Capítulo 01

Aisha Johnson.

Nova Iorque 07h:00 AM Dias atuais.

— Não! Não! Papai!

Desperto de um terrível pesadelo com meus próprios gritos de pânico. Sento-me na cama de supetão, analisando cautelosa os quatro cantos do meu quarto em busca dos assassinos que tanto me assombram.

O suor que escorria em meu rosto não era capaz de esconder o quanto isso me dominava e estava cada dia pior me deitar e dormir.

— Shii, calma foi só um pesadelo. — Alice me abraça apertado, tentando me acalmar.

Levanto da cama, abro uma pequena gaveta da mesinha de cabeceira e pego uma das coisas que me fazem relaxar após meus pesadelos.

— Quer um? — Sorrio sarcástica.

Ofereço um cigarro para Alice, mesmo sabendo que ela odeia quando fumo. Me advertiu fazendo cara de nojo como resposta.

— Isso vai acabar te matando! — ela resmunga.

— Morro satisfeita — rebato suas palavras.

Tiffany, minha gata de pelos pretos como a penumbra da noite, serpenteia entre minhas pernas miando e ronronando, provavelmente à procura de sua comida. Carinhosamente passo a mão em seus pelos macios e recebo em troca cabeçadas.

Abro a janela do meu luxuoso apartamento e me sento na base, abraçando minhas pernas. Acendo meu cigarro e dou logo uma tragada, sentindo meus nervos relaxarem. Fecho os olhos jogando a cabeça para trás e logo sinto as sensações que preciso: alívio, felicidade e confiança.

Sou tirada do meu conforto quando ouço meu celular tocar e pelo horário já sei de quem é a ligação. Atendo.

— Fala chefe.

—Preciso de você em cinco minutos na agência.

— Ora, por que a pressa?

— Tenho uma missão para você e sei que você não dispensará.

Ele diz convicto, pois já me conhecia o suficiente para saber que adorava fazer o meu trabalho.

— Hmm... Até que enfim! Chego em quatro minutos.

Vou imediatamente para o banheiro fazer minhas higienes matinais sentindo a adrenalina correr pelas veias. A ideia de atirar e prender criminosos me deixava em êxtase.

Sabia que não podia sair por aí puxando o gatilho, é contra as regras, entretanto adorava quando eles optavam em trocar tiros comigo, nunca errava a pontaria.

Olho meu reflexo no espelho do banheiro e faço uma leve maquiagem para suavizar a expressão de olheiras. Eu tinha um grande problema chamado insônia.

— Nossa! Que animação, foi um chamado do chefe? — Alice comenta quando me vê contente ao sair do banheiro.

— Teria algo melhor do que fazer meu trabalho? — pergunto vestindo minha farda.

Ela faz um biquinho melodramática.

— Que tal nos atrasarmos um pouquinho, só hoje?

Ela murmura levantando da cama, em seguida me puxou dando-me um beijo quente e sedento. Se tem uma coisa que Alice sabia fazer além de ser uma amigona, era me levar ao mais insano prazer.

Em toda minha existência, nenhum dos poucos homens que tive na cama fez meu corpo manifestar-se com tanta intensidade. Não tínhamos um compromisso sério e nem éramos namoradas, apenas vivíamos o momento.

Se eu era lésbica? Não sabia ao certo, mas curtia muito ela!

— Tenho que sair, vou ficar te devendo — digo interrompendo-a. — Embora eu esteja gostando, o dever me chama.

— Tudo bem. — Arfou frustrada. — Diga ao chefe que não me viu, hoje vou me atrasar um pouquinho diz jogando seu corpo preguiçoso na cama.

Saio do apartamento em seguida, desço de elevador um tanto ansiosa pelo que o chefe Dener tenha para mim.

Vou até a garagem do prédio e lá está, minha baby, minha NCR Leggera 1200 titanium. Satisfeita, abro um sorriso, coloco meu capacete e subo nela. Ligo a máquina e dou uma leve acelerada,

"O barulho do motor é tão excitante!"

Andar em um carro conversível, poderoso, é bom, mas nada se compara a sensação que sinto quando subo em minha motocicleta. Há um grande senso de liberdade sobre duas rodas, é uma mistura de adrenalina e luxúria.

Saio pilotando minha belezura em uma velocidade razoável e sinto o vento gelado da cidade de Nova Iorque soprar em meus longos cabelos.

Chegando na agência, sou cumprimentada por todos positivamente e continuo caminhando no corredor até a sala do Sr. Dener Williams, meu chefe. Apresso os passos e ouço uma possível discussão vindo da sala dele, hesito em abrir a porta, quando ouço meu nome ser mencionado negativamente na conversa. Fico do outro lado, parada e ouvindo, para ver até onde essa conversa vai chegar.

"Seja esperta e discreta, não confie em ninguém", as palavras que meu pai dizia vieram à minha mente.

— Por que a Aisha? Eu poderia cumprir essa missão bem melhor do que ela.

— Porque sim, Aisha é uma mestra no disfarce, ela pode aparecer em qualquer canto disfarçada de qualquer coisa sem ser notada. Você pode fazer isso melhor do que ela?

— Eu também posso, chefe.

— Não me teste, agente Brian e se comporte, você é um agente do FBI. Aisha tem se empenhado muito nos últimos dias e ela nunca falhou comigo.

— Com exceção de Jason Little? Aquele que ela executou com um tiro certeiro, bem no meio da testa?

— Foi em legítima defesa. E que falta faria para humanidade um serial killer?

Rio ao ouvir meu chefe me defendendo, um sorriso presunçoso que instantaneamente cresce em meus lábios.

Eu já esperava isso do agente Brian, ele tem inveja do meu desempenho e sobretudo, sou uma mulher e para ele isso era inaceitável. Para Brian, as mulheres não podiam de forma alguma ter mais competência do que os homens. E pelo meu esforço, eu era a agente mais bem paga daquela agência, isso o deixava furioso.

Ouço o chefe bater em sua mesa. Brian certamente tinha exterminado sua paciência. Resolvi cessar a conversa e bati antes de entrar.

— Entre — Sr. Dener respondeu com sua voz rouca do outro lado da porta.

— Bom dia senhores, então qual é a urgência?

Caminho até a mesa e olho para Brian com um sorriso convencido, me sentindo satisfeita por estar sendo elogiada pelo meu chefe.

"Ponto para mim."

— Nos dê licença, agente Brian — ordenou Sr. Dener.

— Licença. Qualquer coisa sabe onde me encontrar. - Brian respondeu irritado, lançando-me um olhar de repulsa ao sair da sala.

Finjo não ter ouvido nada. Sento-me na cadeira, de frente para meu chefe que estava sentado do outro lado da mesa, com várias fotos e papéis sobre ela.

— Aisha. Minha melhor agente —diz sonoramente, passando a mão em sua barba grisalha.

Meu chefe era um coroa de cinquenta anos, mas quem o visse jurava que ele não tinha tudo isso.

"Opa, é isso mesmo que ouvi? O Sr. Dener me elogiando pela segunda vez? Aí vem bomba!"

— Obrigado chefe, estou às ordens.

— Agente Johnson, essa missão que tenho para você não é bem o que você esperava. — ele disse levantando da cadeira e começou a caminhar estrategicamente à minha volta, deixando visível sua inquietação.

— Agora me deixou ainda mais ansiosa, gosto de novos desafios — passo a mão em meus cabelos observando-o caminhar até a mesa.

Ele começou a me mostrar fotos de cargas de drogas e de vários homens que pela fisionomia, presumi que não fossem cidadãos americanos.

— Há anos estamos em guerra com esses "Narcos" — diz entredentes. — Eles são considerados os "traficantes invisíveis'', aqueles que caminham na sombra da sociedade, como qualquer cidadão de bem e de alta classe.

Eu apenas o observo e analiso cada palavra em detalhes com muita atenção, pois algo me dizia que essa missão não seria nada fácil, porque tudo sempre foi complicado para mim.

— Tudo isso que acaba de ver é comandado por uma só pessoa, Maximiliano Lopez.

Ele retirou uma foto exclusiva de um pequeno envelope marrom escuro e depois a jogou na mesa. Olho fixamente para a foto, sentindo uma sensação estranha e calafrios. Seus olhos negros e vazios me pareciam muito familiares.

— Bem — eu engulo nervosa — onde eu me encaixo nisso?

Meu chefe volta a sentar em sua cadeira, apoia seus antebraços sobre a mesa e me lança um olhar questionador.

— Está tensa, Aisha — inqueriu duvidoso.

— Não. — respondi demonstrando ao meu chefe minha auto confiança.

— Johnson, eu escolhi você entre vários agentes porque eu sei que você é a única que tem capacidade para acabar com toda essa milícia. O empresário Maximiliano Lopez em breve estará aqui em Nova Iorque. Ele está apoiando o governador e soube que quando ele vem para City... costuma frequentar a Marquee New, uma casa noturna. Soube que "El patron" adora uma gringa — desvia seus olhos ao soltar seu comentário com duplo significado.

— Ops! Onde você está querendo chegar? — digo o interrompendo.

— Calma, existem várias formas de você se infiltrar! É que...

— É o que?

— Johnson, quer me deixar terminar? Essa missão, como falei, para você não será fácil, será demorada, bem... vai depender do seu desempenho, mas cabe a você decidir se vai querer pegar esse caso ou não. E você será muito bem paga por isso, é claro!

— Ok, me diga o que tenho que fazer.

— Use suas velhas e boas estratégias, você é inteligente, muito bonita e essas suas vantagens você sabe usar como ninguém. - Me encarou arqueando uma sobrancelha, no entanto eu sabia do que se tratava.

Tinha que concordar que era boa nisso, enganar um homem friamente, usando o que tenho de bom era algo que eu fazia com uma destreza que até eu me surpreendia.

Mais uma vez encaro a foto do tão famoso traficante. Tinha certeza de que ninguém quis pegar esse caso além do Brian, pois a missão era quase uma sentença de morte. Confesso que seria um grande desafio para mim, por outro lado, nada melhor que presenciar e participar da captura de um grande cartel como aquele. E esse Maximiliano Lopez, teria o prazer de colocá-lo atrás das grades.

— Pelo sorriso, aposto que você vai ficar com o caso, acertei?

— É só me dizer por onde começo, o caso é meu!

Bem, você vai imergir no cartel de Cali, que é comandado por Maximiliano. Quero todas as informações de tráfegos, de quantos fuzileiros ele tem e quero que você me passe tudo que acontecer dentro do maldito cartel. Darei todos os equipamentos necessários como escuta e mini câmeras para você espalhar onde eles realizam suas reuniões.

— Eu vou ter que ir para a Colômbia, certo?

— Sei que é muito arriscado, no entanto, não temos outra opção, já tentamos de todas as formas e no final perdemos e precisamos de mais provas para garantir sua estadia na cadeia. Será necessário que você vá. Você é esperta, agente Johnson.

Sorri sentindo na pele o desafio e uma ansiedade antecipada. Não gosto de esperar, porém tinha que ser cautelosa, pois essa não era uma missão fácil e isso a tornava muito mais delicada e perigosa.

— Ok chefe, que dia ele estará na City?

— Hoje à tarde, ele vai marcar presença na convenção dos candidatos. A noite ele estará na Marquee New, será aí que você aparecerá.

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