Prólogo degustação.
Aisha Johnson.
— E por que querem te ver morto? — Pisco algumas vezes ao perguntar, mesmo sabendo o que ele fazia para sobreviver, eu precisava arriscar uma pergunta para encaixar as peças, eu não sabia exatamente quem seria esse inimigo, mas supunha que fosse o tal Santiago.
"E quem é esse homem?”
— Tem coisas que você não precisa saber, Mia Clark. — diz em um tom morno enquanto dirigia em alta velocidade. Com uma mão livre ele retirou o celular do bolso e fez uma ligação. — Vão na frente, eu vou estar logo atrás de vocês — avisou falando em seu perfeito idioma, espanhol.
"Isso não é nada bom. Droga, droga!”
Ele reduziu a velocidade do veículo e estacionou no mesmo local onde tínhamos parado antes de entrar na comunidade. O calor infernal que estava sentindo queimar minha pele só aumentou quando Max ficou parado olhando para o campo verde em nossa frente através do vidro do veículo. Parecia melancólico.
O barulho dos seus dedos batucando o volante e minha respiração ofegante eram os únicos sons emitidos dentro da sua Ferrari.
— Quem é você? — inqueriu, me olhando nos olhos e eu os sustentei firmemente.
— Mia Cla...
— Basta!
Gritou antes que eu terminasse de falar, me fazendo encolher os ombros.
— Eu vou perguntar novamente e você considere-se sortuda, porque eu não pergunto duas vezes. — Ele travou sua mandíbula furiosamente. — Quem. É. Você? — Pontuou cada palavra demonstrando impaciência e nervosismo.
— Me chamo Mia Clark, sou jornalista. — Max fechou os olhos e inspirou oxigênio enchendo os pulmões, denotando uma impaciência ainda maior. — Eu só queria salvar você, havia um atirador em cima daquele prédio velho e inacabado, ele estava com a mira na sua cabeça.
— E onde você aprendeu a atirar? Como tem uma mira tão boa assim a ponto de não errar uma pontaria daquela distância? Não fode com meu juízo, Mia. Fala a verdade.
— Eu não sou a garota pompom que você acha que sou, Max. Meu falecido pai me levava para caçar junto com ele desde os meus sete anos. Meu pai me ensinou a atirar e até hoje eu gosto de frequentar casas de tiros ao alvo para desestressar.
Deixei uma lágrima escapar dos meus olhos, dessa vez não foi algo premeditado ou ensaiado, simplesmente saiu. Lembrar dos meus pais nessas horas de impotência me deixava completamente vulnerável.
— Oh não, Mia, por quê está chorando? Porra! Você não vai conseguir me enrolar com suas lágrimas!
— Eu deveria ter deixado você morrer, é isso? — As palavras escapam. — Eu não sei o que deu em mim, eu só não queria vê-lo... morto. — distorci, com a voz embargada.
Ficou em silêncio por um curto período e depois deu a partida, nos tirando daquele local. Continuamos o caminho sem dar uma palavra um com outro, até entrarmos numa cidadezinha bem movimentada, com prédios em cada quarteirão. Os outros carros não estavam conosco, o que me fez pressupor que tivessem ido a um hospital.
— É aqui onde você mora? — arrisquei uma pergunta, quebrando o gelo.
— Não! — respondeu seco.
O trajeto continuou por alguns minutos e logo percebo que estávamos praticamente saindo da cidade, entrando em uma área com poucos acessos tecnológicos e quase sem prédios à sua volta.
Presumo que possa ser algum tipo de condomínio, mas não parou em nenhuma das casas e eu comecei a me perguntar onde diabos Maximiliano estava me levando. Por fim entramos numa rua estreita, sem casas por perto, ao redor haviam lindas colinas onde fomos recebidos por uma revoada de pássaros que passaram acima de nós.
— Já estamos quase lá, Mia. — avisou, arrancando-me da minha distração com os lindos pássaros.
— Na sua casa? — pergunto estranhando o lugar.
— Onde mais seria, senhorita Clark?
Capturei seus olhos sob os meus, enquanto ele seguia me observando, era realmente muito misterioso.
— Ou melhor, onde você quer que eu a leve? — Completa a pergunta fazendo-me rir.
Quando olhei à nossa frente, rapidamente me prendi com a visão, eu estava pacificamente encantada. A casa do Maximiliano chamou minha atenção, não só por ser a única naquele local, não que fosse tão distante da cidade. O local era exuberante, com colinas nos arredores, havia uma profusão de flores coloridas por todos os lados. O muro foi construído com pedras gigantes, como paralelepípedos, sustentando o portão de ferro em formato ondulado e no topo tinha uma inicial, uma letra “L” pintada em tom de bronze e os desenhos em volta das letras fizeram-se parecer um brasão.
Do outro lado de dentro quatro homens vestidos de preto e óculos escuros avaliaram o carro de Max antes de permitir que o enorme portão duplo se abrisse para entrarmos.
Assim que se abriu, entramos na propriedade e meu estômago gelou no mesmo instante com o nervosismo novamente me consumindo, pois meus instintos estavam gritando e eu sinto uma enorme necessidade de sair correndo dali antes que fosse tarde.
Aisha Johnson. Nova Iorque 07h:00 AM Dias atuais.— Não! Não! Papai!Desperto de um terrível pesadelo com meus próprios gritos de pânico. Sento-me na cama de supetão, analisando cautelosa os quatro cantos do meu quarto em busca dos assassinos que tanto me assombram. O suor que escorria em meu rosto não era capaz de esconder o quanto isso me dominava e estava cada dia pior me deitar e dormir.— Shii, calma foi só um pesadelo. — Alice me abraça apertado, tentando me acalmar.Levanto da cama, abro uma pequena gaveta da mesinha de cabeceira e pego uma das coisas que me fazem relaxar após meus pesadelos.— Quer um? — Sorrio sarcástica.Ofereço um cigarro para Alice, mesmo sabendo que ela odeia quando fumo. Me advertiu fazendo cara de nojo como resposta.— Isso vai acabar te matando! — ela resmunga.— Morro satisfeita — rebato suas palavras. Tiffany, minha gata de pelos pretos como a penumbra da noite, serpenteia entre minhas pernas miando e ronronando, provavelmente à procura de sua com
Nova Iorque 09h:20 AMApós ser muito preciso e me passar todas as coordenadas, meu chefe me liberou, dando-me uma folga para passar o resto do dia pesquisando e estudando estratégias sobre os Narcos da Colômbia. Depois de sair da sala, aproveitei para tomar café da manhã com meus amigos de trabalho. Entro na copa e encontro o meu “fã número um”. — Veja só, se não é a queridinha do chefe. — Brian não hesita em me provocar e Andrew, seu parceiro de trabalho, gargalhou da piadinha sem graça dele. Andrew era outro babaca por andar acompanhado com um cara como Brian Simpson.— Quando somos muito eficientes no trabalho, temos essas regalias — rebati sorrindo sarcástica.Seu risinho se desfez de imediato. Brian de boca fechada ficava bem melhor. Sentei-me ao lado dos meus parceiros, agente Colin e Alice, que haviam chegado na agência. — Bom dia gatinha! — Alice me cumprimentou, parecendo que acabamos de nos ver. Ninguém da agência sabia sobre nossas escapadas e era melhor que continuasse a
Nova Iorque. 22:35 A minha presença não o incomodou, era como se eu não estivesse lá. Fiquei ali analisando como quem não quer nada, observando o governador Howard entupir suas narinas de cocaína junto com mais alguns colombianos, estes que mais pareciam um aspirador de pó! Meu chefe ia adorar ver isso. Tive vontade de filmar tudo, mas eu poderia pôr tudo a perder.Desvio o olhar fingindo demência. Maximiliano me convida para sentar ao seu lado, em um assento separado dos demais que se divertiam com as garotas. Eu não o encarei nos olhos pois estava em uma situação não muito agradável, senti vontade de acabar com tudo, queria algemá-lo e socar sem piedade os outros que estavam com ele. Eu estava extremamente dividida em um lado oposto do meu. Senti raiva do meu próprio corpo por ter sido traiçoeiro comigo. Senti-me confusa, perdida e suja por ter ficado tão vulnerável aos toques do inimigo. — A dama mais bonita da noite tem nome? — perguntou-me com seu sotaque arrastado.— Mia. Mia
Nova Iorque. 07h:01 AMNovamente desperto com meus próprios gritos, coberta de suor e com o coração em um frenesi. Só que dessa vez foi diferente, foi com Alice. Levanto-me do sofá procurando por ela, mas não a vejo, e pelo visto ela não veio, o que é estranho, eu a esperei até a madrugada e acabei dormindo no sofá.Sempre que viajava a trabalho Alice vinha dormir comigo, era como uma regra para nós duas, fizemos um pacto, de quando uma de nós fôssemos viajar, dormimos juntas como se fosse a última vez. Todas as nossas missões eram perigosas, não sabíamos se voltaríamos com vida.Peguei o celular que descansava sobre a mesinha e liguei novamente, mas para aumentar minha preocupação, o celular dela se encontrava desligado.Dali em uma hora teria que pegar meu voo para Colômbia, não queria ir de forma alguma sem me despedir da única pessoa que ainda tinha importância na minha vida. Primeiro o sonho e depois o sumiço, a única conclusão que tinha era que não conseguiria viajar sossegada.
Maximiliano Lopez. Cali. Colômbia 13h:34 PMAquele poderia ter sido um dia de vitória, naquele exato momento eu estaria comemorando meu tráfego para os Estados Unidos se não fosse por um filho da puta que executou dez dos meus homens assim que chegaram no México para abastecer os submarinos com alimentos e combustível. Minha raiva aumentava cada vez que me lembrava que eles foram assassinados por apenas um único atirador. Cambada de incompetentes! Eles foram treinados para não falhar, para ficarem sempre atentos com qualquer movimento que estivesse fora do contexto, meus submarinos foram roubados e eu perdi toneladas de cocaína, tudo por causa da incompetência daqueles idiotas. "Como foram burros, que droga!" A princípio tinha mais homens com esse atirador, um só não daria conta de roubar tudo sozinho. Certamente foi mandado por alguém da mesma patente que eu e já desconfiava de quem pudesse estar por trás disso.As horas
A vida é nossa, nós vivemos do nosso jeitoTodas essas palavras, eu não as digo à toaE nada mais importa!(Nothing Else Matters-Metallica) Cali. Colômbia 20h:36— Shiii, não grite, pois será em vão. A situação pode piorar para você se fizer isso. — Decretei friamente vendo-o chacoalhar seu corpo, tentando soltar seus pulsos. — O que você pensa que é? Seu sádico, doente de merda! — Esbraveja, em seguida cospe em meu rosto. Desejei em pensamentos que não fizesse isso. Sua sentença seria maior daquele momento em diante. Fecho meus olhos sorrindo e levo a mão ao rosto, limpando sua saliva. Levanto-me da cadeira e vou até o armário que fica em um dos quatro cantos da sala três. Arrasto uma pequena gaveta onde eu guardo alguns acessórios para meus cervos rebeldes e volto a me sentar de frente para ele. — Vamos esclarecer algumas regras por aqui — abro a pequena caixinha que está sobre meu colo. Ele arregalou os
Olhei para ela sentindo meu coração palpitar cada vez mais forte, a bela dama misteriosa mexeu comigo. Não era amor à primeira vista, nem paixão, era algo além, muito diferente, uma possessividade talvez. Senti vontade de tomá-la e fazê-la minha ali mesmo.Ao girar para me ver, sua presença enviou uma energia caliente para o meu corpo e algo lá embaixo pulsou por ela no mesmo instante. A observo, gravando cada milímetro de seu rosto doce, perfeitamente ruborizado, o que me fez ter pensamentos libidinosos. Captei uma tensão nela e quando nossos olhares se fundiram, seus lábios involuntariamente ficaram entreabertos, tornando-a mais sexy. Seus olhos eram azuis como o oceano se destacando em sua pele branca.Estiquei meus braços convidando-a para uma dança, torci para que aceitasse e ela aceitou. Tive alguns privilegiados minutos com seu majestoso corpo curvilíneo próximo ao meu. Quando um dos meus capatazes jogou um gringo no meio da pista de dança, em questão de segundos toda aquela lu
Aisha Johnson Cali Colômbia. 08h:20 AM— Eu. Eu... estou cansada e preciso ir, Max. — Os cantos de sua boca foram se curvando e aos poucos seu sorriso presunçoso foi crescendo. Eu não pude sustentar seu olhar por muito tempo.Depois de me preparar psicologicamente, saí do carro do Max praticamente em fuga. Suas palavras não saiam da minha cabeça e eu me xingo mentalmente por perceber o caminho que isso estava me levando. Que inferno! Maldita seja a hora que eu aceitei essa missão absurda, que eu aprenda a lição e que tudo isso me sirva de aprendizado.Por um lado, sua abordagem me deixou mais tranquila, sim, pois ele não desconfiava que eu era uma agente especial, mas por outro lado, a forma como ele falou, mesmo com toda sutileza, eu entendi como um aviso. A advertência foi bem implícita em suas últimas palavras. Todo o cuidado que eu já tinha seria redobrado, pois se tratava de Maximiliano Lopez! Jogo minha mala sobre a cama e retiro m