Capítulo 06

A vida é nossa, nós vivemos do nosso jeito

Todas essas palavras, eu não as digo à toa

E nada mais importa!

(Nothing Else Matters-Metallica)

                                                                             Cali. Colômbia 20h:36

— Shiii, não grite, pois será em vão. A situação pode piorar para você se fizer isso. — Decretei friamente vendo-o chacoalhar seu corpo, tentando soltar seus pulsos.

— O que você pensa que é? Seu sádico, doente de merda! — Esbraveja, em seguida cospe em meu rosto. Desejei em pensamentos que não fizesse isso. Sua sentença seria maior daquele momento em diante.

Fecho meus olhos sorrindo e levo a mão ao rosto, limpando sua saliva. Levanto-me da cadeira e vou até o armário que fica em um dos quatro cantos da sala três. Arrasto uma pequena gaveta onde eu guardo alguns acessórios para meus cervos rebeldes e volto a me sentar de frente para ele.

— Vamos esclarecer algumas regras por aqui — abro a pequena caixinha que está sobre meu colo. Ele arregalou os olhos ao me ver puxando minha forquilha do herege de dentro da caixa. Era um dos brinquedos que não costumava usar, mas sem outra opção a punição seria dada.

A forquilha do herege é uma haste metálica com duas terminações pontiagudas, e pode ser comparada a um garfo. A prendo por um cinto que ela contém no pescoço do meu pecador, perfurando as regiões do maxilar e do peito. Não costuma levar à morte, mas serviria como um castigo antes de minha eventual punição final. Deste modo ele não voltaria a me cuspir novamente. Ele tenta se soltar e chora angustiado tentando dizer algo, mas eu não tenho compaixão alguma por ele. Ele teve pelos meus capatazes? Não.

— Aprendeu a lição? Ou quer adquirir mais algum acessório?

— Seu doente! — Suas palavras saem desconcertadas, mal consegue falar. Dou risadas do meu condenado.

— Você está sob meu jugo, agora quer me confessar seus pecados? A gente pode fazer de uma forma mais fácil ou você prefere de forma dolorosa?

— Pode me matar seu maldito, maluco de merda.

— Optou pelo caminho mais difícil — digo, levando-me a ter certeza de que aquele condenado não iria querer da forma mais fácil. Abro a caixa novamente e escolho um pequeno alicate todo feito em aço.

— Não! Não, por favor!

Dou gargalhadas. Arrasto sem delicadeza unha por unha da sua mão direita, arrancando de sua garganta gritos de dor. Meu sangue corre mais rápido pelas minhas veias, a vermelhidão do seu sangue jorrando das pontas de seus dedos me fez ampliar um sorriso satisfatório.

— Você entendeu que está sendo sentenciado, Entendeu?

— Vá à merda! — retrucou entredentes.

— Boca suja. Você tem que respeitar minha casa. — Sem cerimônia, arranco suas unhas da mão esquerda. — Oh, pobre cervo, chora, grita, mas não confessa seus pecados. Confesse seus pecados, cervo! — falo quase sem paciência.

— Eu não sei de nada, eu juro! — Resmunga mais ainda, alimentando suas mentiras. — Mesmo se eu soubesse não iria te falar nada! — Acrescentou me desafiando.

— Ok... Vamos ver o que mais tenho aqui — levanto tranquilamente, vou em direção a parede e abro a pequena porta metálica. O pequeno forno já me recebe com seu bafo quente, devido às brasas queimando. Pego o meu ferro fino e o coloco para esquentar ao máximo, até a ponta me dar a cor que preciso: laranja fogo.

Passa alguns minutos até que a ponta do ferro esteja quente o suficiente e caminho sorridente até meu pobre cervo. Ele começa a gritar quando seus olhos captam a ponta do ferro fumaçar.

— Última vez. Vai me dá o que eu quero?

— Por favor, e... e... eu não sei de nada.

Encosto o ferro com força até ter a certeza de que a parte quente tenha adentrado em sua barriga. Ele grita e a cada grito de dor me sinto vingado. Desta vez encosto o ferro com mais força, arrancando um pouco mais de dor. Ele tenta fugir desmaiando.

— Hum hum. Acorde! — esbravejo e o infeliz abre os olhos, buscando os meus, que por ironia do destino se encontram bem próximos. O desperto com outro acessório, uma arma de choque. Ele se debate uma vez e na tentativa de baixar a cabeça ele fura o próprio queixo com as pontas da forquilha.

De certa forma o pilantra estava sendo muito bem pago, pois até aquele momento não quis me confessar nada sobre meus submarinos roubados. Caminho até a mesa que ficava logo atrás dele, pego o envelope contendo minha cartada final, a que seria meu coringa.

— Hmm... Vamos ver o que temos aqui? — Volto a sentar-me à sua frente, pego a foto que estava dentro do envelope e cruzo os braços, sorrindo para a imagem de uma linda jovem.

Atrás da foto meu investigador deixou por escrito: Essa jovem se chama Maria, está noiva do prisioneiro. Dou risadas enquanto ele me observava. Pobrezinha, tão bela, a Maria, tão jovem e já seria viúva. Será que ela sabia que seu noivo era um assassino?

— Maria, Maria... gostei dela, quem sabe não posso levá-la para um dos meus bordéis?

— Tu...tudo bem... eu falo.

— Até que enfim, inalar o cheiro de carne queimada estava me causando náuseas. Diga a verdade e a verdade vos libertará. — Apoio meus cotovelos em minhas pernas e cruzo as mãos abaixo do queixo para que eu me aproximasse um pouco mais e ouvisse melhor sua confissão.

— Foi, foi... o Santiago González. Ele quem mandou matar seus homens e roubar seus submarinos. — Olho atentamente franzindo o cenho.

— Dez, dez pescadores eu perdi. Eu fui roubado e tive um prejuízo enorme! — Repeti pausadamente, fechando os punhos com indignação.

Levanto da cadeira me recompondo, em seguida saio da sala. Ele fica berrando igual um animal acuado. "Os cervos são animais de baixíssima qualidade em coragem."

— Leve-o para sala um — ordenei ao carcereiro quando saí de lá. A sala um não tinha nada a não ser a fome, o frio e a penumbra. Ele iria pagar por todos meus prejuízos.

— Sim senhor.

Saio do purgatório satisfeito com as informações que acabo de arrancar, entro no meu carro e vou diretamente para minha casa.

Certamente Santiago estava me desafiando, ele sabia que eu iria conseguir as informações até chegar a ele. Faria de tudo para comandar todos os cartéis da Colômbia, só faltava Medellín, o cartel de Santiago. Nem que para isto eu tivesse que ceifar mais algumas almas. "Santiago tenha certeza de que sua hora está mais do que próxima." Teria um prazer imenso de torturar aquele condenado até a hora de sua morte.

Eche!

O tão esperado dia em Nova Iorque chega, entro em meu carro e sigo direto para a pista, onde meu jatinho estava me aguardando. Ao entrar sou recebido de forma provocadora por minha comissária, mas eu não estava nem um pouco afim de foder a vadia.

— Vai querer algo para beber? - A safada me pergunta, mordendo os lábios, na tentativa falha de me provocar. A observo olhando dos pés à cabeça e paro em seus olhos. Ela se assusta com meu olhar de reprovação.

— Não precisa ter medo, só me traga um uísque. — Sinalizei com o dedo indicador e ela se retirou. Abro meu laptop para analisar meus trabalhos e tráfegos e verifico os radares, os outros dois submarinos estavam bem próximos a Chicago. Sorrio satisfeito.

— Senhor, sua bebida.

— Obrigado, Melanie! — Ainda assustada, ela coloca o copo de uísque na mesinha ao lado da minha poltrona. Dou uma palmada no seu bumbum firme e Melanie olha para trás, sorrindo. — Garota mal — estreito os olhos - você está precisando de umas boas palmadas nessa bundinha deliciosa. Agora vá para o seu aposento.

Ela saiu caminhando lentamente e rebolando o quadril, olhando para trás vez ou outra. Eu apenas a analiso, mordendo meu polegar. Apostei que ela me aguardava ansiosa para acompanhá-la. Seu jeito descarado me fez pressupor que talvez a surra fodastica que dei nela da última vez não foi o suficiente.

"Será que ela é uma masoquista?" Que vadia, ainda me provocava! Na minha viagem para Chicago eu fiz sem dó e nem pudor, a comi somente por trás, ainda não a peguei pela frente, mas tudo tem a hora certa.

Nova Iorque 20:37

Nada melhor do que me recompensar pelo dia tedioso de reuniões e propostas na assembleia dos candidatos, na qual estava com o governador Howard. Estávamos com todo vigor para sua aprovação no segundo mandato.

Eu não era nenhum santo, mas era vergonhoso a forma com que ele ludibriava sistematicamente a população carente. Contudo Nova Iorque não merecia um político tão corrupto como Howard, que ajudava nos contrabandos de drogas, tráfico humano e bordéis. Os bordéis eram seus pontos fracos, sempre que chegava uma virgem ele era o primeiro comprador. O homem adorava uma donzela pura assim como almejava a cocaína vindo diretamente da minha fábrica de Cali.

Depois de fazer networking em meio a elite, saio direto para Marquee New, minha casa noturna favorita, onde não podia deixar de visitar quando ia a Nova Iorque. Entro com meus quatro capatazes e como era de costume, subo diretamente para meu posto principal, o camarote da chefia. Sempre que chegava, meu lugar tinha que estar reservado do jeito que eu gostava, é claro, com bebidas e mulheres ao meu dispor.

Algumas horas mais tarde chegou Howard.

— Boa noite, rapazes! — Recebemos o governador.

— Que a nossa noite comece! — Levanto meu copo de Uísque e bradamos nosso grito de guerra -"Aos traquetos!" — e brindamos coletivamente.

Me aproximei da borda do camarote passando meus olhos lentamente pelo salão principal, à minha frente tenho a visão de toda área interna da Marquee. No entanto, cravei meus olhos em uma figura corpulenta me chamou atenção, desencadeando o que tem de bom e ruim dentro de mim.

Cabelos negros levemente ondulados, perfeitamente lindos. Sem falar no vestido "me foda Max" que ela estava usando. Isso me trouxe ideias perversas, eu o arrancaria facilmente.

Admirei aquele corpo em movimentos sensuais, foi como um convite para mim e eu precisava chegar perto, precisava tocá-la. Desci as escadas imediatamente para vê-la mais de perto, não contive meu anseio e acabei me aproximando dela mais do que deveria. Enquanto ela dançava de costas para mim, minhas mãos tomaram liberdade. Toquei em seu corpo indefeso, o tecido era uma seda, tão macio que me deixou ainda mais ansioso.

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