Era por volta de 7h10, estávamos na escola. Vi, Lucca, Kika e eu estávamos sentados em um banco. Silêncio.
- E a sua irmã? - Me pergunta Lucca.
- Nada ainda. - Respondo cabisbaixo.
A cada dia que passava, a saudade aumentada, não tinha um dia sequer que eu não lembrasse de Kim ou que eu não me sentisse culpado pelo seu sequestro, afinal, estávamos na escola, era pra eu ter a protegido e eu não o fiz. Tinha tanto medo de nunca mais ver a minha irmãzinha, não ouvir mais sua doce voz dizendo ''te amo Mike'', não ganhar mais seus beijos, de não ver o sorriso mais doce do mundo, não, isso não pode acontecer.
Ah, a diretora Suzana havia postado nas redes sociais da escola sobre o sequestro da minha irmã, ela disse que lamentavelmente era a única coisa que poderia fazer no momento.
- Tomara que a Kim apareça logo. - Disse Kika
Ninguém conseguia dizer uma só palavra, era um silêncio interminável, misto de medo e angústia, queríamos muito que nossa Kim voltasse pra gente, estávamos super esperançosos, imaginando que dessa vez tudo daria certo e que teríamos a nossa pequena novamente conosco.De repente nossa campainha toca. A gente se olha aflitos. Mamãe corre para abrir a porta. Eis que vemos um policial com uma criaturinha no colo, que sorri pra gente.- Kim! - Falamos todos juntos.Era ela. Era a minha irmã, a minha Kim. Estava um pouco suja, com roupas rasgadas, toda descabelada e havia emagrecido bastante, parecia estar fraca. Mamãe pega minha irmã em seu colo, todos a abraçamos. A ficha ainda não tinha caído, não conseguia acreditar que era ela.- Como você está, meu amor? - Perguntou papai.- Agora estou bem, mas tive tanto medo. - Falou
Estávamos no enterro do Henrique. Só tinha a gente, Alex e Ryan. Ah, esqueci de contar pra vocês, Henrique havia tentado se aproximar de Ryan, mas o garoto também não quis e nem Alex deixou.Mamãe não sabia se devíamos ir ou não ao enterro, eu também não tinha certeza se queria ir, mas depois de muito pensarmos, decidimos que deveríamos fazer isso. Ele nunca foi um bom marido e muito menos um bom pai, mas senti que devíamos, afinal, ele estava morto.Olho para ele no caixão e não sinto nada, dentro de mim tinha apenas um enorme vazio, não estava feliz e muito menos triste, era tão estranho essa sensação de vazio.- Como você está se sentindo, meu amor? - Perguntou mamãe para Kim.- Eu não sei. - Falou docemente.Acho que todos estavam sentindo a mesma coisa que eu. Alex se aproxim
Olá, meu nome é Michael, tenho 16 anos e meio, e sou de Porto Alegre, e eu vou lhes contar a história da minha vida.Eu tinha 9 anos quando tudo começou, mas me lembro como se fosse ontem. Vim de uma família de classe alta, sempre estudei em colégio particular, só roupa de marca, sempre tive todos os vídeo games que eu quis, dinheiro nunca foi problema para mim, mas mesmo tendo tudo o que eu queria, eu nunca fui feliz.Minha mãe era dona de casa, meu pai apenas que trabalhava, quando criançaeu não sabia, mas hoje eu sei, após muitos anos descobri que ele era traficante, e dono de uma quadrilha, por isso que todo ano ele mudava de carro. Nunca foi um pai bom, e nem presente para mim, e além de tudo, ele era drogado e alcoólatra. Desde pequeno, eu sempre presenciei papai batendo em minha mãe, e muitas vezes ele batia em mim também, não lembro
Naquela noite eu tive pesadelo, sonhei a noite toda com o meu '' querido '' pai, sonhava com ele me abusando. Me acordei na manhã seguinte, olhei para o lado e Vi não estava, nisso senti a cama úmida, e como aqui no Sul faz muito frio no inverno, suor não podia ser. Olhei para a cama e ela estava toda molhada.''Lascou.'' – Pensei começando a chorar.Não sabia o que fazer, olhava para a cama molhada e ficava mais nervoso, não tinha levado nem roupa, e ainda estava com o pijama de Vi, estava com muito medo que ele ou os pais dele brigassem comigo.Tirei aquela roupa molhada, e fiquei ali, olhando para a cama toda mijada, tentando pensar no que eu faria, queria encontrar uma saída, mas não conseguia pensar em nada.- Mike, minha mãe está mandando a gente ir tomar café. - Falou Vi ao entrar no quartoe me ver ali sem roupa.Fiquei cabisbaixo, não cons
Uma semana havia se passado... Kika havia ido dormir em minha casa, e tanto ela quanto Vincenzo, achavam meu pai o máximo, adoravam ele, pois sempre viam meu pai brincalhão, e de bem com a vida, ah, se eles soubessem de toda a verdade... Não aguentava mais o meu pai, as vezes até pensava que seria melhor se eu não o tivesse, se fosse só minha mãe e meus irmãos, seria tudo diferente, tudo melhor.Estávamos todos jantando, quando meu pai começou a contar histórias engraçados de seu falso trabalho, pois ele dizia para todo mundo que era professor. Papai conseguiu arrancar risada de todo mundo com suas hilariantes histórias, até de mim, mas olhava para ele, todo risonho, e pensava ''por que ele não pode ser assim mesmo? Por que meu pai não pode ser esse homem que está sentado à mesa conosco? Por que eu tenho o pai que eu tenho? E por que ele não pod
- Mike, eu gosto muito de você, muito mesmo, você nem faz ideia do quanto, mas consentir com isso seria loucura. Eu não posso ser cúmplice de um agressor e pedófilo, eu estaria me igualando a ele. - Falou Vincenzo.- Não, você não é igual a ele. - Falei aos prantos. - Vi, por favor, não fala nada, ele vai matar minha mãe, e provavelmente eu também, é isso que você quer?- Não, claro que não, mas acho que ele não teria coragem.- Claro que teria, você não tem ideia do que ele é capaz de fazer, um homem que é capaz de abusar sexualmente do próprio filho, também é capaz de matar. - Faleisoluçando de tanto chorar.- Tá bem Mike, eu não falo nada, mas não chora mais. - Disse Vincenzo, se pondo a me abraçar.- Promete que não vai contar pra ningu&
Por um momento, achei que Kiara estava louca em querer desafiar aqueles brutamontes, mas adorava quando ela me defendia e ficava ao meu lado até o fim.- Como é, magricela? - Questiona Dylanse aproximandoagressivamente de Kika.- Deixa ela, babaca. - Digoafastando – o.- Ah, seu infeliz. - Diz Dylanao me empurrar.Demos início a uma briga física, socos; tapas; empurrões, etc. Escuto Kiara pedindo pra gente parar, e um povo gritando ''briga, briga''.Nunca havia brigado antes, não desse jeito, mas já não aguentava mais eles implicando com a gente, dia após dia, mês após mês e ano após ano, estava de saco cheio disso.A diretora Suzana, aparece e nos separa, nos levando para sua sala, em seguida.- Mas começaram o ano bem, hein. - Ironiza a diretora.- Obrigado dire. - Diz Dylan.- Isso não f
Ah, como eu gostaria de poder contar toda a verdade a alguém, mas não queria que minha mãe sofresse com isso, pois ela já sofria bastante, sendo agredida por esse miserável.Mamãe já quis por diversas vezes se separar dele, mas meu pai não deixava, ele dizia que não sabia viver sem a gente, pois nos amava muito, que bela maneira dele demonstrar isso. Teve uma vez que mamãe pegou a gente, e fugimos para outra casa, bem longe, ficamos três meses livres dele, mas depois ele nos encontrou, e fez a gente voltar a morar com ele, e assim que voltamos, ele passou a nos tratar muito bem, como um pai e um marido de verdade deve tratar os filhos e a esposa, disse que estava arrependido, e que mudaria por amor a gente, até chegou a entrar numa clínica de reabilitação, e eu, idiota, acreditei naquela farsa, que não durou nem seis meses. Ah, como eu gostaria que ele realmente muda