Logo após deixar Max na mansão dos Hoffmann, Nikolas seguiu por algumas quadras ao sair do condomínio de luxo e estacionou em uma rua tranquila. Respirou fundo, fechou os olhos e jogou a cabeça para trás. O silêncio pesado dentro do veículo amplificava os pensamentos turbulentos assombrando-o, nublando a mente sempre analítica e centrada.Precisava de um olhar de fora, ouvidos para desabafar, mesmo que a boca o criticasse, decidiu buscando no bolso da calça o celular. — Boa noite, Ricardo — saudou após o amigo e sócio atender no segundo toque. — Está ocupado?— Nikolas? — Era perceptível sua confusão. Rever uma ligação em um domingo à noite não era comum, ainda mais se a pessoa do outro lado da linha era seu sócio. — Tô aguardando o jantar. O que houve? — Só preciso falar com um amigo. Desanuviar a mente de algumas coisas, sabe? — respondeu com a voz cansada, esfregando os olhos.— Pode vir aqui em casa. Laura e Benji vão adorar sua visita.Nikolas hesitou diante do convide, porém,
Ao chegar ao bar, Nikolas estacionou e ficou um momento sentado, respirando fundo antes de sair do carro. Precisava desabafar, porém, sabia que Ricardo o criticaria em vários pontos, o principal sendo seu relacionamento atual com Anya.Sentaram em um canto discreto do bar Blank e pediram as bebidas de costume. O ambiente estava tranquilo, com poucas pessoas presentes, criando uma atmosfera perfeita para conversas confidenciais, caso da que Nikolas pretendia ter com o amigo e sócio.Nikolas mexia distraidamente no copo de cerveja, o olhar perdido nas sombras do bar. Precisava desabafar e se aconselhar, mas as palavras pareciam difíceis de encontrar e não sabia exatamente de que ponto iniciar o relato. Ricardo, seu melhor amigo e sócio, observava-o com preocupação, esperando pacientemente que começasse, porém, inquieto com a demora.— Então, o que está acontecendo? — Ricardo perguntou quebrando o silêncio, ansioso para saber o motivo de o amigo chamá-lo em pleno domingo a noite. — Nunca
— O quê?! — Ricardo grasnou, o susto fazendo a batata entalar em sua garganta.Começou a tossir violentamente, pegando o copo de cerveja na esperança que o líquido ajudasse a desobstruir a garganta. Nikolas se levantou rapidamente e deu tapas nas costas do amigo, atraindo olhares curiosos dos poucos ocupantes do bar. Finalmente, com a face vermelha, Ricardo conseguiu limpar a garganta e, arfante, encarou o sócio.— Cara, não pode falar esses absurdos quando eu estou comendo! — queixou-se limpando os cantos dos olhos úmidos.— É sério, Ricardo. Pensei muito sobre isso. — Nikolas se sentou novamente, explicando seus motivos: — Anya disse que Max nasceu em julho, ela terminou comigo em fevereiro, o que leva a duas opções: Max nasceu prematuro ou é meu filho.Ricardo balançou a cabeça e encarou o amigo com incredulidade.— Assuma que está procurando motivos para se apegar ainda mais à Anya e ao filho dela — repreendeu.— Minha mãe sempre comenta como ele se parece comigo.Vendo que não ve
A luz suave das luminárias da sala, Anya se esticava no sofá, verificando documentos do processo de guarda que Ricardo lhe deixou dias antes. Queria saber cada detalhe que lhe fosse permitido, estar preparada para as acusações que viriam e pensar formas de revertê-las.Também usava a leitura para afastar os pensamentos de Nikolas, da conversa que sabia que teriam. A princípio esperava para ouvir o motivo do silêncio e distanciamento que perdurava desde sábado à noite. Mas a futura conversa tinha recebido uma dimensão maior nas últimas horas. Temia esse momento, e ocupava a mente para não se afogar em cenários hipotéticos.Sua concentração se desfez pelo som da porta se abrindo abruptamente. Ergueu o olhar esperando encontrar Nikolas, o que de fato ocorreu, mas o estado dele a fez abandonar os documentos na mesinha e se aproximar dele preocupada.Deixando a porta escancarada, ele entrou cambaleando, os cabelos desarrumados e a camisa meio aberta. Nunca o tinha visto naquele estado, tão
Virando-se lentamente a cabeça latejante para sua direita, Nikolas viu seu irmão mais velho, Viktor, parado a poucos passos, casualmente de braços cruzados e um sorriso malicioso no rosto. Claramente satisfeito em pegar o irmão caçula no flagra.— Viktor... O que está fazendo aqui tão cedo? — perguntou tentando parecer calmo, mas visivelmente desconfortável. O momento, seu estado lastimável e a dor de cabeça cortavam qualquer linha racional que pudesse usar.— Eu que te pergunto. Parece que a casa de hóspedes tem novos atrativos? — o mais velho provocou se aproximando.— Vim... resolver algumas coisas...— Resolver algumas coisas? — Viktor analisou de cima a baixo seu estado deplorável, o riso na voz ao comentar: — Imagino que teve muitas... Resoluções.— Estive discutindo... Sobre o processo de gua
Em pé atrás de sua escrivaninha, Nikolas aguardou paciente a porta do seu escritório abrir e sua secretária dar passagem a Klaus Hoffmann e Liam Petrov. Klaus entrou com passos firmes, a presença imponente inconfundível, os olhos verdes irradiando autoridade e uma severidade que poderia fazer qualquer um recuar. Liam seguia logo atrás, um largo sorriso no rosto.— Advogado, temos pendências a respeito da guarda do meu neto — Klaus anunciou imperioso, sem preâmbulos. — Esse processo precisa ser acelerado. Tenho planos de mandar Maximilian para estudar no exterior, longe da influência da Anya.— Senhor Hoffmann, compreendo suas preocupações, mas precisamos seguir os procedimentos legais, que demoram — retrucou calmo e firme. — Estamos lidando com a vida de uma criança de quatro anos, e todos desejamos o melhor para ele. — destacou. — E penso que mandar uma criança pequena ao exterior, longe da mãe, é uma péssima ideia.Klaus estreitou os olhos, seu olhar fixo em Nikolas, que não demonst
Tendo deixado tudo preparado para servirem o jantar, Anya pediu para falar um momento com Clara. Não queria deixar a única pessoa que lhe estendeu a mão sem saber o que planejava.— Hoje recebi uma oferta de trabalho na área de administração de empresas — iniciou tão nervosa que podia ouvir o coração em seus ouvidos. — É o que eu estudei e sempre quis fazer. Uma oportunidade que não posso deixar passar — explicou.Clara franziu o cenho, surpresa, mas logo seu rosto suavizou.— Sempre soube que esse momento chegaria, embora é mais cedo do que imaginei — Clara lamentou tocando a mão de Anya com carinho. — Óbvio que pode ir atrás dos seus sonhos. O tempo de experiência está no fim, então o contrato de trabalho não será um empecilho.— Obrigada! E não se preocupe, vou ajudar a senhora a encontrar alguém antes de sair.— Tenho certeza de que vai brilhar onde quer que vá. Nesses quase três meses se saiu tão bem cuidando dessa casa, mesmo não tendo experiência. — Resignada, estendeu os braço
Conduzindo Anya em direção ao quarto sem deixar de beijá-la, os pensamentos de Nikolas estavam em turbilhão. Sentia-se fraco e tolo, dando razão ao sócio, por dizer que ele se enganava quando o assunto envolvia Anya.Seguir dessa forma, com tantas lacunas entre eles, era imprudente, mas não conseguia parar, se afastar do desejo avassalador que o levava direto para os braços dela. A necessidade de estar com ela, de sentir seu calor, superava qualquer pensamento racional.A deitou suavemente na cama, deixando-a ali, tentadoramente ofegante e com a face corada, enquanto se desfazia das roupas. Ansiosa, Anya também lançou longe as peças que usava.— Necessito de você — admitiu em sussurrou ao deitar junto dela. — Mais do que é seguro.As íris azuladas encontraram o olhar negro e seu corpo derreteu-se.— Também te necessito...Lançando os braços em volta do pescoço dele, Anya o puxou para mais perto, unindo seus lábios novamente, as línguas se provando como se fossem o mais delicioso dos m