Conduzindo Anya em direção ao quarto sem deixar de beijá-la, os pensamentos de Nikolas estavam em turbilhão. Sentia-se fraco e tolo, dando razão ao sócio, por dizer que ele se enganava quando o assunto envolvia Anya.Seguir dessa forma, com tantas lacunas entre eles, era imprudente, mas não conseguia parar, se afastar do desejo avassalador que o levava direto para os braços dela. A necessidade de estar com ela, de sentir seu calor, superava qualquer pensamento racional.A deitou suavemente na cama, deixando-a ali, tentadoramente ofegante e com a face corada, enquanto se desfazia das roupas. Ansiosa, Anya também lançou longe as peças que usava.— Necessito de você — admitiu em sussurrou ao deitar junto dela. — Mais do que é seguro.As íris azuladas encontraram o olhar negro e seu corpo derreteu-se.— Também te necessito...Lançando os braços em volta do pescoço dele, Anya o puxou para mais perto, unindo seus lábios novamente, as línguas se provando como se fossem o mais delicioso dos m
Ocupando toda a ala norte da mansão dos Hoffmann, tendo somente Maximilian próximo ao seu quarto, Liam Petrov tinha toda a liberdade de fazer e ser como desejasse sem o olhar crítico do sogro. Fato que o ajudava há anos a manter Carla, babá de Maximilian, como sua amante.Tinha temido que a descoberta por parte do menino, e a revelação dele para Anya, pudesse gerar sua queda na ascendente construção de seu relacionamento com os Hoffmann. Felizmente, os erros da ex-esposa eram maiores que um caso trivial com uma funcionária, e não ajudou para a Anya pedir o divórcio. A honra e moral da família valiam para Klaus do que sentimentalismos tolos, mesmo que para isso tivesse que esconder algumas sujeiras embaixo do tapete, palavras do Hoffmann.Diante do espelho, ajeitando a gravata, Liam encarava o próprio semblante irritado, antevendo uma nuvem em seus planos ensolarados. Óbvio que tinha o apoio irrestrito de Klaus para ascender à presidência das empresas quando a aposentadoria chegasse, m
No escritório de Nikolas, a luz do sol da tarde entrava pelas grandes janelas, iluminando a mesa de madeira escura cheia de documentos. Ele estava sentado à sua mesa, revisando um dos processos, quando ouviu uma batida na porta.— Entre!Tendo sido informado minutos antes que Liam Petrov estava no prédio, nem se importou em levantar os olhos dos papéis quando a porta se abriu. Dando um longo respiro, cruzou as mãos sobre a mesa e ergueu o olhar para o incomodo visitante mantendo a expressão neutra e profissional.— Nikolas, podemos sair para beber e conversar? — Liam pediu com um sorriso frio, ignorando o pedido para que se sentasse.Nikolas recusou e gesticulou novamente em direção uma das cadeiras.— Sente-se! E me fale o que precisa — disse, explicando apenas por educação: — Tenho de ir ao tribunal em algumas horas, não posso me alongar em conversas.Ocultando a irritação pela prepotência do advogado, Liam se acomodou na cadeira, ajustando o paletó com um sorriso forçado e olhar de
A declaração de Nikolas fez Liam recuar surpreso, a constante expressão de superioridade se dissolvendo rapidamente. Ficou parado, encarando-o sem entender nada, a boca abrindo e fechando enquanto procurava algo para dizer.— O que disse? Explique-se — exigiu.Nikolas caminhou até a porta do escritório e a abriu totalmente, apontando para fora num gesto decidido.— Não trabalho mais para os Hoffmann e nem para você.Momentaneamente sem palavras, Liam piscou atônito, a raiva e a confusão se misturando em seu rosto.— O quê? Ficou louco? Não pode fazer isso!— Tanto posso que estou fazendo. Agora saia do meu escritório!— Você não pode simplesmente largar o trabalho e me expulsar — Liam retrucou com a voz trêmula de raiva. — Meu sogro paga caro para essa porcaria de escritório representá-lo.Nikolas deu um passo em direção ao Petrov, que recuou diante do olhar soturno.— Devolverei cada centavo — anunciou, a voz baixa, mas intensa e sombria. — Precisarão para encontrar um advogado que m
Voltando do dia ao lado de Laura, cansada, com os ombros e pés doloridos, Anya entrou na casa de hóspedes e seguiu direto para o quarto. Jogou-se na cama, ouvindo o colchão rangendo suavemente sob seu peso, deixando as lágrimas de decepção e tristeza, que segurou por tanto tempo, escorrerem livremente pelo rosto.Estar tão perto de realizar um sonho e perdê-lo doía em sua alma. No entanto, o pior era pressentir que a culpa era de seu pai. Klaus tinha usado suas inúmeras conexões para sabotar suas chances de trabalhar na área de formação quando ela saiu da mansão, era difícil não associá-lo a essa nova rejeição.— Mais uma vez, estive tão próxima de algo bom e perdi tudo... — sussurrou para o vazio. — O que eu vou fazer agora?A voz de Laura ecoou em sua mente, lembrando-a da oferta generosa feita ao mostrar um apartamento para Anya.— Você precisa de um lugar adequado para você e Max. Morar no quintal dos Oliveira não me parece correto. Posso pagar o aluguel até que consiga um trabalh
Com a ameaça circulando ao ser redor, Nikolas saiu da casa de hóspedes, os passos firmes e rápidos, carregando uma raiva que parecia queimar cada célula de seu corpo. Anya correu atrás dele, o desespero estampado em seu rosto.— Nikolas, espere! O que você quer dizer com pedir a guarda do Max?Nikolas parou abruptamente, fazendo com que Anya, que estava a poucos passos atrás dele, colidisse contra suas costas. Se virou com olhos fulminantes.— Entrarei com uma ação contra você e Liam, requerendo a guarda de Max. Tenho provas de que vocês dois não são adequados para o bem-estar dele.— Não pode fazer isso comigo — queixou-se desesperada. — Sabe que sou uma boa mãe!— O único que sei é que você é uma mentirosa, uma elitista que me desprezou porque eu era pobre e escondeu o meu filho de mim! — esbravejou amargurado.— Não foi assim, juro que não foi! Tive meus motivos... — murmurou um bolor dolorido cortando cada palavra.— Quais motivos, Anya? — exigiu exaltado. — Diga-me quais motivos p
Deitado encarando o teto com um olhar vazio e perturbado, Nikolas sentia que a noite seria interminável, a escuridão ao seu redor sufocante. Revirou na cama, tentando encontrar uma posição confortável, mas o problema era interno e não o deixava em paz.Seu tormento atendia pelo nome Anya. Não bastasse abandoná-lo e casar com outro, foi capaz de esconder que tinham tido um filho. Era óbvio que, enquanto ele se encheu de ilusões quando namoraram, ela sempre o viu como um passatempo, nada além de um pobre qualquer com quem passava algumas horas de diversão. Mentiu por puro egoísmo e ambição, para não perder a vida de luxos.E agora, mesmo correndo o risco de perder a guarda de Max, ela não lhe contou a verdade."Deve achar que continuo a ser o rapaz pobre e insignificante que ela abandonou”, imaginou pressionando o dorso da mão na testa. “Mas não sou. Conquistei tudo o que tenho por conta própria”.A imagem de Max, o pequeno garoto que ele supervisionava com tanto carinho, agora tinha um
Quando o canto dos pássaros preencheu o lado de fora da casa de hóspedes, anunciando o novo dia, Anya desistiu de lutar para dormir e se levantou. Arrastou-se até o banheiro e, apoiando as mãos na bancada, encarou o espelho acima da pia, não se surpreendendo com as olheiras e o cansaço presente em seus olhos.Estava em uma situação que não enxergava saída e se sentia mais vulnerável do que nunca. O medo de perder Max era paralisante. Tinha de lutar com mais empenho, determinou-se molhando o rosto.Com esse pensamento, começou a se arrumar para o novo dia. A noite em claro deixou suas marcas, e não tinha todas as respostas para vencer os obstáculos do lado de fora, mas uma coisa era certa: faria qualquer coisa para proteger e ficar do lado de seu filho.Preparando para sair para o trabalho pegou o celular e verificou as mensagens. A de Laura chamou sua atenção. A princípio esperou alguma novidade, uma nova e milagrosa vaga de emprego, mas em instantes deu-se conta que era só mais uma p