(Dallas)A batida lenta eletrônica da música se perdia na neblina dos cigarros e por entre corredores abarrotados de mulheres apenas de lingerie e homens quase sem roupa. A decoração era antiquada como antigos castelos, papeis de parede escuros e avermelhados competiam espaço com quadros contendo fotografias preto e branco de cenas BDSM realizadas na casa noturna. O carpete azul escuro era especialmente limpo e a mobília parecia ser tirada de um museu da época vitoriana européia.Ali ninguém ligava especialmente para o que você estava fazendo. A maioria dos homens usava terno e escondia sua identidade com máscaras enquanto garotas e garotos dançavam para eles. Vi alguns ajoelhar implorando atenção aos seus pés. Uma mulher em especial chamava atenção usando roupa de látex e segurando um chicote com uma pena na ponta, com a qual fazia os homens abaixarem-se ávidos para que ela pisasse de saltos finos sobre suas costas.Ouvi dizer que a festa ocorria mensalmente na casa de um homem que e
(Dallas)Deslizo a mão no rosto, sem saber como agir, especialmente quando o Viktor infere um tapa forte no traseiro de seu garoto de lingerie. As meninas em baixo da mesa acariciam suas pernas e ele gentilmente pisa em seus dedos das mãos, fazendo-as soltar gemidinhos de prazer. Eu não sei o que pensar a respeito. Gosto do sofrimento delas, mas me incomoda o quanto elas estão desejando sofrer avidamente.— Cerveja era ilegal por aqui até os anos 90. Sexo como o que praticamos era ilegal até 2015. — Viktor dá um gole em sua bebida.— Faço lucro de coisas ilegais, Sr. Rubensson. — Siegfried insere. — Tenho certeza que se conhece os boatos sobre mim, conhece também as verdades.— Em fato, Sr. Turgard. — Viktor solta o copo em cima da mesa e pisca os olhos de um jeito blasé de quem não se assusta com o fato de que está ao lado do mais brutal assassino da ilha. — Mas também sei que quando o anormal se torna banal em nosso cotidiano, almejamos pela normalidade. Queremos sempre o diferente.
(Siegfried)Aquela saleta poderia ser assustadora para algumas pessoas, mas era um recanto de prazer para mim. A luz estava baixa, iluminando as paredes totalmente vermelhas. A música que saia do rádio era um sussurro calmo embalando o momento. Eu já estava ficando duro apenas em descer o zíper da jaqueta e puxá-la de seus ombros.Os olhos magnificamente azuis de Renée encontraram com os meus em um olhar de confiança. É diferente quando você está espancando uma pessoa que tem medo de você e quando você está prestes a fazer isso com alguém que anseia pela dor.Joguei o pano para o lado, Dallas pegou, soltando-o em cima de uma mesa cheia de apetrechos dignos de uma sala de tortura medieval. Haviam máscaras fazendo caras de dor penduradas em pregos, correntes e outras coisas que eu ainda nem sabia para o que serviam.Renée puxou a camiseta e me entregou seus pulsos cruzados. Passei a corda vermelha com cuidado, procurando amarrar de um jeito que não prendesse nenhuma veia, nenhum músculo
(Siegfried)Ah, ela ia gozar. Se ia! Aliviei. Renée ergueu a cabeça, dando um tempo para Dallas respirar.— Eu tive uma ideia ótima. — Renée sorriu, se afastando e indo até a mesa de acessórios. — Coloque Dallas em cima daquela mesa, tem uma fivela nela.Dallas estava suando e respirando como uma louca, mas eu ainda estava duro e queria fazer minha esposa gritar. Olhei para a mesa, parecia divertido.— Agora mesmo.— Espere, o que vocês estão fazendo? — Desconfiada do universo, Dallas hesitou, porém, não era como se ela fosse fugir, apenas detestava surpresas. Eu a levei até a mesa e empurrei as coisas de lá, curvando-a. Ela viu um local de prender os braços, com fivelas de couro, em cima da mesa. — Não me prenda!— Shh, confie. — Eu beijei suas costas, amansando a leoa. — Você vai gostar.— Eu já estou gostando, por que não podemos continuar daquela forma?— Porque você quer gozar para acabar logo com isso, Dallas. — Renée dedurou.— E eu quero que você goze por prazer. — Anunciei.—
(Dallas)Enchi a taça de vinho equilibrando o celular no ombro. Ainda era cedo, mas eu já estava precisando de uma dose se queria sobreviver ao resto do dia.— Devo me preocupar, Dallas? — A voz de minha irmã soou no outro lado da linha.— Com quem exatamente você está preocupada? — Peguei a taça e caminhei com ela até a sala, que estava vazia. As coisas de Renée estavam ali por cima da mesa, seus cadernos e um livro que ele estava aparentemente estudando.— Com você, meu bem. Siegfried parece estar… hm, muito próximo de Renée.— Na verdade, eu sou a mais próxima de Renée. — Larguei o meu corpo no sofá e puxei a manta fofinha para cima do meu corpo, cobrindo a calça jeans gelada.— Oh, é? — Ela desafiou do outro lado.— Nós dois apreciamos o silêncio, somos especialmente discretos acerca de nossos pensamentos e definitivamente conversamos melhor. — Pontuei dando um gole no líquido quente e amargo.— Estou preocupada com seu casamento, quero dizer.— Não tem por quê. Siegfried e eu fin
(Dallas)— Um problema que eu vou resolver. — Ele se esquivou da pergunta, desviando os olhos azuis de mim, mas puxou minhas pernas para mais perto dele, se aninhando em meu calor.— Posso ajudar?— É um problema que preciso resolver sozinho. — Ele sorriu entristecido. — E você? Com quem estava falando? Sua cara não tá boa, não, Dallas.— Pandora, minha irmã. — Dei um sorriso, ele fez uma careta juntando as sobrancelhas escuras sem entender. — Você não é o único com problemas que tem que resolver sozinho.— Hm.— Vou sair com Sieg essa noite, você fica bem sozinho?— Posso aproveitar para sair também? — Renée pediu.— E onde você quer ir?— Dar uma volta, encontrar uns amigos… Quero pegar umas coisas minhas também, estou usando de Sieg. Isso me incomoda. — Ele empurrou os cabelos castanhos ondulados para trás. — Posso?— Certo. Pode. Mas tem que levar dois caras com você, não quero que Karvel se aproxime.— Dallas, eu realmente agradeço o que vocês estão fazendo por mim, mas não tem q
(Siegfried)Dallas estava fazendo um trabalho péssimo em esconder sua tristeza e eu estava começando a odiar Renée pela forma com que tinha nos tratado. Foi a primeira vez que me senti apenas um objeto usado!— Enchi o carro de flores. — Falei com um sorriso quando entramos.— Está parecendo que vamos para um funeral. — Dallas reclamou passando o cinto.— Não sofra por Renée, ele fez a escolha dele.— É, eu sei. — Revirou os olhos castanhos e fingiu que não estava abalada.Liguei o motor, coloquei uma boa música que não chateasse minha esposa — temos gostos muito diferentes! Saí da garagem e um carro com quatro soldados nos seguiu. Durante todo o caminho eu fui olhando para as ruas, até me alonguei por uns bairros residenciais com aquela besta esperança de que eu fosse ver onde Renée estava hospedado.Claro que eu ia respeitar a decisão dele, mas me sentia em dívida e queria checar bem o histórico daquela tal Sabrina que tinha oferecido abrigo para Renée. Sabe, só para me certificar d
(Siegfried)Depois de um jantar amoroso e satisfatório, voltamos para o clube e puxamos os livros das mãos de nossos soldados para que encontrassem Sabrina nas escrituras.Viktor Rubensson era um homem muito organizado e por isso queríamos mantê-lo como diretor ou coisa parecida, mas ele precisaria amansar o ego para aceitar subordinação e o meu plano B era usar Telma, ou, Damir, como era mesmo o seu nome. Ele tinha acompanhado Viktor por tempo o suficiente para saber tudo como funcionava.Obviamente encontramos o endereço, Sabrina era uma dominatrix na cena e gostava de trabalhar com submissas mulheres, ou seja, ela não tinha interesse em trabalhar com Renée o que confirmou nossas suspeitas. Se não tinha sido por dinheiro, então ele realmente queria sair de nossas vidas por causa de Miguel.Mesmo assim fomos até a casa de Sabrina, ainda era cedo e as luzes estavam apagadas de um jeito estranho. Resolvi bater na porta e confirmar que estava tudo bem, antes de ir embora de uma vez por