Naquela noite eu tive pesadelo, sonhei a noite toda com o meu '' querido '' pai, sonhava com ele me abusando. Me acordei na manhã seguinte, olhei para o lado e Vi não estava, nisso senti a cama úmida, e como aqui no Sul faz muito frio no inverno, suor não podia ser. Olhei para a cama e ela estava toda molhada.
''Lascou.'' – Pensei começando a chorar.
Não sabia o que fazer, olhava para a cama molhada e ficava mais nervoso, não tinha levado nem roupa, e ainda estava com o pijama de Vi, estava com muito medo que ele ou os pais dele brigassem comigo.
Tirei aquela roupa molhada, e fiquei ali, olhando para a cama toda mijada, tentando pensar no que eu faria, queria encontrar uma saída, mas não conseguia pensar em nada.
- Mike, minha mãe está mandando a gente ir tomar café. - Falou Vi ao entrar no quarto e me ver ali sem roupa.
Fiquei cabisbaixo, não conseguia olhar pra ele, e apenas sentia algumas lágrimas escorrendo pelo meu rosto enquanto eu chorava de tanto soluçar.
- O que houve? Por que você está sem roupa? E por que tá chorando? – Perguntou Vincenzo.
Não conseguia responder, a vergonha era maior. Eu já era grande demais pra fazer xixi na cama, acho que eu não fazia isso desde os meus 3 anos.
Vi olhou para a cama toda mijada, parecia surpreso e eu entendia ele.
''Agora ele vai me odiar.'' – Pensei.
Vincenzo se aproximou de mim e me abraçou, fiquei sem reação com sua atitude.
- Não precisa chorar, não. Está tudo bem, isso acontece. Faz assim, vai tomar banho, que eu te empresto uma roupa limpa, e deixa que eu arrumo tudo aqui.
- Você vai contar pros seus pais? – Perguntei com um pouco de receio.
- Não vou, não. Fica tranquilo.
Fui tomar banho, e quando voltei pro quarto, Vi estava terminando de arrumar as coisas, coloquei uma roupa que ele havia me emprestado, e me pus a abraçá-lo como agradecimento pela ajuda.
Logo fomos tomar café. Meus tios se sentaram à mesa conosco, gostava muito deles, e queria tanto que meu pai fosse tão bom quanto o pai de Vi era, tenho certeza que ele jamais agrediu a mulher ou o filho. Vincenzo era filho único, ah, devia ser tão legal não ter um irmão pra pegar no seu pé.
Noah, sempre foi muito chato comigo, ele sabia que era o preferido de papai, e por isso vivia se achando, mas quando papai me batia, ele era o primeiro a ficar do meu lado. Quando meu irmão via nosso pai batendo em mim e na minha mãe, ele não gostava e chorava muito, pedia para ele não fazer isso, mas não adiantava, e meu irmão era o único que se salvava, nunca entendi o porquê disso, mas gostava de papai não bater nele.
Passei aquele dia todo com Vincenzo, fomos sair para brincar, e acabamos encontrando Kiara, que ficou brincando conosco. Kika, era minha melhor amiga, como uma irmã pra mim, as vezes, ela dormia lá em casa, e eu adorava quando Vi ou a garota dormiam em minha casa, pois assim, meu pai parecia ser uma pessoa normal, e até parecia gostar de mim.
Ao anoitecer, voltei pra minha casa, queria que Vi dormisse lá, mas ele não pôde. Papai estava '' trabalhando'' e quando eu cheguei em casa, estavam só mamãe e meu irmão, o que foi motivo de alegria para mim.
Após o jantar, fui jogar vídeo game com Noah, ele até que conseguia ser legal as vezes, bom, isso quando pequenos, pois com o passar dos anos ele se tornou insuportável, mas isso eu conto mais tarde.
Já estava dormindo, quando papai chegou do serviço, mas me acordei com o barulho do carro, cobri até a cabeça com a coberta como se fosse alguma espécie de escudo, e fiquei ali rezando para ele não ir em meu quarto, eu estava com muito medo. Ouvi o barulho da chave abrindo a porta, e em seguida, passos, passos esses que se afastavam. Silêncio. Logo mais, os passos voltaram. Mais silêncio. E então, ele entrou em meu quarto. Tremia de medo, medo esse que tomava conta de mim.
- Acorda, moleque! – Ele falou.
Fingi que estava dormindo, e ele puxou a coberta, me assustando.
- Senta! – Ordenou.
- O que você vai fazer? – Perguntei apavorado.
- Senta agora, está surdo, pivete?
Me sentei na cama, ele por sua vez, colocou um DVD, e sentou ao meu lado, me deixando mais nervoso ainda.
- Eu não quero ver isso. – Falei, cobrindo os olhos.
- Você não tem querer. Tira as mãos dos olhos senão eu corto as duas.
E eu tirei, fiquei vendo aquilo, mas me dava vontade de vomitar.
Na época eu não havia entendido do que se tratava, mas hoje eu sei que era filme pornô.
E após terminar todo o filme, ele passou a me abusar novamente. Passei a desejar que ele morresse, só assim meu inferno teria fim.
Dois anos já haviam se passado. Agora eu estava com 12, Noah com 14, e tinha uma irmã, a Kimberly, de 2 anos. As coisas se seguiam iguais, papai do mesmo jeito, e ainda abusava de mim, mamãe continuava com pavor dele, e eu também. Mas pelo menos, papai não batia em Kim, e o fato dele não a machucar me deixava muito feliz, eu era muito apegado em minha irmã, e não poderia ver papai machucando - a.
Quanto à mim e Vincenzo, seguíamos iguais, éramos amigos inseparáveis, ainda tinha um carinho muito grande, carinho inexplicável por ele.
Aos 12 anos eu já sabia o que era sexo, e também tinha noção de que eu era vítima de pedofilia, não tinha contado ainda para ninguém isso, tinha muito medo do que papai poderia fazer comigo, caso descobrisse, mas a vontade de poder me abrir com alguém era imensa, queria tanto contar para Vi ou Kika, mas me faltava coragem, e o medo tomava conta de mim.
Ainda não tinha dado meu primeiro beijo de língua, mas sonhava com esse dia, não sabia como e nem quando seria, mas algo dentro de mim, desejava que fosse com Vincenzo.
Era um sábado, quando eu fui dormir na casa de Vincenzo. Estávamos sozinhos em seu quarto, ambos deitados em sua cama, nós dois ficamos vendo vídeos engraçados no celular dele, até que ele resolveu guardar o aparelho, e se pôs de frente para mim, a gente ficou se olhando, e eu fiquei sem reação, não sabia nem o que fazer, apenas fiquei ali imóvel, queria beijar os lábios de Vincenzo, mas me faltava coragem.
Continuávamos nos olhando, e eis que ele me deu um beijo no rosto, senti arrepios por todo o meu corpo, e eu lhe dei um beijo no canto da boca, em seguida, voltamos a ficar nos olhando. Não sei como foi e nem quem começou, mas quando eu vi já estávamos nos beijando, e não foi um selinho, como quando a gente tinha 10 anos, e sim, um beijo de verdade, que nem os de novela, beijo esse que nos deixou sem fôlego, ah, como foi bom aquele beijo...
Meu primeiro beijo de língua (por amor), e com Vi, era bom demais pra ser verdade. Sei que talvez podíamos estar errados, não pelo fato de sermos garotos, mas sim por sermos primos. Será que primos podiam se beijar, e ficar juntos? Não costumava ver isso na TV, não era algo normal de se ver ou de se ouvir falar, talvez não fosse certo, talvez tudo estivesse errado, e no fundo, acho que a gente sabia disso, pois nunca contamos sobre isso para ninguém, talvez possa ter sido por medo também, para não sofrermos julgamento, etc.
Eu não me considerava gay, e acho que Vi também não, mas sei lá, a gente meio que gostava de estar junto, era legal, não éramos namorados, e estávamos longe de ser, também não éramos ficantes, até porque não fazíamos isso com frequência, não sabia como chamar a nossa relação, então eu digo, que nós éramos mais primos que gostavam de ficar.
Uma semana havia se passado... Kika havia ido dormir em minha casa, e tanto ela quanto Vincenzo, achavam meu pai o máximo, adoravam ele, pois sempre viam meu pai brincalhão, e de bem com a vida, ah, se eles soubessem de toda a verdade... Não aguentava mais o meu pai, as vezes até pensava que seria melhor se eu não o tivesse, se fosse só minha mãe e meus irmãos, seria tudo diferente, tudo melhor.Estávamos todos jantando, quando meu pai começou a contar histórias engraçados de seu falso trabalho, pois ele dizia para todo mundo que era professor. Papai conseguiu arrancar risada de todo mundo com suas hilariantes histórias, até de mim, mas olhava para ele, todo risonho, e pensava ''por que ele não pode ser assim mesmo? Por que meu pai não pode ser esse homem que está sentado à mesa conosco? Por que eu tenho o pai que eu tenho? E por que ele não pod
- Mike, eu gosto muito de você, muito mesmo, você nem faz ideia do quanto, mas consentir com isso seria loucura. Eu não posso ser cúmplice de um agressor e pedófilo, eu estaria me igualando a ele. - Falou Vincenzo.- Não, você não é igual a ele. - Falei aos prantos. - Vi, por favor, não fala nada, ele vai matar minha mãe, e provavelmente eu também, é isso que você quer?- Não, claro que não, mas acho que ele não teria coragem.- Claro que teria, você não tem ideia do que ele é capaz de fazer, um homem que é capaz de abusar sexualmente do próprio filho, também é capaz de matar. - Faleisoluçando de tanto chorar.- Tá bem Mike, eu não falo nada, mas não chora mais. - Disse Vincenzo, se pondo a me abraçar.- Promete que não vai contar pra ningu&
Por um momento, achei que Kiara estava louca em querer desafiar aqueles brutamontes, mas adorava quando ela me defendia e ficava ao meu lado até o fim.- Como é, magricela? - Questiona Dylanse aproximandoagressivamente de Kika.- Deixa ela, babaca. - Digoafastando – o.- Ah, seu infeliz. - Diz Dylanao me empurrar.Demos início a uma briga física, socos; tapas; empurrões, etc. Escuto Kiara pedindo pra gente parar, e um povo gritando ''briga, briga''.Nunca havia brigado antes, não desse jeito, mas já não aguentava mais eles implicando com a gente, dia após dia, mês após mês e ano após ano, estava de saco cheio disso.A diretora Suzana, aparece e nos separa, nos levando para sua sala, em seguida.- Mas começaram o ano bem, hein. - Ironiza a diretora.- Obrigado dire. - Diz Dylan.- Isso não f
Ah, como eu gostaria de poder contar toda a verdade a alguém, mas não queria que minha mãe sofresse com isso, pois ela já sofria bastante, sendo agredida por esse miserável.Mamãe já quis por diversas vezes se separar dele, mas meu pai não deixava, ele dizia que não sabia viver sem a gente, pois nos amava muito, que bela maneira dele demonstrar isso. Teve uma vez que mamãe pegou a gente, e fugimos para outra casa, bem longe, ficamos três meses livres dele, mas depois ele nos encontrou, e fez a gente voltar a morar com ele, e assim que voltamos, ele passou a nos tratar muito bem, como um pai e um marido de verdade deve tratar os filhos e a esposa, disse que estava arrependido, e que mudaria por amor a gente, até chegou a entrar numa clínica de reabilitação, e eu, idiota, acreditei naquela farsa, que não durou nem seis meses. Ah, como eu gostaria que ele realmente muda
Vi e eu tínhamos ficado muito sem graça, mas logo depois fomos jogar vídeo game e não tocamos mais no assunto. Ele não dormiu na minha casa naquele dia como eu gostaria.- Posso entrar? - Me questiona Kim no dia seguinte.- Claro. - Respondoao desligar a televisão.Ela deita em minha cama, ao meu lado, e sem dizer nada, apenas me abraça, um abraço forte, acho que fazia tempo que Kim não me abraçava daquele jeito.- Porque o papai nos odeia?- Hey, ele não nos odeia. - Minto.Que legal, olha eu aí mentindo de novo, e dessa vez pra minha irmãzinha, isso já estava ficando fora do controle. Mas como dizer pra uma garotinha de 6 anos que nosso pai nos odeia mesmo?- Como não? Ele bate na mamãe e só briga com a gente. E ainda vive fedendo.É, pela primeira vez, minha irmãzinha havia me deixa
- Vi, a gente não deve, é muito arriscado. - Falei. - E se alguém descobrir?- Você vai contar pra alguém? - Ele me questiona.- Óbvio que não. - Respondo.- Ótimo, por que eu também não vou.Ele se põe a me beijar novamente, com a mesma intensidade do beijo anterior. Confesso que estava adorando aquilo. Ficamos nos beijando e nos acariciando por volta de uma meia hora, em seguida, Vincenzo destrancou a porta e se deitou no colchão, ao lado de minha cama. Não fizemos nada naquela noite, a não ser nos beijar, mas acabamos dormindo de mãos dadas, com um cobertor cobrindo nossas mãos para caso alguém entrasse em meu quarto não visse.No dia seguinte, me acordo com Vi me olhando.- Bom dia. - Falosem conter o sorriso.- Bom dia. - Ele diz se pondo a me dar um selinho.Era um sábado, melhor dia da
É, acho que não tínhamos muito o que fazer, a não ser aguentar Kika barrando a gente de poder ficar juntos, mas mesmo assim, ainda a amo.Ao chego em casa do colégio, eu me deparo com Henrique agredindo minha mãe.- Para, para! - Grito.Mas ele continua a bater nela com um cinto, noto que minha mãe está toda roxa, parece que está apanhando a muito tempo. Noah estava em seu quarto, escutando música no último volume e Kim estava sentada no sofá vendo toda cena e chorando muito. Me dava uma pena dela quando tinha que presenciar essas coisas, era tão pequena pra passar por tudo isso.- Deixa ela, deixa ela. - Implorojá chorando.- Cala boca, seu viadinho. - Diz Henrique ao me empurrar.Noto o bafo de cachaça quando ele fala, ele estava bêbado, completamente bêbado e descontrolado, bate em minha mãe sem dó nem p
- De onde você tirou isso? - Perguntei à Kika.- Ah, eu me acordei uma hora e vi vocês se beijando, mas eu não entendi porque você não me contou nada.- Por vergonha. - Falei cabisbaixo.- Vergonhadi me? Da sua melhor amiga?- É. Sei lá, a gente não falou pra ninguém.- Isso é tão legal! - Disse Kika empolgada.- Legal a gente não ter contado pra ninguém? - Indaguei sem entender.- Não, o fato de vocês serem gays.- Tá, agora me explica a parte legal nisso, pois eu não acho legal LGBT's morrerem e serem agredidos todos os dias por conta de sua orientação sexual, nem acho legal o fato de não podermos ficar em público por conta de idiotas que olham torto, e nem acho legal sermos vistos como aberrações, e muito menos, o fato de sofrermos preconcei