Presa na tempestade.

FELLIPO MESSINA

Essa era minha primeira oportunidade de chegar mais perto dela.

Kesia Muniz. Essa garota não saia da minha cabeça, estava ficando louco.

Tive que vê-la de novo, só a olhar nas telas não era suficiente, aguentei por uma semana, acompanhando de longe no trabalho, em casa,

toda sua rotina.

Ver o quanto ela é diferente de todas que já cruzaram meu caminho, me deixa mais instigado para desvenda-la e tê-la para mim. Não é segredo que o diferente chama mais atenção, é como um manjar dos deuses.

E agora estar aqui na minha frente, prestes a ir embora de moto no meio de uma tempestade violenta.

Não posso deixar.

— Você não vai sair daqui. —Segurei seu pulso fino para provar que não estava blefando, ela tentou puxar, mas não soltei, a mesma lançou um olhar mortal. Não me intimidou, pelo contrário, despertou meu tesão, ela deve ser fogo na cama, uma diaba.

Encarei seus lindos olhos azuis, o boné cobria o cabelo castanho.

Foi tudo muito rápido, enquanto estudava todos seus detalhes, mal pude piscar e o punho solto dela veio de encontro ao meu rosto. Dei graças

aos treinamentos pesados na escola militar e em casa com meu pai, se não fosse por isso, a garota teria me acertado.

Segurei rapidamente seu punho, dei um aperto forte fitando seus olhos cheios de fúria, até ouvir um grunhido de dor saindo de seus lábios pequenos.

— Me solta seu desgraçado! — ela berrou tentando se soltar, me socando no peito com a outra mão.

Sei que ela pratica artes maciais, tem boa forma física, treinada desde de criança pelo meu futuro sogro.

Segurei os dois braços dela para trás com facilidade, a imobilizando, deixando ela quietinha. Sentindo dor, foi obrigada a parar, e o brilho de

raiva só aumentava.

Aproximei lentamente do seu rosto, o cheiro se parecia com mel ou flor de laranja, sendo agora meu favorito no mundo inteiro.

Nossos rostos e corpos a centímetros. A tensão era palpável.

Por ela ser mais baixa, precisei inclinar um pouco a cabeça.

— Você não vai embora. — Afirmei novamente com os olhos presos nos seus.

A cada hora sinto mais desejo, meu corpo chama pelo dela, o coração a reconhece como minha.

— Está muito perigoso lá fora para uma mocinha como você. — Caçoei.

— Não preciso da sua preocupação.

— Não estou preocupado. — Menti.

— Me deixa ir ou vou chamar a polícia. — Ameaçou, se debatendo.

A mantive presa com uma mão só e usei a outra para fazer o que tanto queria, sem dar importância para a ameaça, toquei suas bochechas com os nós dos dedos, procurei saber da textura dos lábios, eram exatamente como pensei, macios como pétalas de flores.

Quase não me contive a beija-la ali mesmo.

— Para com isso. Me solta! — esbravejou, tive que usar minha mão para tapar sua boca.

— Prefiro você de boca fechada. — Sussurrei em seu ouvido.

Senti o corpo dela ficar tenso e rígido.Levantei a cabeça e encarei a recepcionista, ela contemplava tudo com atenção.

— Não quero ouvir uma palavra sobre isso rondando por aí. Ou você vai para o olho da rua, ou coisa pior. — A ameacei, a mulher ficou branca como papel.

— S-sim senhor.

— Agora sai. — Ordenei apontando duramente para a porta.

Arregalou os olhos incrédula.

— Mas senhor está chovendo muito e...

— Foda-se. Vaza! — gritei.

— Vou chamar um taxi.

— Faça o que quiser. — disse alto.

Ela concordou freneticamente e passou quase correndo por nós.

Virei a cabeça para minha garota. Enfim, a sós.

— Agora somos só eu e você. — Em resposta, ela mordeu minha mão muito forte, puxei e seus dentes estavam marcados na pele.

— Vou embora! Você não pode me prender aqui!

Estalei a língua com deboche.

— Posso e ninguém vai me impedir. Acredite. — declarei sério em seguida a empurrei elevador a dentro.

— Me solta! — começou a gritar e lutar.

— Calma Kesia. Não vou te machucar. — Afirmei sincero.

Ela me fitou com um pouco de medo, ninguém é de ferro não é mesmo?

— Quem me garante que não é um maníaco estuprador?

Kesia caminhou para trás até estar com a costas coladas no fundo.

Fiquei onde estava, era visível que a mesma se achava assustada. Eu não sou um monstro, só não tenho paciência para perder tempo tentando conquista-la de um jeito normal.

— Só quero conversar com você. Te conhecer melhor.

— Mas eu não quero.

— Isso está fora de questão. Preciso de companhia.

— Por que não chamou a loira?

— Ela não faz meu tipo. — O elevador abriu no último andar.

— E eu não faço o de ninguém. — Engano seu.

Dei um passo para puxa-la, ela levantou as mãos afastando-se.— Não me toque se quer continuar com suas bolas.

— Tudo bem. Me siga.

Sai do elevador vendo-a me seguir, caminhamos em direção a minha sala, abri a porta a deixando passar primeiro, o que fez, mas não sem lançar um olhar penetrante que fez meu amigo lá em baixo acordar animado.

Kesia entrou observando o ambiente, sem que eu mandasse, se jogou de qualquer jeito na minha cadeira de couro atrás da mesa.

Abusada.

Quanto mais conhecia dela, mais louco ficava.

Colocou os pés calçados com botas em cima da minha mesa.

Extremamente abusada.

Ela me encarou de novo, queria pedir para não me olhar assim, na cabeça só se passava a minha imagem fodendo-a com força em cima desse móvel.

— Tem alguma coisa pra beber aqui?

Não respondi. Apenas caminhei para a adega.

— Álcool ou água? — perguntei sem virar.

— Uísque. — Foi especifica.

Escolhi o mais caro e despejei o líquido âmbar em dois copos acrescentei gelo, segui até a mesa e sentei na cadeira em sua frente.

Ela tinha tirado o boné, proporcionando uma visão melhor do seu lindo rostinho.

Deslisei o copo pela mesa para que o pegasse, ela o fez e tomou um longo gole. Imitei seu gesto.

Em momento algum me olhava, preferindo mirar na parede de vidro com uma bela vista da cidade aqui de cima.

Ficamos em silêncio, apenas bebendo. Eu observava cada movimento seu, mesmo sem fazer nada para me seduzir, estava mais determinado em tê-la. Nunca passei tanto tempo com uma mulher sem tranzar. De onde eu

vim, o mundo gira em torno de sexo e dinheiro, e com ela podia sentir que algo diferente ia acontecer.

— Quem é você? - Fui pego de surpresa, ao menos estava curiosa sobre mim, pena que não posso responder sinceramente.

Me ajeitei na cadeira e a encarei.

— Meu nome você já sabe. Sou dono dessa Construtora, e outras mais pelo mundo, moro na Itália. — Apenas omiti a parte que também sou um mafioso.

— Italiano? — ela tirou os pés da mesa e rodou na cadeira.

— Brasileiro, nascido nessa cidade. Mas passei pouco tempo por aqui.

— Casado? — sorri internamente.

— Em breve. — Ela parou de rodar e me olhou sem expressão.

— Noivo então?

— Digamos que sim. — Respondi me divertindo.

Se ela perguntasse mais um pouco, revelaria minha noiva.

— Felicidades.

Ela ficou em silêncio e pôs novamente os pés na mesa. Retornando a beber o pouco uísque que sobrou.

Seu rosto demonstrava várias emoções, como uma luta interna. Isso é bom, quer dizer que consegui despertar algum sentimento dela, nem que seja a raiva.

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