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Amores Proibidos
Amores Proibidos
Por: Danny Pereira
O Início De Tudo

Olá, meu nome é Michael, tenho 16 anos e meio, e sou de Porto Alegre, e eu vou lhes contar a história da minha vida.

Eu tinha 9 anos quando tudo começou, mas me lembro como se fosse ontem. Vim de uma família de classe alta, sempre estudei em colégio particular, só roupa de marca, sempre tive todos os vídeo games que eu quis, dinheiro nunca foi problema para mim, mas mesmo tendo tudo o que eu queria, eu nunca fui feliz. 

Minha mãe era dona de casa, meu pai apenas que trabalhava, quando criança eu não sabia, mas hoje eu sei, após muitos anos descobri que ele era traficante, e dono de uma quadrilha, por isso que todo ano ele mudava de carro. Nunca foi um pai bom, e nem presente para mim, e além de tudo, ele era drogado e alcoólatra. Desde pequeno, eu sempre presenciei papai batendo em minha mãe, e muitas vezes ele batia em mim também, não lembro quando tudo começou, mas eu sei que aos 9 anos isso já acontecia, e muitas vezes eu ficava dias sem ir à aula para ninguém ver os machucados, ou então ia com roupa de inverno para cobrir os ferimentos, isso quando eu não ficava com roxos pelo meu rosto também.

Ah, mamãe estava grávida, era uma menina, estava todo feliz que eu teria uma irmãzinha pra eu brincar, mas mesmo assim, papai não deixava de bater em minha mãe, tinha muito medo de que ele matasse minha irmã, e por inúmeras vezes, eu pedia para papai bater em mim, mamãe chorava muito e pedia pra ele não fazer isso, mas eu preferia que ele batesse em mim, do que nelas.

Meu irmão, Noah, dois anos mais velho que eu, era o preferido de papai, sempre foi assim, papai saia com ele, e eu ficava com mamãe em casa, e gostava, pois assim a paz reinava em casa. Se eu tinha ódio dele? Não, quando criança a gente é meio inocente, e por ser nosso pai, não conseguimos odiar. Hoje sim, eu o odeio.

Papai sempre foi um bom ator, conseguia fingir ser o pai perfeito na presença de outras pessoas, e na frente dos outros, ele demonstrava ser um pai muito carinhoso e engraçado, ah, como eu queria que ele fosse mesmo, e a gente, claro, tinha que entrar nessa farsa.

Eu não tinha muitos amigos, mas tinha os melhores que alguém poderia ter. Meus melhores amigos eram Vincenzo, meu primo, e Kiara, que era minha amiga a anos.

Kiara, era um ano mais nova que eu, mas estava em minha turma, pois entrou um ano adiantado na escola, e eu a conheci quando eu era bem pequeno, não lembro direito como foi, mas sei que foi quando ela se mudou para meu colégio. Kika, como eu a chamava, era italiana, ela e os pais tinham vindo pro Brasil pra tentarem uma vida melhor, já que lá, eles não estavam conseguindo emprego, ela havia vindo pra cá aos 6 anos, foi quando a gente se conheceu, mas ela ainda tinha sotaque, e muitas vezes falava algumas palavras em italiano.

Já Vincenzo, tinha a minha idade, e crescemos juntos, ele era meu primo por parte de mãe, pois nossas mães eram irmãs, e eu sempre gostei muito dele, nós dois vivíamos um dormindo na casa do outro, estávamos sempre juntos, até estudávamos na mesma escola, e ainda fazíamos aniversário no mesmo mês, com apenas 6 dias de diferença.

No dia do aniversário de dez anos do Vincenzo, eu fui ao seu aniversário, e acabei dormindo em sua casa. Fizemos muita bagunça naquele dia, lembro de cada detalhe como se fosse ontem.

Estávamos jogando vídeo game quando ele desligou o play, e começamos a fazer guerra de travesseiro, e sem querer, Vi me deu uma travesseirada no rosto.

- Desculpa, machucou?

- Não, tá tudo bem. – Falei.

No entanto, Vi me deu um beijo no rosto.

- Passou? - Perguntou.

- Passou. – Falei olhando para aqueles grandes pares de olhos claros.

Ficamos nos olhando por alguns segundos, um silêncio total, até que Vi me deu um selinho, olhei para ele sem entender o porquê.

- Por que você fez isso? – Perguntei, com uma mão nos lábios, que Vi tinha acabado de beijar.

Era meu primeiro beijo, nunca tinha dado beijo na boca antes, a não ser de mamãe, e a última vez foi quando eu tinha uns 4 anos.

- Não sei, deu vontade. Por quê? Não gostou? Se quiser, pode devolver.

Então, sem pensar duas vezes, eu lhe dei um selinho. Ele me olhou, meio tímido, e sorriu. Sorri de volta, e logo, voltamos a brincar.

Alguns dias haviam se passado, Vi e eu não demos mais nenhum selinho.

No dia do meu aniversário de dez anos, eu ganhei uma linda festa em um salão perto de casa. Foram todos meus amigos e minha família, a festa estava linda, e repleta de jogos e brinquedos. Porém à noite, eu ganhei o pior presente de minha vida.

Já estava deitado, quando papai entrou em meu quarto, estava fedendo a álcool, era difícil o dia que ele não bebesse ou se drogasse.

- Levanta, eu ainda não te dei um presente. – Falou papai.

- Qual? – Perguntei empolgado.

- Como você está crescendo e tá virando um homenzinho, eu vou te ensinar a brincar que nem gente grande.

Ele então começou a tirar seu cinto, e mal sabia eu que o inferno estava prestes a começar.

Eu era só uma criança, as vezes até via revista de garotas e rapazes seminus, via cena de beijo na TV, mas eu ainda não sabia o que era sexo, não tinha a maldade dos adultos, era uma criança inocente, inocência essa que o meu '' papai '' fez questão de roubar. Alguém me explica como é possível uma pessoa fazer isso com uma criança? Eu juro que tento, mas não entendo. E eu cresci sendo abusado pelo meu pai, pelo meu próprio pai.

Os abusos duraram cerca de meia hora. Meia hora de inferno, de tortura. Queria gritar, pedir socorro, mas eu não fiz, não fiz por medo, então eu apenas chorei, chorei muito até dormir.

Era férias de julho, não precisaria levantar cedo pra escola, ainda bem, pois não iria querer ir pra aula. E quando eu levantei, encontrei minha mãe arrumando a casa, pensei em contar pra ela, mas estava com muito medo.

- Bom dia, meu amor. – Falou mamãe, ao me dar um beijo no rosto.

- Bom dia. – Falei. – Quer ajuda?

- Não, obrigado.

Almocei, e em seguida, pedi para ir à casa de Vincenzo, e mamãe autorizou para minha sorte, papai não estava em casa, pois senão, ele poderia não deixar.

Vi morava ao lado da minha casa, e quando eu digo '' ao lado '', era ao lado mesmo, vizinhos de porta.

Foi Vi que me atendeu, e assim que ele abriu a porta pra mim, eu o abracei, abracei bem forte, com vontade de não o soltar mais, pois mesmo ele tendo a minha idade, sempre me senti seguro do lado dele.

- Está tudo bem? O que houve, Mike?

- Nada. – Falei.

Fomos para o seu quarto. Seus pais não estavam, Vi estava apenas com a avó, que havia ido ao mercado.

Tentei esquecer um pouco do acontecido da noite anterior, não queria mais pensar nisso, então, resolvemos ir brincar. Brincamos bastante, e quando eu vi já estava anoitecendo, o tempo tinha passado muito rápido, mas eu não queria ir embora, queria ficar ali, queria ficar com Vincenzo.

De repente escutamos um barulho. Era a mãe de Vincenzo, tia Stef.

- Mike, sua mãe ligou e disse que ela e seu pai vão sair com uns amigos, e pediu pra você dormir aqui hoje.

Vi e eu sorrimos, tínhamos adorado a ideia.

- Bom, quem vai tomar banho primeiro? – Perguntou minha tia.

- Tia, será que a gente pode tomar banho juntos, por favor?

- Juntos? Não acham que vocês estão meio grandinhos pra isso?

- Por favor, mamãe. A gente promete que vai se comportar e não vamos demorar. - Falou meu primo.

- Tá bom, mas sem demorar, e filho, empresta um pijama para seu primo.

- Sim, mamãe.

Nos olhamos e apenas sorrimos. Vi e eu tomávamos banhos juntos desde muito pequenos, éramos crianças e não tínhamos a malícia dos adultos.

Em seguida, fomos em direção ao banheiro. Estávamos tomando banho, quando um pouco de shampoo caiu no olho de Vi, que reclamou de ardência. Sem pensar duas vezes, eu lavei o olho dele, e assoprei, tentando tirar o shampoo.

- Melhorou? - Perguntei.

- Sim. Obrigado. – Ele disse se pondo a sorrir.

Sorri também e dei um selinho nele, que ficou tímido.

- Você sabe que isso não tá certo, né? – Perguntei, enquanto me deitava para dormir.

- O quê?

- A gente não pode fazer isso, dar beijo na boca... Nós dois somos meninos, e você é meu primo. Não tá certo.

- Quer saber? – Me questionou Vi, deitando do meu lado. – Pode até ser, mas eu não ligo, não.

Custei para dormir naquela noite, pensava em tudo que estava acontecendo, não entendia porque meu pai tinha feito aquilo, porque ele me odiava a esse ponto, também não entendia o que estava acontecendo entre mim e Vincenzo. Éramos meninos, e ainda, éramos primos. Podia primos se beijar? E dois meninos? Será que era certo ou errado? E porque eu sentia cócegas na barriga quando eu estava ao lado do Vi? Por que eu gostava tanto assim dele? Será que tudo isso era errado? Ah, queria tanto todas essas respostas...

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