- De onde você tirou isso? - Perguntei à Kika.
- Ah, eu me acordei uma hora e vi vocês se beijando, mas eu não entendi porque você não me contou nada.
- Por vergonha. - Falei cabisbaixo.
- Vergonha di me? Da sua melhor amiga?
- É. Sei lá, a gente não falou pra ninguém.
- Isso é tão legal! - Disse Kika empolgada.
- Legal a gente não ter contado pra ninguém? - Indaguei sem entender.
- Não, o fato de vocês serem gays.
- Tá, agora me explica a parte legal nisso, pois eu não acho legal LGBT's morrerem e serem agredidos todos os dias por conta de sua orientação sexual, nem acho legal o fato de não podermos ficar em público por conta de idiotas que olham torto, e nem acho legal sermos vistos como aberrações, e muito menos, o fato de sofrermos preconceito. - Falei.
- Verdade, scusa, io non tinha pensado por esse lado. É que eu amo os gays, sempre quis ter um amigo gay, e agora tenho dois.
- Kika, só não comenta isso com ninguém, por favor. - Pedi.
- Nosso segredinho, prometo.
Nisso Vi volta do banheiro e se junto a nós, e assim que ele retorna, Kika já vai logo dizendo:
- Ai, Vi, eu já estou sabendo de tudo, e saiba que eu torço muito por vocês.
- O Vi também estava incluído na parte ''não comenta com ninguém''. - Falei baixinho.
Vi apenas me olhou do tipo ''eu vou te matar'', e eu dei de ombros, tipo ''ainda te amo'', e Kika toda empolgada, falou:
- Cara, vocês fazem um casal tão fofo.
Eu contei a ele sobre todo o ocorrido, ele entendeu e nem ficou chateado, ainda bem. Confesso que agora que Kika estava sabendo de tudo, eu estava com mais vontade de pegar na mão de Vi, de beijá-lo ali mesmo, mas eu sabia que não podíamos por estarmos em local público, e fora que podíamos encontrar alguém por ser uma praça muito famosa em nossa cidade.
Uma semana já havia se passado, e desde que Kika havia descoberto sobre minha relação com Vincenzo, ela meio que evitava sair conosco, tipo ''Kika, quer ir ao cinema com a gente'', ''non, grazie, melhor deixar os pombinhos'' ou então, ''Kika, vamos ao armazém conosco?'', ''melhor não, grazie mille''. Eu e Vi vivíamos dizendo que ela sempre seria nossa amiga, e o fato de Vi e eu estarmos ficando, não mudaria em nada a nossa amizade, até porque eu acho RÍDICULO quem começa a ficar ou namorar e esquece os amigos, isso é terrível, e se você já fez ou faz isso, saiba que você é um babaca, melhor mudar antes que fique sem amigos. Fica a dica!
Certo dia Vi foi dormir em minha casa, eu já disse que amava quando ele dormia em minha casa? Meus pais e meus irmãos já estavam dormindo, e Vi e eu estávamos bem acordados, ficamos deitados em minha cama e abraçadinhos, um sentindo o coração do outro bater.
- Bah, eu ainda não acredito que a Kika está toda felizona porque nós somos gays. - Falei.
- Eu também não creio nisso, ela é meio maluquinha, mas é tri gente boa. - Falou Vi.
- Verdade, Kika é como uma irmã pra mim, ela é muito sangue bom, a italiana mais legal que existe.
- Hey, Mike, e essa boca aí? Ela só fala ou também beija? - Perguntou Vincenzo.
- Beija, beija... - Respondi me pondo a beijá-lo.
Ficamos nos beijando durante um tempo, beijos demorados e quentes, o que já estava me deixando com muito tesão.
Em certo momento, enquanto nos beijávamos, Vi pegou em minha mão e a colocou em seu pênis sobre a calça mesmo, senti um certo nervosismo mas mesmo nervoso, comecei a apertar o pênis de Vi, e continuei beijando – o. E então, ele pegou minha mão novamente, e colocou por dentro de sua calça, fiquei mexendo nele, e logo coloquei para fora o membro dele. Foi nesse momento que...
- Mano, eu não estou conseguindo dormir, posso dormir com vocês? - Perguntou Kim do lado de fora do meu quarto.
Vi e eu e nos olhamos, tipo ''e agora?''
- Só um momento. - Falei.
Vi colocou seu pênis pra dentro da calça e foi para sua cama. É, parece que não ia ser dessa vez que rolaria algo a mais entre a gente.
Abri a porta e vi Kim ali, com o seu ursinho de pelúcia de baixo do braço e parecia um pouco assustada. Ela entrou em meu quarto, e logo se pôs a olhar para o Vi e depois para mim.
- O que vocês estavam fazendo? - Perguntou Kim. - Por que demoraram tanto pra abrir a porta?
- Ah, é que já estávamos quase dormindo. - Respondi. - E a senhorita porque não está dormindo na sua caminha?
- Tive pesadelo, e agora não consigo mais dormir. - Falou Kim um pouco assustada.
Ela se deitou em minha cama, e sem ela perceber, olhei para Vi e apenas dei de ombros. Me deitei ao lado dela e a abracei.
- Boa noite, pequena. - Falei.
- Boa noite, grandão. - Disse Kim ao me dar um selinho.
E assim acabamos dormindo. No dia seguinte, ao acordar, percebi que Kim já havia levantado e Vi estava a me olhar.
- Faz tempo que você acordou? - Perguntei.
- Uns dez minutos. - Falou.
Era um domingo de muito sol, o dia estava lindo, resolvemos tomar café e ir aproveitar aquele dia maravilhoso. Fomos passear um pouco pelo centro da cidade e acabamos resolvendo ir ao cinema. Vimos um filme de terror muito bom, daqueles que te arrepia até os pelos do saco, mas confesso que morri de medo em diversas partes, amava esse tipo de filme, por mais medroso que eu fosse.
Vi e eu não andávamos de mãos dadas e nem nos beijávamos em público por medo, mas mesmo assim a gente ainda via pessoas olhando torto pra gente e eu detestava isso.
Resolvemos ir ao toalete do shopping, estava vazio quando a gente entrou, então aproveitamos e fomos juntos na mesma cabine. Vi fez xixi primeiro, e depois eu, confesso que eu morria de vergonha de fazer xixi na frente de outras pessoas, mas consegui fazer um pouco pelo menos. Assim que eu terminei, Vi me virou e se pôs a me beijar, nos beijamos muito, recuperando todo o tempo que perdemos naquele dia. No entanto, ao sair do banheiro, nos deparamos com mais três rapazes, que ficaram nos encarando e olhando bede forma intimidadora.
- Viadinhos. - Falou um deles.
Tentei manter a calma e fingir que eu não havia escutado aquilo, já Vi, apenas mostrou o dedo do meio e saímos do toalete.
Porém, no shopping mais pessoas nos olhavam torto, parece que estava escrito em nossas testas ''somos gays'', cara, será que eles não pensavam que podiam ser dois amigos passeando? Por que eles se importavam tanto com a vida alheia? Cacete, não estávamos fazendo nada demais, embora quiséssemos.
- Eu vou sair matando geral se continuarem nos olhando desse jeito. - Falei. - E eu te obrigarei a me visitar todos os domingos na minha nova casa.
- Amor, calma. - Falou Vi baixinho.
Oi? Amor? Era isso mesmo, produção? Ah gente, assim meu pobre coração não aguenta, era muito fofura pra uma pessoinha só. E de repente, enquanto Vi e eu estávamos sentados, conversando e rindo, duas senhoras pararam próximo da gente, e uma delas falou:
- Mas olha que pouca vergonha.
E a outra disse:
- No meu tempo não existia essa sem vergonhice. Isso é falta de laço.
Vi e eu apenas nos olhamos com o mesmo olhar de raiva e incrédulos, eis que ele me beija, sim, ali no meio do shopping e na frente daquelas duas pobres coitadas e de mais um monte de gente que passava pelo local e viram todo o acontecido, inclusive muitas dessas pessoas chegaram a nos aplaudir e também escutamos comentários do tipo, ''arrasaram'', ''lindos'''.
Ah, que orgulho que eu estava sentindo. Na verdade, naquele momento, nada mais importava, apenas que aquelas duas idiotas calassem a boca, e sabem? Eu estava muito feliz com isso.
As duas senhoras ficaram indignadas e foram embora. Muitas pessoas que viram tudo, nos xingaram chamando a gente de boiolas e viados, mas várias outras pessoas nos deram parabéns e falaram que a gente tinha dado um tapa no recalque da sociedade e ficamos muito felizes com os comentários positivos.Alguns dias depois, eu estava em casa, almoçando com meus irmãos e minha mãe, papai tinha ido viajar naquele dia bem cedinho, não sabia quando ele voltaria, mas confesso que estava torcendo pra ele não voltar nunca mais, pois só assim pra gente ter paz.- E o Vincenzo? - Perguntou mamãe.- Ah, está bem. - Falei dando de ombros.- Talvez você devesse convidar ele pra fazer algo, é bom pra você sair um pouco.- É, talvez eu passe na casa dele mais tarde. - Falei.Ah, esqueci de contar... Por diversas vezes, Kate me ligou e mandou
Estava na aula de espanhol, cara, eu adorava espanhol, mas a professora Amanda era muito chata, aquelas que ninguém aguenta mesmo, e ela estava a um ano dizendo que ia sair do colégio, pois não nos aguentava mais, mas infelizmente já estávamos perdendo as esperanças de ela nos dar essa alegria, e o pior era que mesmo sendo uma matéria que eu gostasse bastante, ela acabava tornando a aula muito chata.- O que vamos ter depois? – Perguntou Lucca.- Matemática. – Disse Kika.- Tomara que o período de espanhol demore pra terminar. – Falou o garoto.Kika e Lucca eram um caso meio complicado, os dois se gostavam, mas nenhum deles sabia sobre os sentimentos do outro, e também nenhum dava o braço a torcer pra tomar a iniciativa, vai entender esse povo.A pior aula pra maioria da turma era de matemática, pois era muito difícil os exercícios, e
- Kimberly, o que você está fazendo aqui? – Perguntei.- Queria ficar com vocês. – Ela disse. – Ah, ninguém mandou vocês não trancarem a porta.- Eu achei que você tinha trancado. – Disse Vi.- Digo o mesmo. – Falei.- Vocês estavam se beijando. – Falou Kim.- Não, não estávamos. – Falou Vincenzo.- Estavam sim, eu vi e eu enxergo muito bem.Vi e eu nos olhamos sem saber o que fazer, ou o que dizer, eis que Kim fala:- Ah, rapazes, não esquentem, eu sei guardar segredo.- Meu Deus! – Disse Vincenzo. – Isso não é uma criança, é uma anã.- Sou criança, mas não sou burra. – Ela disse.Sim, ela tinha 6 anos, pelo menos, era o que constava na certidão de nascimento de minha irmã, como era possível eu tamb&e
- Hey, o que foi? – Vi perguntou.Eu o abracei sem conseguir dizer uma palavra sequer, e me pus a chorar.- Vem Mike, vamos pro meu quarto.Os pais de Vi estavam dormindo, então, a gente teve que ir com muito cuidado para não fazermos barulho para não acordar eles. Ao entrarmos em seu quarto, eu me sentei na cama dele, e Vi puxou a cadeira do computador e se sentou de frente pra mim.- Agora que está só nós dois, me conta o que houve. – Pediu Vi ao pegar em minhas mãos.Queria tanto contar toda a verdade, mas estava com tanto medo, não sabia como Vi reagiria, tinha medo do que ele pudesse fazer se eu contasse tudo a ele.- Desculpa, mas eu não posso. – Falei aos prantos.- Calma, calma, tá tudo bem. – Ele disse ao me abraçar. – Eu estou aqui! Tô com você, vai ficar tudo bem.Mas eu nã
- Claro que sim. - Falou Kim, me assustando. - Cada vez que ele bate em ti ou na mamãe, é como se ele tivesse batendo em mim.Ai gente, como não amar esse serzinho? Me digam, como? É impossível.- Oh, pequena, não fica assim, nós somos grandes, sabemos nos virar. - Falei ao abraçá-la.Papai entrou em meu quarto e nos viu ali deitados em minha cama, e a única coisa que ele disse, foi:- Kim, tá na hora de dormir, vem, que eu vou te colocar na cama.- Eu não quero. Mike, posso dormir com você?- Claro, pequena... - Falei.- Não desobedece o papai. Estou mandando você vir, você tem que dormir no seu quartinho, já tá grande. - Disse meu pai.Kim me abraçou e me deu um beijo no rosto e saiu com nosso pai, se bem que nem dá pra chamar aquilo de pai. Mas ela estava com um semblante triste, e fiquei m
- Kim, isso não é coisa de criança, fugir pode ser perigoso. - Falei.- E o que você pode fazer que uma criança não pode?Sério, eu me negava a crer que ela tivesse apenas 6 anos, oxe, parecia gente grande falando. Queria tanto levar Kim comigo, mas ao mesmo tempo tinha medo por ela, medo do perigo, e do que Henrique podia fazer com ela se nos encontrassem. Estava em uma sinuca de bico, nunca havia entendido direito esse ditado, mas era como eu estava me sentindo. Olhei para minha irmã, ali tão pequena, com aqueles olhinhos lacrimejados, esperando que eu falasse algo... Foi quando eu disse:- Tudo bem. Fugimos hoje à meia noite. Arruma uma mochila com algumas roupas.- Obrigada Mike, eu sabia que você não me abandonaria. - Disse Kim se pondo a me abraçar.Kim saiu em disparada para seu quarto e eu fiquei me perguntando se havia feito a coisa certa, ela era t&at
Ah, estava tão triste com toda essa situação, mas eu acho que era o certo a se fazer naquele momento.Os pais de Vi também ligaram para falar com ele, mas Vi não atendeu, acho que ele devia ter atendido, mas ele sabia o que fazia.À tarde a Redenção lotou, sempre era bem movimentada, pessoas caminhando com famílias, amigos, animais... E nesse dia teve parada LGBT, era sempre alí onde se fazia essas festas, e já aproveitamos para ficar pra festa.Estava bem legal, tinha bastante drags dançando, transsexuais, e centenas de gays e lésbicas se beijando. Kim estava junto e ela via tudo, homem beijando homem, mulher beijando mulher e parecia tão normal pra ela.- Mano, é homem ou mulher? - Perguntou Kim se referindo a uma transsexual lindíssima que estava dançando no palco.- Digamos, que ela nasceu no corpo errado, nasceu menino, mas ag
Estávamos caminhando pelo centro, quando de repente parou uma viatura em nossa frente, Vi e eu apenas nos olhamos, peguei Kim no colo e começamos a correr.- O que está havendo? - Perguntou minha irmã.- Depois eu te explico. - Falei.A gente correu, mas a viatura veio atrás da gente e um dos policiais mandou a gente parar, e sem saída acabamos obedecendo.- Medo de alguma coisa, garotos? - Perguntou um dos policiais.- Não, senhor. - Respondi.Um dos policiais mandou a gente entrar na viatura, alegando que os pais de Vi e o meu querido papai haviam dado parte na delegacia sobre nosso sumiço. Olhem que amor, meu papai estava preocupado comigo, que querido, sim, isso foi uma ironia.Acabamos tendo que ir com eles, não tínhamos muito o que fazer. Kim e eu estávamos muito nervosos, não parávamos de chorar. Me pus a lembrar de tudo o que eu vinha pa