Em mundo onde pessoas com habilidades tão avançadas capazes até de desafiar as leis naturais, há também corrupção e interesses sombrios. É nessa sociedade que Aiyra é introduzida depois de viver seus primeiros anos com o pai em uma ilha inabitada. Entrando na puberdade ela terá que lidar, sendo uma Excepcional, com as mudanças do corpo e com adaptação da nova realidade. Nessa aventura, Aiyra reflete sobre os seus relacionamentos, política, a luta pelo poder e dinheiro.
Ler maisDevo advertir que os fatos aqui contados são memórias do passado, então,podem conter falhas e estar fora da ordem cronológica. Não é que sejam mentirosas mas, podem faltar informações por isso, não achem que o que está aqui é uma verdade absoluta. Fiz esse livro relembrando fatos que aconteceram naquele ano de tantas mudanças. Não só naquele ano mas, os outros que se passaram quando eu me acostumava com a civilização. Não sabia que me recordava de tantas coisas… Naquele ano fatídico que saímos de nossa casa isolada e fomos de encontro com a sociedade. Hoje, aos 25 anos, escrevo essas memórias como uma lembrança de um tempo que parece não ter existido e como parece não ter existido, as pessoas não se lembram mais de como a vida era difícil naquela época onde tudo era limitado. -Então somos exclusivos um do outro? A Brenda disse que agora eu não posso mais ficar com ninguém porque eu me tornei exclusiva de você. Eu vou ter que parar de falar com os outros?-Não é bem assim…Pode continuar a falar com os outros normalmente.Aquela conversa estranha foi bem no começo do namoro. Fazia duas ou três semanas que ele havia se mudado para a casa de Nomia e João, já estava frequentando o internato normalmente e resolveu assumir logo a relação que queria comigo.Haru nunca tinha namorado também, mas entendia o conceito do que era. Já eu, não sabia o significado total daquela palavra. Brenda me explicou que são quando duas pessoas que se gostam se juntam e teNAMORO
Uma casa de acolhimento. Geralmente crianças Excepcionais não vão para um lugar desses, elas são deixadas na rua a própria sorte, ninguém quer adotar também um Excepcional. As crianças Excepcionais que dão sorte, podem ser recolhidas por algum Excepcional adulto que realmente queira cuidar dela. Mas a maioria das vezes, elas são recolhidas por esses adultos e são exploradas por isso, a preferência de muitas é ficar na rua.Como o caso de Haru veio a público e causou muita repercussão e debates sobre a desigualdade entre os Excepcionais e os Comuns, o levaram para uma casa de acolhimento sem problemas. Eu não saberia se veria ele novamente na escola e esse tipo de pensamento me deixava ansiosa.-Não se preocupe, ele vai
-Essa criança, senhor juiz, só me trouxe desgraça - ela falava isso no final dos depoimentos- Por causa dela perdi meu marido, meu emprego e a minha casa. Mesmo assim eu dei a ela um teto, comida e educação. Acha que foi fácil olhar para a cara dessa criança todos os dias da minha vida? Eu não larguei ela por aí como muitas pessoas fazem! E agora eu vou ser presa por causa dessa criança também?!Lágrimas de raiva começaram a escorrer pelo rosto dela. Depois de todos os depoimentos já prestados. Permitiram que eu e meu pai assistíssemos o julgamento. Haru não estava presente, foi para uma outra sala.A mãe de Haru se exaltou depois de ouvir todas as testemunhas. Meu pai contou o ocorrido no dia em que fomos à casa de Haru, Nomia e J
Depois daquela noite, Haru não encostou nos meus lábios daquele jeito. Eu não saí do lado dele como ele havia me pedido. O advogado de Haru pertencia ao escritório do senhor Bartolomeu. Um jovem preocupado com causas sociais, muitas vezes faziam serviços Pro-Bono mas, aquilo estava sendo pago com o dinheiro que a minha mãe deixou para o meu pai. Antes de levar Haru para casa, meu pai havia denunciado a agressão, não deram muita importância por se tratar de uma criança Excepcional. Foi a partir daí que ele percebeu que só iria adiantar se retornasse. O Francisco, marido de Júlia Martins Gonçalves, o Excepcional Natural, ativista político pelos direitos dos Excepcionais, deveria ressurgir mais cedo do que imaginava. Em sua experiência anterior, as autoridades só se mexeriam com um apelo midiático forte. Muitas vezes eles conseguiam apenas quando den
Fiquei no meu quarto o máximo que pude, tentando evitá-lo. Saía escondida sem ele perceber para ir ao banheiro ou beber água. Porém, dentro de um espaço relativamente pequeno com apenas nós dois, fica difícil achar um momento em não nos esbarremos. -Está me evitando, por acaso? - ouvi uma voz masculina atrás de mim enquanto saía cautelosamente do meu quarto. -O que é evitar?- eu ainda não conhecia aquela expressão. Haru estava de braços cruzados atrás de mim. -Exatamente isso que você fez o dia inteiro. -Não é como se eu tivesse começado isso- por que ele estaria zangado com isso? Foi ele que me evitou primeiro. Ele engoliu a seco e olhou para o lado, fazia isso quando ficava sem graça. -Mas foi você que disse aquilo pra
Haru tinha hematomas nas costas, sua pele estava cheia de manchas roxas e elas se espalhavam pelos braços, pescoço e em algumas vezes no rosto. Eu não sabia o que acontecia na casa dele quando vi aquelas marcas pela primeira vez, deduzi que era alguma marca do treino, de alguma queda.Depois da nossa discussão, não nos falamos mais só que, eu ainda estava preocupado com ele. Eu sempre levava um pequeno estojo escondido na mala com um pouco das Areias Brilhantes caso alguma coisa acontecesse. As Areias Brilhantes podiam curar qualquer ferida, só não combatiam vírus ou bactérias, etc. Ela apenas combatia os sintomas que ajudavam muito. Fui novamente encontrá-lo no vestiário. Não com a mesma animação de antes mas, com um grande nervosismo em vê-lo. Fiquei parada na porta do vestiário hesitante em entrar, meu pé não se mexia, os outros meninos saíam e
Haru é o meu marido. Nos conhecemos no internato de uma forma bem constrangedora pelo fato de eu não saber o que era uma televisão. Eu não sei como mas, segundo Haru ele se apaixonou naquele momento, no entanto, só foi realizar isso um pouco mais tarde. A família de Haru tinha uma vida estabilizada e feliz. A chegada de um um filho era uma benção, só não esperavam que fariam parte do 1% da população. Ele era um Excepcional Sinestésico, vindo de um casal de Comuns. Por ser o único na família inteira nessa condição, o pai suspeitou de traição e deixou mãe e filho sozinhos no mundo. Logo depois a demarcação dos Excepcionais acontecia e todos que eram ou tinham alguém na família deveriam deixar as suas casas e ir para os conjugados feitos pelo governo. Sem influências importantes, a mãe teve que sair de sua bela casa própria em um bairro com uma boa q
Meu não soube quando fomos atacadas, ele estava em Minas Gerais ainda e pelo jeito voltaria no dia seguinte a nossa ida a diretoria. Porém na escola eu tinha os meus próprios problemas. Eu ainda estava nas séries básicas e os meninos ainda olhavam deio para nós por conta do castigo coletivo que tiveram. Como se nós fossemos culpadas pela situação deles. Depois de me salvar do ataque dos outros meninos, Haru continuou a me ignorar. Ele não respondia aos meus acenos e passava por mim direto pelo corredor. Eu não entendia por que mas, a cada dia que passava, aquela situação me doía o peito cada vez mais. Hugo estava mais calmo, parecia procurar por Brenda na hora do intervalo. Uma aura estranha emanava deles dois, no entanto, não era tão pesada do mesmo jeito que era antes. Hugo parecia desesperadamente querer pedir desculpas a Brenda, porém, ela