Eu estava morrendo de medo. Assim que ouvi a voz de William, meu coração foi à boca. Minhas mãos suavam. Eu não podia olhar para ele ou falar com ele, pois meus olhos estavam vendados, minha boca amordaçada, meus pulsos e pés presos. Eu só conseguia ouvir e sentir aquele medo que finalmente me tomou.Ouvi todas as paredes e todas as barreiras do meu corpo. Mantive-me firme todo esse tempo porque não queria que ninguém achasse que eu era fraca. Sei que algumas vezes me provocaram esperando eu desmoronar, mas eu não fui criada para isso. Minha mãe era uma mulher forte. Meu pai, um homem que não levava desaforo para casa. E meu irmão, muito menos. Se acharam que iam pegar uma pobre coitada, estavam muito enganados.Mas confesso que naquela hora, naquele lugar, tudo mudou.Lá estava William. Eu não podia vê-lo nem tocá-lo, mas podia ouvi-lo. Sua voz. Ele estava ali e queria vir até mim o mais rápido possível, mas era impossível fazer isso. Meu maior medo era que algo desse errado, que alg
Os agentes particulares que Harvey enviara avançavam silenciosamente pela floresta densa, os olhos atentos aos mínimos movimentos entre as sombras. O local que Samanta havia identificado se mostrava ainda mais suspeito do que imaginavam. No centro da clareira, uma casa de aparência discreta, mas fortemente vigiada, indicava que algo grande acontecia ali. O líder da equipe ergueu um punho cerrado, sinalizando para que todos parassem. Eles se camuflaram entre as árvores, analisando a situação. Homens encapuzados, rostos cobertos por máscaras, patrulhavam os arredores com armas de alto calibre—equipamento militar ou, no mínimo, algo que apenas organizações criminosas bem financiadas poderiam obter. A tensão se intensificou. Ele pegou o comunicador e enviou uma mensagem direta para Harvey, que aguardava ansioso. William havia seguido com a polícia para um local completamente errado, uma distração proposital ou um erro estratégico—não importava agora. O que importava era que o alvo ver
Meu coração estava em agonia. Eu podia suportar qualquer coisa, menos perder William, ainda mais dessa forma. Sim, foi de razão, mas… e se não fosse? E se aquele homem tivesse acertado no peito dele, nas costas? E se ele tivesse morrido bem ali? Eu estaria perdida.Era incrível o quanto uma pessoa pode significar tanto para alguém. Significar o bastante para machucar e ferir. Se qualquer coisa acontecesse com ela…O hospital parecia girar ao meu redor, vozes e passos se confundiam em um ruído distante, abafado. Os médicos falavam comigo, mas eu não conseguia ouvir. Meus olhos estavam presos na porta, esperando, esperando…Por que não vão ajudar ele?Ele está bem?Eu quero ficar com ele.Eu não consegui falar. As palavras ficaram presas na garganta, sufocando-me enquanto o peso do medo esmagava meu peito.Então, em pouco tempo, eles chegaram. Meu pai, minha mãe, meu irmão… e Samanta. Assim que minha mãe me viu, veio até mim e me envolveu em um abraço apertado. Eu retribuí no mesmo inst
O hospital estava silencioso, quebrado apenas pelo som distante de passos apressados e murmúrios abafados dos médicos. Isabela estava segura, viva, mas dentro de mim ainda havia um peso impossível de ignorar. A sensação de que tudo aquilo tinha sido arquitetado contra mim, que cada movimento foi calculado para me desestabilizar. Eles sabiam minha fraqueza. Me conheciam bem o suficiente para prever minha reação, para jogar sujo e me forçar a fazer qualquer coisa para salvá-la.Na sala de espera, meus pais conversavam em um canto, a tensão ainda presente nos gestos contidos e nos olhares preocupados. Mas eu não conseguia me concentrar neles. Meu foco estava em outra pessoa. Harvey. Ele era o único ali que sabia de tudo. O único que tinha respostas.Caminhei em sua direção, e ele percebeu minha aproximação antes mesmo de eu dizer uma palavra. Seu olhar escuro se fixou em mim, surpreso, mas não hesitante. Tínhamos conversado antes, tínhamos um laço—mesmo que agora estivesse abalado.— Har
Vai demorar um pouco para que eu consiga esquecer tudo que aconteceu. Eu fui forte, ou pelo menos tentei ser. Respirei fundo, segurei as lágrimas sempre que pude, mantive a calma. Mas no fim, não havia escapatória. Meu corpo tremia, minha voz falhava, e meu desespero se tornou evidente quando implorei para que me libertassem. Eu sabia que aquelas pessoas nunca me soltariam sem antes pegar o dinheiro. Então, rezei. Rezei para que tudo fosse rápido. Para que minha família conseguisse o que precisavam e que, quando fosse a hora, me largassem em qualquer esquina, me deixando livre para correr.E, de certa forma, aconteceu rápido. Só que os planos mudaram no meio do caminho. E foi aí que tudo deu errado.Os terceiros, aqueles que negociavam a minha soltura, decidiram agir por conta própria, ignorando os líderes que planejaram o meu sequestro. Eu não sei exatamente o que aconteceu nos bastidores, mas o que veio a seguir foi caos. E desespero.Os tiros começaram de repente. O som ecoou como
Demorou muito até que eu estivesse segura para sair de casa, mas eu fui me fortalecendo aos poucos, fortalecendo minha mente por um longo tempo. Fiz terapia, dei pequenos passos, saindo de casa pouco a pouco, até que o medo se dissipasse. Sabia que havia homens ao meu redor, leais e atentos, que jamais permitiriam que algo me acontecesse. Mas, mais do que isso, eu sabia que precisava vencer essa batalha por mim mesma. Ele estava dando muito poder ao medo e aos demônios do passado. E eu? Eu não deixaria que isso me definisse. Foi por isso que, naquela manhã, acordei, tomei café e saí de casa pela primeira vez com a cabeça erguida. Atravessei as ruas com passos firmes, o coração tranquilo. Passei pela porta giratória do prédio, fiz como qualquer outro funcionário—apresentei minha credencial, entrei no elevador e esperei. Já fazia algumas semanas que ninguém me via, e talvez por isso os olhares de surpresa, a breve hesitação no ar quando me reconheceram. Mas eu não hesitei. Quando todos
Eu estava nervosa. Na verdade, tensa. Não esperava por isso—não dele. A curiosidade me corroía, mas não importava quantas vezes eu perguntasse. William permanecia em silêncio, os olhos fixos no caminho à frente.Eu conhecia aquela estrada. Sabia exatamente para onde levava. Ou pelo menos achei que sabia. Quando ele fez uma curva inesperada, desviando para um trajeto completamente novo, meu estômago se apertou. Era a primeira vez que eu saía de casa sem ser seguida. E essa liberdade, em vez de me confortar, me deixava inquieta. Como se, a qualquer momento, algo pudesse acontecer. Como se alguém pudesse surgir do nada e virar nosso mundo de cabeça para baixo.Olhei para ele de soslaio, estreitando os olhos, tentando captar qualquer pista. O que ele estava planejando?—William, diz alguma coisa — exigi, minha voz mais cortante do que pretendia.Ele soltou um sorriso divertido, aquele que sempre me fazia revirar os olhos.—Você é bastante curiosa, não é?Suspirei.—Apenas quando estou ner
Ainda não consigo acreditar que isso realmente está acontecendo comigo. Do nada, eu já estou pronta para o casamento. Claro, é exagero meu. Entretanto, como se podia? Não imaginar que algo assim pudesse acontecer comigo. Sempre que eu pensava no meu futuro, eu focava na carreira. Não na minha vida pessoal.Mas ele sempre esteve lá, no meu peito.E quando voltei para Nova York, voltei com muita raiva e mágoa. Que em um passe de mágica, se transformou neste amor imenso, no qual eu me pego. Tão feliz que até meu rosto dói.Respiro fundo, sentindo o ar quente encher meus pulmões, mas nada dissipa essa leve vertigem de estar prestes a cruzar um limite invisível. O dia mais feliz da minha vida. Eu deveria estar acostumada, certo? Mas, de alguma forma, a felicidade continua a me surpreender. Como se cada dia bom acumulasse mais um fragmento desse sentimento avassalador.E ainda assim, uma parte de mim espera pelo tropeço. Como se a qualquer momento, algo fosse desmoronar, rasgando esse insta