Virando-se lentamente a cabeça latejante para sua direita, Nikolas viu seu irmão mais velho, Viktor, parado a poucos passos, casualmente de braços cruzados e um sorriso malicioso no rosto. Claramente satisfeito em pegar o irmão caçula no flagra.
— Viktor... O que está fazendo aqui tão cedo? — perguntou tentando parecer calmo, mas visivelmente desconfortável. O momento, seu estado lastimável e a dor de cabeça cortavam qualquer linha racional que pudesse usar.
— Eu que te pergunto. Parece que a casa de hóspedes tem novos atrativos? — o mais velho provocou se aproximando.
— Vim... resolver algumas coisas...
— Resolver algumas coisas? — Viktor analisou de cima a baixo seu estado deplorável, o riso na voz ao comentar: — Imagino que teve muitas... Resoluções.
— Estive discutindo... Sobre o processo de gua
Em pé atrás de sua escrivaninha, Nikolas aguardou paciente a porta do seu escritório abrir e sua secretária dar passagem a Klaus Hoffmann e Liam Petrov. Klaus entrou com passos firmes, a presença imponente inconfundível, os olhos verdes irradiando autoridade e uma severidade que poderia fazer qualquer um recuar. Liam seguia logo atrás, um largo sorriso no rosto.— Advogado, temos pendências a respeito da guarda do meu neto — Klaus anunciou imperioso, sem preâmbulos. — Esse processo precisa ser acelerado. Tenho planos de mandar Maximilian para estudar no exterior, longe da influência da Anya.— Senhor Hoffmann, compreendo suas preocupações, mas precisamos seguir os procedimentos legais, que demoram — retrucou calmo e firme. — Estamos lidando com a vida de uma criança de quatro anos, e todos desejamos o melhor para ele. — destacou. — E penso que mandar uma criança pequena ao exterior, longe da mãe, é uma péssima ideia.Klaus estreitou os olhos, seu olhar fixo em Nikolas, que não demonst
Tendo deixado tudo preparado para servirem o jantar, Anya pediu para falar um momento com Clara. Não queria deixar a única pessoa que lhe estendeu a mão sem saber o que planejava.— Hoje recebi uma oferta de trabalho na área de administração de empresas — iniciou tão nervosa que podia ouvir o coração em seus ouvidos. — É o que eu estudei e sempre quis fazer. Uma oportunidade que não posso deixar passar — explicou.Clara franziu o cenho, surpresa, mas logo seu rosto suavizou.— Sempre soube que esse momento chegaria, embora é mais cedo do que imaginei — Clara lamentou tocando a mão de Anya com carinho. — Óbvio que pode ir atrás dos seus sonhos. O tempo de experiência está no fim, então o contrato de trabalho não será um empecilho.— Obrigada! E não se preocupe, vou ajudar a senhora a encontrar alguém antes de sair.— Tenho certeza de que vai brilhar onde quer que vá. Nesses quase três meses se saiu tão bem cuidando dessa casa, mesmo não tendo experiência. — Resignada, estendeu os braço
Conduzindo Anya em direção ao quarto sem deixar de beijá-la, os pensamentos de Nikolas estavam em turbilhão. Sentia-se fraco e tolo, dando razão ao sócio, por dizer que ele se enganava quando o assunto envolvia Anya.Seguir dessa forma, com tantas lacunas entre eles, era imprudente, mas não conseguia parar, se afastar do desejo avassalador que o levava direto para os braços dela. A necessidade de estar com ela, de sentir seu calor, superava qualquer pensamento racional.A deitou suavemente na cama, deixando-a ali, tentadoramente ofegante e com a face corada, enquanto se desfazia das roupas. Ansiosa, Anya também lançou longe as peças que usava.— Necessito de você — admitiu em sussurrou ao deitar junto dela. — Mais do que é seguro.As íris azuladas encontraram o olhar negro e seu corpo derreteu-se.— Também te necessito...Lançando os braços em volta do pescoço dele, Anya o puxou para mais perto, unindo seus lábios novamente, as línguas se provando como se fossem o mais delicioso dos m
Ocupando toda a ala norte da mansão dos Hoffmann, tendo somente Maximilian próximo ao seu quarto, Liam Petrov tinha toda a liberdade de fazer e ser como desejasse sem o olhar crítico do sogro. Fato que o ajudava há anos a manter Carla, babá de Maximilian, como sua amante.Tinha temido que a descoberta por parte do menino, e a revelação dele para Anya, pudesse gerar sua queda na ascendente construção de seu relacionamento com os Hoffmann. Felizmente, os erros da ex-esposa eram maiores que um caso trivial com uma funcionária, e não ajudou para a Anya pedir o divórcio. A honra e moral da família valiam para Klaus do que sentimentalismos tolos, mesmo que para isso tivesse que esconder algumas sujeiras embaixo do tapete, palavras do Hoffmann.Diante do espelho, ajeitando a gravata, Liam encarava o próprio semblante irritado, antevendo uma nuvem em seus planos ensolarados. Óbvio que tinha o apoio irrestrito de Klaus para ascender à presidência das empresas quando a aposentadoria chegasse, m
No escritório de Nikolas, a luz do sol da tarde entrava pelas grandes janelas, iluminando a mesa de madeira escura cheia de documentos. Ele estava sentado à sua mesa, revisando um dos processos, quando ouviu uma batida na porta.— Entre!Tendo sido informado minutos antes que Liam Petrov estava no prédio, nem se importou em levantar os olhos dos papéis quando a porta se abriu. Dando um longo respiro, cruzou as mãos sobre a mesa e ergueu o olhar para o incomodo visitante mantendo a expressão neutra e profissional.— Nikolas, podemos sair para beber e conversar? — Liam pediu com um sorriso frio, ignorando o pedido para que se sentasse.Nikolas recusou e gesticulou novamente em direção uma das cadeiras.— Sente-se! E me fale o que precisa — disse, explicando apenas por educação: — Tenho de ir ao tribunal em algumas horas, não posso me alongar em conversas.Ocultando a irritação pela prepotência do advogado, Liam se acomodou na cadeira, ajustando o paletó com um sorriso forçado e olhar de
A declaração de Nikolas fez Liam recuar surpreso, a constante expressão de superioridade se dissolvendo rapidamente. Ficou parado, encarando-o sem entender nada, a boca abrindo e fechando enquanto procurava algo para dizer.— O que disse? Explique-se — exigiu.Nikolas caminhou até a porta do escritório e a abriu totalmente, apontando para fora num gesto decidido.— Não trabalho mais para os Hoffmann e nem para você.Momentaneamente sem palavras, Liam piscou atônito, a raiva e a confusão se misturando em seu rosto.— O quê? Ficou louco? Não pode fazer isso!— Tanto posso que estou fazendo. Agora saia do meu escritório!— Você não pode simplesmente largar o trabalho e me expulsar — Liam retrucou com a voz trêmula de raiva. — Meu sogro paga caro para essa porcaria de escritório representá-lo.Nikolas deu um passo em direção ao Petrov, que recuou diante do olhar soturno.— Devolverei cada centavo — anunciou, a voz baixa, mas intensa e sombria. — Precisarão para encontrar um advogado que m
Voltando do dia ao lado de Laura, cansada, com os ombros e pés doloridos, Anya entrou na casa de hóspedes e seguiu direto para o quarto. Jogou-se na cama, ouvindo o colchão rangendo suavemente sob seu peso, deixando as lágrimas de decepção e tristeza, que segurou por tanto tempo, escorrerem livremente pelo rosto.Estar tão perto de realizar um sonho e perdê-lo doía em sua alma. No entanto, o pior era pressentir que a culpa era de seu pai. Klaus tinha usado suas inúmeras conexões para sabotar suas chances de trabalhar na área de formação quando ela saiu da mansão, era difícil não associá-lo a essa nova rejeição.— Mais uma vez, estive tão próxima de algo bom e perdi tudo... — sussurrou para o vazio. — O que eu vou fazer agora?A voz de Laura ecoou em sua mente, lembrando-a da oferta generosa feita ao mostrar um apartamento para Anya.— Você precisa de um lugar adequado para você e Max. Morar no quintal dos Oliveira não me parece correto. Posso pagar o aluguel até que consiga um trabalh
Com a ameaça circulando ao ser redor, Nikolas saiu da casa de hóspedes, os passos firmes e rápidos, carregando uma raiva que parecia queimar cada célula de seu corpo. Anya correu atrás dele, o desespero estampado em seu rosto.— Nikolas, espere! O que você quer dizer com pedir a guarda do Max?Nikolas parou abruptamente, fazendo com que Anya, que estava a poucos passos atrás dele, colidisse contra suas costas. Se virou com olhos fulminantes.— Entrarei com uma ação contra você e Liam, requerendo a guarda de Max. Tenho provas de que vocês dois não são adequados para o bem-estar dele.— Não pode fazer isso comigo — queixou-se desesperada. — Sabe que sou uma boa mãe!— O único que sei é que você é uma mentirosa, uma elitista que me desprezou porque eu era pobre e escondeu o meu filho de mim! — esbravejou amargurado.— Não foi assim, juro que não foi! Tive meus motivos... — murmurou um bolor dolorido cortando cada palavra.— Quais motivos, Anya? — exigiu exaltado. — Diga-me quais motivos p