“Arcanos da Eternidade” é um romance místico que trata de assuntos antigos através de uma ótica diferente daquela imposta pela versão oficial. Não pretendemos em absoluto mudar convicções que foram forjadas durante mais de dois mil anos, consideradas intocáveis, e que geraram receios e preconceitos aplicados e conferidos pelo Cânon diretor das ideias cristãs. Queremos apenas expor a nossa versão dessa história fantástica. Na verdade, os quatro evangelhos ─ três deles chamados sinóticos pela similitude que apresentam entre si ─ contribuem pouco para o conhecimento da figura de Joshua (Jesus); a deificação conferida pelo Concílio de Niceia sob a batuta do imperador Constantino, transformou-o em um Ser Supremo e, por isso, a figura do doce Rabi e seus edificantes ensinamentos foram deturpados e mal interpretados, gerando guerras, contendas, tortura e morte durante grande período de nossa história. O dogma da Santíssima Trindade estabeleceu sansões que no passado deixaram rastros de dor e martírio pela intolerância praticada através da religião que se arvorou em única detentora da verdade e, portanto, a lei absoluta com poderes temporais sobre todo o mundo ocidental antigo. A obra ‘Arcanos da Eternidade’ procura mostrar, sob a forma de um romance, o lado humano da mágica doutrina esotérica de Joshua, o Cristo Cósmico que nós, místicos por excelência, adotamos como código de conduta para a nossa difícil e sofrida jornada terrena. Outro fato, talvez o mais importante do livro, é o resgate da figura de Yosef (José de Arimateia) tão importante quanto esquecida pelos evangelhos oficiais. José de Arimateia é o mais emblemático dos personagens cristãos: primo de Joshua foi ele que nos momentos mais difíceis da vida do Grande Mestre esteve presente.
Ler mais“Os que confiam no senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre”. (sal. 125:1)Passaram-se os dias! Nem bem terminara de escrever o livro e já apareceram ofertas de emprego, com um salário melhor do que o anterior.No fim de semana resolvi ir para o pé da serra onde costumava recarregar minhas baterias. Lá, no silencio da mata, entre as curvas do rio do Pico, eu acalmava todo o stress acumulado e curava doenças da alma e do corpo.Deitado sobre minha pedra favorita deixava os pensamentos fluírem à vontade, sem controle, vagando pelo imenso universo mental.Serra linda! É aqui que encontro paz! A água pura da cascata, o canto dos pássaros, o sol coando pelas frestas da folhagem... tudo isso me empresta a sensação gloriosa de vida e da imensa a
Defende-me, Senhor, dos que me acusam; luta contra os que lutam comigo. Toma os escudos, o grande e o pequeno; levanta-te e vem socorrer-me. (Salmos 35:1,2) A Crucificação ou crucifixão era um método de execução tipicamente romano. Acredita-se que tenha origem persa e que chegou ao ocidente através de Alexandre. Sabe-se que mais tarde foi difundido entre os cartagineses e como Roma era hábil em copiar, até mesmo os mais cruéis métodos de execução, espalhou-se no Império como um meio de castigar, primeiramente aos escravos e depois os criminosos comuns. Na crucificação eram combinados atos de vergonha e tortura. Vergonha, pois o condenado carregava a pr&o
O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. João 15:12A semana transcorreu sem qualquer novidade e, no domingo à hora combinada cheguei à casa de Ângelo para mais uma etapa da narrativa. Tudo aconteceu exatamente da forma habitual e, sem maiores delongas retomamos o nosso trabalho.Ângelo retomou o relato do ponto em que havia parado:Joshua, manietado pelos seus guardas, foi levado para o Sinédrio, à presença de Caifás, o Sumo Sacerdote. Fora Caifás quem mais se dispusera contra Joshua, instigando os judeus e dizendo que convinha que um homem morresse pelo povo a fim de acalmar os ânimos dos romanos, agitados com os rumores de revolta que circulavam em Jerusalém. Caifás tentou interrogar Joshua a respeito dos discípulos e de sua doutrina:&m
Então os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; porque águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo. (Isaías 35:6)Para além do ribeiro de Cedron havia um horto onde Joshua sempre se retirava para meditar quando estava em Jerusalém. O local, que uns chamavam de Getsemâni e outros de Monte das Oliveiras, refletia bastante paz e era repleto de vibrações salutares provenientes das preces que se faziam ali com frequência. Foi para lá que Joshua e todos os que estavam com ele seguiram. Já era noite alta quando chegaram e o local estava escuro e muito pouco se enxergava ao redor. Joshua retirou-se para um espaço mais solitário, enquanto seus s
“Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam”. (Jo 1 : 4,5).Estavam juntos Yosef, Miriam, Maryan, João, Simão e os outros discípulos que conviviam com Joshua, acompanhando-o em seu ministério, aprendendo e ensinando a doutrina do amor.A conversa seguia em tom coloquial e elevado, com Joshua discorrendo sobre as grandes maravilhas que o Reino de Deus reserva para aqueles que procuram orientar suas vidas em direção às boas obras realizadas pelo espírito. Simão, a quem Joshua chamava Cefas[1] num determinado momento comentou:— Mestre tu tens falado conosco, muitas vezes, a respeito das santas coisas que provém da tua sabedoria, pois temos em conta que és o verdadeiro filho de Deus, o Messias
"Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. (Rubem Alves)Naquela semana, separei um dia para ir para meu retiro ao pé da serra: lá, entre a beleza da natureza em um dos poucos recantos ainda preservados que conheço, subi pelo leito do rio até um ponto onde uma pequena cachoeira descia entre as pedras. Local lindo e inspirador, e ali me deixei ficar aproveitando as maravilhas do fabuloso rio do Pico.Mergulhando na água gelada deixei que ela passasse pelo meu corpo descendo desde minha cabeça até os pés, com a força da correnteza; era como uma hidromassagem, relaxante e, ao mesmo tempo revigorante. Quase me faltava o fôlego, mas era magnífico sentir aquela sensaç
“Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe com coração contente o teu vinho, pois já Deus se agrada das tuas obras.”. (Ecl. 9-7) A semana possuía um feriado na sexta. Aproveitei para tirar o carro da garagem, coisa que, ultimamente não fazia com frequência para economizar combustível, e peguei a família para relaxar num passeio, pois todos estavam estressados com aquela vida cheia de rotinas e privações.Fomos a uma praia que eu conhecia bem, um pouco afastada, em um local onde só se podia chegar de carro, mas que tinha a vantagem de não ser muito frequentada, a não ser por alguns banhistas amantes do surf. Quando chegamos, minha mulher e meus filhos correram para a barraca, a única da praia, feita de troncos de coqueiro e coberta de palhas. Com o trabalho que
“Bem aventurado é aquele cuja transgressão é perdoada e cujo pecado é coberto”. (sal 32:1) Foi uma semana trabalhosa! Apareceram alguns serviços avulsos de consultoria que me renderam algum dinheiro, mas, em compensação quase me deixaram sem tempo para escrever e colocar em dia o assunto do último domingo. Mas agradeci a Deus pela oportunidade de ganhar o pão para mim e para minha família.Com uma parte do adiantamento recebido fui ao supermercado e fiz compras, abastecendo a despensa que já estava ficando em nível crítico. Paguei também contas atrasadas, sentindo-me um novo homem com a autoestima subindo de cotação em relação aos últimos meses.No domingo, no horário de costume, cheguei à casa de Ângelo. Ele estava só. Perguntei:— Nosso a
“Mas aquele que beber da água que eu lhe der, nunca terá sede porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna”(Jo 4:14). No domingo seguinte, Ângelo estava acompanhado de um ancião de idade completamente indefinida, porém avançada no tempo. Apesar de velhinho era ereto e tinha cabelos brancos crescidos do meio da calva para baixo. A barba alva como algodão, também era crescida chegando até a altura do peito. Tinha um ar venerável como um profeta bíblico e sua túnica de extrema brancura chegava até os tornozelos. Seu avental era orlado de franjas prateadas e um símbolo também prateado estava bordado em seu peito.— Este é Lúcio — apresentou Ângelo. — El