Olá, meu nome é Michael, tenho 16 anos e meio, e sou de Porto Alegre, e eu vou lhes contar a história da minha vida.
Eu tinha 9 anos quando tudo começou, mas me lembro como se fosse ontem. Vim de uma família de classe alta, sempre estudei em colégio particular, só roupa de marca, sempre tive todos os vídeo games que eu quis, dinheiro nunca foi problema para mim, mas mesmo tendo tudo o que eu queria, eu nunca fui feliz.
Minha mãe era dona de casa, meu pai apenas que trabalhava, quando criança eu não sabia, mas hoje eu sei, após muitos anos descobri que ele era traficante, e dono de uma quadrilha, por isso que todo ano ele mudava de carro. Nunca foi um pai bom, e nem presente para mim, e além de tudo, ele era drogado e alcoólatra. Desde pequeno, eu sempre presenciei papai batendo em minha mãe, e muitas vezes ele batia em mim também, não lembro quando tudo começou, mas eu sei que aos 9 anos isso já acontecia, e muitas vezes eu ficava dias sem ir à aula para ninguém ver os machucados, ou então ia com roupa de inverno para cobrir os ferimentos, isso quando eu não ficava com roxos pelo meu rosto também.
Ah, mamãe estava grávida, era uma menina, estava todo feliz que eu teria uma irmãzinha pra eu brincar, mas mesmo assim, papai não deixava de bater em minha mãe, tinha muito medo de que ele matasse minha irmã, e por inúmeras vezes, eu pedia para papai bater em mim, mamãe chorava muito e pedia pra ele não fazer isso, mas eu preferia que ele batesse em mim, do que nelas.
Meu irmão, Noah, dois anos mais velho que eu, era o preferido de papai, sempre foi assim, papai saia com ele, e eu ficava com mamãe em casa, e gostava, pois assim a paz reinava em casa. Se eu tinha ódio dele? Não, quando criança a gente é meio inocente, e por ser nosso pai, não conseguimos odiar. Hoje sim, eu o odeio.
Papai sempre foi um bom ator, conseguia fingir ser o pai perfeito na presença de outras pessoas, e na frente dos outros, ele demonstrava ser um pai muito carinhoso e engraçado, ah, como eu queria que ele fosse mesmo, e a gente, claro, tinha que entrar nessa farsa.
Eu não tinha muitos amigos, mas tinha os melhores que alguém poderia ter. Meus melhores amigos eram Vincenzo, meu primo, e Kiara, que era minha amiga a anos.
Kiara, era um ano mais nova que eu, mas estava em minha turma, pois entrou um ano adiantado na escola, e eu a conheci quando eu era bem pequeno, não lembro direito como foi, mas sei que foi quando ela se mudou para meu colégio. Kika, como eu a chamava, era italiana, ela e os pais tinham vindo pro Brasil pra tentarem uma vida melhor, já que lá, eles não estavam conseguindo emprego, ela havia vindo pra cá aos 6 anos, foi quando a gente se conheceu, mas ela ainda tinha sotaque, e muitas vezes falava algumas palavras em italiano.
Já Vincenzo, tinha a minha idade, e crescemos juntos, ele era meu primo por parte de mãe, pois nossas mães eram irmãs, e eu sempre gostei muito dele, nós dois vivíamos um dormindo na casa do outro, estávamos sempre juntos, até estudávamos na mesma escola, e ainda fazíamos aniversário no mesmo mês, com apenas 6 dias de diferença.
No dia do aniversário de dez anos do Vincenzo, eu fui ao seu aniversário, e acabei dormindo em sua casa. Fizemos muita bagunça naquele dia, lembro de cada detalhe como se fosse ontem.
Estávamos jogando vídeo game quando ele desligou o play, e começamos a fazer guerra de travesseiro, e sem querer, Vi me deu uma travesseirada no rosto.
- Desculpa, machucou?
- Não, tá tudo bem. – Falei.
No entanto, Vi me deu um beijo no rosto.
- Passou? - Perguntou.
- Passou. – Falei olhando para aqueles grandes pares de olhos claros.
Ficamos nos olhando por alguns segundos, um silêncio total, até que Vi me deu um selinho, olhei para ele sem entender o porquê.
- Por que você fez isso? – Perguntei, com uma mão nos lábios, que Vi tinha acabado de beijar.
Era meu primeiro beijo, nunca tinha dado beijo na boca antes, a não ser de mamãe, e a última vez foi quando eu tinha uns 4 anos.
- Não sei, deu vontade. Por quê? Não gostou? Se quiser, pode devolver.
Então, sem pensar duas vezes, eu lhe dei um selinho. Ele me olhou, meio tímido, e sorriu. Sorri de volta, e logo, voltamos a brincar.
Alguns dias haviam se passado, Vi e eu não demos mais nenhum selinho.
No dia do meu aniversário de dez anos, eu ganhei uma linda festa em um salão perto de casa. Foram todos meus amigos e minha família, a festa estava linda, e repleta de jogos e brinquedos. Porém à noite, eu ganhei o pior presente de minha vida.
Já estava deitado, quando papai entrou em meu quarto, estava fedendo a álcool, era difícil o dia que ele não bebesse ou se drogasse.
- Levanta, eu ainda não te dei um presente. – Falou papai.
- Qual? – Perguntei empolgado.
- Como você está crescendo e tá virando um homenzinho, eu vou te ensinar a brincar que nem gente grande.
Ele então começou a tirar seu cinto, e mal sabia eu que o inferno estava prestes a começar.
Eu era só uma criança, as vezes até via revista de garotas e rapazes seminus, via cena de beijo na TV, mas eu ainda não sabia o que era sexo, não tinha a maldade dos adultos, era uma criança inocente, inocência essa que o meu '' papai '' fez questão de roubar. Alguém me explica como é possível uma pessoa fazer isso com uma criança? Eu juro que tento, mas não entendo. E eu cresci sendo abusado pelo meu pai, pelo meu próprio pai.
Os abusos duraram cerca de meia hora. Meia hora de inferno, de tortura. Queria gritar, pedir socorro, mas eu não fiz, não fiz por medo, então eu apenas chorei, chorei muito até dormir.
Era férias de julho, não precisaria levantar cedo pra escola, ainda bem, pois não iria querer ir pra aula. E quando eu levantei, encontrei minha mãe arrumando a casa, pensei em contar pra ela, mas estava com muito medo.
- Bom dia, meu amor. – Falou mamãe, ao me dar um beijo no rosto.
- Bom dia. – Falei. – Quer ajuda?
- Não, obrigado.
Almocei, e em seguida, pedi para ir à casa de Vincenzo, e mamãe autorizou para minha sorte, papai não estava em casa, pois senão, ele poderia não deixar.
Vi morava ao lado da minha casa, e quando eu digo '' ao lado '', era ao lado mesmo, vizinhos de porta.
Foi Vi que me atendeu, e assim que ele abriu a porta pra mim, eu o abracei, abracei bem forte, com vontade de não o soltar mais, pois mesmo ele tendo a minha idade, sempre me senti seguro do lado dele.
- Está tudo bem? O que houve, Mike?
- Nada. – Falei.
Fomos para o seu quarto. Seus pais não estavam, Vi estava apenas com a avó, que havia ido ao mercado.
Tentei esquecer um pouco do acontecido da noite anterior, não queria mais pensar nisso, então, resolvemos ir brincar. Brincamos bastante, e quando eu vi já estava anoitecendo, o tempo tinha passado muito rápido, mas eu não queria ir embora, queria ficar ali, queria ficar com Vincenzo.
De repente escutamos um barulho. Era a mãe de Vincenzo, tia Stef.
- Mike, sua mãe ligou e disse que ela e seu pai vão sair com uns amigos, e pediu pra você dormir aqui hoje.
Vi e eu sorrimos, tínhamos adorado a ideia.
- Bom, quem vai tomar banho primeiro? – Perguntou minha tia.
- Tia, será que a gente pode tomar banho juntos, por favor?
- Juntos? Não acham que vocês estão meio grandinhos pra isso?
- Por favor, mamãe. A gente promete que vai se comportar e não vamos demorar. - Falou meu primo.
- Tá bom, mas sem demorar, e filho, empresta um pijama para seu primo.
- Sim, mamãe.
Nos olhamos e apenas sorrimos. Vi e eu tomávamos banhos juntos desde muito pequenos, éramos crianças e não tínhamos a malícia dos adultos.
Em seguida, fomos em direção ao banheiro. Estávamos tomando banho, quando um pouco de shampoo caiu no olho de Vi, que reclamou de ardência. Sem pensar duas vezes, eu lavei o olho dele, e assoprei, tentando tirar o shampoo.
- Melhorou? - Perguntei.
- Sim. Obrigado. – Ele disse se pondo a sorrir.
Sorri também e dei um selinho nele, que ficou tímido.
- Você sabe que isso não tá certo, né? – Perguntei, enquanto me deitava para dormir.
- O quê?
- A gente não pode fazer isso, dar beijo na boca... Nós dois somos meninos, e você é meu primo. Não tá certo.
- Quer saber? – Me questionou Vi, deitando do meu lado. – Pode até ser, mas eu não ligo, não.
Custei para dormir naquela noite, pensava em tudo que estava acontecendo, não entendia porque meu pai tinha feito aquilo, porque ele me odiava a esse ponto, também não entendia o que estava acontecendo entre mim e Vincenzo. Éramos meninos, e ainda, éramos primos. Podia primos se beijar? E dois meninos? Será que era certo ou errado? E porque eu sentia cócegas na barriga quando eu estava ao lado do Vi? Por que eu gostava tanto assim dele? Será que tudo isso era errado? Ah, queria tanto todas essas respostas...
Naquela noite eu tive pesadelo, sonhei a noite toda com o meu '' querido '' pai, sonhava com ele me abusando. Me acordei na manhã seguinte, olhei para o lado e Vi não estava, nisso senti a cama úmida, e como aqui no Sul faz muito frio no inverno, suor não podia ser. Olhei para a cama e ela estava toda molhada.''Lascou.'' – Pensei começando a chorar.Não sabia o que fazer, olhava para a cama molhada e ficava mais nervoso, não tinha levado nem roupa, e ainda estava com o pijama de Vi, estava com muito medo que ele ou os pais dele brigassem comigo.Tirei aquela roupa molhada, e fiquei ali, olhando para a cama toda mijada, tentando pensar no que eu faria, queria encontrar uma saída, mas não conseguia pensar em nada.- Mike, minha mãe está mandando a gente ir tomar café. - Falou Vi ao entrar no quartoe me ver ali sem roupa.Fiquei cabisbaixo, não cons
Uma semana havia se passado... Kika havia ido dormir em minha casa, e tanto ela quanto Vincenzo, achavam meu pai o máximo, adoravam ele, pois sempre viam meu pai brincalhão, e de bem com a vida, ah, se eles soubessem de toda a verdade... Não aguentava mais o meu pai, as vezes até pensava que seria melhor se eu não o tivesse, se fosse só minha mãe e meus irmãos, seria tudo diferente, tudo melhor.Estávamos todos jantando, quando meu pai começou a contar histórias engraçados de seu falso trabalho, pois ele dizia para todo mundo que era professor. Papai conseguiu arrancar risada de todo mundo com suas hilariantes histórias, até de mim, mas olhava para ele, todo risonho, e pensava ''por que ele não pode ser assim mesmo? Por que meu pai não pode ser esse homem que está sentado à mesa conosco? Por que eu tenho o pai que eu tenho? E por que ele não pod
- Mike, eu gosto muito de você, muito mesmo, você nem faz ideia do quanto, mas consentir com isso seria loucura. Eu não posso ser cúmplice de um agressor e pedófilo, eu estaria me igualando a ele. - Falou Vincenzo.- Não, você não é igual a ele. - Falei aos prantos. - Vi, por favor, não fala nada, ele vai matar minha mãe, e provavelmente eu também, é isso que você quer?- Não, claro que não, mas acho que ele não teria coragem.- Claro que teria, você não tem ideia do que ele é capaz de fazer, um homem que é capaz de abusar sexualmente do próprio filho, também é capaz de matar. - Faleisoluçando de tanto chorar.- Tá bem Mike, eu não falo nada, mas não chora mais. - Disse Vincenzo, se pondo a me abraçar.- Promete que não vai contar pra ningu&
Por um momento, achei que Kiara estava louca em querer desafiar aqueles brutamontes, mas adorava quando ela me defendia e ficava ao meu lado até o fim.- Como é, magricela? - Questiona Dylanse aproximandoagressivamente de Kika.- Deixa ela, babaca. - Digoafastando – o.- Ah, seu infeliz. - Diz Dylanao me empurrar.Demos início a uma briga física, socos; tapas; empurrões, etc. Escuto Kiara pedindo pra gente parar, e um povo gritando ''briga, briga''.Nunca havia brigado antes, não desse jeito, mas já não aguentava mais eles implicando com a gente, dia após dia, mês após mês e ano após ano, estava de saco cheio disso.A diretora Suzana, aparece e nos separa, nos levando para sua sala, em seguida.- Mas começaram o ano bem, hein. - Ironiza a diretora.- Obrigado dire. - Diz Dylan.- Isso não f
Ah, como eu gostaria de poder contar toda a verdade a alguém, mas não queria que minha mãe sofresse com isso, pois ela já sofria bastante, sendo agredida por esse miserável.Mamãe já quis por diversas vezes se separar dele, mas meu pai não deixava, ele dizia que não sabia viver sem a gente, pois nos amava muito, que bela maneira dele demonstrar isso. Teve uma vez que mamãe pegou a gente, e fugimos para outra casa, bem longe, ficamos três meses livres dele, mas depois ele nos encontrou, e fez a gente voltar a morar com ele, e assim que voltamos, ele passou a nos tratar muito bem, como um pai e um marido de verdade deve tratar os filhos e a esposa, disse que estava arrependido, e que mudaria por amor a gente, até chegou a entrar numa clínica de reabilitação, e eu, idiota, acreditei naquela farsa, que não durou nem seis meses. Ah, como eu gostaria que ele realmente muda
Vi e eu tínhamos ficado muito sem graça, mas logo depois fomos jogar vídeo game e não tocamos mais no assunto. Ele não dormiu na minha casa naquele dia como eu gostaria.- Posso entrar? - Me questiona Kim no dia seguinte.- Claro. - Respondoao desligar a televisão.Ela deita em minha cama, ao meu lado, e sem dizer nada, apenas me abraça, um abraço forte, acho que fazia tempo que Kim não me abraçava daquele jeito.- Porque o papai nos odeia?- Hey, ele não nos odeia. - Minto.Que legal, olha eu aí mentindo de novo, e dessa vez pra minha irmãzinha, isso já estava ficando fora do controle. Mas como dizer pra uma garotinha de 6 anos que nosso pai nos odeia mesmo?- Como não? Ele bate na mamãe e só briga com a gente. E ainda vive fedendo.É, pela primeira vez, minha irmãzinha havia me deixa
- Vi, a gente não deve, é muito arriscado. - Falei. - E se alguém descobrir?- Você vai contar pra alguém? - Ele me questiona.- Óbvio que não. - Respondo.- Ótimo, por que eu também não vou.Ele se põe a me beijar novamente, com a mesma intensidade do beijo anterior. Confesso que estava adorando aquilo. Ficamos nos beijando e nos acariciando por volta de uma meia hora, em seguida, Vincenzo destrancou a porta e se deitou no colchão, ao lado de minha cama. Não fizemos nada naquela noite, a não ser nos beijar, mas acabamos dormindo de mãos dadas, com um cobertor cobrindo nossas mãos para caso alguém entrasse em meu quarto não visse.No dia seguinte, me acordo com Vi me olhando.- Bom dia. - Falosem conter o sorriso.- Bom dia. - Ele diz se pondo a me dar um selinho.Era um sábado, melhor dia da
É, acho que não tínhamos muito o que fazer, a não ser aguentar Kika barrando a gente de poder ficar juntos, mas mesmo assim, ainda a amo.Ao chego em casa do colégio, eu me deparo com Henrique agredindo minha mãe.- Para, para! - Grito.Mas ele continua a bater nela com um cinto, noto que minha mãe está toda roxa, parece que está apanhando a muito tempo. Noah estava em seu quarto, escutando música no último volume e Kim estava sentada no sofá vendo toda cena e chorando muito. Me dava uma pena dela quando tinha que presenciar essas coisas, era tão pequena pra passar por tudo isso.- Deixa ela, deixa ela. - Implorojá chorando.- Cala boca, seu viadinho. - Diz Henrique ao me empurrar.Noto o bafo de cachaça quando ele fala, ele estava bêbado, completamente bêbado e descontrolado, bate em minha mãe sem dó nem p