Help Me, Please

Estava na aula de espanhol, cara, eu adorava espanhol, mas a professora Amanda era muito chata, aquelas que ninguém aguenta mesmo, e ela estava a um ano dizendo que ia sair do colégio, pois não nos aguentava mais, mas infelizmente já estávamos perdendo as esperanças de ela nos dar essa alegria, e o pior era que mesmo sendo uma matéria que eu gostasse bastante, ela acabava tornando a aula muito chata.

- O que vamos ter depois? – Perguntou Lucca.

- Matemática. – Disse Kika.

- Tomara que o período de espanhol demore pra terminar. – Falou o garoto.

Kika e Lucca eram um caso meio complicado, os dois se gostavam, mas nenhum deles sabia sobre os sentimentos do outro, e também nenhum dava o braço a torcer pra tomar a iniciativa, vai entender esse povo.

A pior aula pra maioria da turma era de matemática, pois era muito difícil os exercícios, e nas provas eram poucos os que se saiam bem, claro que Vi era um desses poucos, e sempre fazíamos os trabalhos juntos, e assim, ele já aproveitava para ir me explicando o conteúdo, sério, não sei como ele conseguia entender aquilo tudo, eu tentava, tentava, mas não conseguia, sempre fazia os exercícios de diversas maneiras diferentes, mas estava sempre errado, que droga!

Mas já no espanhol, eu ia razoável, não tirava nota ruim, mas também não era o melhor da turma, e estava longe de ser e mesmo gostando da matéria, o que estragava tudo era a professora que além de tudo era muito preconceituosa, vivia fazendo piadinhas comigo e com Vi e não ia nenhum pouco com a nossa cara.

- Vi, você entendeu a questão 5? – Perguntei me referindo ao conteúdo de espanhol.

- Michael, deixe para namorar depois da aula. – Falou a professora.

- Mas eu só fui perguntar sobre uma questão. – Falei.

- Então pergunte para mim. – Ela disse.

Que raiva que eu sentia cada vez que elas vinha com essas piadas, e por diversas vezes Vi e eu falávamos que nós éramos primos e tal, mas ela não queria nem saber e quase sempre eu evitava de falar com Vi nas aulas dela, só quando realmente era necessário.

Me virei para frente com sangue nos olhos, estava morrendo de raiva e de vergonha e ainda Bruce, Dylan e Taylor deram muita risada da situação, mas era só o que faltava, já não bastava os três patetas pegando no meu pé, agora tinha mais a professora também.

- Você não pode falar assim. – Falou Lucca.

- Como é? – Questionou a professora.

- Isso que você está fazendo chama calúnia, você não pode afirmar que eles são gays. – Falou o garoto. – E mesmo se fossem, você estaria sendo homofóbica e me admira uma pessoa tão inteligente como a senhora não saber que homofobia é crime.

A sala toda ficou em silêncio, ninguém disse uma palavra, até os três patetas ficaram mudos, acho que era porque nunca havíamos vistos alguém desafiando a sora Amanda, e naquele momento Lucca ganhou meu respeito.

- Você tem menos um ponto na média final. – Ela falou para meu colega.

- Você non pode fare questo. – Disse Kika.

- Você também tem menos um ponto, e assim será para cada um que abrir a boca a partir de agora

Sim, ela era louca e estava abusando do seu poder de professora, mas infelizmente não tínhamos o que fazer, pois ela estava na escola há um pouco mais de 10 anos, e não seria demitida tão facilmente, minha única esperança era que ela pedisse demissão, mas duvidava que ela fosse fazer isso, acho que ela amava o fato de pegar no nosso pé.

Assim que a aula acabou, Vi, Kika, Lucca e eu fomos almoçar em um restaurante, e não paramos de falar sobre o ocorrido na nossa sala, estávamos indignados, como podia uma pessoa se aproveitar de sua profissão dessa forma? Isso era inadmissível, e pior que não tínhamos como provar nada disso, e só falando ninguém acreditaria na gente, achariam que era implicância, que não gostávamos da professora e tal, e se ela também soubesse que a gente falou dela, aí sim que ela pegaria mais e mais no nosso pé.

- Eu só queria saber o porquê da prof Amanda nos tratar daquela maneira. – Falou Vi à noite.

- Também queria. Acho que ela desconfia que a gente é gay. – Falei.

- E o que isso tem de mais? – Perguntou. – Você fez algo de errado? Porque eu não fiz.

É, seria bom se todo mundo pensasse assim, não entendo porque tantas pessoas se preocupam mais com a orientação sexual do que com o caráter, quanta ignorância, e o pior é quando isso acontece na sua própria casa, e infelizmente eu sei bem o que é isso, pois eu jamais poderia me revelar gay com um mostro como pai, ele me mataria na certa.

Alguém bate à porta de meu quarto. É mamãe.

- Olá, meus queridos, vocês querem comer algo? – Perguntou mamãe. – Estão com fome?

Vi e eu nos olhamos, acho que estávamos pensando a mesma coisa, e com certeza estávamos, eu conhecia bem aquele olhar e tenho certeza que ele queria dizer o mesmo que eu.

- Ah, tia, eu tenho uma saudade daquele estrogonoff de frango que a senhora faz. – Falou Vi.

Mamãe deu um sorrisinho e falou que prepararia pra gente. Ela sempre gostou muito de Vi, mas ultimamente ela estava dando mais mimo pra ele, as vezes até ficava meio enciumado, mamãe fazia de tudo para agradar Vi, só faltava dar comidinha na boca dele, mas confesso que adorava vê-la paparicando o meu primo, e ele também adorava e aproveitava da situação.

Ah, Vi já havia saído do castigo, de tanto eu incomodar a mãe dele ela acabou liberando ele do castigo, para nossa alegria.

Papai ainda não havia voltado de viagem, ou seja, a paz reinava em nossa casa e era tão boa aquela tranquilidade, adorava não ter papai por perto e Kim também ficava bem mais feliz, já para Noah, a presença ou ausência de papai não fazia diferença.

Estávamos jantando, quando de repente, Kim solta para Vincenzo:

- Vi, sabia que mamãe e o Mike falaram que menino pode beijar na boca de menino?

- Ah, é? – Ele pergunta meio sem jeito.

- Sim, legal, né? E você? Beija menina ou menino?

Sim gente, a fofa e doce da minha irmãzinha de apenas SEIS anos fez essa pergunta, acreditem se quiserem, pois eu quase não acreditei. Fiquei vermelho de vergonha e Vi que estava bebendo um pouco de refrigerante, acabou cuspindo tudo, até que foi engraçado.

- Ah, Kim, que pergunta... Eu beijo garota, claro.

Tipo, por fora eu estava super sereno, mas por dentro eu estava dando gargalhadas e tive que me segurar para não por a risada pra fora.

Noah, por sua vez, não falou nada, mas nos olhava de canto, como se quisesse dizer algo, mas apenas ignorei.

Logo após o jantar, eu fui ajudar Noah com a louça, enquanto Vi ficou brincando com a Kim, os dois se adoravam, as vezes eu achava que Kim gostava mais dele do que de mim, mas ela jurava que não, porém ambos não se desgrudavam, no entanto, era tão fofo de ver.

- Terminei, vamos pro meu quarto. – Falei.

- Vamos. – Disse Kim.

- Eu estava falando com o Vi. – Respondi.

- Como é? E você vai deixar a sua irmãzinha aqui sozinha, sendo que a mamãe saiu?

- Mas tem o Noah. – Falei.

- Grande coisa, ele liga mais pra droga do bigode dele que está crescendo do que pra mim. –Falou Kimberly.

Sim, ela estava falando sério e pior que Kim tinha razão, mas queria tanto ficar só com Vi, só que como dizer não pra aquela cara de cão abandonado de Kim?

- Será que você não quer ver desenho no seu quarto? – Perguntei.

- Tá bom. – Disse Kim cabisbaixa e se pondo a ir para seu quarto.

- Tadinha. – Falou Vi.

Fomos para meu dormitório, e nos deitamos em minha cama enquanto nos beijávamos, nossa, nossos beijos estavam ficando cada vez mais e mais intensos.

Uma hora, Vi até começou a chupar meu pescoço e depois minha orelha, me deixando totalmente arrepiado, e então, a boca dele voltou a encontrar a minha.

- Agora eu sei porque vocês não me deixaram ficar com vocês. – Disse Kim ao entrar em meu quarto.

Aquela pirralhinha havia nos espiado, que droga! E agora? Tá, Kim já sabia que dois homens podiam se beijar, mas nunca mencionamos se primos podiam se beijar ou não, e se ela contasse para nossos pais ou para Noah nós estávamos ferrados, nem sei o que papai faria com a gente, e vai que ela comentasse algo sem querer, que deixasse escapar, afinal, é criança. Ai, Jesus, e agora quem poderá me ajudar?

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