Depois de anos estudando em outro continente, aqui estou eu, barata em frente a uma enorme janela de vidro em um dos maiores edifícios desta rua, em Manhattan.
Minha família não faz ideia do porquê escolher cursar minha faculdade em outro continente. Daí a justificativa de que eu queria sair das asas dos meus pais e... Testar novas oportunidades.
O primeiro a odiar esta ideia foi o meu pai, mas como sempre, eu consegui a manipular e moldá-lo ao meu desejo. Acho que peguei isso da minha mãe, ela é ótima dobrando aquela fera. Não era o meu plano fazer tudo isso, mas por causa de um babaca em específico, e os planos mudaram completamente.
William Morson era um dos grandes amigos do meu irmão. Sempre deixou claro a sua personalidade e desejos fúteis. Eu, como uma boba, aos 15 anos, me apaixonei por ele. Acreditei que ao chegar a maior idade, ele já teria amadurecido o suficiente para que tivéssemos alguma coisa juntos. Contudo, essa foi uma das minhas maiores decepções.
Ao completar o ensino médio, mentir para os meus pais dizendo que iria a uma festa com amigas, que não rolaria bebida, que chegaria em casa no tempo certo, mas na verdade o meu trajeto foi bem diferente. Óbvio que quem estava comigo era uma das minhas grandes melhores amigas, entretanto, A festa estava arrepiada por bebidas e outras coisas ilícitas, no qual eu não toquei. Pelo menos não nas coisas ilícitas.
Três copos de cerveja foram suficientes para quebrar todos os meus filtros. Foi uma das piores coisas que eu fiz naquela noite. Porém, eu não diria que foi a pior, já que cometi sucessivos erros naquele dia.
Will estava lá, rodeado por amigos e mulheres. Por obra do destino, o meu irmão sempre foi mais de ficar em casa estudando, mas não William Que adorava festas da faculdade, na qual, em uma delas, eu estava.
Depois de inúmeras cantadas de outros homens, decidir ir para casa. Coincidentemente, Will me ofereceu uma carona no qual eu aceitei. Esse foi mais um erro.
Não deveria saber que, a me apaixonei de um adolescente, estragaria tudo. Eu não deveria ter aceitado aquela carona. Pois foi naquela noite que, simplesmente, me joguei de corpo e alma, e acabei sem nada. Me entreguei a ele, acreditando que depois daquilo, William me veria como uma mulher. Alguém que seria apenas sua, mas eu estava enganada, ele por outro lado, apenas me usou assim como fazia como as outras.
Desiludida, voltei para casa e escondi o quanto eu estava triste. Ele tinha partido meu coração, e a culpa disso era totalmente minha. Escolhi cursar minha faculdade na Europa, meu pai odiou a ideia, ponto por ficar longe da filha, quanto pela necessidade de sempre me vigiar. Mas eu não estava com condições de ficar naquele lugar. Esperava que a Europa mudasse a minha cabeça. E isso realmente aconteceu.
Agora, de volta à Nova York, tudo que eu mais quero é me vingar daquele idiota.
— Posso ser tola por não colocar um fim nesse assunto, e desejar a vingança, mas até que vai ser divertido. — Eu sabia que ele estava ali e aproveitei para, ocasionalmente, ouvir a conversa que ele estava tendo com o meu irmão. — William, você vai ficar na minha mão.
Atrás da porta, tenta ouvir o que eles estão falando, esperando que ninguém apareça, do nada, e me pegue ali.
— Quando você vai crescer? — meu irmão o questiona. Ouço a gargalhada irônica do homem, que já não era nenhuma adolescente, mas suas atitudes, diziam outra coisa.
— Tenho 35 anos, amigo. Não acha isso suficiente?
O velho William. Ele jamais vai perder esse da postura de cafajeste. Porém, eu estou focada em quebrar cada tijolinho que ele tiver.
— Seu pai está desesperado, procurando por alguém que, magicamente, fará você crescer de alguma forma.
— Meu pai adora se meter na minha vida.
— Não faz ideia do quanto é bom ter alguém ao seu lado. — engraçado eu vi meu irmão falando disso. Ele não é nenhum santo. Já fez coisas tão julgáveis, quanto o próprio amigo à sua frente. — se sente em paz.
— Sentiria-me preso. — corrigiu com muita pressa. — Você até pode estar satisfeito, mas eu tenho espírito solto. Não posso me prender a ninguém.
Dou um sorriso marialicioso, embalando um plano para estragar essa sua confiança.
— Até quando o seu espírito vai vagar por aí, William?
Até me impressiono com a maturidade do meu irmão mais velho.
— Quando a mulher ideal aparecer, você vai saber. — levantei e mandei sobrancelhas, interessada no assunto.
— Mulher ideal? — até eu fiquei confusa.
— Lição número um: ela não pode se jogar aos meus pés assim, com tanta facilidade. — Interessante. — gosto de desafios, e se uma mulher, simplesmente, se jogar no meu colo, qual a graça disso?
— Isso não te torna mais maduro. — criticou meu irmão.
— Lição número 2: ela tem que ser misteriosa, uma mulher... Inteligente e sexy. — era bom saber que ele estava me dando tanta informação. Assim eu saberia exatamente como pegá-lo. — Eu não acredito no amor.
— Há, jura? — Harvey foi irônico. — me pergunta o porquê.
— Os homens ficam loucos por uma mulher. — falou com desdém. — Correm atrás delas como um cachorrinho. Isso não é amor, é desespero.
A risada do meu irmão ecoou pela sala.
— Então está me chamando de cachorrinho?
— Deve admitir que você, praticamente implorou, para que aquela mulher se casasse com você.
— Foi ela que me pediu em casamento.
— Não importa eu ainda não acredito no amor.
Claro que não. Uma pessoa tão fria quanto você não faz ideia do que é este sentimento.
— Mas não se preocupe, querido William. Você vai se apaixonar por mim, e quando isso acontecer, vou fazer questão de pisar no seu coração, assim como fez com o meu.
Acreditando que a secretária estava de volta, sair dali sem que ninguém me percebesse. Levaria um tempo para pensar no plano perfeito, mas... Ele não perde por esperar.
Passei a noite inteira revendo cada palavra, cada risada, cada olhar que trocamos, e é estranho não me lembrar de algum plano concreto. Será que isso me faz uma pessoa ruim? Essa sede de vingança, essa vontade de vê-lo arruinado? Talvez. Mas William... William sempre foi assim, um mestre da ilusão. Já destruiu o coração de tantas mulheres, uma após a outra, sem remorso. Aos 35 anos, ainda acha que é intocável. Ele não mudou. Ainda carrega essa arrogância, esse desejo de dominar tudo e todos.É por isso que minha raiva só cresce. E então, entre os sentimentos confusos, uma faísca de determinação surge. Eu até acho que posso me perdoar por querer algo que, no fim, só parece justo. Seria interessante, no mínimo, jogar com a cabeça dele. Alimentar seu ego, deixar que pense que ganhou, só para então, no momento certo, arrancar tudo de suas mãos.Posso imaginar o choque em seu rosto. Ele nunca imaginaria que alguém como eu — aparentemente dócil e inocente — teria a ousadia de enfrentá-lo. E
Acredite, eu sei. Eu sei que é muito errado usar a minha cunhada — a super correta e incrível Samanta — para algo tão sujo. Mas eu tive que tentar. Ela é um gênio com computadores, telefones, qualquer coisa tecnológica. E, por sorte, está trabalhando em casa ultimamente. Isso significa que, depois que meu sobrinho dorme, ela se enfia na frente do computador e passa horas bolando algum projeto que eu nem imagino o que seja.Na maioria das noites, ela vai até a casa dos meus pais. É quase uma exigência deles, na verdade. Se dependesse da minha mãe e do meu pai, meu irmão, ela e meu sobrinho morariam lá para sempre. Eles são loucos pelo pequeno — e eu também. Mas, é claro, Samanta e meu irmão precisam de privacidade. Ela só vem quando está se sentindo mais sozinha ou quando o trabalho anda devagar.Só que, agora, eu arranjei um novo ‘favorzinho’ para ela, que pode nos render uma baita dor de cabeça se alguém descobrir. Não sei como vou convencê-la a fazer isso, mas se há alguém que conse
Não sou o homem mais correto do mundo. Bem, longe disso, para ser honesto. Há mulheres em Nova York que dariam risada se ouvissem essa afirmação. Algumas diriam que eu sou o pior de todos — um exagero, claro. Eu só quero aproveitar. A vida é curta demais para ser desperdiçada com regras sem graça. Quero viver tudo agora, antes dos 40, depois... talvez eu pense em uma família. Se depender do meu pai, isso já teria acontecido. Na verdade, ele provavelmente me colocaria em uma camisa de força, se pudesse, e me moldaria no tipo de herdeiro que ele quer no comando da empresa.Mas eu não o culpo; admito que sou uma dor de cabeça para ele. Não sou exatamente querido no meu próprio império. A presidência será minha um dia, e sei que deveria ser mais respeitado. Mas é impossível para eles ignorarem o meu estilo de vida — e, pensando bem, eles têm razão. No entanto, no lado profissional, sou o melhor. Eu assino os melhores acordos, tenho a educação certa e a mente afiada para isso. Eles podem m
— Isso só pode ser brincadeira, — murmurei, perplexa ao olhar as imagens das câmeras de segurança da casa de William. Não era como se eu não soubesse que ele levava uma mulher diferente toda noite, mas assistir a isso era outro nível. E eu nem vou me permitir pensar que é ciúmes, porque isso seria absurdo. Eu odeio esse homem. Odeio ele com todas as forças do meu corpo e do universo. Ainda assim, ver uma mulher linda saindo pela porta da frente me deixou furiosa. Sinto uma vontade absurda de procurá-lo por toda Nova York e empurrá-lo do último andar de algum prédio.Respiro fundo, tentando me acalmar.— Quer saber? Vou trabalhar, — digo a mim mesma, desligando o computador e me levantando do sofá. Só que, ao fazer isso, fico parada. Olho para o chão, para as paredes, mas uma parte de mim continua presa naquela cena. Naquela mulher. — Ela é bonita, — acabo admitindo em voz baixa, cruzando os braços e batendo o pé no chão. Todas elas são. Ele tem um tipo. Claro, não se prende a cor de p
Não dava para acreditar que eu estava perdendo o meu precioso tempo, lendo as conversas de William e essa... Vadia.O que tenho a ver com isso? Bem, nada. Afinal, o odeio. Mas, em minha cabeça, se há uma pessoa em meu caminho, significa que meu plano falha. O problema é que: Will nunca se envolveu com mulher alguma, então não há razões para me chatear dessa forma.— Para, Isabella - Bate em minha mesa, enquanto colocava o celular em cima dela. Meu coração estava acelerado, como se estivesse correndo uma maratona. Eu sentia, até, os pulmões ardendo. Me levantei, impaciente, andando de um canto a outro. — Não é como se isso já não tivesse acontecido. Mulheres caem no papo dele o tempo todo. — Mas não significa que é fácil aceitar. Era como se eu tivesse, novamente, os meus dezoito anos e estivesse apaixonada por ele.Coloquei a mão na cintura, olhando para o nada, viajando nos pensamentos.Bufei, desolada, sentindo ódio de mim mesma. Nem percebi quando alguém bateu na porta, entrando se
Não dá para acreditar que estou fazendo isso. É sério. Como eu pude me tornar essa pessoa? Em frente ao espelho, me encaro com essa roupa escura que deveria ser discreta, mas parece gritar minhas intenções. Não quero que ninguém perceba que estou prestes a me enfiar em uma missão quase suicida: espionar William. Sim, William, o homem que eu odeio. Ou penso odiar. Eu tenho que odiá-lo. Qualquer coisa diferente disso seria insuportável. Não posso nem cogitar a ideia de ter sentimentos por aquele babaca. Afinal, quão tola seria se caísse na mesma armadilha outra vez? Não, de jeito nenhum.Hoje, meu único objetivo é simples: estragar tudo. Seus encontros, sua paz, sua vida, se possível. Ele merece sentir um pouco do que faz as mulheres sentirem — usadas, descartáveis, como papéis amassados jogados no lixo. Ele precisa aprender que não pode tratar pessoas assim. E, se para isso eu tiver que descer ao nível dele, que seja. Será divertido, ou pelo menos é o que eu espero.Ainda bem que eu te
Nossa atenção foi totalmente roubada pela loira que adentrou o restaurante, indo em direção à mesa onde William estava. Ela era impossível de ignorar. Seu vestido vermelho curto e provocante deixava as costas quase completamente nuas, enquanto suas longas pernas pareciam desfilar cada passo com a confiança de quem sabia que todos os olhares estavam nela. Seu rosto estava parcialmente oculto pelo cabelo dourado que caía em ondas perfeitas, mas o suficiente foi revelado para deixar claro que ela era deslumbrante.Samanta e eu estávamos praticamente grudadas, escondidas atrás da planta estrategicamente posicionada que nos permitia observar sem sermos vistas. Confesso que mordi os dentes de raiva quando o vi se levantar com aquele sorriso encantador — o mesmo que já havia causado estragos no meu coração e na minha sanidade. Ele a cumprimentou com toda a elegância de sempre, inclinando-se para beijar sua mão como se fosse um príncipe em um conto de fadas.Idiota. Um príncipe idiota.Minha
— Mas que merda é essa?A frase sai da minha boca assim que as portas do elevador se abrem, e meus olhos são imediatamente bombardeados por um mar de flores na minha sala. Não são apenas alguns buquês. É como se uma floricultura inteira tivesse decidido fazer plantão no meu apartamento. Orquídeas, girassóis, rosas, lírios... e aquele cheiro. Meu Deus, aquele cheiro.Começo a espirrar como um condenado, o nariz já coçando como se fosse cair do rosto. Coloco a mão na boca e no nariz, numa tentativa inútil de bloquear o aroma que invade minhas narinas. Mas é inútil. Espirro de novo. E de novo. E de novo.Num impulso desesperado, corro para a cozinha, onde o telefone está. Seguro o aparelho com força e grito:— Quem foi o idiota que deixou essas flores aqui? Alguém, pelo amor de Deus, venha tirar isso antes que eu morra espirrando!Eu tenho certeza que o porteiro, os vizinhos do andar de cima e até os do prédio ao lado ouviram. Não me importa. Preciso de ar. Passo apressado pelo meio daqu