Arcanos da Eternidade

Arcanos da EternidadePT

Fernando Gimeno  concluído
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Resumo
Índice

“Arcanos da Eternidade” é um romance místico que trata de assuntos antigos através de uma ótica diferente daquela imposta pela versão oficial. Não pretendemos em absoluto mudar convicções que foram forjadas durante mais de dois mil anos, consideradas intocáveis, e que geraram receios e preconceitos aplicados e conferidos pelo Cânon diretor das ideias cristãs. Queremos apenas expor a nossa versão dessa história fantástica. Na verdade, os quatro evangelhos ─ três deles chamados sinóticos pela similitude que apresentam entre si ─ contribuem pouco para o conhecimento da figura de Joshua (Jesus); a deificação conferida pelo Concílio de Niceia sob a batuta do imperador Constantino, transformou-o em um Ser Supremo e, por isso, a figura do doce Rabi e seus edificantes ensinamentos foram deturpados e mal interpretados, gerando guerras, contendas, tortura e morte durante grande período de nossa história. O dogma da Santíssima Trindade estabeleceu sansões que no passado deixaram rastros de dor e martírio pela intolerância praticada através da religião que se arvorou em única detentora da verdade e, portanto, a lei absoluta com poderes temporais sobre todo o mundo ocidental antigo. A obra ‘Arcanos da Eternidade’ procura mostrar, sob a forma de um romance, o lado humano da mágica doutrina esotérica de Joshua, o Cristo Cósmico que nós, místicos por excelência, adotamos como código de conduta para a nossa difícil e sofrida jornada terrena. Outro fato, talvez o mais importante do livro, é o resgate da figura de Yosef (José de Arimateia) tão importante quanto esquecida pelos evangelhos oficiais. José de Arimateia é o mais emblemático dos personagens cristãos: primo de Joshua foi ele que nos momentos mais difíceis da vida do Grande Mestre esteve presente.

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Introdução
“Como água fresca para uma alma cansada é a notícia boa de uma terra longínqua”. (Prov. 25:25) Estranhos são os momentos que vivemos nessa Terra! O véu da realidade é tão tênue que, frequentemente, ultrapassamos os limites de nossa consciência e mergulhamos naquilo que adorna nossos pensamentos, nossas ideias...E então o tempo, a primeira dimensão de um universo conceptual, nos situa em uma determinada época, num período qualquer ou numa era longínqua! Mas, na síntese da eternidade essa dimensão se funde com o espaço criando a hipótese de podermos vivenciar lugares diferentes na mesma fração de segundo em que vivemos. E aí, passado, presente e futuro, juntam-se, agrupam-se, interpenetram-se no mesmo plano... com certeza estamos mentalmente, m
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Prólogo
“Da claridade, da chuva, há relva saindo da terra”. (2 sam 23:10)  Era um dia de primavera, de um ano que já se vai pelas névoas do tempo. Lá estava eu sentado em uma praça numa grande cidade borbulhante de vida. Deviam ser nove horas da manhã: um dia de sol claro, no qual uma brisa soprava amena espalhando uma vibração gostosa pelo ar; nem calor nem frio, apenas uma inefável sensação de bem estar. Mesmo sentindo as benesses daquele dia lindo, mesmo sentindo a felicidade íntima enquanto zéfiro afagava meu rosto, uma pontinha da minha alma se entristecia por encontrar-me à margem do mercado formal de trabalho. Eu estava desempregado.Sentado, permaneci em cisma observando a entrada do metrô que, qual enorme fauce escancarada, engolia e vomitava a multid
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Capítulo I
“Faze-me andar na tua verdade e ensina-me, pois tu és o meu Deus de Salvação.” (sal 25:5) Aquele encontro mexeu comigo. Era isso o que o meu pensamento, lá no íntimo, me dizia. Meu pensamento consciente, claro.Tentava entender, de todas as formas, o que acontecera, mas não tinha explicações para aqueles fatos insólitos. Na verdade, sempre fui estudioso e interessado por assuntos esotéricos e transcendentes. Um místico!Mesmo assim, “meu Eu” não encontrava explicação para aquele mistério. Eu era um estudante aplicado, que tentava obter sucesso muito mais por esforço próprio e vocação filosófica do que por modismo, como é frequente acontecer com os esoteristas de ocasião. Estes são os permanentes sabichões do nosso mundo moderno e em t
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Capítulo II
“Eis que para a paz tive o que era amargo, sim, muito amargo. E tu mesmo ficaste afeiçoado à minha alma e a guardaste da cova da desintegração!” (Is. 38:17) Quando ia bater a porta se abriu e Ângelo, sorridente saudou-me:— Bom dia, José! Chegastes bem no horário; entre. Trajava uma túnica presa na cintura, totalmente branca, que lhe chegava até os tornozelos. Era perpassada por um avental onde se viam alguns sinais incompreensíveis para mim. Na altura do coração havia um símbolo que me pareceu um hieróglifo egípcio verde claro. Nos pés tinha sandálias com solado de feltro.Entrei: a mobília era simples e bem escassa. O apartamento parecia pequeno, apenas quatro cômodos, pelo que pude perceber. Rapidamente, passei os olhos por todo o ambiente: Uma sala com um sof&
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Capítulo III
“O ódio excita contendas; mas o amor cobre todas as transgressões”. (prov. 10:12) Após me acalmar, Ângelo pediu-me que fosse até o quarto e que trocasse minhas roupas por uma túnica semelhante à sua, branca, até os tornozelos, que se encontrava dobrada sobre a cama. Somente os hieróglifos e o avental eram diferentes e em cor vermelha. Isso fazia parte do ritual que ele me pedira para realizar. Pediu-me que lavasse as mãos e esfregasse nelas uma espécie de bálsamo, oleoso e perfumado. Depois, pegando um frasco de óleo, ungiu minha cabeça, deixando que o líquido escorresse pelo pescoço e molhasse a parte superior da túnica. Um delicioso perfume invadiu o ambiente e me deixou inebriado. Calcei também sandálias de feltro muito confortáveis e na minha cintura foi amarrada uma corda tosca de si
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Capítulo IV
“Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.” (Ec. 12:14).    Minha excitação, durante a semana, foi indescritível! Rememorei tudo que havia passado; era difícil crer no que estava acontecendo comigo.Ainda no domingo, ao chegar à minha casa, escrevi, da melhor forma que pude tudo o que me fora passado, procurando me concentrar na época na qual se desenrolava aquela narração. Pesquisei na net bastante, apesar de existir poucas informações sobre semelhante assunto.  Finalmente o domingo chegou!O tempo arrastara-se vagaroso, fruto da ansiedade que me dominava. Cedinho estava acordado. Aliás, pouco dormi... Durante a semana expliquei a minh
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Livro II – Joshua Capítulo V
“A Ti também, Senhor, pertence a misericórdia; pois retribuirás a cada um segundo a sua obra (sal 62:12)  Nazaré fica próximo ao Mar da Galileia, naquela época chamado de Lago de Tiberíades. Perto do litoral, no Monte Carmelo, erguia-se um mosteiro que reunia vários dos habitantes daquela comunidade. Eram os Essênios. Entre eles estudava-se a Lei Judaica e formavam uma fraternidade onde todos trabalhavam para o bem comum, amando-se e respeitando-se. Os Essênios talvez fossem egressos de antigas Escolas de Mistério do Egito, mas o certo é que viviam no deserto e por isso eram conhecidos como “o povo do deserto”. Desde a dominação do Império Selêucida formaram um pequeno grupo de judeus, que abandonou as
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Capítulo VI
“O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do espírito é espírito” (Jo, 3:6) Joshua e Yosef permaneceram no mosteiro até que o primeiro completasse quinze anos. Durante esse tempo estudaram com afinco as escrituras. Ouviram com atenção as ponderações cheias de sabedoria de Zacarias; este, embora já velhinho e aproximando-se de um século de idade, gostava muitíssimo de Joshua tendo recebido, em sonhos, visões que mostravam o filho de Maryan, prima de sua mulher, como um sol resplandecente iluminando com sua luz as trevas em derredor. Ele era o Mestre da Retidão e tinha responsabilidade sobre todo o seu povo tal e qual um pastor tem responsabilidade sobre o seu rebanho. Mas concordou com a viagem! Também seu filho Yochanan (João) fora embora levado por sua miss&at
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Capítulo VII
"Porque ele me ama, eu o resgatarei; eu o protegerei, pois conhece o meu nome. (Salmos 91:14)  Saltei e andei lentamente até uma praça próxima onde me aboletei em um banco. Por ser domingo em horário do almoço, não havia muito movimento, mas mesmo assim um bom punhado de pessoas se reunia na lanchonete em frente à praça em que eu me encontrava. Era um local onde se ajuntavam alguns cinemas; dois ou três bares distribuíam suas cadeiras pela calçada.Um menino com presumíveis doze anos sentou-se no mesmo banco em que eu estava. Trajava calça-jeans, camisa com dísticos em inglês e um tênis “de marca” como dizem os jovens. Nas costas uma mochila como qualquer estudante moder
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Capítulo VIII
Venham! Bendigam ao Senhor todos vocês, servos do Senhor, vocês, que servem de noite na casa do Senhor. (Salmos 134:1) Chegando à sua terra, foram inquiridos por funcionários do governo avisados de sua chegada por aqueles que os denegriam na Pérsia. Diziam eles que um santo do oriente estava vindo e, o que é pior, querendo adentrar ao país cheio de ideias revolucionárias que poderiam ser danosas para o sistema romano. Por isso, nas fronteiras foram reforçados os postos de guarda para prevenirem da chegada do inoportuno estrangeiro.— Quem sois vós e qual vosso país de origem? ——perguntou arrogantemente o funcionário encarregado da alfândega disposto a proibir que os dois viajantes retornassem à
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