, nunca mais o deixei crescer, me fazialembra a
FELLIPO MESSINA Essa era minha primeira oportunidade de chegar mais perto dela. Kesia Muniz. Essa garota não saia da minha cabeça, estava ficando louco. Tive que vê-la de novo, só a olhar nas telas não era suficiente, aguentei por uma semana, acompanhando de longe no trabalho, em casa, toda sua rotina. Ver o quanto ela é diferente de todas que já cruzaram meu caminho, me deixa mais instigado para desvenda-la e tê-la para mim. Não é segredo que o diferente chama mais atenção, é como um manjar dos deuses. E agora estar aqui na minha frente, prestes a ir embora de moto no meio de uma tempestade violenta. Não posso deixar. — Você não vai sair daqui. —Segurei seu pulso fino para provar que não estava blefando, ela tentou puxar, mas não soltei, a mesma lançou um olhar mortal. Não me intimidou, pelo contrário, despertou meu tesão, ela deve ser fogo na cama, uma diaba. Encarei seus lindos olhos azuis, o boné cobria o cabelo castanho. Foi tudo muito rápido, enquanto estud
KESIA MUNIZ Onde estava com a cabeça quando fui parar aqui dentro da sala desse homem? Vim porquê tive medo, está chovendo muito, então... — E quem é você? — Devolveu minha pergunta. Distraída me culpando internamente e procurando motivos para ter vindo, ouvir a voz dele foi um susto. — Ninguém. — Dei um sorriso sem mostrar os dentes, o mesmo franziu o senho. — Mentirosa. Se vamos ficar dentro dessa sala até a tempestade passar, precisamos falar de algo, que seja sobre você. — Insistiu cruzando as pernas e tomando o último gole do uísque. Quem disse que eu vou ficar? — Quis dizer ninguém que possa lhe interessar. — Expliquei sem querer me aprofundar. — É casada? — Insistiu nas perguntas. — Não sou e nunca vou ser. — Rodei na cadeira giratória enquanto o ouvia gargalhar alto. Contei uma piada? — Nunca é uma palavra muito forte. Permaneci séria e levantei, decidida a acabar de vez com aquele conversa estranha e patética, vou embora agora e ninguém vai impedir.
KESIA MUNIZ O ignorei e dirigi para fora do estacionamento. Quando sai na rua, acelerei, fingindo que ele não estava ali. Mas podia sentir minha pele queimando sob seu olhar felino. — Você gosta de carros? — perguntou tentando puxar assunto, o ignorei e concentrei na avenida pouco movimentada. — Não vai... Fellipo ia começar a falar de novo, mexi num botão e uma música que eu não conhecia começou a tocar, aumentei bastante o volume, assim não ouviria sua voz. Olhei de relance e o vi me encarando, levantei uma sobrancelha e voltei a atenção para frente. A viagem foi feita toda em silêncio, a não ser pelas músicas aleatórias que tocava. Eu dirigia o mais rápido possível para sair logo de perto dele, mas a chuva não facilitava tanto. Quase dez da noite cheguei em casa. Desliguei o motor. O que faço agora? Não vou agradecer. Afinal, ele me forçou a isso. Abri a porta do carro e simplesmente sai. Não sou obrigada a ser gentil com uma pessoa que me machucou fisicamente
KESIA MUNIZ — Ele disse que está com o que você procura. — é claro que está. Meu sorriso murchou na hora. Franzi a testa e olhei para o meu irmão que observava de longe. Por que Deus? Será que joguei pedra na Cruz? Olhei para a porta da rua e depois para a do elevador, eu poderia ir embora facilmente sem ter que estar na presença daquele homem outra vez. Me forcei a olhar para o outro lado, eu definitivamente precisava do meu pertence! Não podia deixar de busca-lo, além de ter sido muito caro e está fora de questão comprar outro agora, também não posso receber uma multa por andar sem o mesmo. Gemi baixinho sendo sugada pela razão. Marchei para o elevador mais zangada, apertei o botão do último andar, quando as portas estavam se fechando Hugo apareceu e gritou: — Você não pode ir nesse. É exclusivo do chefe e dos sócios! Sorri para ele dando tchauzinho, ainda o vi balançar a cabeça pela fresta que sobrou e depois se fechou. Não queria admitir, mas o nervosismo era
KESIA MUNIZ Depois daquele dia e nos dias seguintes, ele começou a pedir comida sempre. Eu suspeitava seriamente que não me mandavam por acaso, alguém aqui no restaurante recebia para fazer essa sabotagem comigo, pois era sempre a escalada a ir deixar no escritório do poderoso chefão. O mesmo tentava puxar assunto comigo, mas eu não dava brecha, inventava alguma coisa e ia embora. A coisa boa de ir lá era que eu via a Flávia, nós estávamos nos tornando boas colegas. Descobri que ela e o marido são novos na cidade e moram perto da minha casa. Angelo e Luana, a filha dela estudavam na mesma sala por coincidência. ◆ ◆ ◆ Era noite de sexta e a Tati tentava me arrastar para uma festa. — Oh amiga vamos por favor. Não é todo dia que eu completo 25 anos. Por favor... — ela implorou com os olhos minando lágrimas. Sério que ela iria chorar? — Tati eu não posso, tenho meu filho. Kesia! Para de botar a culpa no Ângelo, sei muito bem que tem pessoas que cuidam dele. — Acusou mago