Nasce a Fusão de Almas

CAPÍTULO 5

Nos vemos no futuro.

Calysta e Mihai foram levados ao centro do círculo formado pelos convidados. Ela segurava um pequeno buquê de flores silvestres, enquanto ele carregava o anel prateado que simbolizaria sua promessa.

Diana, a anciã dos Romani Calon, ergueu as mãos para silenciar a multidão.

— Esta noite, celebramos não apenas a união de duas almas, mas também de duas linhagens que foram separadas pelo destino e agora se encontram novamente. Que Calysta e Mihai sejam o símbolo de força e esperança para todos nós.

A multidão aplaudiu, enquanto Mihai se aproximava de Calysta com uma postura confiante. Ele segurou sua mão delicadamente, seus olhos escuros fixos nos dela.

— Calysta, eu prometo estar ao seu lado, protegê-la e honrar este compromisso. Hoje, damos início a um novo caminho juntos.

Ele deslizou o anel no dedo dela, enquanto Calysta, ainda tímida, sorriu e balançou a cabeça, sem saber ao certo o que dizer.

— Eu prometo... fazer o meu melhor, — respondeu, arrancando risos suaves da multidão.

A música recomeçou, e o círculo ao redor deles se abriu para a dança. Calysta foi levada por Rosa para se juntar às mulheres que giravam suas saias ao som do violino, enquanto Mihai era conduzido por Dragomir para uma roda masculina, onde os homens cantavam e batiam palmas.

A Importância da União

Enquanto a celebração continuava, Diana e Dragomir observavam à distância.

— Você acredita que eles estão prontos para isso? — perguntou Diana, com a voz baixa.

Dragomir assentiu lentamente.

— Eles ainda não entendem o que significa. Mas essa união é o que precisamos. Os dons de Mihai e Calysta não podem ser subestimados. Juntos, eles formarão uma linhagem que carregará a força de nossos ancestrais e o poder que nossas tribos precisam para sobreviver.

Livia, ao lado deles, acrescentou:

— Eles são jovens, mas têm almas antigas. Encontrarão seu caminho, assim como nós encontramos o nosso.

A fogueira ardia cada vez mais alto, iluminando os sorrisos, as danças e a magia daquela noite. A união de Calysta e Mihai estava apenas começando, selada pelo fogo, pela música e pela promessa de um futuro melhor para seus povos.

A música continuava a ecoar pela noite, mas agora parecia mais suave, como se o próprio ritmo respeitasse o momento que se desenrolava entre Mihai e Calysta. Ele segurava as mãos dela com firmeza, mas com cuidado, como se temesse quebrar algo precioso. Seus olhos, tão escuros quanto a noite, estavam fixos nos dela, que brilhavam com uma intensidade azul incomum.

Enquanto dançavam, o calor do fogo parecia envolver apenas os dois. O mundo ao redor deles desaparecia, e uma energia antiga começava a se manifestar. Era como se as almas de seus ancestrais, há muito conectadas, despertassem naquele instante.

De repente, Calysta parou, os olhos vidrados, como se estivesse olhando além do presente. Uma leve brisa percorreu o acampamento, fazendo com que os cabelos negros da menina esvoaçassem, enquanto ela pronunciava palavras que não pareciam suas.

— No me olvides… Nos reencontraremos en el futuro, mi gran amor, y estaremos juntos para siempre.

Mihai piscou, confuso, mas sentiu seu coração acelerar. Ele sabia que aquelas palavras eram importantes, mesmo que não as compreendesse totalmente.

Os anciãos, que observavam de longe, se entreolharam em silêncio. Diana foi a primeira a falar, sua voz baixa, quase em reverência:

— Os espíritos dos ancestrais se manifestaram. Ela viu algo além do nosso tempo.

Livia, ao lado de Dragomir, sussurrou:

— Eles foram escolhidos. Essa união é sagrada.

Mihai apertou as mãos de Calysta, como se quisesse ancorá-la à realidade. Ela piscou, voltando a si, e o olhou com um pequeno sorriso, sem entender o que havia acabado de dizer. Ele sorriu de volta, como se prometesse protegê-la, independentemente do que o futuro trouxesse.

Enquanto a música voltava a crescer e os ciganos celebravam, os dois permaneciam conectados, com as mãos unidas, selando algo muito maior do que podiam compreender.

A festa foi interrompida por um som que cortou o ar como uma lâmina: tiros. O caos se espalhou pelo acampamento cigano em questão de segundos. Mulheres gritaram, crianças choraram, e os homens tentaram reagir, mas eram muitos inimigos. Homens armados emergiram das sombras, suas vozes trovejantes ecoando em uma língua desconhecida.

As chamas da fogueira lançavam sombras grotescas enquanto os invasores atiravam sem piedade. O som dos violinos foi substituído por gritos de desespero e o eco das armas. Calysta estava paralisada, segurando a mão de Mihai, enquanto os olhos dela se enchiam de lágrimas.

— Mihai! Corra! — gritou Dragomir, puxando o filho com força.

Livia segurou Mihai pelo braço enquanto Dragomir liderava o caminho, afastando os invasores com pedaços de madeira.

— Para o bosque! Vamos! — ordenou Dragomir.

Mihai olhou para trás, tentando encontrar Calysta entre o caos. Rosa e Joaquim haviam segurado a menina, protegendo-a com seus corpos enquanto buscavam uma rota de fuga.

— Pelo rio! Sigam pelo rio! — gritou Joaquim para Rosa, enquanto lutava para manter a calma.

Rosa apertou a mão de Calysta, que soluçava, e começou a correr em direção oposta à da família de Mihai. As duas famílias se perderam de vista, separadas pelo pânico e pela escuridão.

No acampamento, o massacre continuava. Os ciganos que tentavam lutar eram abatidos sem piedade, suas roupas coloridas agora manchadas de sangue. As tendas pegavam fogo, iluminando o horror que se desenrolava. Diana, a anciã dos Romani Calon, caiu de joelhos, murmurando uma última oração antes de ser abatida.

— Protejam as crianças… protejam o futuro… — foram suas últimas palavras.

Dragomir, Livia e Mihai se esconderam em uma caverna nas colinas próximas, ofegantes e cobertos de suor e cinzas.

— Perdemos tudo, mas ainda temos Mihai, — disse Livia, as lágrimas escorrendo enquanto ela abraçava o filho.

Do outro lado, Rosa, Joaquim e Calysta seguiam pelo rio, cada passo um esforço para sobreviver.

— Mamãe, cadê todo mundo? E Mihai? — perguntou Calysta, entre soluços.

Rosa apenas segurou a filha com força.

— Agora, só podemos seguir em frente, minha estrela.

Atrás deles, o acampamento cigano, antes cheio de música e vida, era apenas um amontoado de corpos e cinzas. O massacre havia silenciado duas grandes tribos, deixando apenas duas famílias em fuga, separadas pelo destino, mas unidas por uma promessa ainda viva.

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