CEO Mafioso obcecado pela mãe solteira
CEO Mafioso obcecado pela mãe solteira
Por: Maya Green
PRÓLOGO

— Kesia! — meu pai grita surpreso quando saio correndo da academia queimando em fúria.

O mesmo não me deixou participar de uma luta que aconteceria no próximo mês. Minha oponente é um pouco mais velha que eu, porém

temos o mesmo peso e habilidades.

Somos do Rio de Janeiro-RJ. O negócio da família é uma academia de MMA, meu pai treina seus lutadores aqui, e consequentemente, eu e mais 3 irmãos fazemos parte desse meio: Valentim (meu irmão gêmeo), Hugo, Roger o mais velho.

Moramos no andar acima da academia. Nossa mãe foi embora assim que nós gêmeos nascemos. Ela nunca me fez nenhuma falta, meu pai e meus irmãos sempre foram o suficiente para preencher minha vida.

Por volta das nove da noite, os carros iam e vinham por uma das muitas vias movimentadas da grande capital carioca. E eu marchava

decidida rumo a casa do tio Oswaldo, para pedir seu auxílio.

Vestindo uma bermuda de malha e camiseta, ambos pretos, tênis esportivo, trança boxeadora com duas pontas (Hugo as fez). A pele avermelhada do rosto coberto por uma fina camada de suor pelo esforço físico feito há pouco.

Me peguei olhando para os próprios pés em movimento enquanto caminhava tranquila pela calçada, submersa em meus pensamentos, naquele ano iniciei no ensino médio.

Não era tanto como as outras meninas (exceto fisicamente, é claro, acredito que muitas delas não pensavam ou faziam o mesmo que eu), nem

bonita e nem feia, só o básico para não espantar ninguém.

Tinha zero amigos na escola, somente meu irmão gêmeo andava comigo às vezes, sou péssima com amizades. Nunca tive namorados.

Adoro passar meus dias treinando, ficando em boa forma física, aprendendo todo tipo de artes marciais. Serei uma grande lutadora conhecida no mundo todo como meu pai um dia foi, ele agora está aposentado, mas já deixou um legado incrível para trás.

Meu jeito é de moleca, fui criada no meio de quatro homens sem ter qualquer influência de figura feminina.

Quando entrei em uma rua meio escura, não senti medo, a casa era à duas quadras, nunca me aconteceu nada durante anos, já fiz esse caminho mais vezes que posso lembrar, em vários horários diferentes, todos por ali

conheciam eu e a minha família.

Infelizmente, algo estranho fez minha coragem começar a desmoronar: havia um carro atrás de mim com uma velocidade incrivelmente lenta, acompanhando meus passos.

O corpo suou frio, coração saltitou no peito.

Sem condições de continuar a andar normalmente e esperar saírem do carro para me pegar ou seja lá quais fossem as intenções do(a) motorista.

Sem pensar mais, comecei a correr, evitando olhar para trás.

Não sei onde estava com a cabeça quando pensei que conseguiria ir mais longe que um carro, quanto mais eu corria, mais ele acelerava em minha direção. Naquele momento, tive a certeza assustadora de estar mesmo sendo seguida.

Minhas pernas protestaram em resposta as horas de treino que fizera mais cedo naquele dia, sem ter comido algo ou descansado depois.

Em um ato desesperado, larguei a mochila (com algumas roupas, pretendia dormir na casa do meu tio) no chão para conseguir correr mais

rápido e com sorte fugir da vista do perseguidor.

Olhava em volta na esperança de ver, literalmente, uma luz, que fosse de casas ou qualquer coisa onde tivesse gente, mas em vão. Aquele era um atalho que eu costumava pegar, um pequeno espaço entre dois grandes prédios sem janelas ou portas.

A única chance era alguém passar e me ver.

Mas nada disso aconteceu, ninguém apareceu para ajudar, acabei sendo encurralada com o carro de um jeito que se me mexesse viraria tinta

de parede, os faróis ligados do carro azul impediam de ver qualquer coisa a minha volta.

— Por que tentou fugir de mim ragazza? — uma voz estridente soou do lado.

Era um homem, com sotaque estrangeiro.

Meu sangue gelou na veia, fiquei tensa e o medo que sentia me dominava, não tive coragem de virar e olhar para o sujeito o deixando sem

resposta.

Senti um arrepio ruim de alerta pinicar cada poro meu.

Sem pensar, virei e lhe acertei um soco, o mais forte que pude, mirei o queixo e acertei o pescoço por causa da diferença de altura, ele não se

moveu, sem ser atingido o suficiente.

O homem gargalhou, parecia se divertir muito com a situação.

— Ah péssima escolha. Até cogitei a ideia de te deixar ir. Mas vi que é uma menina malvada. Merece punições.

Sem que eu pudesse fugir, o desconhecido me agarrou. Seus braços cobertos com uma jaqueta fria de couro preta, pareciam como os oito

tentáculos de um maldito e pegajoso polvo, grudando em mim sem soltar mais.

Minha respiração saia rápida e entre cortada, parecia queimar tudo dentro de mim. Quando fui puxada para dentro do carro com selvageria, arregalei os olhos apavorada e tudo que eu sentia dentro de mim triplicou.

— Pai! — clamei a plenos pulmões. — Socorro! Alguém me ajuda! Socorro! — minha expressão era puro terror.

— Shiu. Ninguém te ouvirá. — A voz era um sussurro grotesco carregado de ameaças, quando vi, estava presa no cinto de segurança.

Meu Deus me ajuda, me ajuda por favor.

Ele tentava fechar a porta, mas eu não deixava, batia o pé nela com toda minha força. Lutaria até onde pudesse.

— Eu vou embora! Seu desgraçado! — gritei esmurrando-o.

O fato de não conseguir pará-lo me deixava em alerta máximo!

— Não queria fazer isso. Mas você me obrigou. — Informou calmo e depois só senti uma dor absurda na cabeça e mais nada.

◆ ◆ ◆

Acordei sentindo muito frio.

Já tinha notado estar no chão, porém, para minha surpresa, não fui amarrada. Tentei ficar de pé, mas uma pontada na cabeça impediu.

Olhei em volta, me achava em um lugar abafado, parecia ser apenas um cômodo. Sem janelas. De primeira nem uma porta localizei, pisquei um pouco e procurei melhor, a vendo da mesma cor da parede amarelada. O piso era sujo de madeira podre, um odor fétido exalava pelo ambiente.

Despois que o incômodo intenso melhorou, levantei com cuidado. Observei a minha volta mais uma vez, notando apenas um colchão velho manchado em um canto.

— Que bom que acordou, estava ficando preocupado de ter exagerado um pouco na abordagem. — Ouvi a voz estridente dizer.

Tremi em resposta as suas palavras.

— Deixa eu ir embora... Por favor. Nunca contarei sobre isso para ninguém! — murmurei baixo por causa do nó que havia na garganta. — Moço pelo amor de Deus me deixa ir, não me machuca por favor...

As lágrimas começavam a se manifestar, tentei colocar a mão com força na frente da boca para abafar o som, temendo irrita-lo mais. Porém, logo meu corpo inteiro tremia em um choro compulsivo e amargo.

A sombra estava parada, ainda próximo a porta recém trancada. E eu o olhava por entre as lágrimas turvas, tentando buscar qualquer traço de humanidade que existisse nele ou algum sinal de que iria me atacar.

De pé encostada em um dos cantos do casabre, com as costas pressionadas com força contra a parede, como se quisesse me fundir a ela ou atravessa-la, tive o pensamento bobo de como salvaria minha vida se o pudesse fazer.

— Não chore amore... — sussurrou se aproximando.

Sabia e temia o que iria acontecer agora.

Fiquei petrificada, sem saber como agir, entrando em estado de choque, pânico total.

Mesmo com meu tempo de treinamento em um ringue, nunca precisei antes me defender de verdade.

Ele chegou mais perto, me encolhi involuntariamente. O sujeito cheirou meu cabelo agarrando minhas tranças em seguida, fui surpreendida com um puxão forte nas duas pontas, forçando um olhar nos olhos que brilhavam de ódio puro.

Só conseguia implorar para que meu pai ou meus irmãos estivessem ali para me salvar.

— Você é até bonitinha, pena que é culpada por tudo! — esbravejou parecendo distante.

Apertou mais as tranças, fazendo o couro cabeludo latejar.

— Sua vadia desgraçada! Minha vida está arruinada por sua causa! — gritou alto e bateu minha cabeça na parede forte. Muito forte.

Senti que iria perder a consciência a qualquer segundo, ele repetiu o golpe uma, duas, três.... e mais vezes do que pude contar. Enquanto isso, gritava, sempre me culpando por algo, que eu não entendia e mesmo que quisesse, o zumbido dentro da minha cabeça me impedia de pensar com clareza, o sangue ensopava todo o couro cabeludo.

— Você vai pagar por tudo que fez comigo! — determinado soltou, finalmente, meu cabelo.

Sem conseguir me manter sobre as pernas, fui ao chão, deixando meu corpo descansar no piso com um baque surdo.

Não enxergava nada, talvez as pancadas tivessem me cegado. A dor era dilacerante, parecia que o cérebro estava sendo arrancado do crânio.

Senti com mais desespero ainda, se fosse possível, minha bermuda e calcinha serem puxadas juntas, a madeira fria e suja entrou em contato com a pele sensível da minha bunda.

Nesse momento todos os órgãos do meu corpo trabalharam a todo vapor: O sangue parecia querer romper a pele; coração implorando para sair do peito e os pulmões ardiam.

A mente pelo menos estava em branco, em paz.

Gritei ainda, na esperança que alguém ouvisse, fiz isso até minha voz sumir.

As lágrimas molhavam meu rosto. Os soluços foram ficando mais baixos, fui cansando de lutar, tudo era inútil, minhas chances de sair viva dessa, eram nulas.

Se eu tivesse ouvido meu pai...

Foram os três piores dias da minha vida.

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