Acredite, eu sei. Eu sei que é muito errado usar a minha cunhada — a super correta e incrível Samanta — para algo tão sujo. Mas eu tive que tentar. Ela é um gênio com computadores, telefones, qualquer coisa tecnológica. E, por sorte, está trabalhando em casa ultimamente. Isso significa que, depois que meu sobrinho dorme, ela se enfia na frente do computador e passa horas bolando algum projeto que eu nem imagino o que seja.
Na maioria das noites, ela vai até a casa dos meus pais. É quase uma exigência deles, na verdade. Se dependesse da minha mãe e do meu pai, meu irmão, ela e meu sobrinho morariam lá para sempre. Eles são loucos pelo pequeno — e eu também. Mas, é claro, Samanta e meu irmão precisam de privacidade. Ela só vem quando está se sentindo mais sozinha ou quando o trabalho anda devagar.
Só que, agora, eu arranjei um novo ‘favorzinho’ para ela, que pode nos render uma baita dor de cabeça se alguém descobrir. Não sei como vou convencê-la a fazer isso, mas se há alguém que consegue hackear o impossível e sair sem deixar rastro, é Samanta.
— Desculpa, não queria meter você nisso. — Falo, enquanto ela mexe, freneticamente, no teclado, vidrada na tela do computador. — Você é a pessoa mais correta que já conheci.
Eu realmente estava mal. Samanta não merece ser punida por algo que foi eu que planejei. E espero que ninguém descubra a sujeira que estamos fazendo. Apesar de acreditar que William mereça tudo isso.
— O que esse cara fez para você, que precise se vingar com tanta raiva?
Dei um sorriso amargo, afundando-me no sofá da sala. Para que ninguém descobrisse, deixei que estivéssemos na sua casa, onde ninguém poderia descobrir o que fazíamos.
Óbvio, se Harvey aparecesse, iria tudo por água abaixo, e com certeza ele ficaria uma fera comigo, por ter envolvido Samanta nessa história.
— Bem — Pensei no passado. Eu era tão tola. — A culpa foi minha, por ter me apaixonado por alguém mais velho e safado.
— Tiveram um relacionamento? — A mulher não tirava os olhos da tela, que estava em seu colo, onde ela tinha as pernas dobradas.
— Não — bufei, desgostosa. — Foi depois de uma festa. Bebi e ele me deu uma carona...
— Você não vai dizer o que estou pensando, não é? — Ligeiramente ela me olhou, assustada. Ficou parada, parecendo em Pânico.
— Transamos, mas foi consensual. — Deixei claro.
— Certo — pareceu aliviada. — Menos mal. Eu terei que comter outro crime federal, se me dissesse que não queria.
Dei um sorriso, achando fofo ela estar tão preocupada comigo.
— Eu gostei. Foi minha primeira vez. — Então veio a péssima lembrança. — Então, ele se foi, me tratou totalmente diferente depois disso. Parecia que Will só tinha sido simpática comigo, até então, só porque desejava transar comigo.
— Babaca — Exclamou furiosa. — Vou gostar de fazer isso. Só não quero que Harvey descubra.
— Isso será um segredo nosso. — Prometi.
— Pronto, está feito. — Arregalei os olhos, olhando para a tela. — Me dá seu telefone. — Pediu e eu dei, quase desesperada. — Vou conectar você nesse servidor. — Explicou, como se eu soubesse o que significa. — Vai saber tudo o que ele faz no celular, no computador. Eu poderia logar você nas câmeras de segurança, se quiser.
— Eu quero tudo. — as palavras saíram da minha boca com muita emoção. — tenho que saber tudo que ele faz, com quem ele faz, Então vou saber exatamente por onde começar.
— Você sabe o que vai fazer com tudo isso? — Ela conectou o cabo do meu telefone com o computador em que ela trabalhava, Eu mordi os lábios, ansiosa.
— Tenho que conquistar aquele Idiota. — ela me olhou como se tivesse dito algo muito absurdo. — ele não vai saber quem eu sou. — Então, Franziu o cenho, confusa. — vai ser tipo: uma admiradora secreta, que vai saber exatamente o que dizer para ele. Sei que isso vai deixar o William louco. Quando estiver apaixonado pela misteriosa, vou revelar que sou eu. E quando isso acontecer, vou dizer exatamente o que ele me disse naquele dia.
— E o que ele disse?
— Não precisa se apegar, docinho, — eu jamais eu cresci essa frase. Ela martelava na minha cabeça, todo esse tempo. — foi só uma brincadeira.
— Se eu soubesse que ele era tão... Babaca, nunca tinha deixado Harvey contratar ele para construir a nossa casa.
Dê um beijo na sua bochecha, a abraçando.
— O desgraçado é bom no que faz — eu já tinha pisado aqui antes. O projeto e a construção realmente é magnífica. — e ele terá a vingança. Ele me usou e depois descartou, como se eu não fosse nada. Vai ser bom, dar o gosto, do que ele sempre faz com as mulheres.
— Boa sorte — ficou impressionada.
Depois que Samanta me conectou a todo o servidor — tanto da casa dele quanto do telefone — e me devolveu o meu celular, passei um bom tempo testando e aprendendo como mudar a tela das câmeras de vigilância, como acessar as mensagens que ele recebia. E, assim que entrei no aplicativo de mensagens, uma lista interminável de nomes de mulheres apareceu. Algumas conversas eram com amigos, outras com os pais. Mas a maioria… a maioria eram mulheres.
Foi nesse momento que percebi: ele não mudou. Mesmo aos 35 anos, ainda age da mesma forma. Como alguém pode ser tão babaca por tanto tempo? Ele realmente não se cansa? Qual é o objetivo dele? Conquistar todas as mulheres de Nova York? Bem, isso vai acabar. Já chega. William precisa parar. Precisa crescer. E, para isso, assim como ele fez comigo, o seu coração vai ter que ser quebrado.
Ele sempre diz que jamais se apaixonará por ninguém. Mas eu vou garantir que ele caia de amores pela 'mulher misteriosa'. E, quando eu me revelar, vai ser fascinante assistir à sua decepção. Isso me torna uma pessoa cruel? Talvez. Mas eu realmente não estou nem um pouco preocupada com isso.
Não sou o homem mais correto do mundo. Bem, longe disso, para ser honesto. Há mulheres em Nova York que dariam risada se ouvissem essa afirmação. Algumas diriam que eu sou o pior de todos — um exagero, claro. Eu só quero aproveitar. A vida é curta demais para ser desperdiçada com regras sem graça. Quero viver tudo agora, antes dos 40, depois... talvez eu pense em uma família. Se depender do meu pai, isso já teria acontecido. Na verdade, ele provavelmente me colocaria em uma camisa de força, se pudesse, e me moldaria no tipo de herdeiro que ele quer no comando da empresa.Mas eu não o culpo; admito que sou uma dor de cabeça para ele. Não sou exatamente querido no meu próprio império. A presidência será minha um dia, e sei que deveria ser mais respeitado. Mas é impossível para eles ignorarem o meu estilo de vida — e, pensando bem, eles têm razão. No entanto, no lado profissional, sou o melhor. Eu assino os melhores acordos, tenho a educação certa e a mente afiada para isso. Eles podem m
— Isso só pode ser brincadeira, — murmurei, perplexa ao olhar as imagens das câmeras de segurança da casa de William. Não era como se eu não soubesse que ele levava uma mulher diferente toda noite, mas assistir a isso era outro nível. E eu nem vou me permitir pensar que é ciúmes, porque isso seria absurdo. Eu odeio esse homem. Odeio ele com todas as forças do meu corpo e do universo. Ainda assim, ver uma mulher linda saindo pela porta da frente me deixou furiosa. Sinto uma vontade absurda de procurá-lo por toda Nova York e empurrá-lo do último andar de algum prédio.Respiro fundo, tentando me acalmar.— Quer saber? Vou trabalhar, — digo a mim mesma, desligando o computador e me levantando do sofá. Só que, ao fazer isso, fico parada. Olho para o chão, para as paredes, mas uma parte de mim continua presa naquela cena. Naquela mulher. — Ela é bonita, — acabo admitindo em voz baixa, cruzando os braços e batendo o pé no chão. Todas elas são. Ele tem um tipo. Claro, não se prende a cor de p
Não dava para acreditar que eu estava perdendo o meu precioso tempo, lendo as conversas de William e essa... Vadia.O que tenho a ver com isso? Bem, nada. Afinal, o odeio. Mas, em minha cabeça, se há uma pessoa em meu caminho, significa que meu plano falha. O problema é que: Will nunca se envolveu com mulher alguma, então não há razões para me chatear dessa forma.— Para, Isabella - Bate em minha mesa, enquanto colocava o celular em cima dela. Meu coração estava acelerado, como se estivesse correndo uma maratona. Eu sentia, até, os pulmões ardendo. Me levantei, impaciente, andando de um canto a outro. — Não é como se isso já não tivesse acontecido. Mulheres caem no papo dele o tempo todo. — Mas não significa que é fácil aceitar. Era como se eu tivesse, novamente, os meus dezoito anos e estivesse apaixonada por ele.Coloquei a mão na cintura, olhando para o nada, viajando nos pensamentos.Bufei, desolada, sentindo ódio de mim mesma. Nem percebi quando alguém bateu na porta, entrando se
Não dá para acreditar que estou fazendo isso. É sério. Como eu pude me tornar essa pessoa? Em frente ao espelho, me encaro com essa roupa escura que deveria ser discreta, mas parece gritar minhas intenções. Não quero que ninguém perceba que estou prestes a me enfiar em uma missão quase suicida: espionar William. Sim, William, o homem que eu odeio. Ou penso odiar. Eu tenho que odiá-lo. Qualquer coisa diferente disso seria insuportável. Não posso nem cogitar a ideia de ter sentimentos por aquele babaca. Afinal, quão tola seria se caísse na mesma armadilha outra vez? Não, de jeito nenhum.Hoje, meu único objetivo é simples: estragar tudo. Seus encontros, sua paz, sua vida, se possível. Ele merece sentir um pouco do que faz as mulheres sentirem — usadas, descartáveis, como papéis amassados jogados no lixo. Ele precisa aprender que não pode tratar pessoas assim. E, se para isso eu tiver que descer ao nível dele, que seja. Será divertido, ou pelo menos é o que eu espero.Ainda bem que eu te
Nossa atenção foi totalmente roubada pela loira que adentrou o restaurante, indo em direção à mesa onde William estava. Ela era impossível de ignorar. Seu vestido vermelho curto e provocante deixava as costas quase completamente nuas, enquanto suas longas pernas pareciam desfilar cada passo com a confiança de quem sabia que todos os olhares estavam nela. Seu rosto estava parcialmente oculto pelo cabelo dourado que caía em ondas perfeitas, mas o suficiente foi revelado para deixar claro que ela era deslumbrante.Samanta e eu estávamos praticamente grudadas, escondidas atrás da planta estrategicamente posicionada que nos permitia observar sem sermos vistas. Confesso que mordi os dentes de raiva quando o vi se levantar com aquele sorriso encantador — o mesmo que já havia causado estragos no meu coração e na minha sanidade. Ele a cumprimentou com toda a elegância de sempre, inclinando-se para beijar sua mão como se fosse um príncipe em um conto de fadas.Idiota. Um príncipe idiota.Minha
— Mas que merda é essa?A frase sai da minha boca assim que as portas do elevador se abrem, e meus olhos são imediatamente bombardeados por um mar de flores na minha sala. Não são apenas alguns buquês. É como se uma floricultura inteira tivesse decidido fazer plantão no meu apartamento. Orquídeas, girassóis, rosas, lírios... e aquele cheiro. Meu Deus, aquele cheiro.Começo a espirrar como um condenado, o nariz já coçando como se fosse cair do rosto. Coloco a mão na boca e no nariz, numa tentativa inútil de bloquear o aroma que invade minhas narinas. Mas é inútil. Espirro de novo. E de novo. E de novo.Num impulso desesperado, corro para a cozinha, onde o telefone está. Seguro o aparelho com força e grito:— Quem foi o idiota que deixou essas flores aqui? Alguém, pelo amor de Deus, venha tirar isso antes que eu morra espirrando!Eu tenho certeza que o porteiro, os vizinhos do andar de cima e até os do prédio ao lado ouviram. Não me importa. Preciso de ar. Passo apressado pelo meio daqu
Confesso que dormi tão relaxada e tranquila que hoje acordei de bom humor. Pode ser cruel o que eu fiz, sabendo que ele tem alergia às flores? Talvez, mas eu não me importo. Eu estraguei a noite dele e de bom o irritei ainda mais. Aposto que agora ele está espirrando. Ok, talvez eu tenha pisado um pouco a mão, mas valeu a pena. Agora, com nosso jogo de vento em roupa, não posso me negar a ficar um pouco feliz. O próximo passo? Bem, eu ainda não pensei nisso. Por enquanto, eu vou tomar o meu café, vestir uma roupa e ir para o trabalho. Enquanto eu faço isso, talvez eu pense uma segunda parte. Como irritar ainda mais? Durante o café, me perco pensando. Isso realmente me deixa empolgada. Era como se tivesse injetado adrenalina nas minhas veias. Mexia o meu pé freneticamente, talvez ansioso. Só me lembrei da realidade quando meu celular tocou. Ele estava em cima da mesa. Coloquei a xícara de café no seu lugar e o peguei, olhando a notificação. William já estava bem acordado e sua mensage
Eu estou furioso. A insônia tomou conta de mim, e a noite foi um verdadeiro inferno. Não consegui pregar os olhos, meu cérebro girando em círculos, voltando sempre à mesma questão: quem é essa mulher? Quem é essa estranha que parece conhecer cada detalhe da minha vida? Pra piorar, passei a noite espirrando por conta do cheiro das flores que tomaram conta da minha sala. Flores que ela enviou. Flores que só podem significar uma coisa: ela sabe.Ela sabe coisas que eu não compartilho com ninguém. Não fico tempo suficiente com uma mulher para que isso seja possível, embora admita que algumas chegaram perto. Talvez seja uma delas. Alguém do meu círculo social. Uma que decidiu que a vingança seria doce. O que não é difícil de imaginar, considerando o babaca que eu sou.Mas isso, hackear a minha vida? Isso é outro nível de loucura. Um nível que me irrita profundamente. E é por isso que hoje eu estou no carro, dirigindo pelas ruas movimentadas de Nova York, com apenas um destino em mente: a f