O Beijo do Destino

CAPÍTULO 1

O Nascimento de uma Estrela

A noite estava silenciosa na pequena aldeia cigana, com o luar iluminando as tendas espalhadas pelo campo. Dentro da maior tenda, o som de gemidos e respirações ofegantes rompia o silêncio. A anciã Diana, a parteira da aldeia, trabalhava com habilidade e paciência. Do lado de fora, Joaquim andava de um lado para o outro, ansioso e cheio de nervosismo, tentando ouvir qualquer palavra que indicasse o desfecho do parto de sua esposa, Rosa.

— Calma, Joaquim! — chamou um dos amigos da aldeia, tentando tranquilizá-lo. — A anciã está lá dentro. Ela nunca erra.

— Mas e se algo acontecer? — Joaquim respondeu, inquieto, passando a mão pelos cabelos desgrenhados. — Eu não posso perder Rosa. E a criança… e se ela não resistir?

Dentro da tenda, Rosa gritava de dor. A cada contração, ela agarrava os lençóis finos que cobriam o chão.

— Respire, menina, respire! — orientava Diana, com a voz firme, mas acolhedora. — Está quase. Seu corpo sabe o que fazer. Confie nele.

Rosa chorava, as lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Eu não consigo, Diana, está doendo demais!

— Consegue, sim! Cada grito seu é a força da sua alma trazendo uma nova vida para este mundo. Agora empurre!

Com um último esforço, Rosa gritou alto, e então, um som suave e delicado tomou conta da tenda. Um choro de bebê ecoou, trazendo uma onda de alívio para Rosa e uma explosão de alegria para Joaquim do lado de fora.

— O que foi? É um menino ou uma menina? — Joaquim gritou desesperado.

Diana abriu a entrada da tenda e sorriu com os dentes desgastados.

— É uma menina! Venha, Joaquim. Venha conhecer sua estrela.

Joaquim entrou apressado, com o coração disparado. Ele se ajoelhou ao lado de Rosa, que segurava nos braços uma pequena criança. A bebê tinha a pele tão branca quanto a luz do luar, olhos de um azul cristalino e cabelos negros como a noite.

Joaquim olhou para sua filha com os olhos cheios de lágrimas. Ele não conseguia acreditar na perfeição diante de si.

— Ela é… a mais linda das estrelas. — Sua voz falhou, enquanto ele estendia a mão para tocar a testa da bebê.

— Linda como uma joia rara, Joaquim, — disse Diana, admirando a recém-nascida.

— Calysta, — Joaquim disse com convicção, olhando para Rosa. — Seu nome será Calysta, porque ela é a mais bela estrela desta aldeia.

Diana sorriu, satisfeita.

— Sábia escolha. Calysta significa "a mais bela" em um antigo idioma. Um nome digno de uma menina tão especial.

A bebê choramingou nos braços de Rosa, e a mãe riu, mesmo exausta.

— Ela é forte, Joaquim. Uma verdadeira filha do vento.

Lá fora, a aldeia começou a celebrar. Músicas ciganas ecoaram pelos campos, violinos e pandeiros se misturando ao som de palmas e vozes felizes. Homens e mulheres dançavam em círculos, agradecendo aos céus pela nova vida que havia chegado.

Joaquim saiu da tenda com a bebê nos braços e ergueu-a para que todos a vissem.

— Hoje nasceu a mais linda das estrelas! Esta é Calysta, a luz que guiará nossa aldeia.

Os aplausos e gritos de alegria cresceram, e a música ficou ainda mais intensa. Joaquim sentiu o peito transbordar de orgulho e amor. Ele olhou para o céu estrelado e sussurrou:

— Você será forte, minha filha. Uma estrela que nunca se apagará, mesmo nas noites mais escuras.

A aldeia continuou a comemorar até o amanhecer, enquanto Rosa descansava ao lado de sua pequena Calysta, a mais nova joia de sua família. A luz daquela estrela já começava a brilhar, e sua história estava apenas começando.

Os anos passaram, e Calysta cresceu como um verdadeiro raio de luz para a aldeia cigana. Desde pequena, ela era uma criança amorosa, sempre sorrindo e cativando a todos ao seu redor. Seus olhos azuis, tão brilhantes quanto o céu em um dia claro, e seu cabelo negro, longo e sedoso, tornaram-se sua marca registrada, destacando-a entre as crianças da aldeia.

— Venha aqui, minha pequena estrela. Hoje é dia de cuidar desses cabelos, — dizia Rosa, sentando-se ao lado de Calysta com uma escova na mão e um sorriso nos lábios.

Calysta adorava esses momentos com a mãe. Rosa penteava cuidadosamente os longos fios negros, enquanto Calysta contava histórias que inventava sobre o vento, as estrelas e as árvores da floresta ao redor da aldeia.

— Mãe, você acha que meu cabelo brilha tanto quanto as estrelas? — ela perguntava, olhando-se no espelho improvisado com um pedaço de metal polido.

— Mais ainda, minha filha. Você tem a luz delas dentro de você, — respondia Rosa, com orgulho.

As crianças da aldeia adoravam brincar com Calysta, que era sempre gentil e nunca deixava ninguém de fora. Ela liderava os jogos de pega-pega entre as tendas e gostava de ensinar canções que aprendia com os anciãos.

— Calysta, venha cantar para nós! — gritava uma das crianças, enquanto formavam um círculo ao redor dela.

Calysta ria, seu sorriso iluminando o ambiente, e começava a cantar. Sua voz doce fazia todos pararem o que estavam fazendo para ouvi-la.

Os adultos da aldeia também tinham um carinho especial por Calysta. Sempre que alguém precisava de ajuda, lá estava ela, pronta para carregar baldes de água, segurar as mãos das mulheres mais velhas ou consolar uma criança menor.

— Essa menina tem alma de anjo, — dizia Diana, a parteira que a trouxe ao mundo.

A alegria da aldeia crescia ao seu redor. Calysta era um símbolo de união, amor e esperança. Os ciganos acreditavam que sua presença era uma bênção, um lembrete de que mesmo em tempos difíceis, uma luz podia brilhar intensamente e trazer felicidade a todos.

Calysta, com sua bondade e brilho natural, tornou-se a alma viva daquela comunidade, amada por todos e chamada carinhosamente de “a estrela da aldeia.”

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