O Destino de uma Estrela

Capítulo 2

O Despertar de Calysta

A noite caiu sobre a aldeia com a serenidade típica das terras ciganas. O ar estava fresco, perfumado pelas ervas que cresciam ao redor das tendas. Na maior delas, Calysta dançava ao som de uma melodia tocada por seu pai, Joaquim. Seus pés deslizavam suavemente sobre o chão de terra batida, enquanto sua saia colorida rodopiava ao seu redor. Seus movimentos eram precisos, como se o ritmo fluísse naturalmente em suas veias.

— Ela nasceu para dançar, Rosa, — disse Joaquim, orgulhoso, observando a filha de longe. — Veja como ela se conecta com a música. É como se a alma dela estivesse no ar junto com o som.

Rosa, sentada ao lado dele, sorria, mas seu olhar estava atento. Ela sabia que Calysta era especial, que havia algo além de sua beleza e talento natural.

Do lado de fora, a anciã Diana observava em silêncio. Seu olhar era penetrante, quase como se pudesse enxergar dentro da alma da jovem. Nos últimos dias, Calysta vinha lhe contando sobre sonhos estranhos que a visitavam durante a noite.

— Você dança entre estrelas e sombras, Calysta, — Diana dissera certa vez, após ouvir um dos relatos da menina. — Esses não são apenas sonhos. Eles são visões.

Calysta não compreendia. Para ela, os sonhos eram apenas imagens confusas e desconexas. Mas para Diana, eram mensagens do futuro.

O Chamado de Diana

Naquela noite, enquanto a aldeia se preparava para descansar, Diana bateu à porta da tenda de Joaquim e Rosa.

— Preciso falar com vocês, — disse ela, com a voz grave. — É sobre sua filha.

Joaquim e Rosa se entreolharam, preocupados, mas seguiram a anciã até o centro da aldeia, onde apenas os mais velhos tinham permissão para se reunir. Sentados ao redor da fogueira, Diana começou a falar.

— Calysta tem dons que poucos nesta aldeia possuem. Ela não é apenas talentosa com a dança. Seus sonhos são visões, e sua conexão com a música é uma manifestação de sua energia interior. Ela nasceu para ser mais do que apenas uma integrante da aldeia. Ela tem o potencial de se tornar nossa líder no futuro.

Rosa levou a mão à boca, emocionada, enquanto Joaquim tentava absorver o que ouvia.

— Líder? Nossa filha? Mas ela é tão jovem, Diana, — argumentou Joaquim. — Como podemos saber isso com certeza?

— Os sinais estão claros, Joaquim. Ela dança como se o vento a guiasse, tem sonhos que mostram o amanhã, e sua presença já ilumina a aldeia. É um chamado que não pode ser ignorado. Mas será um caminho difícil. Precisamos prepará-la.

Rosa olhou para a anciã com os olhos marejados.

— E como vamos explicar isso a ela? Ela é só uma criança.

— A alma dela é antiga, Rosa. Mais antiga do que vocês imaginam.

Do lado de fora, Calysta estava sentada em uma pedra, perto da tenda. Mesmo sem ouvir claramente, sentia que algo importante estava sendo decidido. Uma inquietação tomou conta de seu peito, e lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. Quando os pais saíram, ela correu até Rosa.

— Mãe, o que está acontecendo? Por que estavam falando de mim? — perguntou, com a voz embargada.

Rosa se ajoelhou diante da filha, segurando suas mãos.

— Calysta, minha estrela, há algo especial em você. Algo que nem mesmo nós compreendemos completamente. Diana acredita que você tem dons que a tornarão alguém muito importante para nossa aldeia.

— Mas o que isso significa? Eu não quero ser diferente.

Calysta chorava, e Rosa a puxou para um abraço apertado. Ela afagou os cabelos negros da filha, que brilhavam sob a luz da lua.

— Minha menina, escute o que vou lhe dizer, — começou Rosa, com uma calma que apenas uma mãe pode oferecer. — Nunca chore por desejar algo que a vida não quer lhe dar. O que não é seu, o que não está destinado a você, nunca será uma bênção. Tudo o que for seu virá até você no momento certo, e será algo bom, algo que vai encher seu coração de alegria.

Calysta ergueu o olhar para a mãe, os olhos azuis brilhando com um misto de dúvida e curiosidade.

— Mas e se eu não quiser isso, mãe? E se eu quiser apenas ser como as outras crianças?

Rosa sorriu, acariciando o rosto da filha.

— Você nunca será como as outras crianças, porque você nasceu para brilhar de uma maneira única. Não tenha medo do que está por vir. Apenas confie que a vida vai guiar você para o caminho certo. E eu estarei ao seu lado, sempre.

Calysta abraçou a mãe com força, enquanto Joaquim observava de longe, tentando esconder as próprias lágrimas. Ele sabia que sua filha era especial, mas também temia pelo peso que isso poderia trazer à sua vida.

Os dias seguintes revelaram ainda mais o potencial de Calysta. Sua dança, antes graciosa, agora parecia quase sobrenatural, como se ela estivesse em perfeita harmonia com o vento e a terra.

Durante uma noite de festa na aldeia, enquanto os ciganos tocavam e dançavam ao redor da fogueira, Calysta se levantou e começou a rodopiar. A música parecia fluir através dela, seus movimentos encantando todos os presentes.

— Ela não dança, ela voa, — comentou um dos anciãos, impressionado.

Além disso, seus sonhos começaram a se tornar mais frequentes. Ela descrevia cenas que nenhum dos outros ciganos entendia, mas que a anciã Diana sabia serem visões do futuro.

— Você vê o que está por vir, minha estrela, — disse Diana certa vez. — Mas cuidado. Nem toda visão é uma bênção. Algumas são avisos. E você precisará aprender a diferença.

Certa noite, enquanto penteava os cabelos de Calysta, Rosa fez uma promessa à filha.

— Seus dons são um presente, minha estrela. Mas também são um desafio. O mundo verá sua luz, mas nem todos saberão como lidar com ela. Você precisará ser forte, e eu estarei aqui para ajudar você.

Calysta olhou para a mãe, o coração dividido entre medo e curiosidade. Ela sabia que algo grande a esperava, mesmo que ainda não entendesse o que era.

Naquela noite, enquanto a aldeia dormia, Calysta olhou para o céu estrelado e fez uma promessa silenciosa:

"Eu prometo que, não importa o que aconteça, vou enfrentar tudo com coragem. Porque tenho o amor da minha mãe e a força da minha família comigo. E isso será o suficiente."

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