(Dallas)Eu estava batendo os dedos em cima da mesa de madeira, encarando o prato principal que eu tinha feito com muito carinho esfriar. Rangi os dentes, cutuquei o suéter e mofei um tempo sentado até a garrafa de vinho acabar e as velas derreterem.Levou tudo isso de tempo até que a porta se abriu, trazendo um vento frio. Arrepiei, sentindo as bochechas quentes do álcool e fiquei observando enquanto Siegfried batia a neve das roupas e entrava.— Nossa, demorou, achei que não ia vir mais. — Rosnei. Ele estreitou os olhos azuis irado e entrou na sala, olhando a mesa posta. Cruzei os braços. Eu estava ferido. — Por que demorou? Estava tão divertido assim com aquele prostituto?— Ah, então ficou mesmo com ciúmes? — Perguntou colocando as mãos na mesa.— Transou com ele lá fora, ou não? — Rangi os dentes.— Não, Dallas. Quer dizer, teve ontem a noite, que você me convenceu a fazer aquela coisa ridícula. — Afastou-se da mesa com um suspiro, puxou a cadeira e sentou-se em seu lugar à minha
(Dallas)— Não, Sieg, eu não quero. Mas… Agora que testei aquilo, talvez eu queria ir além.— Hm. — Resmungou bebendo o chá. — Psicopata maldita.— Confesso que gostei de vê-lo sofrer.— Sádica.— Foi divertido também chicotear você.— Cruel.— E… — Continuei fazendo uma pequena pausa para erguer uma sobrancelha. — Adorei ter você me obedecendo sem se revoltar!— Tirana.— Mas você ama com todos esses defeitos?— Tsc. — Siegfried deslizou o dedo no meu rosto, pela têmpora até a orelha, prendendo uma mecha de cabelo. — Você me deixa totalmente ligado, Dallas. Já estou duro de novo.— Hmmmm, gosto assim, sabe. Você me dá o controle.— Eu te dou tudo o que você quiser.Mordi a boca, soltei a caneca e virei para ele, beijando-o. Segurei na caneca dele, tirando-a de sua mão e coloquei na mesinha. O vi arfar de prazer quando desci as mãos por seu torso bem musculoso e alcancei seu membro por dentro da calça. Não, eu ainda não conseguia fazer sexo tão seguidamente, mas eu estava dando o meu
(Siegfried)— Siegfried Turgard! — A porta da saleta superior da boate abriu com um chute.O som da música eletrônica de uma apresentação que as garotas estavam ensaiando vazou. Ergui os olhos da mesa cheia de papel. Os soldados apontaram suas armas para porta.— Por Thor, Karvel! — Alyssa abaixou a arma cromada, seus cabelos bagunçados estavam com a pontinha por cima das sobrancelhas e o brinco de ouro pequeno com uma pérola reluziu ao lado dos piercings.— Estamos em reunião. Não tenho tempo pra você. — Cuspi olhando rapidamente para Ulrich, que estava sentado à minha frente na poltrona verde com uma pasta de couro marrom como seu terno cheia de documentos na mão, e abaixando os olhos novamente para a planilha de gastos daquela espelunca.— Você tem tempo, sim. — Ouvi apenas os passos pesados e rápidos do brutamontes. Karvel estava de terno, jaqueta pesada e os cabelos tocados pela neve que ao pouco começava a derreter e molhar os fios castanhos. Sua mão envolveu minha camisa cinza
(Siegfried)— Dallas.— E que não se importa com o que Karvel fez.— Qual é…— É nossa responsabilidade cuidar dele.— Pare com isso. — Balancei a cabeça negando, tentando manter aquelas palavras que ele estava cuspindo longe de mim, como se pudesse construir um muro para proteger-me.— Ele está quebrado, parte por você, que o quebrou!— Você cale sua boca! — Fiquei em pé, caminhando para longe dele. Meus pensamentos estavam em um furacão maldito. Dei um basta com a mão e Dallas comprimiu os lábios, me obedecendo. — Quem quebrou quem, aqui, Dallas? Você quer entrar nesse mérito? — Estiquei um dedo para ela, balançando o braço com brusquidão. — Você teve o que queria, o seu dia de dominante nessa droga, mas você tem capacidade? Ahn? Você é um maldita! Apenas para se vingar de mim usou o menino como uma ferramenta e agora o quê? Quer dizer que é culpa minha? Foi você que me transformou nesse monstro, foi você!Explodi. Claro. Não sou bom de segurar os meus sentimentos. Dallas mordeu os
(Dallas)A batida lenta eletrônica da música se perdia na neblina dos cigarros e por entre corredores abarrotados de mulheres apenas de lingerie e homens quase sem roupa. A decoração era antiquada como antigos castelos, papeis de parede escuros e avermelhados competiam espaço com quadros contendo fotografias preto e branco de cenas BDSM realizadas na casa noturna. O carpete azul escuro era especialmente limpo e a mobília parecia ser tirada de um museu da época vitoriana européia.Ali ninguém ligava especialmente para o que você estava fazendo. A maioria dos homens usava terno e escondia sua identidade com máscaras enquanto garotas e garotos dançavam para eles. Vi alguns ajoelhar implorando atenção aos seus pés. Uma mulher em especial chamava atenção usando roupa de látex e segurando um chicote com uma pena na ponta, com a qual fazia os homens abaixarem-se ávidos para que ela pisasse de saltos finos sobre suas costas.Ouvi dizer que a festa ocorria mensalmente na casa de um homem que e
(Dallas)Deslizo a mão no rosto, sem saber como agir, especialmente quando o Viktor infere um tapa forte no traseiro de seu garoto de lingerie. As meninas em baixo da mesa acariciam suas pernas e ele gentilmente pisa em seus dedos das mãos, fazendo-as soltar gemidinhos de prazer. Eu não sei o que pensar a respeito. Gosto do sofrimento delas, mas me incomoda o quanto elas estão desejando sofrer avidamente.— Cerveja era ilegal por aqui até os anos 90. Sexo como o que praticamos era ilegal até 2015. — Viktor dá um gole em sua bebida.— Faço lucro de coisas ilegais, Sr. Rubensson. — Siegfried insere. — Tenho certeza que se conhece os boatos sobre mim, conhece também as verdades.— Em fato, Sr. Turgard. — Viktor solta o copo em cima da mesa e pisca os olhos de um jeito blasé de quem não se assusta com o fato de que está ao lado do mais brutal assassino da ilha. — Mas também sei que quando o anormal se torna banal em nosso cotidiano, almejamos pela normalidade. Queremos sempre o diferente.
(Siegfried)Aquela saleta poderia ser assustadora para algumas pessoas, mas era um recanto de prazer para mim. A luz estava baixa, iluminando as paredes totalmente vermelhas. A música que saia do rádio era um sussurro calmo embalando o momento. Eu já estava ficando duro apenas em descer o zíper da jaqueta e puxá-la de seus ombros.Os olhos magnificamente azuis de Renée encontraram com os meus em um olhar de confiança. É diferente quando você está espancando uma pessoa que tem medo de você e quando você está prestes a fazer isso com alguém que anseia pela dor.Joguei o pano para o lado, Dallas pegou, soltando-o em cima de uma mesa cheia de apetrechos dignos de uma sala de tortura medieval. Haviam máscaras fazendo caras de dor penduradas em pregos, correntes e outras coisas que eu ainda nem sabia para o que serviam.Renée puxou a camiseta e me entregou seus pulsos cruzados. Passei a corda vermelha com cuidado, procurando amarrar de um jeito que não prendesse nenhuma veia, nenhum músculo
(Siegfried)Ah, ela ia gozar. Se ia! Aliviei. Renée ergueu a cabeça, dando um tempo para Dallas respirar.— Eu tive uma ideia ótima. — Renée sorriu, se afastando e indo até a mesa de acessórios. — Coloque Dallas em cima daquela mesa, tem uma fivela nela.Dallas estava suando e respirando como uma louca, mas eu ainda estava duro e queria fazer minha esposa gritar. Olhei para a mesa, parecia divertido.— Agora mesmo.— Espere, o que vocês estão fazendo? — Desconfiada do universo, Dallas hesitou, porém, não era como se ela fosse fugir, apenas detestava surpresas. Eu a levei até a mesa e empurrei as coisas de lá, curvando-a. Ela viu um local de prender os braços, com fivelas de couro, em cima da mesa. — Não me prenda!— Shh, confie. — Eu beijei suas costas, amansando a leoa. — Você vai gostar.— Eu já estou gostando, por que não podemos continuar daquela forma?— Porque você quer gozar para acabar logo com isso, Dallas. — Renée dedurou.— E eu quero que você goze por prazer. — Anunciei.—