É o Amor...

- Vi, a gente não deve, é muito arriscado. - Falei. - E se alguém descobrir?

- Você vai contar pra alguém? - Ele me questiona.

- Óbvio que não. - Respondo.

- Ótimo, por que eu também não vou.

Ele se põe a me beijar novamente, com a mesma intensidade do beijo anterior. Confesso que estava adorando aquilo. Ficamos nos beijando e nos acariciando por volta de uma meia hora, em seguida, Vincenzo destrancou a porta e se deitou no colchão, ao lado de minha cama. Não fizemos nada naquela noite, a não ser nos beijar, mas acabamos dormindo de mãos dadas, com um cobertor cobrindo nossas mãos para caso alguém entrasse em meu quarto não visse.

No dia seguinte, me acordo com Vi me olhando.

- Bom dia. - Falo sem conter o sorriso.

- Bom dia. - Ele diz se pondo a me dar um selinho.

Era um sábado, melhor dia da semana, pois não tinha escola, e eu odiava acordar cedo, pois eu sempre gostei muito de dormir, era uma das melhores coisas da vida que era de graça.

Era quase meio dia, tomamos banho, um por vez, claro, e depois nos arrumamos para almoçar.

- Até que enfim, né? Sabia que vocês dormem muito? - Nos questiona Kimberly.

- E você devia dormir bastante também pra ver se fica menos mal humorada. - Brinco. - Bom dia pequena.

- Bom dia grandão. - Diz Kim.

Dou um selinho nela e me sento à mesa. Em minha casa era normal essas coisas, essa questão do selinho nunca foi um tabu para gente, pois quando pequeno, mamãe dava selinho em mim e em Noah, e quando Kim nasceu, mamãe passou a fazer o mesmo nela, e eu também, e era de boa, pois obviamente não fazíamos na maldade.

- Que horas vocês foram dormir? - Pergunta mamãe.

- Umas 04h00. - Respondo.

- E o que vocês ficaram fazendo até esse horário? - Nos questiona Noah com um semblante meio malicioso.

- Ah, ficamos conversando, jogamos videogame, vimos filme, essas coisas. - Responde Vi.

- Sei... - Diz Noah.

Mamãe havia feito lasanha pro almoço, ela adorava fazer comida gostosa quando recebíamos visita, bom, Vi não era bem visita, já que ele era da família, mas mamãe adorava agradar ele, pois o achava um bom rapaz e ótima influência para mim.

Eu concordava com mamãe, ele era um bom exemplo a seguir. Vincenzo era muito estudioso, tirava nota máxima em todas matérias, muitas vezes ele costumava me ajudar com Matemática, Química e Física, pois sempre tive muita dificuldade com números, e ele sempre teve muita paciência pra me ensinar, até demais na verdade, pois sempre que estudávamos juntos, eu tinha que fazer cada exercício umas três ou quatro vezes. Além disso, Vi falava espanhol, inglês, francês, alemão e italiano, e fora alemão, as outras línguas, ele aprendeu praticamente sozinho, escutando músicas, vendo vídeos na internet, e acho que ele sabia falar sobre qualquer assunto, política; astrologia; culinária; história; artes; música, etc. Era praticamente um Einstein.

- Vi, você lembra de quando éramos crianças? - Lhe questionei horas mais tarde.

- Como eu poderia esquecer? Lembro de cada detalhe como se fosse ontem.

- Sabia que eu sempre gostei de ti?

- Eu sei, e eu também. - Ele falou.

- Isso quer dizer que você também é gay? - Questionei.

- Ah, Michael, pra que rótulos? Isso é tão chato, cara. Nós não temos que nos importar com isso, e sim, com o que nos faz felizes. Se eu quiser beijar mulher, eu beijo, se eu quiser beijar homem, eu beijo, e se eu quiser beijar uma ou um transexual, eu beijo e ponto. Me dando vontade, eu estou beijando. Não gosto dessa coisa de ''ela fica com garotas, é lésbica, ele fica com garotos, é gay, aquela ou aquele fica com os dois, é bi'', pra que isso? Beijar é tão bom, temos que beijar quem nos dá vontade, sem nos preocuparmos com essas bobagens. - Diz Vi.

- Tem razão. Desculpa. - Falo meio sem graça.

- De boa. - Ele fala se pondo a me dar um selinho.

Mais tarde resolvemos ir ao cinema, Kika e Noah foram conosco. Acabamos vendo um filme de terror muito legal, eu adorava filmes desse gênero.

- Amei esse filme. - Digo após a sessão.

- Eu também. - Diz Kika. - Questo film è stato fantastico.

Noah não estava tão chato como ele costumava ser, perto dos outros, ele até disfarçava um pouco, gostava quando ele estava legal, pois me lembrava dos velhos tempos em que podíamos brincar ou conversar numa boa. Na verdade, acho que o problema de Noah, é que ele meio que desconfiava que eu fosse gay, porque volta e meia ele vinha com alguma piada sem graça e um pouco homofóbica, talvez isso o incomodasse.

Ao anoitecer acabamos indo embora, dessa vez cada um foi pra sua casa, óbvio que queria Vi mais tempo em minha casa, por mim, ele moraria lá comigo, mas ele teve que ir fazer uns trabalhos pra sua mãe.

- E estava boa a noite com o Vincenzo? - Me questiona Noah.

- Puxa, foi só chegarmos em casa que você já começa a implicar, né?

- É pra não perder o costume. - Ele diz irônico.

Chego em casa e vou direto para meu quarto. Deito em minha cama e me ponho a pensar em tudo o que passou. Lembro de cada minuto ao lado de Vi, como foi bom ficar com ele.

Nisso, meu celular toca. É Kate.

''Caraca, esqueci completamente dela.'' - Penso.

Atendo a ligação. Ela estava com vontade de sair, mas eu não estava no clima. Precisava pensar em algumas coisas, tinha que ver o que eu faria com Kate. Não queria traí-la, e nem era justo, se bem que não éramos namorados, mas dava no mesmo, gostava de ficar apenas com uma pessoa e eu queria muito ficar com Vi. Sabia que eu devia terminar com ela, mas também ficava pensando se era o melhor a se fazer.

Kim, no entanto, entra correndo em meu quarto, e deita ao meu lado.

- Hey, o que foi baixinha? - Lhe pergunto.

- O papai. - Diz Kim muito trêmula.

- Que houve? Ele quis te bater?

Ela apenas acena a cabeça positivamente, pois estava muito assustada.

- Filho de uma cabrita. - Digo.

Sem ofender minha avó Glace, que já se foi e que era um doce de pessoa, aquela avó bem amorosa, que faz tudo pelos netos, ela era um amor, mas o único defeito dela foi ser mãe de um infeliz como o Henrique.

Levanto e vou até o quarto de meus pais, estava muito indignado, e encontro apenas Henrique no quarto.

- Você levanta um dedo pra minha irmã e eu acabo com a sua raça. - Digo à Henrique, me pondo a apontar um dedo pra sua cara.

- Estou morrendo de medo. - Ele diz irônico.

- Então tente. Encosta só um dedo nela e você descobrirá do que eu sou capaz. Bate em mim, pode me matar se quiser, mas minha irmã, não. Ela você deixa fora disso.

Bato a porta saindo de seu quarto, e tento acalmar minha irmã.

- Você acha que o papai pode mudar algum dia? - Me questiona minha irmã.

- Claro, quem sabe um dia. - Minto.

Sei que as pessoas podem mudar para melhor, mas esse não era o caso de Henrique, pois pra alguém melhorar tem que querer, e de fato, ele não queria mudar.

Ah, me doía tanto ver mamãe e Kim sofrendo nas mãos daquele ser desprezível, elas não mereciam isso. Juro que eu não me importava dele fazer o que quisesse comigo, contanto que não chegasse perto delas.

Era terça – feira, me acordei sem ânimo nenhum pra ir pro colégio, até porque teríamos prova de matemática no primeiro período, e adivinha quem não sabia nada? Sim, eu, se eu tirasse 2 seria minha maior nota do trimestre. Ah, só queria saber quem foi o idiota que inventou a matemática, eita, coisa desnecessária.

- Oi. - Diz Vi ao se juntar comigo e com Kika. - Mike, gostei tanto de dormir na sua casa, bem que agora você podia dormir na minha, né?

- Claro. - Respondo.

- Ah, eu também quero, faz tempo que não fazemos um programa desses. - Diz Kika. - Posso?

Vi e eu apenas nos olhamos. Ah, brincadeira isso. Eu adorava a Kika, ela era muito amorzinho, aquele tipo de pessoa que você tem vontade de guardar num potinho e proteger do mundo, mas sinceramente, preferia ficar apenas com Vincenzo.

- Claro que pode. - Diz Vi.

Ele apenas deu de ombros sem saber o que fazer, e na verdade, nem eu sabia, Kika era minha melhor amiga, gostava muito dela, mas preferia ficar sozinho com Vi, porém não podíamos dizer a ela para não ir. Puxa, que droga!

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