KESIA MESSINA —Oi maninho. Ele fechou a porta atrás de si. Ergui uma sobrancelha. —O que é Hugo? —Seu marido matou uma pessoa hoje. — Proferiu. Por isso ele chegou tarde em casa. Fiquei muda sem saber o que dizer. —Kesia. Larga esse cara. — Implorou. Ignorando seu pedido, dei a volta, passando por ele, abri a porta e chamei Frances para entrar, o mesmo preferiu ficar do lado de fora. Entrei, e ouvi os passos pesados do meu irmão me seguindo. Na sala, todo mundo encontravam-se sentados e conversando. — Boa noite família. Todo mundo respondeu “boa noite” com um sorriso largo. Me acomodei entre eles. — E aí? Cadê o Angelo? E seu boy? — Fran perguntou interessada.— Ficaram em casa. — Quer comer alguma coisa? — meu pai quis saber. — Não. Estou de saída. Só vim me despedir de vocês. — Falei de um vez, sem rodeios. A reação foi a esperada, todos na sala me olharam, Hugo que ia passando parou. — Mas já? Não foram nem dois dias. — Tati reclamou cruzando os
KESIA MESSINA — O Angelo adora você. Vai dar tudo certo. E agora vamos, que eu odeio suspense. — Caminhei para fora puxando ele pela mão. Fellipo me seguiu. Angelo e Doris não os vimos, devem estar assistindo. Escolheu uma Lamborghini Urus, amarela. O caminho até o lugar desconhecido, não foi longo. Logo o carro esportivo parou em frente a um clube de boxe, o prédio era enorme. — O que vamos fazer aqui? — perguntei intrigada. — Desce. — Mandou e eu o fiz. O estacionamento estava lotado, o que significava que uma luta acontecia agora. Entramos e eu me senti totalmente arrependida de escolher esse vestido. Fellipo colocou a mão na base da minha coluna me conduzindo para dentro. O estranho é que ele entrou sem passar pela portaria. Chegamos direto em frente a uma porta acolchoada. Achei que fossemos assistir a luta. Fellipo entrou sem bater, e o homem ruivo sentado fumando não se assustou. Ele era bem alto, musculoso, bastante tatuado. Levantou da cadeira a
KESIA MESSINA TRÊS ANOS DEPOIS: —E o cinturão de ouro pertence a... Kesia Messina! — o árbitro levantou meu braço. A multidão vibrou junto comigo, anestesiada pela conquista. Na categoria peso-mosca eu era a terceira melhor do mundo! Estávamos em New York. Eu, Fellipo, Angelo, e nossa pequena Pietra de dois anos. Olhei para os três no camarote, Pietra no colo do pai e o Angelo aplaudindo de pé. Frances estava ao lado deles. O cinturão foi entregue a mim e eu segurei com força. Eu consegui. O levantei bem alto e a plateia gritou eufórica. Eu, literalmente, lutei muito para chegar aqui, não foi nada fácil. Minha oponente era ninguém menos que a francesa Manon Fiorot. Também foi difícil quando minha menina nasceu, eu tinha que dividir meu tempo entre meus filhos, marido e trabalho. Porém, com jeitinho consegui encaixar tudo. Doris me ajudou muito, sempre que eu e Fellipo precisávamos viajar, era ela quem cuidava das crianças. Desci do ringue e fui recebida pelos me
— Kesia! — meu pai grita surpreso quando saio correndo da academia queimando em fúria. O mesmo não me deixou participar de uma luta que aconteceria no próximo mês. Minha oponente é um pouco mais velha que eu, porémtemos o mesmo peso e habilidades. Somos do Rio de Janeiro-RJ. O negócio da família é uma academia de MMA, meu pai treina seus lutadores aqui, e consequentemente, eu e mais 3 irmãos fazemos parte desse meio: Valentim (meu irmão gêmeo), Hugo, Roger o mais velho. Moramos no andar acima da academia. Nossa mãe foi embora assim que nós gêmeos nascemos. Ela nunca me fez nenhuma falta, meu pai e meus irmãos sempre foram o suficiente para preencher minha vida. Por volta das nove da noite, os carros iam e vinham por uma das muitas vias movimentadas da grande capital carioca. E eu marchava decidida rumo a casa do tio Oswaldo, para pedir seu auxílio. Vestindo uma bermuda de malha e camiseta, ambos pretos, tênis esportivo, trança boxeadora com duas pontas (Hugo as fez). A pele
FELLIPO MESSINA — Senhor, o cinto por favor, o avião irá pousar. — pediu a aeromoça morena de voz melosa, enquanto me comia com os olhos. Não disse nada apenas fiz o que pediu. Olhei pela janela do meu avião vi lá em baixo, não tão longe agora, a grande cidade do Rio de Janeiro. Minha vida ia muito bem na Itália, a máfia mais poderosa do que nunca, tenho 38 anos agora, e já há 13 anos venho fazendo avanços maiores que qualquer Capo que tenha passado por ela conseguiu. Alianças e novos negócios, as empresas de fachada só cresciam na Europa e Américas. Desde os meus 9 anos não venho ao Brasil, sem lembranças ruins ou boas desse lugar simplesmente não sinto falta da minha terra natal. Estou no Rio a trabalho a sede do país estava tendo problemas, possíveis desvios grandes para contas particulares, Rafael Marques, gerente da filial me deixou a par desse assunto. Fiquei puto e resolvi vir pessoalmente resolver esse problema, civilizadamente ou com um buraco na testa do fil
FELLIPO MESSINA — Paga logo. — Insistiu. Não movi um músculo, continuei parado com as mãos nos bolsos, encarando a figura friamente e com curiosidade, queria ver até onde ele se atreveria a ir. Acho que o garoto estava mesmo com pressa. Mas a forma que falou comigo, eu não gostei e não posso deixar passar fácil. Saí do meu lugar e me aproximei, baixei um pouco a cabeça para mira-lo bem nos olhos. — Saia da minha sala agora. — Rangi os dentes furioso deixando as palavras saírem pausadamente, para não correr o risco que não fosse claro o suficiente. — Não enquanto não me der o dinheiro. Disseram que você pagaria aqui. — Explicou devolvendo meu tom raivoso. Abri a boca pra retrucar mais com aquele garoto quase morto, porém a porta foi aberta novamente de forma brusca, assustando a nós dois, uma mulher loira alta e bonita, entrou rapidamente sendo seguida por um segurança da empresa, nos crachás estava escrito: Hugo Muniz e Sara Araújo. — Senhor Messina... — ela disse resp
KESIA MUNIZ Se passaram cinco anos desde aquele dia, as vezes ainda tenho pesadelos, apesar das feridas físicas terem sido cicatrizadas, a mental nunca irá, por sorte, existem pessoas maravilhosas na minha vida que ajudam a amenizar a dor. — Mamãe. Mamãe acorda logo. — Sou acordada com uma chuva de beijinhos molhados. Sorrio e abro os olhos. Meu filho lindo e amado é tudo para mim. — Você acaba de despertar o monstro da cosquinha! — joguei ele na cama e fiz cocegas, o menino riu muito. — Mamãe me ajuda! Ri junto observando seu rostinho rosado por causa das risadas, cabelo bagunçados, me fez lembrar que quando pensei em desistir, fui salva de mim mesma. Levantamos juntos e fomos tomar banho. O arrumei para ir à escolinha, com ele sempre tagarelando sobre seus amiguinhos. Vesti calça jeans preta e a farda do restaurante. Desde aquele dia, sou ainda mais fechada, faço de tudo para ser invisível, cortei o cabelo bem curto, nunca mais o deixei crescer, me fazialembra a
FELLIPO MESSINA Essa era minha primeira oportunidade de chegar mais perto dela. Kesia Muniz. Essa garota não saia da minha cabeça, estava ficando louco. Tive que vê-la de novo, só a olhar nas telas não era suficiente, aguentei por uma semana, acompanhando de longe no trabalho, em casa, toda sua rotina. Ver o quanto ela é diferente de todas que já cruzaram meu caminho, me deixa mais instigado para desvenda-la e tê-la para mim. Não é segredo que o diferente chama mais atenção, é como um manjar dos deuses. E agora estar aqui na minha frente, prestes a ir embora de moto no meio de uma tempestade violenta. Não posso deixar. — Você não vai sair daqui. —Segurei seu pulso fino para provar que não estava blefando, ela tentou puxar, mas não soltei, a mesma lançou um olhar mortal. Não me intimidou, pelo contrário, despertou meu tesão, ela deve ser fogo na cama, uma diaba. Encarei seus lindos olhos azuis, o boné cobria o cabelo castanho. Foi tudo muito rápido, enquanto estud